ATIVIDADES LÚDICAS E RECREATIVAS QUE CONTRIBUEM COM A QUALIDADE DE VIDA DOS IDOSOS

PLAY AND RECREATIONAL ACTIVITIES THAT CONTRIBUTE TO THE QUALITY OF LIFE FOR SENIORS

 

JÉSSICA DE LIMA GOMES ¹

JÉSSICA PAIVA ALVES ¹

LAUANE APARECIDA CRISTINA DA SILVA ¹

NATALIA OLIVEIRA FERREIRA ¹

OLAVO TOZATTI CAVALCANTE ¹

PATRICIA DE PAULA LICO ¹

PRISCILA RODRIGUES SILVA ¹

ANA PAULA BARBOSA ²

 

 

RESUMO

O presente artigo tem como objetivo compartilhar os resultados de uma pesquisa bibliográfica e de campo realizada junto a uma instituição para idosos, denominada “Residencial Vitativa”, localizada na cidade de Franca, interior de São Paulo. Isso, pois “algumas evidências sugerem que o envolvimento em atividades regulares pode também fornecer uma melhora no conceito de controle pessoal e auto eficácia”. (KLEINPAUL, J.F. et al, 2008). Tais achados foram confirmados por meio da aplicação de questionários, entrevistas e observações nós concluímos que as atividades lúdicas e recreativas promovem e mantêm o bem-estar físico, cognitivo e principalmente social dos idosos. Tal pesquisa contribuiu, então, de forma singela para a formação profissional e pessoal dos envolvidos. Além do mais favoreceu uma reflexão do papel da Psicologia na área da saúde e também de sua relação com áreas afins como a enfermagem e a Terapia Ocupacional.

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Palavras-chave: Terceira Idade; Recreação; Psicologia; Biopsicossocial.

ABSTRACT

Whith this article I'd like share the results of a literature and field research conducted with an institution for the elderly, called "Residential Vitativa", located in the city of Franca, São Paulo. That's because "some evidence suggests that involvement in regular activities can also provide an improved concept of personal control and self-efficacy." (KLEINPAUL, JF et al, 2008). These findings were confirmed by means of questionnaires, interviews and observations we conclude that the play and recreational activities promote and maintain the physical, cognitive and social well-being mainly the elderly. Such research has contributed, then the simple way to professional and personal development of those involved. Moreover favored a reflection of the role of psychology in health and also its relationship with related fields such as nursing and occupational therapy.

Keywords: Old Age; Recreation; Psychology; Biopsychosocial.

INTRODUÇÃO

 

 

A chegada à terceira idade é um aspecto marcante na vida de todos. Alguns simplesmente encaram isso como algo especial, uma nova fase, onde eles veem tudo que fizeram de bom e tem orgulho de tudo que construíram no decorrer de suas vidas. Para outros é a chegada de um caos, uma vida sem perspectiva, cheia de problemas, uma vida pacata, sem muitos amigos, sem relacionamentos, literalmente o fim da vida. (PAPALIA, D.E, et al, 2009).

A entrada na terceira idade exige dos familiares uma dedicação maior. E muitas vezes os familiares não têm condição ou o tempo necessário para cuidar dos idosos, já que esta é uma fase que implica cuidados. Com a falta de tempo que atinge muitas famílias, esses idosos acabam sendo colocados em instituições para que possam ser cuidados com mais atenção. Criando uma forma de garantir maior longevidade e qualidade de vida. Afinal, estudos apontam que nosso bem estar não depende apenas de genética e sim de tudo que nos envolve como os aspectos sociais, cognitivos, físicos, e como cuidamos da nossa saúde. (PAPALIA, D.E, et al, 2009). Sendo o espaço institucional um ambiente propício para a garantia dos fatores promotores de saúde e longevidade.

Durante a realização da pesquisa que permitiu a formulação deste artigo pudemos trabalhar de forma conjunta com os aspectos teóricos e práticos sobre o tema da recreação como medida facilitadora da manutenção da qualidade de vida em idosos. Participamos, ainda, de momentos da rotina de idosos e pudemos ter contato com algumas atividades lúdicas e recreativas realizadas pelos profissionais de um residencial de idosos do Município de Franca – interior de São Paulo - o “Residencial Vitativa”.

