GUSMÃO, Amanda Rodrigues
Discente do curso de Enfermagem da Faculdade de Ciências Sociais e Agrárias de Itapeva

CONTENÇAS, Thaís Santos
Docente do curso de Enfermagem da Faculdade de Ciências Sociais e Agrárias de Itapeva
Mestre e Doutoranda em Fisiologia Humana da Universidade de São Paulo

RESUMO

Na doença de Alzheimer ocorre uma degeneração lenta de evolução progressiva que acomete idosos com aproximadamente 60 anos, atinge inicialmente parte do cérebro que controla a memória, raciocínio, linguagem e posteriormente outras regiões cerebrais. O objetivo desse trabalho é estudar particularmente a atuação do enfermeiro nos principais cuidados prestados a clientes com a Doença de Alzheimer. No presente artigo foi realizado uma revisão da literatura com base em artigos científicos e livros. Foi confirmado que o enfermeiro tem um papel importante como principal articulador e orientador das ações destinadas ao tratamento, visando à qualidade de vida do cliente.
Palavras Chave: Assistência, Enfermagem, Idosos.


DOENÇA DE ALZHEIMER


ABSTRACT

In alzheimer?s disease is a slow progressive degeneration that affects approximately 60 years old, reaches first parto f the brain that controls memory, reasoning, language, and then other brain regions. The aim of this study is particulary to nursing care of the major clients with Akzheimer?s disase. Herein we conducted a literature review based on scientific articles and books. It was confirmed that the nurse hás na important role as the main coordinator and supervisor of the treatment aimed at quality of life of the customer.
Keywords: Health, Nursing, Elderly.


1. INTRODUÇÃO

A Doença de Alzheimer (DA) é uma doença degenerativa, gradativa e irreversível, que acomete o córtex cerebral, caracterizada por perdas cognitivas e comportamentais.
O aumento da expectativa de vida e o avanço no tratamento, prevenção e promoção da saúde, aumentaram inevitavelmente o número de idosos no Brasil, atingindo cerca de meio milhão de pacientes idosos com DA.
A causa ainda é desconhecida, mas alguns fatores como o genético, neuroquímico e ambiental estão envolvidos.
Os sinais e sintomas são intensificados de acordo com a progressão, raramente surgem antes dos 50 anos, e está dividida em 3 fases: fase inicial, intermediária e final.
O diagnóstico é obtido através de necropsia, alguns exames de imagem podem servir de auxilio.
Pode- se obter melhores resultados com o uso de medicamentos como os inibidores da acetilcolinesterase, antidepressivo, antioxidante.
O tratamento de enfermagem é destinado a garantir a segurança física do cliente, reduzir a ansiedade e agitação, promover o autocuidado, manter a nutrição adequada, assistência aos cuidadores e familiares. Nesse sentido o enfermeiro exerce um papel fundamental, empenhando- se a preencher uma importante lacuna no estudo desta especialidade.
O presente trabalho tem por objetivo estudar e analisar a atuação do enfermeiro em relação aos principais cuidados na doença de Alzheimer.

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 DEFINIÇÃO

De acordo com Merkle (2007), a doença de Alzheimer é uma doença degenerativa, progressiva e irreversível, que acomete o córtex cerebral, particularmente o lobo frontal.
Ocorre um processo que compromete no inicio a formação hipocampal, e posteriormente as áreas corticais associativas e relativas à preservação corticais primárias, caracterizando por perdas cognitivas e comportamentais (FONSECA E SOARES, 2007).

2.2 INCIDÊNCIA

O aumento da expectativa de vida devido às melhorias das medidas de saúde; o planejamento familiar, com a redução da taxa de natalidade; o avanço no tratamento; promoção e prevenção de doenças e o progresso da ciência, fez com que crescesse de forma inevitável o número de idosos no Brasil, trazendo consigo patologias próprias da idade, tornando-se um assunto de saúde pública (FONSECA E SOARES, 2007).
De acordo com Robbins e Contran (2004), raramente os sintomas surgem antes dos 50 anos, porém a incidência de nível de 1% para população entre 60 a 64 anos, aumentando com a idade, alcançando 40% ou mais para a população de 85 a 89 anos.
No mundo há uma incidência aproximada de 17 a 25 milhões de paciente com Alzheimer e em países desenvolvidos acredita- se que seja a terceira causa de morte. Nos Estados Unidos afeta aproximadamente 4 milhões de idosos, já no Brasil atinge cerca de meio milhão (FONSECA E SOARES, 2007).

