Até quando? 

       Quando se fala ou se ouve a palavra opressor, o que normalmente vem a mente, em especial, é alguém que usando de algum “poder” infinito e eficaz ou, talvez maldita força quase invencível, sobre o outro. É possível notar que, por vezes, as pessoas consideradas como opressoras, são pessoas que sofrem de alguma debilidade e se aproveitam do fato ou, são frágeis. Porém, com agressividade, há uma imposição sobre o outro que haje com muito medo perante o poder do dominador.

       Na história da humanidade, fatos mostram com muita clareza a questão do opressor e do oprimido. Teríamos um grande rol, mas dentre eles poder-se-ia citar: A primeira e a segunda guerra mundial; o tráfico de escravos; o império romano; a inquisição; o nazismo; o terrorismo com suas atrocidades, mas nada se compara a tortura e humilhação, que de forma cabal, sofrera Jesus Cristo, pois, este desde o nascimento fora perseguido, culminando com uma morte e morte de cruz, para servir de exemplo para aqueles que porventura quisessem se rebelar contra o império em que o ódio, a vingança e a opressão reinavam. Assim como fazia Alexandre, o grande.

       “Jesus morreu por causa das mazelas e misérias da alma humana. Por outro lado, o ódio do sinédrio judaico e o autoritarismo da política romana o mataram. Por outro, sua morte foi usada pelo juiz do universo como um sacrifício para estancar a culpa de uma espécie que tem o privilégio de ser inteligente, mas não honrou sua capacidade de pensar[1]”. Diferentemente das mortes por assassinatos que os líderes de nações, se assim podem ser chamados, fizeram no decorrer da história, porém, isto acontecia somente para satisfação do próprio ego do opressor. Ele, Jesus Cristo, sacrificou-se por toda a humanidade, sua história ultrapassa os parâmetros do espaço e do tempo contido na teoria da relatividade de Einstein.

       Pode-se perceber que quase de forma natural, o oprimido acaba hospedando dentro de si o opressor pela introjeção de suas falas e seus preconceitos. Quando isso acontece o oprimido irá acreditar que realmente, e isso de forma inconsciente, os fatos devem acontecer da forma que o opressor deseja. Todas as pessoas, ao importar para si o discurso do opressor, perdem a identidade, a autocrítica, a autoestima, o respeito e jazem no seu mundo. De tanto ouvir de si mesmo que é incapaz, dizer não saber nada acaba por se convencer de sua incapacidade.

       Não raro dentro de relacionamentos familiares, de forma velada, esposas, na maioria, e filhos sofrem, por vezes anos, com um discurso opressor até mesmo sendo difamadas por seus cônjuges ou companheiros, se assim podem ser chamados. São opressores, dizimadores, daquilo que muitas mulheres e filhos sonham: serem felizes. Por vezes, esses fatos começarão ainda na fase inicial com os primeiros encontros. Existem muitos relatos de namorados que se digladiam, mas, em nome de um amor, que pode ser somente uma admiração, normalmente a namorada, por insistência, leva a relação em frente e se casam e quando isso não acontece irão morar juntos na tentativa, que já começara frustrada, de que possa mudar o comportamento do “grande amor”.

       Então, passam a viverem na mediocridade, abandonadas, desprezadas pelos seus opressores e por si mesmas. Algumas, por vezes, depois de grandes sofrimentos, algumas põem fim no relacionamento, porém por algum tempo, seus carrascos, ainda irão ao encalço, perseguindo-as na rua e por vezes com ameaças e, alguns de forma insana, cometem homicídio.

       Mas, o opressor e o oprimido estão em todos os lugares. Os oprimidos são oprimidos por toda negação e opressão a sua cultura, seu acesso ao mundo, o não direito a saúde, as injustiças sociais e, por vezes, por nossos próprios preconceitos somos sobre nós mesmos, opressores e oprimidos. O que se pode considerar como preconceito é o falar frases e palavras assassinas, ou seja, palavras mal ditas tais como: eu não consigo; eu sou assim mesmo; eu nasci assim vou morrer assim; eu sou um miserável; eu sou depressivo; eu sou ... eu sou ..., normalmente essas frases são pronunciadas trazendo em si um grande sentimento. Pode-se notar que palavras mal ditas trazem maldição, pois, as palavras são carregadas de significado e significante. Têm poder, e um poder que na maioria das vezes é desconhecido pelo ser humano.         

