ATÉ ONDE...

 

Até onde você é capaz de ir, para realizar o seu sonho? Até onde seu sonho pode te levar? Parece que que se trata da mesma indagação, mas não é.

A primeira quer saber de você, da sua capacidade, do seu desejo, da sua expectativa em ir além. Trata-se de saber de que você é capaz para realizar o seu sonho. Trata-se de se ver num processo no qual está envolvida uma construção: a construção de um ideal e nessa construção você é o agente do sonho. Ao mesmo tempo você será o agente da grande expectativa pela realização. O agente é o sonhador. Você é o limite. E, neste caso, é você quem determina para onde, como e quando se lançar no processo da realização. Ou da superação dos limites.

Sendo assim, se você não se limitar, seu sonho poderá ser ilimitado. Você pode sonhar com o impossível e poderá realizá-lo... mas também poderá fracassar antes do primeiro passo.

Se você é e se sente um vitorioso, nada poderá te segurar. Mas se em você vive um fracassado, por mais incrível que seja teu sonho, ele não terá forças para te mover na direção da vitória ou da realização.

É claro que, num mundo de sonhadores audazes, é necessário que, além da expectativa pela realização e no processo da realização, seja colocada uma indagação ética. Você pode sonhar com o impossível. E pode tentar realizá-lo. Mas, mesmo o impossível tem que ser pautado pela ética. Caso contrário corre-se o risco de, em nome dos sonhos, produzirmos mais anomalias sociais e pessoais, do que realizações frutuosas ou que ajudam na construção de coisas melhores.

E quando falamos em pautar a vida por princípios éticos estamos nos referindo a respeito, a regras de convivência, à capacidade de reconhecer que o outro – que também é um sonhador – não pode ser prejudicado em nossa proposta de construção ou de realização.

Sendo assim, se seu sonho for algo que vai além das convenções, além das permissões, além das limitações, com certeza ele pode produzir transformações, inovações, recriações... Podem produzir maravilhas. Por isso seu sonho também tem que se fundamentar na ética. Não para impor limitações, mas para acrescentar valores. Daí voltamos à indagação inicial: Até onde você é capaz de ir, para realizar o seu sonho?

E a segunda indagação: Até onde o seu sonho pode te levar?

Aqui o centro gravitacional está no sonho. É o sonho, a expectativa, a vontade de realizar algo que move a vida. Sendo assim, se o sonho é a propulsão da sua vida, isso implica dizer que você é levado por algo que está fora de você. Não é você que direciona sua vida, mas suas expectativas, seus desejos, seus objetivos. E se o seu sonho é seu objetivo ou sua motivação para viver, então você deverá ser capaz de se deixar levar por algo cujo limite é o próprio sonho ou o próprio ilimitado pois um sonho não se limita em si mesmo, um sonho é a abertura para um universos de possibilidades.

Indagar-se sobre onde seu sonho pode te levar é a dar força, abrir-se para uma força motriz que direciona e abre expectativas. Ou seja é o sonho que conduz tanto a expectativa como a realização do ideal

Nessa expectativa do sonho ou da realização do sonho pode-se perguntar: o que fazer ou como reagir quando se está no meio do caminho e o objetivo parece que ainda está muito longe? Como agir naquelas ocasiões em que o sonhador é tomado pelo desânimo?

Parece que a resposta é uma só: prosseguir. É o que sugere a letra da música “Até o fim” cantada pelos “Engenheiros do Hawaii”.

Não vim até aqui /Pra desistir agora/ Entendo você se você quiser ir embora/ Não vai ser a primeira vez/ Nas últimas 24 horas/ Minhas raízes estão no ar/ Minha casa é qualquer lugar/ Se depender de mim eu vou até o fim/ Voando sem instrumentos /ao sabor do vento/ Se depender de mim eu vou até o fim. /A ilha não se curva noite adentro vida afora/ Toda a vida o dia inteiro/ Não seria exagero/ Se depender de mim/ Eu vou até o fim. /Cada célula todo fio de cabelo/ Falando assim parece exagero mas se depender de mim /Eu vou até fim”

Como diz a música, em muitos casos e em diferentes situações, inúmeras pessoas desistem de seus sonhos e param no meio do caminho. Nesses casos, essas pessoas não vão a lugar algum pelo sonho. Não é o sonho que as conduz. Também não se deixam guiar por um sonho. Sua preocupação – isso acaba sendo seu sonho – é acomodar-se na situação, sem buscar algo diferente. Nem são conduzidas por um sonho nem perseguem um ideal.

Entretanto não importa se o sonho te conduz ou se você persegue um sonho. O que importa é ter ideais e lutar por eles; é fazer tudo para realizar o sonho. Mas, como diz a letra da música, “Falando assim parece exagero mas se depender de mim eu vou até fim”

Eu pretendo ir até o fim, realizar meus sonhos? E você, até onde você é capaz de ir, para realizar o seu sonho? Até onde seu sonho pode te levar?

Neri de Paula Carneiro

Mestre em educação, filósofo, teólogo, historiador

Rolim de Moura - RO