ATENÇÃO Á SAÚDE DA PESSOA IDOSA NOS MUNICÍPIOS DE PEQUENO PORTE- CORONEL PACHECO

Aluna: Maria Goreti da Silva Severino

[email protected]

Regina Célia Victor De Domenico

[email protected]

RESUMO

O presente artigo tem como ênfase realizar um estudo bibliográfico acerca da Atenção à Saúde da Pessoa Idosa, sobretudo nos municípios de pequeno porte - tomamos como base o município de Coronel Pacheco. Inicialmente apresentaremos o município nos seus aspectos demográficos e populacional a seguir faremos um estudo da expectativa de vida na contemporaneidade, a pessoa idosa e o convívio familiar, e finalizaremos de forma generalizada tratando especificadamente sobre  a saúde do idoso (a), referenciando as diversas faces, que envolvem esta questão social, tal como a prevenção de doenças, promoção a saúde e qualidade de vida,  bem como a violência dos mais diversos tipos em que muitas vezes são submetidos. O aumento da população idosa em proporção as famílias cada vez menores e o despreparo da sociedade pode acarretar o aumento de instituições de longa permanência, assim estas questões nos convoca ao conhecimento, e divulgação dos direitos dos idosos, lutando pela efetivação de Políticas Públicas voltadas para o público em destaque.

Palavras-chaves: Município Pequeno de Porte; Atenção Saúde; Pessoa Idosa.

 

 

  1. 1.    INTRODUÇÃO

Para a elaboração desse artigo utilizamos bibliografia relacionada a temática, pesquisa documental da Unidade Básica de Saúde Sebastião Ferreira da Costa Neto, Estratégia de Saúde da Família Viva Vida, Centro de Referência Social (CRAS), Cartório Civil e Notas Pereira de Castro, localizados no município pachequense e sites relacionados ao tema. O objeto de estudo ATENÇÃO Á SAÚDE DA PESSOA IDOSA NOS MUNICÍPIOS DE PEQUENO PORTE- CORONEL PACHECO muito tem a contribuir uma vez que, o aumento gradativo da população idosa, no âmbito mundial, estadual e local, requer muito estudo e pesquisa de modo geral. A questão do idoso na atualidade deve ser pensada e analisada pelos órgãos públicos, pois cresce a cada dia o número de idosos vítima de violência, das mais variadas formas, a questão da saúde também é um problema sério.

Mas apesar de identificarmos aqui uma das expressões da questão social, não significa que o público idoso não tenha acesso a informação, saúde, ao convívio social. Os idosos na atualidade buscam formas de prolongarem suas vidas, objetivando a cada dia uma vida mais longa, com muitas atividades, com qualidade de vida. O homem anseia por viver longos anos e neste contexto o ser humano considera uma dádiva a longevidade, um mérito, atribuído a poucos nas décadas passadas, sendo um fenômeno crescente na contemporaneidade.

Com o advento de novas tecnologias, o desenvolvimento socioeconômico-cultural, a expectativa de vida vem aumentando em todo mundo. Assim o indivíduo tem possibilidades de viver, 70, 80, 90 anos chegando até cem anos ou mais. Completando este pensamento, no município de Coronel Pacheco, podemos citar a nível de exemplo, um idoso de cento e dois anos de idade, que ultrapassa esta prerrogativa, encanta a população pachequense com belas músicas ao som do acordeom ou do cavaquinho dedilhado serenamente com sabedoria.

Como já mencionamos todos querem viver e viver muito, e praticamente em quase todas as famílias há um idoso e com certeza os jovens de hoje serão os idosos do futuro. Mas, o interessante está em viver a terceira idade com disposição gozando de boas condições de saúde, haja visto que a saúde constitui para os seres humanos o maior patrimônio. Segundo, Melo Neto, (1994, p.144), na metade do século XX, nosso país era constituído por jovens devido ao alto índice de natalidade e mortalidade (principalmente crianças) em decorrência de doença infecciosa e parasitária. Assim, a maioria das pessoas não chegavam aos 50 anos de idade, fato que difere do período atual, pois a expectativa de vida, vem aumentando gradativamente e a fecundidade diminuindo consideravelmente. Este fato segundo Kalache (1996) está aliado aos métodos contraceptivos mais eficaz, ao avanço científico e tecnológico, melhor condição de vida da população, melhora nutricional, melhora da higiene pessoal, melhores condições sanitárias em geral, melhores condições de trabalho sem esquecer das condições das residências, que são muito melhores, que anteriormente.

            Neste contexto vale ressaltar, que em 1980 existiam 16 idosos para cada 100 crianças, e vinte anos depois, segundo Kalache (1998), a população idosa era de 30 idosos para cada 100 crianças, ou seja, o índice de idosos dobrou praticamente. E a população está envelhecendo gradativamente.

