Edson Silva

Depois da farsa da bolinha de papel que levou o candidato Serra a fazer tomografia para constatar possível lesão na cabeça, algo mais grave está no ar e foi denunciado dia 25 de outubro, na Universidade de São Paulo (USP), diante de um público de duas mil pessoas, pela filósofa Marilena Chauí. Segundo ela, dois homens planejavam num bar, em São Paulo, a armação que seria de "tirar sangue", que se realizaria num comício de Serra, dia 29, sem que haja tempo de o PT se defender. A farsa envolveria pessoas contratadas, vestidas e portando bandeiras do partido, que ficaria com a primeira impressão da culpa.

Além de relatar o fato ao público formado por intelectuais e pessoas ligadas à Cultura, Marilena fez o alerta na imprensa, por meio de entrevista à Rede Brasil Atual. Ela lembrou ainda a armação feita em 1989, com seqüestradores internacionais, a maior parte deles chilenos, do caso Abílio Diniz, que acabaram levianamente relacionados com o PT pela Polícia Civil paulista para prejudicar o que seria a primeira eleição de Lula à Presidência. Na época, Collor foi eleito.

Em 89, eu fazia reportagem policial num jornal da Região Metropolitana de Campinas(RMC), portanto reportei e testemunhei "in loco" a armação do caso Abílio Diniz. E foram tantas outras em eleições de todos os níveis. Só para citar algumas: As 111 mortes no presídio Carandiru, em outubro de 92, só reveladas após a conclusão da eleição para governador de São Paulo; o seqüestro relâmpago e ameaças, antes do último debate da TV, em 2000, tendo como vítima aquele que seria eleito prefeito de Campinas e depois assassinado, Toninho do PT. Aliás, crime não esclarecido até hoje.

Alguns podem perguntar: Quem é Marilena Chauí para sua preocupação ter crédito, ser levada em conta? Entrei na faculdade de Comunicação da PUC de Campinas, em 82, e a professora Marilena Chauí (lá se vão 28 anos) já era referência e seus livros leituras obrigatórias nas áreas de ciências sociais e políticas. Diferente do que vemos com muita gente que ajudou fundar o PT e diz que lutou ao lado do partido, mas agora o renega, ela manteve senso crítico, mas acima de tudo o bom senso de reconhecer que o Brasil melhorou com Lula. Ela sabe das artimanhas que são capazes adversários, como o PSDB e o DEM, para chegarem ao poder. Eu não duvido, pois sei de que são capazes.

Edson Silva, 48 anos, jornalista, Campinas, trabalha como assessor de imprensa em Sumaré.

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