       A Bíblia, no livro do evangelho de Mateus, cap. 12 v. 37 e 15 v. 11 encontra-se um grande alerta quanto a essa questão – “Porque, pelas tuas palavras, serás justificado e, pelas tuas palavras, serás condenado ... não é o que entra pela boca o que contamina o homem, mas o que sai da boca, isto, sim, contamina o homem”.  

       De forma massificadora, em nossos tempos a figura do opressor se transveste e a população, de forma geral, anestesiada, aplaude o opressor. Pode-se considerar que um dos maiores, senão o maior, a televisão que com seus programas ditam: o que se deve vestir, calçar, comer e qual melhor forma de relacionamento. Muito pouco se oferece programas educativos em horário chamados nobres. A baba eletrônica, assim outrora chamada, ensinou e ensina, em sua maioria, as crianças a serem consumistas compulsivos e pais com mero papel de compensador. Salvo as redes públicas, e alguns canais fechado, em sua totalidade, oferecem programas educativos e de boa qualidade. O maior meio de comunicação e entretenimento do planeta fala em especial de desgraças e isto no chamado horário nobre.

       O que mais se vê em canais abertos são programações com cenas chocantes e a maior parte dos programas de entretenimento, sempre com mulheres e homens seminus. E quanto à programação infantil a exibição dos chamados desenhos traz de forma sutil a violência. Poder-se-ia acreditar que esta havendo uma banalização do sexo, da violência, das drogas, enfim da vida.

       Esta se vivendo uma permissividade imposta, o ridículo esta se tornando fantástico. As famílias estão a cada dia se desestruturando. Não se esta tendo limite.

       Governos ao redor do mundo têm gasto milhões e milhões de dólares fazendo campanhas, construindo centros de tratamento com o intuito de minimizar ou mesmo sonham em acabar com as drogas. Não só o governo, mas, a sociedade civil de um modo geral tem se mobilizado ao combate desse vilão e, destes movimentos surge o AA (Alcoólicos Anônimos), o NA (Narcóticos Anônimos), o ALANON em especial para ajudar as famílias resgatarem a autoestima, as igrejas, sem denominações, entre outros tem trabalhado para esse fim.

       As drogas enquanto opressor que é sedutor, misterioso, místico, alucinante tem levado de forma assustadora crianças, jovens e adultos a se tornarem escravos, com uma admiração, pois, ainda é bonito fumar, mesmo com a alerta que é trazida na própria cartela, ou maço, de cigarros. É comum nos finais de semana assistir cenas de bares lotados e, em sua maioria jovem a redor de mesas onde se tem muita cerveja, cachaça, cigarro, maconha e outros tipos de drogas e, muitos dos que estão nesses lugares acreditando que estão se divertindo e gosando dos prazeres da vida, inconscientes assinam seu atestado de óbito, pois, muitos ao saírem do lugar com um estado de consciência já alterado não chegarão a suas casas, terão suas vidas ceifadas em acidentes.

       Não obstante aqueles que estão nas chamadas “bocas”, onde tem as drogas consideradas pesadas, que em sua maioria, não é visível à população, estão também agonizando, tendo uma morte em câmera lenta. Estão definhando. Tornando-se mendigos. Presos em suas próprias cadeias.

       Paulo Freire, com muita autoridade, trata esse assunto quando fala da liberdade que esta cativa dentro do ser humano e que esta libertação é um processo difícil, doloroso, pois, depende da própria pessoa expulsar ou não o opressor de dentro de si. Fato que será possível quando se fizer a reflexão e a ação das pessoas sobre o mundo para transformá-lo, ou seja, fazer a práxis. Daí poder acreditar que não haverá mais opressor e oprimido, mas, seres libertos.

       Por outro lado, deixa-se de acreditar que existe um Deus que é conhecedor das mazelas humanas e que por vezes tem sido esquecido, pois, só se procura ELE depois de esgotadas todas as fontes. Não se acredita mais que: Feliz a nação cujo Deus é o Senhor.

       Então, surge uma grande pergunta: o que será das crianças e dos jovens que estão vivenciando esta situação? Resposta muito difícil. O que se pode verificar é estamos vivendo em uma sociedade onde os valores morais, a ética, a educação estão sendo deixados de lado, com isso esvai-se o ser humano, mas temos uma promessa messiânica: Eu sou o caminho a verdade e a vida e, calcados nessa promessa de Jesus Cristo, mesmo com todas as adiversidades podemos ser mais que vencedores. 

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[1] Cury, Augusto Jorge. O Mestre do Amor. Rio de Janeiro: Sextante, 2006.