2. SAÚDE DO IDOSO: PROMOÇÃO A SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA DA PESSOA IDOSA

            Ao enfatizarmos sobre “Prevenção de doenças do idoso”, lembramos do provérbio popular: Prevenir é melhor do que remediar, pois de fato é melhor promover saúde e evitar doenças; uma vez que o tratamento de qualquer doença é mais oneroso e estar doente é desagradável para qualquer pessoa. Neste contexto, o Ministério da Saúde tem investido na prevenção de doenças, utilizando campanhas de vacinação contra a gripe, contra difteria, tétano (vacina Dupla), e alguns chegam a vacinar, inclusive contra pneumonia, otite, sinusite, faringite e meningite (a vacina contra Pneumococo), mantendo em dia o calendário de vacinação.

            Também merece destaque como prevenção as cirurgias de catarata, que previne a cegueira, e tem como prioridade idosos, hipertensos, diabéticos e todo processo é devidamente realizado pela Rede Mais Vida, que oferece atendimento integral ao idoso, através do “Centro Mais Vida” da macrorregião de Juiz de Fora.

As pessoas idosas precisam não só de prevenção e tratamento das doenças, mas também de promoção à saúde para obterem envelhecimento salutar. Pois, a aceitação do envelhecimento constitui um desafio para promoção de saúde, bem como a cronicidade das doenças, que geralmente acometem nesta faixa etária. Assim é muito importante o trabalho interdisciplinar com idosos no intuito de motivá-los e incentivá-los. E baseado nos interesses e temas em comum é possível descobrir as potencialidades e trabalhar as questões de vulnerabilidade social através de grupos, considerando de extrema importância manter a autoestima de cada idoso “A idade não depende dos anos, mas sim do temperamento e da saúde, umas pessoas já nascem velhas outras jamais envelhecem” TYRON EDWARDS, (2007, p. 08).

O ser humano sente necessidade de ser valorizado, respeitado, capaz de contribuir com a comunidade ou sociedade em que está inserido para não deixar apagar os sonhos e a esperança de prosseguir na caminhada. Neste aspecto as opiniões e sugestões dos idosos, suas experiências contabilizam para o engrandecimento social, mas sobretudo para manutenção da sua autoestima.

Muitos idosos tendem a se isolar considerando, que não servem para mais nada e muitas vezes a nossa sociedade despreparada para o relacionamento humanizado, contribui para exclusão desse público. Segundo Moraes (2009), o foco da saúde está estritamente relacionado a funcionalidade global do indivíduo, definida como a capacidade de gerir a própria vida ou cuidar de si mesmo. A pessoa é considerada saudável quando é capaz de realizar suas atividades sozinha e de forma independente e autônoma, mesmo que tenha algum tipo de enfermidade.

Neste contexto se faz necessário evitar o sedentarismo e fazer o uso de uma boa alimentação, evitando bebidas alcoólicas e o uso do fumo; sendo estes dois últimos responsáveis pela incidência do câncer e complicações pulmonar. Também é importante prevenir contra as DST/AIDS- Doenças Sexualmente Transmissíveis/Aids. Pois, apesar do tabu e aversão das pessoas, sexo não tem idade, desde que seja saldável. E embora a maioria dos idosos não tenham vida sexual ativa é importante prevenção. Em Coronel Pacheco, é realizado exames preventivos contra o câncer, tanto para as mulheres, quanto para os homens, contando com atendimento de profissionais especializados (ginecologista e Urologista), na UBS. Sebastião Ferreira da Costa Neto, sendo urologia, uma raridade em atendimento em relação aos demais municípios de pequeno porte.

No que diz respeito a AIDS, na terceira idade, consta no município existência de apenas dois casos (masculino portador, feminino companheira) e ambos pacientes já falecidos. A população de modo geral vem conscientizando, quanto a importância da prevenção e mesmo, que ainda meio acanhados já reivindicam pela camisinha, que é distribuída gratuitamente, como preservativo e preventivo.

Também se tratando de promoção a saúde nos faz refletir sobre a importância da paz, como prevenção da violência. Pois, a violência deteriora as relações, acaba com a harmonia da família, e da sociedade em geral. Cerca de 13.000 idosos morrem por acidentes e vítimas de violência doméstica anualmente, ou seja, uma média de 35 óbitos por dia, sendo que 66% são homens e 34% são mulheres. E violência não tem idade, mas os idosos são as maiores vítimas de violência e podemos afirmar que na realidade é cada vez maior o número de casos de violência.