2.3 FATORES DE RISCO

A idade avançada, histórico familiar de DA, Parkinson, síndrome de Down, maternidade tardia, o sexo feminino, doenças como da tireóide, traumas, depressão, anomalias genéticas (codificação de gene), são fatores de risco para doença (CALDEIRA E RIBEIRO, 2004).

2.4 FISIOPATOLOGIA

Baseado em Smeltzer e Bare (2002), as alterações neuropatológicas específicas são:
? Emaranhados Neurofibrilares: massa amaranhada de neurônios não funcionais;
? Placas senis ou neuríticas: depósito de proteína amilóide;
? Alterações estruturais: dilatação ventricular, atrofia cortical (semelhantes às encontradas em tecido cerebral de idosos normais), perda seletiva de neurônios colinérgicos em áreas de função como memória e cognição (lobos frontais e hipocampo).
A causa é desconhecida, mas alguns fatores estão envolvidos no desenvolvimento da DA, alem do genético, que são:
? Neuroquímicos: deficiência nos neurotransmissores de acetilcolina, somatostatina, substancia P. e norepenefrina.
? Ambientais: traumas consecutivos, estresse, exposição a metais (alumínio e manganês) (MERKLE, 2007).
Os sinais e sintomas são refletidos através das anomalias neurológicas e são intensificados de acordo com a progressão da doença, sendo esta dividida em 3 fases:
1ª Fase inicial: distração, dificuldade de lembrar palavras e nomes, desorientação, pequenos lapsos, dificuldade de aprendizagem, redução das atividades cotidianas;
2ª Fase Intermediária: perda significativa da memória, degradação das habilidades verbais ou físicas, ocorrência de delírios e alucinações, diminuição da fala, comportamento alterado, frustração, impaciência, inquietação, início de incontinência urinária, incapacidade do convívio social;
3ª Fase Final: Tendência da fala em desaparecer, tornando-se monossilábica, frequência das idéias delirantes, agravamento dos transtornos da emoção e comportamento, perda do controle urinário e fecal, dificuldade na marcha, o paciente tende a permanecer mais sentado ou acamado, articulações enrijecidas, dificuldade de deglutição, progredindo para o uso de cateter enteral ou gastroenteral, seguido por morte (CRESPO de SOUZA, MENEGHEL, BAINY, 2007).

2.5 DIAGNÓSTICO

A confirmação do diagnóstico é obtido através de exame de tecido cerebral, necropsia, que mostra as alterações (CINTRA DO PRADO, RAMOS, RIBEIRO DO VALE, 2005).
Alguns exames auxiliam no diagnóstico como: tomografia por pósitrons; tomografia computadorizada, que revela a atrofia cerebral precoce; eletroencefalograma (EEG), que indica as ondas cerebrais lentas nas últimas fases; Exames do fluxo cerebral, que mostra o fluxo sanguineo (MERKLE, 2007).

2.6 TRATAMENTO MEDICAMENTOSO

Os melhores resultados são obtidos com o uso de medicamentos inibidores da acetilcolinesterase, que aumenta a disponibilidade de acetilcolina na fenda sináptica, como a tacrina, donepezil, rivastigmina e galantamina, onde os efeitos colaterais se dão devido à grande medida de hiperatividade colinérgica; antidepressivos, inibidores seletivos da recaptação da serotonina; antioxidantes; estabilizadores do humor (CINTRA DO PRADO, RAMOS, RIBEIRO DO VALE, 2005).

