MAKEL BRUNO OLIVEIRA SANTOS ¹
RACHEL DE FIGUEIREDO REZENDE ¹
JOSÉ ROQUE RAPOSO FILHO ²

RESUMO

As vespas sociais predam muitas espécies de insetos, e o estudo de suas presas revelam um controle biológico de pragas. O forrageamento é um comportamento de sobrevivência dos insetos sociais e uma atividade complexa que ao sair da colônia exige das vespas terem a capacidade de voltar ao ninho origem. A nidificação destas vespas são crípticos e muito bem camuflados, também demonstram um alto grau de sinantropia. Foram usadas no experimento 12 colônias de Mischocyttarus (Mischocyttarus) drewseni Saussure, 1857 (Hymenoptera, Vespidae), no Parque dos Cajueiros em Aracaju-SE, no período de fevereiro a maio de 2008 com o intuito de demonstrar a extensão do vôo-gama e obter dados do local de preferência de nidificação dessa vespa.


PALAVRAS-CHAVE: Mischocyttarus drewseni, Vespas sociais, Vôo-gama.

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ABSTRACT

The social wasps predate many species of insects, and the study of its prey show a biological control of pests. The foraging behavior is a survivor of social insects and a complex activity that requires out of the colony of wasps have the ability to return to nest origin. The nesting of these wasps are cripticos and very well hidden, also show a high degree of synanthropy. They were used in the experiment 12 colonies of Mischocyttarus (Mischocyttarus) drewseni Saussure, 1857 (Hymenoptera, Vespidae), in the Park of Cajueiros in Aracaju-SE, in the period from February to May of 2008 with the aim of demonstrating the extent of the flight-range and obtain data from the place of preference for nesting this wasp.

KEYWORDS: Mischocyttarus drewseni, Flight-range, Social wasps.

INTRODUÇÃO

A socialização é um mecanismo adaptativo cuja incorporação no patrimônio genético ocorreu em vários grupos de animais e evidentemente em épocas diferentes ao longo da história geológica da vida. Apresenta aspectos marcantes nos Hymenoptera e dentro das superfamílias que possuem espécies sociais ocorrem diferentes graus de socialização, desde os animais solitários que apenas depositam seus ovos sobre um substrato alimentar até os que mostram uma superposição temporal de gerações, cooperando nos cuidados com a prole e divisão de trabalho que, segundo WILSON (1971,1975) são três critérios básicos que definem os insetos verdadeiramente sociais.

Dentre os insetos, as vespas sociais, pertencentes à ordem Hymenoptera, desempenham uma valiosa função na agricultura, como agentes no controle biológico de um grande número de pragas de culturas (MARQUES, 1996), além de representarem um grupo importante para o estudo da evolução do comportamento social (EVANS & WEST-EBERHARD, 1970; WILSON, 1971 e 1975).

No ambiente natural, os ninhos destes insetos são crípticos e muito bem camuflado envolvendo fatores como forma, coloração e transparência, características encontradas em folhas de muitas plantas, bem como em troncos ou cavidades naturais (JEANNE, 1991; JEANNE & MORGAN, 1992 e WENZEL & CARPENTER, 1994). Já em áreas urbanas, muitas espécies de vespas sociais demonstram um alto grau de sinantropia, sendo freqüente junto ás edificações humanas, podendo alcançar um grande desenvolvimento e, desta forma, permanecer por muitos anos, apesar da interação humana (FOWLER, 1983).

Mischocyttarus (Mischocyttarus) drewseni é um vespídeo social, sem distinção morfológica de castas, que constrói seu ninho formado por um único favo descoberto fixo ao substrato por um pedúnculo (RICHARDS, 1978). Eles nidificam em árvores ou em edificações humanas, sendo que seus ninhos são geralmente pequenos e pouco populosos, com cerca de 30 células e quatro vespas adultas por ninho, em média, nunca ultrapassando 12 indivíduos (POLTRONIERI & RODRIGUES, 1976; SIMÕES et al., 1985; GIANNOTTI, 1998).
Forrageamento atividade dos insetos sociais é um dos mais importantes comportamentos de sobrevivência (LIMA e PREZOTO, 2003). Porém a atividade envolve a capacidade de interagir com as operárias e o ambiente para capturar recursos necessários para determinar o desenvolvimento completo das suas colônias (WILSON, 1971).

Essa estratégia pode ser avaliada no processo evolutivo da eussocialidade, uma vez que cada grupo dispõe de técnicas peculiares para obtenção de alimento, material para construção de ninho e água (OSTER e WILSON, 1978). O? DONNELL & JEANNE (1990 e 1992) analisaram, respectivamente, a especialização individual na forragem e se o sucesso das forrageadoras aumenta com a experiência de forragem em Polybia occidentalis, e afirmaram que a maioria das forrageadoras é especializada em coletar um único material e que o sucesso de forragem aumenta com a idade.

GIANNOTTI et al., (1995) estudando a atividade forragem de colônias de Polistes lanio lanio Fabricius, 1775 verificaram que na estação quente e úmida o forrageio se inicia por volta das 6h estendendo-se até as 19 h, sendo que das 10h às 11h, ocorre uma maior intensidade na atividade forrageadora, já na estação fria e seca a atividade se inicia às 8:30 e encerra-se às 17:14, com pico das 12h às 13 h. Por outro lado, GOBBI (1977), analisando a atividade forrageadora de Polistes versicolor Oliver, 1791 descreveu que esta vespa começava sua atividade por volta das 8h chegando até ao entardecer (17h).

O material forrageado como em outras vespas é semelhante em Mischocyttarus extinctus (RAPOSO-FILHO, 1981) e Michocyttarus drewseni (JEANNE, 1972).

Poucos estudos sobre a forragem foram efetuados para o gênero Mischocyttarus. JEANNE (1972) analisou o comportamento de forragem de néctar, presa, material de construção e água de M. drewseni. CORNELIUS (1993) testou a influência dos estímulos visuais e olfativos na captura de presas de M. flavitarsis. O? DONNELL (1998) investigou o efeito da posição hierárquica e o polietismo na atividade forrageadora de M. mastigophorus.

O objetivo deste trabalho foi identificar o vôo-gama de Mischocyttarus (Mischocyttarus) drewseni Saussure, 1857 nas fases do ciclo de vida das colônias e descrever o local de nidificação no Parque dos Cajueiros em Aracaju, SE.