Muitos casos são omitidos pelos próprios idosos. E o lar aconchegante, acolhedor e seguro, acabam escondendo os mais variados tipos de violências, e o agressor geralmente são pessoas da família. Os idosos preferem se calar, correr risco de vida do que denunciar. E se analisarmos nas entrelinhas, no silêncio de qualquer idoso, está o anseio de paz, respeito e dignidade, e têm seus direitos garantidos pelas diversas políticas públicas vigentes no país. A Constituição Federal de 1988 estabelece no artigo 203, como dever da família da sociedade e do estado amparar as pessoas idosas para, que sejam respeitados seus direitos de viver em comunidade de forma participativa com a devida dignidade. No entanto, encontramos pessoas idosas isoladas, que se dizem não servir para mais nada. Algumas chegam a dizer, até que seu tempo já passou. Todavia, acreditamos, que independente do que reza a nossa Constituição Federal; mas seguindo os princípios da humanidade, precisamos enquanto seres humanos, olhar os idosos e enxergá-los verdadeiramente, pois sobre a fase da terra, ninguém deve viver sozinho ou ser hostilizado.

Quando observamos a natureza, que nos cerca, percebemos que, tudo é belo e harmonioso, as plantas as flores e os animais, vivem juntos, e contribuem para o bem comum. Como podemos ser insensíveis com aqueles, que na sua juventude muito contribuíram para o nosso enaltecimento, e sem pedir nada em troca?

Para a enfermeira, Maria Julia Paes e Silva (2005, pag.149), é um privilégio tão grande poder ajudar uma pessoa que esteja precisando, ser bengala de alguém, que necessite de apoio, que é ilusório achar que não devemos e não precisamos nos preparar diariamente para fazer essa tarefa. E dentre todas as maneiras de cuidar, conforme ela descreve em sua obra com certeza: “O AMOR É O CAMINHO.”

Complementando este pensamento o ex pachequense, Sr. Ivan Barbosa, 77 anos, atual residente em Juiz de Fora, atuante nas questões que envolvem a pessoa idosa, reconhece em depoimento (26-11-2013), que todos os direitos dos idosos só podem ser garantidos a partir da consciência das pessoas e do investimento na educação dos atuais jovens, para garantir no futuro o desenvolvimento do país.

Neste contexto devemos primar pela educação, transmitida por nossos ancestrais, de pai para filho, a educação, que advém de berço, arraigada na sabedoria popular, mas que não sobrepõe à didática de uma aprendizagem significativa voltada para a valorização da pessoa idosa, cidadã e democrática.

  1. 2.    MUNICÍPIO DE CORONEL PACHECO: SAÚDE DO IDOSO

 

 

Segundo dados estatísticos do IBGE (2010) residem no município 2.983, pessoas sendo que 456 destas são idosas. O pequeno município mineiro está localizado na zona da mata. O nome da cidade homenageia o Coronel José Manoel Pacheco, benemérito do lugar. Há 20 anos está emancipado e juntamente com mais 29 municípios faz parte da Microrregião Econômica de Juiz de Fora.

           A história do município teve início com instalação oficial dos poderes legislativo e executivo em 1963. Nos últimos anos o município vem inovando e aos poucos constituindo sua infraestrutura básica para o funcionamento e operacionalização das políticas municipais.

           A população urbana do município se encontra desestruturada devido à falta de emprego no campo, assim várias famílias vieram procurar oportunidade na cidade. Atualmente a prefeitura e duas fábricas (roupas íntimas e Cadarços), são os meios de emprego de toda população. Assim com o expressivo número de desemprego, a maioria da população recorre aos pequenos empreendimentos, tais como a comercialização de artesanatos, e hortifrutigranjeiros. Ao passo, que a maioria dos idosos sobrevivem dos recursos advindos de aposentadoria, pensões e benefícios, conforme estabelece a Constituição Federal de 1988, através dos incisos I e V do artigo 203[1].

             Tais recursos são responsáveis pela manutenção de inúmeras famílias; o que deveria ser destinado para sobrevivência do idoso é destinado à todos os familiares, comprometendo o orçamento familiar e evidenciando a vulnerabilidade social do público idoso.

            A família é considerada o berço da civilização, e enquanto família, ligados por laços consanguíneos ou não, deve ser assegurado aos idosos a efetivação dos seus direitos dando prioridade à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer ao trabalho, a cidadania, a liberdade a dignidade ao respeito e a convivência na comunidade familiar e comunitária, considerando os preceitos estabelecidos pelo Estatuto do Idoso.

As famílias atualmente estão cada vez menores, porém aumenta-se gradativamente o número de idosos. Com o risco de doenças incapacitantes, comuns nesta etapa da vida, pode comprometer o cuidado dessas pessoas, sendo necessário, segundo CHAIMOVICZ (1997), aumentar as instituições de longa permanência.