 

 

REFERENCIAL TEÓRICO

 

 

As produções científicas no campo da terceira idade têm ganhado força nas últimas décadas, muito em função do envelhecimento da população em todo o mundo. Tal fenômeno, a maior expectativa de vida, é resultado de causas multideterminadas, algumas assinaladas por Kinsella & Velkoff, (2000, apud PAPALIA, D.E et al, 2009) tal como o avanço na economia, qualidade do saneamento básico, avanços técnico-científicos, alimentação saudável e maior acesso aos tratamentos/acompanhamentos médicos. Entretanto, devemos salientar a ausência de estudos melhor relacionados com a manutenção da qualidade de vida na idade adulta avançada, principalmente em termos psicossociais. (METZNER & CAMOLESI, 2012).

Seguindo nosso olhar sobre a literatura científica encontramos os achados de ROWE e KAHN (1997, apud PAPALIA, et al, 2009) que enumeram três componentes que servem de identificação básica para o conceito do envelhecimento bem sucedido que colocam como: “(1) anulação de doenças, (2) manutenção elevada das funções psicológicas e cognitivas e (3) engajamento ativo em atividades sociais e produtivas (atividades de valor social, pagas ou não)” (PAPALIA, 2009, p. 679). Desta maneira, podemos trazer um paralelo entre a realização de atividades recreativas como uma medida de promover aspectos de um envelhecimento saudável.

Podemos afirmar de forma contundente que as atividades recreativas trazem inúmeros benefícios para o estado de saúde geral dos indivíduos, assim concordamos com a opinião de Machado:

Refletindo o social como algo flexível, a organização social como algo mutável e as condições ampliadas que afetam o processo saúde-doença das pessoas que cuidamos, [nós] cremos numa circulação, no social como construção-desconstrução constantes e num processo de fluidez. Portanto, as normas, a rigidez e o controle não se aplicam nas instâncias de adoecimento e na produção de cuidados que se estabelece necessariamente nas interações sociais. Há um dinamismo na experiência de ser que não se encerra em regimes normativos. (2009, p. 1033)

Já sob um olhar psicodinâmico podemos citar as considerações acerca do desenvolvimento no contexto da idade adulta avançada. Assim, Hall, Lindzey e Campbell (2001) abordam a teoria do desenvolvimento psicossocial de Erik H. Erikson. Os autores salientam que dentro desta teoria o ser humano tem um desenvolvimento da personalidade ao longo de toda a vida.  Neste sentido a crise da velhice se dá através de um “confronto” entre a integridade e o desespero, tendo como produto o desenvolvimento da sabedoria através de um equilíbrio saudável entre estas partes, com uma leve tendência para a integridade. (FADIMAN & FRAGER, 2004).  

 Atentando-se sobre a condição de singularidade do indivíduo é importante que durante o processo de formulação e escolha das atividades o profissional envolvido tenha condições de elaborar um amplo leque de opções. Isso, pois essa medida além de favorecer o desenvolvimento de diferentes potencialidades do sujeito, permite ainda que os interesses dos diversos envolvidos sejam atendidos.

Concluímos que o envelhecimento faz parte do contexto do ser humano, um processo pelo qual todos irão passar, a expectativa de vida nessa etapa aumentou gradativamente, e a busca por uma qualidade de vida onde o idoso procura ter uma vida mais saudável e equilibrada, com atividades físicas que estimulam tanto os aspectos físico, mental e o motor, prevenindo problemas mentais como depressão, Alzheimer, invalidez. A atividade serve como uma forma de estimulação na prevenção das doenças e para uma melhora na qualidade de vida.

 

 

METODOLOGIA

 

 

Para a realização de nossa pesquisa fizemos uso do método dedutivo que se caracteriza por ser “um tipo de raciocínio lógico que parte de uma premissa geral sobre uma classe para uma conclusão sobre um membro específico, ou membros desta classe.” (LAKATOS & MARCONI, 1992 p.57). Por ser uma pesquisa bibliográfica e também de campo, desenvolvemos na instituição “Residencial Vitativa” localizada na cidade de Franca, interior de São Paulo. Durante nossa coleta de dados, observamos, entrevistamos e aplicamos um questionário em quinze idosos institucionalizados, além de termos aplicado um outro questionário com alguns profissionais da instituição.