2.7 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM

Segundo Smeltzer e Bare (2002), o tratamento de Enfermagem e as prescrições são destinadas a garantir a manutenção da segurança física do paciente, reduzir a ansiedade e agitação, estimular a independência das atividades de autocuidado, a manutenção da nutrição adequada, controle dos distúrbios do sono, melhoria da comunicação e educação destinadas aos cuidadores e familiares.
"Quando a enfermeira pode fornecer tal apoio, os adultos idosos são capazes de manter níveis mais elevados da saúde percebida e real" (FORBES, 2001 apud Smeltzer e Bare, 2002).
Segundo Smeltzer e Bare (2002), os principais cuidados de enfermagem são:
? Sustentando a função Cognitiva: A enfermagem deve proporcionar um ambiente calmo e previsível, evitando acidentes, falar de maneira tranquila, clara e simples; fornecer objetos para aumentar a orientação do tempo com relógio e calendário, usar cores para distinguir o ambiente;
? Promover a segurança física: Promover um ambiente livre para segurança e iluminados, evitando quedas e lesões; evitar contenções porque aumentam a ansiedade; manter as portas que dão acesso a parte exterior da casa trancadas; usar bracelete de identificação;
? Reduzir a ansiedade e agitação: fornecer apoio emocional; ambiente sem aglomerações, sem ruídos. O paciente pode apresentar em momentos de agitação gritos estridentes e choro;
? Melhorando a comunicação: Empregar frases de fácil entendimento; utilizar lembretes; empregar estímulos táteis como abraço, afago com as mãos (linguagem não verbal);
? Promover a independência nas atividades de autocuidado; simplificar as atividades diárias, organizando em etapas curtas de certo modo oferecendo uma sensação de realização ao paciente;
? Socialização e intimidade: convívio com antigos amigos, cartas e ligações telefônicas podem ser confortadoras; estimular os hobbies como caminhada, cuidar de animais de estimação são atividades prazerosas ao paciente;
? Nutrição adequada: Verificar temperatura do alimento, cortar em pedaços pequenos;
? Atividade e repouso: devem ser equilibrados, musica e massagem de conforto ajudam a relaxar, promovendo o sono. Evitar o sono diurno, oferecer atividade de exercício;
? Cuidadores: O estresse contribui para a fadiga do cuidador. Participar de grupos de apoio ao cuidador, folgar, promover educação continuada, disponibiliza uma estrutura ao cuidador.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conclui-se a importância que se tem a atribuição de articulador e orientador ao enfermeiro, visto que é este profissional que elabora as ações e intervenções destinadas aos cuidados, contribuindo na qualidade de vida dos clientes com a doença de Alzheimer. Embora ainda exista a necessidade de mais estudos relacionados a este tema.


4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


MERKLE, Carrie J. Manual de Fisipatologia: Sistema Nervoso. 2 Ed. Roca. 2007.

SMELTZER, Suzanne C; BARE, Brenda G: Cuidados de Saúde do Idoso. In: Brunner & Suddarth: Tratado de Enfermagem Médico Cirúrgico. 10. ed. Volume 1. p. 218- 24. Cap 12. Rio de Janeiro: Guanabara- Koogan. 2006.

CRESPO DE SOUZA, Carlos Alberto; BAINY, Rosali J; MENEGHEL, Marcia. Doença de Alzheimer e Transtornos de Conduta, e Implicações Médico- Legais. TCC de Especialização em Psiquiatria Forense. Vol.12. n. 3. 2007.

FONSECA, Aline Miranda; SOARES, Enedina. Interdisciplinaridade em Grupos de Apoio a familiares e Cuidados do portador da Doença de Alzheimer. Revista Saúde. 2007.

CALDEIRA, Ana Paula S; RIBEIRO, Rita de Cássia H. M. O enfrentamento do cuidador do idoso com Alzheimer. Ciência Saúde. 2004.

KUMAR, Vinay; ABBAS, Abul K; FAUSTO, Nelsos: Doenças dos Sistemas de Órgãos. In Robbins & Contran: Bases Patológicas das Doenças. 7 ed. Rio de Janeiro. Elsivier.2004.

JORGE, Miguel Roberto. Psiquiatria. In: CINTRA DO PRADO, Felicio; RAMOS, J. Almeida; RIBEIRO DO VALE, José. Atualização Terapêutica: Manual prático de diagnóstico e tratamento. 22. ed. São Paulo: Artes Médicas, 2005. Cap.20, p.1697 a 1703.