Entendemos que a atenção à saúde envolve o cuidado do indivíduo de maneira geral, incluindo as ações de proteção, reabilitação e tratamento de doenças. Para melhor esclarecimento desta temática nos pautamos na Política Nacional da Pessoa Idosa, que dispõe que saúde do idoso se traduz mais pela sua condição de autonomia e independência que pela presença ou ausência de doença orgânica (BRASIL, 2006).

Em Coronel Pacheco toda atenção à saúde dos idosos é desempenhada pelas equipes de saúde local, seguindo prerrogativas do SUS - Sistema Único de Saúde. O município conta com o atendimento médico, odontológico, psicológico e social, com demanda imediata ou agendada. Também dispõe dos atendimentos pelo Centro de Saúde Sebastião Ferreira da Costa Neto, sede no perímetro urbano, pelo Posto de Saúde Sebastião Cesar de Castro, no povoado de Ribeirão de Santo Antônio e Posto de Saúde Dr. Asclepíades da Paixão Lucas, em João Ferreira (ambos na zona rural pachequense) e a equipe da Estratégia de Saúde da Família, ESF “Viva Vida”, que é responsável pelo atendimento individual, em grupo e /ou a domicílio.

O município conta ainda com uma farmácia básica e os medicamentos são distribuídos gratuitamente, conforme prescrição médica. Entretanto na falta de medicamento ou na necessidade de atendimentos especializados, o paciente é devidamente encaminhado, seguindo os preceitos constitucionais. Vale frisar, que consultas e exames especializados(as), são agendados pela Secretaria Municipal de Saúde, através da Central de Agendamento de Consultas, via telefonia, conforme estabelece a Secretaria Estadual de Saúde. Neste contexto as consultas e exames são realizados em Juiz de Fora, através do SUS-Sistema Único de Saúde e do consórcio ACISPES_ Agência de Cooperação Intermunicipal em Saúde Pé da Serra. Também são agendados o meio de transporte para realização das consultas e/ou exames através da Secretaria Municipal de Saúde, seguindo os preceitos locais.    Alguns casos são encaminhados para tratamento em outras cidades ou outros estados, de acordo com a enfermidade e necessidade do paciente. São os chamados TFD-Tratamento Fora do Domicílio e seguem as prerrogativa da Lei Orgânica de Saúde nº 8.080. Temos casos de pacientes, que foram encaminhados para Belo Horizonte e outros encaminhados para São Paulo.  

O CRAS - Centro de Referência e Assistência Social, recentemente inaugurado, também contribui com projetos voltados ao público idoso, visando o fortalecimento dos vínculos familiares, a segurança dos seus direitos sociais. Assim, alguns pacientes são encaminhados pelos serviços de saúde local ao CRAS, para avaliação socioeconômica, com o intuito serem inseri-los em projetos, de aquisição de medicamentos e consultas e/ou exames, que exigem financiamento específico.

Vale ressaltar, que o CRAS  também desenvolve projetos com a realização de atividades físicas (três vezes por semana), aula de dança, sorteio de prêmios, concursos de culinária, jantares dançantes, viagens e palestra educativas atendendo tanto a região urbana quanto a zona rural atendendo reivindicações formuladas, através da Conferência Municipal de Assistência Social; e os projetos são co- financiados pelos programas de Proteção Social Básica e Especial à Pessoa Idosa em consonância com a Política Nacional do Idoso (PNI) através da lei nº 8.842/94, que constituem programas e projetos voltados a esta faixa etária.

 Através de trabalhos realizados pelo CRAS no município pachequense constatamos, que num grupo de 35 idosos, durante palestra proferida pelo então convidado Sr. José Anísio da Silva, somente dois integrantes tinham conhecimento da existência do Estatuto do Idoso. José Anísio, também chamado, PITICO, é assistente social, e integrante do Conselho Municipal de Direitos Humanos, em Juiz de Fora e há muitos anos luta pela causa dos direitos dos idosos.

 Através da palestra segundo, José Anísio (2013), relatou que: “Há mais de 14 anos, o Estatuto do Idoso existe e a população, principalmente os idosos a quem se destina, o desconhece, não colaborando para sua efetivação e eficácia do mesmo.” É verídico, a maioria das pessoas desta faixa etária, desconhecem as leis, que garantem os seus direitos, fato comprovado no país, em Juiz de Fora, o que não difere no pequeno município de Coronel Pacheco.