 

 

 

RESULTADOS E DISCUSSÃO

 

 

 

Por meio de nossa atuação em campo, de nossa revisão de literatura sobre o tema e da coleta de dados concluímos que as atividades lúdicas e recreativas são de grande valia no processo de manutenção e promoção de saúde em idosos. Podemos afirmar que os profissionais e também muitos dos idosos institucionalizados – envolvidos em nossa pesquisa – relataram sentirem-se melhores quando tem algum tipo de recreação.

Agora atentemo-nos à observação de dois dos gráficos representativos de nossas perguntas realizadas durante a pesquisa de campo:

             O gráfico exposto acima ilustra a seguinte pergunta – feita para os profissionais: “Levando em consideração a idade avançada e o Alzheimer que atinge grande parte dos idosos, qual atividade você acredita que os estimulam mais?”. Desta forma, podemos perceber que dentre os profissionais entrevistados as atividades de ordem cognitiva e emocional tem maior impacto sob a estimulação de idosos com Alzheimer – patologia que acomete grande número dos idosos investigados.

Assim, podemos afirmar que as atividades lúdicas e recreativas são ferramentas de grande valia neste contexto. Afinal, favorecem tanto aspectos cognitivos, quando emocionais e também do relacionamento interpessoal, componentes do atual modelo sistêmico de saúde.

Já o gráfico abaixo foi feita aos idosos e questionava: “Quando você participa das atividades (brincadeiras) quais são seus sentimentos?”.

Pudemos inferir, então, que os idosos entrevistados foram unânimes em afirmarem que apresentam sentimentos positivos em relação à participação nas atividades lúdicas e/ou recreativas. Em outras palavras, aspectos emocionais, afetivos e do contato social foram afirmados pelos idosos.

Tais achados nos remeteram à ideia de que mesmo as atividades de baixo impacto contribuem para a saúde, não necessariamente em aspectos biológicos, mas em aspectos psicoemocionais e sociais, campos que a medicina tradicional encontra dificuldade para atuar. Isso faz da atuação psicológica e da terapia ocupacional áreas de grande importância para o modelo contemporâneo de saúde.

 

 

CONCLUSÃO

 

 

Concluímos com esta pesquisa e com o questionário aplicado na instituição que, as atividades lúdicas e recreativas são essenciais e contribuem com a qualidade de vida e bem estar dos idosos. Atingimos todos os objetivos propostos através da observação e algumas atividades realizadas em campo, e também através dos questionários aplicados nos profissionais e em alguns idosos.

Compreendemos com a pesquisa que é de grande importância que haja o acompanhamento de um profissional na vida dos idosos, onde os auxiliam e colaboram para o seu bem estar fisiológico, cognitivo, psicológico e social. Em outras palavras, os idosos institucionalizados são estimulados diariamente de diversas formas, para que não percam suas capacidades motoras, visuais, perceptivas, entre outras.

Em suma, esta pesquisa foi de grande importância, quebrando paradigmas a respeito de instituições para idosos. Vemos o quão é importante e difícil as tarefas de um profissional deste seguimento, pois requer tempo e paciência para lidar com as dificuldades que abrangem o fenômeno da terceira idade. O presente trabalho foi de grande contribuição, ainda, para nosso conhecimento, nos permitindo uma melhor compreensão sobre a área e o tema abordado.

 

 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

 

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FADIMAN, J.; FRAGER, R. Personalidade e Crescimento Pessoal. Tradução de Daniel Bueno. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2004.

FERRAZ, A.F & PEIXOTO, M.R.B. 1997. Qualidade de vida na Velhice: Estudo em uma Instituição Pública de Recreação para Idosos. Revista Escola de Enfermagem. Universidade de São Paulo: São Paulo, v.31, n2, p.316-38, 1997.

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