Vou morar atrás do tempo,

De onde o riso sai largo e manso.

Tenho o gosto da água no vento,

Tenho a palma da sombra em meu pranto.

A chuva cai sobre meu peito,

E eu olho as flores ainda vivas.

Meus passos não perderam o jeito

De andar por estradas antigas.

A primavera me virá mais clara

E a noite já me virá adormecida.

A noite passa sobre meus pensamentos,

O tempo não me descobre a alma,

Essa minh’alma tão conhecida.

E há quem me empreste o depois.

Não tenho mais a forma do esquecimento.

Nos seus gestos, finalmente, encontro nós dois