Segundo Neri (2005) tendo em vista, que o Estatuto do Idoso, tem a finalidade de garantir direitos e estipular deveres, com o objetivo de melhorar a vida dos brasileiros a cima de 60 anos, se faz necessário maior discussão e divulgação nas escolas, ambiente de trabalhos, igrejas, em toda comunidade parAluna: Maria Goreti da Silva Severino

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Regina Célia Victor De Domenico

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RESUMO

O presente artigo tem como ênfase realizar um estudo bibliográfico acerca da Atenção à Saúde da Pessoa Idosa, sobretudo nos municípios de pequeno porte - tomamos como base o município de Coronel Pacheco. Inicialmente apresentaremos o município nos seus aspectos demográficos e populacional a seguir faremos um estudo da expectativa de vida na contemporaneidade, a pessoa idosa e o convívio familiar, e finalizaremos de forma generalizada tratando especificadamente sobre  a saúde do idoso (a), referenciando as diversas faces, que envolvem esta questão social, tal como a prevenção de doenças, promoção a saúde e qualidade de vida,  bem como a violência dos mais diversos tipos em que muitas vezes são submetidos. O aumento da população idosa em proporção as famílias cada vez menores e o despreparo da sociedade pode acarretar o aumento de instituições de longa permanência, assim estas questões nos convoca ao conhecimento, e divulgação dos direitos dos idosos, lutando pela efetivação de Políticas Públicas voltadas para o público em destaque.

Palavras-chaves: Município Pequeno de Porte; Atenção Saúde; Pessoa Idosa.

 

 

  1. 1.    INTRODUÇÃO

Para a elaboração desse artigo utilizamos bibliografia relacionada a temática, pesquisa documental da Unidade Básica de Saúde Sebastião Ferreira da Costa Neto, Estratégia de Saúde da Família Viva Vida, Centro de Referência Social (CRAS), Cartório Civil e Notas Pereira de Castro, localizados no município pachequense e sites relacionados ao tema. O objeto de estudo ATENÇÃO Á SAÚDE DA PESSOA IDOSA NOS MUNICÍPIOS DE PEQUENO PORTE- CORONEL PACHECO muito tem a contribuir uma vez que, o aumento gradativo da população idosa, no âmbito mundial, estadual e local, requer muito estudo e pesquisa de modo geral. A questão do idoso na atualidade deve ser pensada e analisada pelos órgãos públicos, pois cresce a cada dia o número de idosos vítima de violência, das mais variadas formas, a questão da saúde também é um problema sério.

Mas apesar de identificarmos aqui uma das expressões da questão social, não significa que o público idoso não tenha acesso a informação, saúde, ao convívio social. Os idosos na atualidade buscam formas de prolongarem suas vidas, objetivando a cada dia uma vida mais longa, com muitas atividades, com qualidade de vida. O homem anseia por viver longos anos e neste contexto o ser humano considera uma dádiva a longevidade, um mérito, atribuído a poucos nas décadas passadas, sendo um fenômeno crescente na contemporaneidade.

Com o advento de novas tecnologias, o desenvolvimento socioeconômico-cultural, a expectativa de vida vem aumentando em todo mundo. Assim o indivíduo tem possibilidades de viver, 70, 80, 90 anos chegando até cem anos ou mais. Completando este pensamento, no município de Coronel Pacheco, podemos citar a nível de exemplo, um idoso de cento e dois anos de idade, que ultrapassa esta prerrogativa, encanta a população pachequense com belas músicas ao som do acordeom ou do cavaquinho dedilhado serenamente com sabedoria.

Como já mencionamos todos querem viver e viver muito, e praticamente em quase todas as famílias há um idoso e com certeza os jovens de hoje serão os idosos do futuro. Mas, o interessante está em viver a terceira idade com disposição gozando de boas condições de saúde, haja visto que a saúde constitui para os seres humanos o maior patrimônio. Segundo, Melo Neto, (1994, p.144), na metade do século XX, nosso país era constituído por jovens devido ao alto índice de natalidade e mortalidade (principalmente crianças) em decorrência de doença infecciosa e parasitária. Assim, a maioria das pessoas não chegavam aos 50 anos de idade, fato que difere do período atual, pois a expectativa de vida, vem aumentando gradativamente e a fecundidade diminuindo consideravelmente. Este fato segundo Kalache (1996) está aliado aos métodos contraceptivos mais eficaz, ao avanço científico e tecnológico, melhor condição de vida da população, melhora nutricional, melhora da higiene pessoal, melhores condições sanitárias em geral, melhores condições de trabalho sem esquecer das condições das residências, que são muito melhores, que anteriormente.

            Neste contexto vale ressaltar, que em 1980 existiam 16 idosos para cada 100 crianças, e vinte anos depois, segundo Kalache (1998), a população idosa era de 30 idosos para cada 100 crianças, ou seja, o índice de idosos dobrou praticamente. E a população está envelhecendo gradativamente.

