ATIVIDADES DA VIDA DIÁRIA


Ivens M. O. Pereira
Terapeuta Ocupacional

Em se falando de AVD, lembramos que é rotina para nós Terapeuta Ocupacional estas atividades. Mas o que é AVD? 
Trombly (1989) cita: As atividades de vida diária (AVD) são as tarefas de desempenho ocupacional que o indivíduo realiza diariamente. Não se resume somente aos auto-cuidados de vestir-se, alimentar-se, arrumar-se, tomar banho, e pentear-se, mas englobam também as habilidades de usar telefone, escrever, manipular livros, etc. além da capacidade de virar-se na cama, sentar-se, mover-se e transferir-se de um lugar a outro.
Aparecido (2010) nos diz o seguinte: “Atividades da Vida Diária (AVD): diz respeito ao cuidado de si próprio e da sua comunicação, alimentação, higiene, cuidado pessoal, vestuário, comunicação escrita, verbal, gestual e locomoção”. 
Citando Rocha (2010): “As Atividades de Vida Diária, também chamadas AVD, incluem as atividades rotineiras como alimentação, vestir e despir, banho e higiene pessoal”. Segundo ainda a autora, para a realização das AVD é necessário: Coordenação, equilíbrio, movimentação fina das mãos, visão e força muscular. Alguns fatores que prejudicam a realização destas são: Déficits cognitivos e os distúrbios de comportamento.
De acordo com o que diz Rocha no texto acima, sem coordenação, sem equilíbrio, sem movimentação fina das mãos e sem força muscular, fica quase impossível a realização da AVD, certo? Mas como fazer então?
Pegamos o que diz Reed e Sanderson, citado por Francisco (1980): 
“Terapia Ocupacional é a aplicação de qualquer atividade que se emprega para a avaliação, diagnóstico e tratamento de problemas que interfiram na atuação funcional de pessoas debilitadas por doença física ou mental, desordens emocionais, desabilidades congênitas ou de desenvolvimento, com o objetivo de alcançar um funcionamento ótimo, prevenir e manter a saúde”. 
A autora fala em tratamento de problema que interfiram na atuação funcional de pessoas debilitadas e tem como objetivo o alcance funcional ótimo, ou seja, tratar esta perda da função, através da atividade, mas não cita “qual” atividade, apenas fala “atividade”.
Pereira (2003) nos diz que “É nesse âmbito que se firma os objetivos da T.O., mas não da forma ocupar por ocupar, mas em sua amplitude maior do significado OCUPAR, ou seja, estar em OCUPAÇÃO constante, de modo construtivo.”
Francisco (2001) cita Willard y Spackman (1973):
“En la restauración de la función fisica el valor de la Terapéutica Ocupacional reside en la partipación mental y física del paciente en una actividade constructiva que le proporcione el ejercicio requerido y le ajude a desarrollar el uso normal de la región incapacitada” 
(“Na restauração da função física, o valor da terapia Ocupacional consiste na participação mental e física do paciente numa atividade construtiva que lhe proporcione o exercício requerido e lhe ajude a desenvolver o uso normal da região incapacitada”). 
Notemos aí, que as autoras já falam em exercícios, não somente em “atividade”, que cabe a Terapia Ocupacional tanto as atividades, como os exercícios terapêuticos para a recuperação funcional.
Ainda em Francisco (op.cit.), em 1977, Willard y Spackman, falam em recuperação do movimento articular: 
“El objetivo de la Terapéutica Ocupacional consiste en el restabelecimento de el movimeniento en una articulación atravéz del uso da la actividade constructiva, que distende las contracturas, elimina las adherencias, fortalece los músculos debilitados y disminuy el edema” 
(“O objetivo da Terapia Ocupacional consiste no restabelecimento do movimento de uma articulação, através do uso da atividade construtiva, que distende as contraturas, elimina as aderências, fortalece os músculos debilitados e diminui o edema”). 
Isso quer dizer que a T.O. tem, na reabilitação física, os seguintes objetivos: Eliminar as contraturas; Eliminar as aderências; Ganhos de força muscular e diminuição do edema. Exatamente o que nos diz Rocha, no texto acima: “... para a realização das AVD é necessário: Coordenação, equilíbrio, movimentação fina das mãos, visão e força muscular”. Sabemos que não como possuir coordenação e equilíbrio, sem que haja força muscular.
Pereira (2009), em relação à atuação da T.O. na área física, afirma: 
“Vamos falar de T.O. atuando na área física, onde se enquadram déficits motores; Seqüelas neurológicas; Seqüelas de traumatismos; Idosos com limitações próprias da idade. Esta área visa devolver os movimentos perdidos e com isso a função e a independência, ou seja, a base dos princípios da profissão.”
Para ganhos de movimentação fina das mãos, o Protocolo de Avaliação do Membro Superior, proposto pela Sociedade Brasileira de Terapeutas da Mão (2005), observamos que são exatamente os mesmos parâmetros utilizados, ou seja: 
• Reduzir o edema, pois este impede os movimentos;
• Dessensibilizar e liberar as aderências e contraturas, pois estas impedem os movimentos.
• Aumentar o arco articular;
• Ganhar força muscular;
• Ganhar destrezas e habilidade manuais.
As AVD estão no momento no centro das atenções de muitos profissionais (T.O., Fisioterapeutas, Educadores Físicos, Psicólogos, Fonoaudiólogos, médicos, etc). Isso quer dizer que a cada dia esses profissionais avançam nas questões das AVD. 
E onde fica a T. O. nessa história? Se de acordo com a Resolução 316 do COFFITO, é exclusivo dos T. O. o treinamento das AVD ?
Vamos fazer valer esta Resolução para que nossa profissão seja a cada dia mais conhecida, reconhecida e respeitada.

Referências
APARECIDO, A.L.P. Atribuições da Terapia Ocupacional, em:http://www.adrianato.com.br/?area=atribuicoes-terapia-ocupacional, 2006. acesso em 29/10/2010
FRANCISCO, B. R., Terapia Ocupacional, Ed. Papirus, SP.

COFFITO – Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional. Brasil. 
www.coffito.org,br
PEREIRA, I. M. O. Ocupacional-Funcional. Eis a questão. In: Revista Atuar em Terapia Ocupacional. Ano 1, no. 2, p. 05. São Paulo, 2003.
PEREIRA, I. M. O. A Terapia Ocupacional Atuando na Área Física: Recuperando e Resgatando a Função. In: Revista do CREFITO-2, Ed.29, p. 30. Rio de Janeiro, 2009.
Sociedade Brasileira de Terapeutas da Mão. Protocolo de Avaliação do Membro Superior, 2ª. Ed., Joinville, Santa Catarina, 2005.
ROCHA, T. T. Atividade de Vida Diária, em:www.ciape.org.br/.../AULA_TERAPIA_OCUPACIONAL_CU.DOC, acesso em 05/11/2010.
TROMBLY, C. A. Terapia Ocupacional para Disfunções Físicas. 2ª edição. São Paulo: Santos, 1989