2. SAÚDE DO IDOSO: PROMOÇÃO A SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA DA PESSOA IDOSA

            Ao enfatizarmos sobre “Prevenção de doenças do idoso”, lembramos do provérbio popular: Prevenir é melhor do que remediar, pois de fato é melhor promover saúde e evitar doenças; uma vez que o tratamento de qualquer doença é mais oneroso e estar doente é desagradável para qualquer pessoa. Neste contexto, o Ministério da Saúde tem investido na prevenção de doenças, utilizando campanhas de vacinação contra a gripe, contra difteria, tétano (vacina Dupla), e alguns chegam a vacinar, inclusive contra pneumonia, otite, sinusite, faringite e meningite (a vacina contra Pneumococo), mantendo em dia o calendário de vacinação.

            Também merece destaque como prevenção as cirurgias de catarata, que previne a cegueira, e tem como prioridade idosos, hipertensos, diabéticos e todo processo é devidamente realizado pela Rede Mais Vida, que oferece atendimento integral ao idoso, através do “Centro Mais Vida” da macrorregião de Juiz de Fora.

As pessoas idosas precisam não só de prevenção e tratamento das doenças, mas também de promoção à saúde para obterem envelhecimento salutar. Pois, a aceitação do envelhecimento constitui um desafio para promoção de saúde, bem como a cronicidade das doenças, que geralmente acometem nesta faixa etária. Assim é muito importante o trabalho interdisciplinar com idosos no intuito de motivá-los e incentivá-los. E baseado nos interesses e temas em comum é possível descobrir as potencialidades e trabalhar as questões de vulnerabilidade social através de grupos, considerando de extrema importância manter a autoestima de cada idoso “A idade não depende dos anos, mas sim do temperamento e da saúde, umas pessoas já nascem velhas outras jamais envelhecem” TYRON EDWARDS, (2007, p. 08).

O ser humano sente necessidade de ser valorizado, respeitado, capaz de contribuir com a comunidade ou sociedade em que está inserido para não deixar apagar os sonhos e a esperança de prosseguir na caminhada. Neste aspecto as opiniões e sugestões dos idosos, suas experiências contabilizam para o engrandecimento social, mas sobretudo para manutenção da sua autoestima.

Muitos idosos tendem a se isolar considerando, que não servem para mais nada e muitas vezes a nossa sociedade despreparada para o relacionamento humanizado, contribui para exclusão desse público. Segundo Moraes (2009), o foco da saúde está estritamente relacionado a funcionalidade global do indivíduo, definida como a capacidade de gerir a própria vida ou cuidar de si mesmo. A pessoa é considerada saudável quando é capaz de realizar suas atividades sozinha e de forma independente e autônoma, mesmo que tenha algum tipo de enfermidade.

Neste contexto se faz necessário evitar o sedentarismo e fazer o uso de uma boa alimentação, evitando bebidas alcoólicas e o uso do fumo; sendo estes dois últimos responsáveis pela incidência do câncer e complicações pulmonar. Também é importante prevenir contra as DST/AIDS- Doenças Sexualmente Transmissíveis/Aids. Pois, apesar do tabu e aversão das pessoas, sexo não tem idade, desde que seja saldável. E embora a maioria dos idosos não tenham vida sexual ativa é importante prevenção. Em Coronel Pacheco, é realizado exames preventivos contra o câncer, tanto para as mulheres, quanto para os homens, contando com atendimento de profissionais especializados (ginecologista e Urologista), na UBS. Sebastião Ferreira da Costa Neto, sendo urologia, uma raridade em atendimento em relação aos demais municípios de pequeno porte.

No que diz respeito a AIDS, na terceira idade, consta no município existência de apenas dois casos (masculino portador, feminino companheira) e ambos pacientes já falecidos. A população de modo geral vem conscientizando, quanto a importância da prevenção e mesmo, que ainda meio acanhados já reivindicam pela camisinha, que é distribuída gratuitamente, como preservativo e preventivo.

Também se tratando de promoção a saúde nos faz refletir sobre a importância da paz, como prevenção da violência. Pois, a violência deteriora as relações, acaba com a harmonia da família, e da sociedade em geral. Cerca de 13.000 idosos morrem por acidentes e vítimas de violência doméstica anualmente, ou seja, uma média de 35 óbitos por dia, sendo que 66% são homens e 34% são mulheres. E violência não tem idade, mas os idosos são as maiores vítimas de violência e podemos afirmar que na realidade é cada vez maior o número de casos de violência.

Muitos casos são omitidos pelos próprios idosos. E o lar aconchegante, acolhedor e seguro, acabam escondendo os mais variados tipos de violências, e o agressor geralmente são pessoas da família. Os idosos preferem se calar, correr risco de vida do que denunciar. E se analisarmos nas entrelinhas, no silêncio de qualquer idoso, está o anseio de paz, respeito e dignidade, e têm seus direitos garantidos pelas diversas políticas públicas vigentes no país. A Constituição Federal de 1988 estabelece no artigo 203, como dever da família da sociedade e do estado amparar as pessoas idosas para, que sejam respeitados seus direitos de viver em comunidade de forma participativa com a devida dignidade. No entanto, encontramos pessoas idosas isoladas, que se dizem não servir para mais nada. Algumas chegam a dizer, até que seu tempo já passou. Todavia, acreditamos, que independente do que reza a nossa Constituição Federal; mas seguindo os princípios da humanidade, precisamos enquanto seres humanos, olhar os idosos e enxergá-los verdadeiramente, pois sobre a fase da terra, ninguém deve viver sozinho ou ser hostilizado.

Quando observamos a natureza, que nos cerca, percebemos que, tudo é belo e harmonioso, as plantas as flores e os animais, vivem juntos, e contribuem para o bem comum. Como podemos ser insensíveis com aqueles, que na sua juventude muito contribuíram para o nosso enaltecimento, e sem pedir nada em troca?

Para a enfermeira, Maria Julia Paes e Silva (2005, pag.149), é um privilégio tão grande poder ajudar uma pessoa que esteja precisando, ser bengala de alguém, que necessite de apoio, que é ilusório achar que não devemos e não precisamos nos preparar diariamente para fazer essa tarefa. E dentre todas as maneiras de cuidar, conforme ela descreve em sua obra com certeza: “O AMOR É O CAMINHO.”

Complementando este pensamento o ex pachequense, Sr. Ivan Barbosa, 77 anos, atual residente em Juiz de Fora, atuante nas questões que envolvem a pessoa idosa, reconhece em depoimento (26-11-2013), que todos os direitos dos idosos só podem ser garantidos a partir da consciência das pessoas e do investimento na educação dos atuais jovens, para garantir no futuro o desenvolvimento do país.

Neste contexto devemos primar pela educação, transmitida por nossos ancestrais, de pai para filho, a educação, que advém de berço, arraigada na sabedoria popular, mas que não sobrepõe à didática de uma aprendizagem significativa voltada para a valorização da pessoa idosa, cidadã e democrática.

  1. 2.    MUNICÍPIO DE CORONEL PACHECO: SAÚDE DO IDOSO

 

 

Segundo dados estatísticos do IBGE (2010) residem no município 2.983, pessoas sendo que 456 destas são idosas. O pequeno município mineiro está localizado na zona da mata. O nome da cidade homenageia o Coronel José Manoel Pacheco, benemérito do lugar. Há 20 anos está emancipado e juntamente com mais 29 municípios faz parte da Microrregião Econômica de Juiz de Fora.

           A história do município teve início com instalação oficial dos poderes legislativo e executivo em 1963. Nos últimos anos o município vem inovando e aos poucos constituindo sua infraestrutura básica para o funcionamento e operacionalização das políticas municipais.

           A população urbana do município se encontra desestruturada devido à falta de emprego no campo, assim várias famílias vieram procurar oportunidade na cidade. Atualmente a prefeitura e duas fábricas (roupas íntimas e Cadarços), são os meios de emprego de toda população. Assim com o expressivo número de desemprego, a maioria da população recorre aos pequenos empreendimentos, tais como a comercialização de artesanatos, e hortifrutigranjeiros. Ao passo, que a maioria dos idosos sobrevivem dos recursos advindos de aposentadoria, pensões e benefícios, conforme estabelece a Constituição Federal de 1988, através dos incisos I e V do artigo 203[1].

             Tais recursos são responsáveis pela manutenção de inúmeras famílias; o que deveria ser destinado para sobrevivência do idoso é destinado à todos os familiares, comprometendo o orçamento familiar e evidenciando a vulnerabilidade social do público idoso.

            A família é considerada o berço da civilização, e enquanto família, ligados por laços consanguíneos ou não, deve ser assegurado aos idosos a efetivação dos seus direitos dando prioridade à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer ao trabalho, a cidadania, a liberdade a dignidade ao respeito e a convivência na comunidade familiar e comunitária, considerando os preceitos estabelecidos pelo Estatuto do Idoso.

As famílias atualmente estão cada vez menores, porém aumenta-se gradativamente o número de idosos. Com o risco de doenças incapacitantes, comuns nesta etapa da vida, pode comprometer o cuidado dessas pessoas, sendo necessário, segundo CHAIMOVICZ (1997), aumentar as instituições de longa permanência.

Entendemos que a atenção à saúde envolve o cuidado do indivíduo de maneira geral, incluindo as ações de proteção, reabilitação e tratamento de doenças. Para melhor esclarecimento desta temática nos pautamos na Política Nacional da Pessoa Idosa, que dispõe que saúde do idoso se traduz mais pela sua condição de autonomia e independência que pela presença ou ausência de doença orgânica (BRASIL, 2006).

Em Coronel Pacheco toda atenção à saúde dos idosos é desempenhada pelas equipes de saúde local, seguindo prerrogativas do SUS - Sistema Único de Saúde. O município conta com o atendimento médico, odontológico, psicológico e social, com demanda imediata ou agendada. Também dispõe dos atendimentos pelo Centro de Saúde Sebastião Ferreira da Costa Neto, sede no perímetro urbano, pelo Posto de Saúde Sebastião Cesar de Castro, no povoado de Ribeirão de Santo Antônio e Posto de Saúde Dr. Asclepíades da Paixão Lucas, em João Ferreira (ambos na zona rural pachequense) e a equipe da Estratégia de Saúde da Família, ESF “Viva Vida”, que é responsável pelo atendimento individual, em grupo e /ou a domicílio.

O município conta ainda com uma farmácia básica e os medicamentos são distribuídos gratuitamente, conforme prescrição médica. Entretanto na falta de medicamento ou na necessidade de atendimentos especializados, o paciente é devidamente encaminhado, seguindo os preceitos constitucionais. Vale frisar, que consultas e exames especializados(as), são agendados pela Secretaria Municipal de Saúde, através da Central de Agendamento de Consultas, via telefonia, conforme estabelece a Secretaria Estadual de Saúde. Neste contexto as consultas e exames são realizados em Juiz de Fora, através do SUS-Sistema Único de Saúde e do consórcio ACISPES_ Agência de Cooperação Intermunicipal em Saúde Pé da Serra. Também são agendados o meio de transporte para realização das consultas e/ou exames através da Secretaria Municipal de Saúde, seguindo os preceitos locais.    Alguns casos são encaminhados para tratamento em outras cidades ou outros estados, de acordo com a enfermidade e necessidade do paciente. São os chamados TFD-Tratamento Fora do Domicílio e seguem as prerrogativa da Lei Orgânica de Saúde nº 8.080. Temos casos de pacientes, que foram encaminhados para Belo Horizonte e outros encaminhados para São Paulo.  

O CRAS - Centro de Referência e Assistência Social, recentemente inaugurado, também contribui com projetos voltados ao público idoso, visando o fortalecimento dos vínculos familiares, a segurança dos seus direitos sociais. Assim, alguns pacientes são encaminhados pelos serviços de saúde local ao CRAS, para avaliação socioeconômica, com o intuito serem inseri-los em projetos, de aquisição de medicamentos e consultas e/ou exames, que exigem financiamento específico.

Vale ressaltar, que o CRAS  também desenvolve projetos com a realização de atividades físicas (três vezes por semana), aula de dança, sorteio de prêmios, concursos de culinária, jantares dançantes, viagens e palestra educativas atendendo tanto a região urbana quanto a zona rural atendendo reivindicações formuladas, através da Conferência Municipal de Assistência Social; e os projetos são co- financiados pelos programas de Proteção Social Básica e Especial à Pessoa Idosa em consonância com a Política Nacional do Idoso (PNI) através da lei nº 8.842/94, que constituem programas e projetos voltados a esta faixa etária.

 Através de trabalhos realizados pelo CRAS no município pachequense constatamos, que num grupo de 35 idosos, durante palestra proferida pelo então convidado Sr. José Anísio da Silva, somente dois integrantes tinham conhecimento da existência do Estatuto do Idoso. José Anísio, também chamado, PITICO, é assistente social, e integrante do Conselho Municipal de Direitos Humanos, em Juiz de Fora e há muitos anos luta pela causa dos direitos dos idosos.

 Através da palestra segundo, José Anísio (2013), relatou que: “Há mais de 14 anos, o Estatuto do Idoso existe e a população, principalmente os idosos a quem se destina, o desconhece, não colaborando para sua efetivação e eficácia do mesmo.” É verídico, a maioria das pessoas desta faixa etária, desconhecem as leis, que garantem os seus direitos, fato comprovado no país, em Juiz de Fora, o que não difere no pequeno município de Coronel Pacheco.

Segundo Neri (2005) tendo em vista, que o Estatuto do Idoso, tem a finalidade de garantir direitos e estipular deveres, com o objetivo de melhorar a vida dos brasileiros a cima de 60 anos, se faz necessário maior discussão e divulgação nas escolas, ambiente de trabalhos, igrejas, em toda comunidade par



[1]I - a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice;

V - a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei.