Karina Prado de Araújo1

Karlúcia Farias dos P. Costa2

Katrinna M. P. de Portela3

Luciana dos Santos Barreto4

Thiara Bruna da silva5

Juliana C. de C. Batista6

Vanni silva de Jesus7

Joelma Viana Matos8

Resumo: A assistência em Centro Cirúrgico tem passado por um impacto da tecnologia avançada que tem sido marcante em virtude da necessidade de maior especialização do conhecimento de grupos profissionais, bem como de novas e maiores aptidões e experiências, formando equipes complexas de especialistas altamente qualificados (CARVALHO, 2007). Esse artigo vai abordar os cuidados que a enfermagem pode estar prestando no pré-operatório a fim de evitar possíveis complicações no pós-operatório imediato. Sabendo que o ato operatório por mais simples que seja sempre deixa o paciente ansioso e inseguro, por isso a necessidade de um bom preparo pré-operatório, que vai ajudar não só durante o ato operatório bem como a recuperação mais rápida desse paciente. A pesquisa foi realizada com base em referencias bibliográfica, com o objetivo principal de estar mostrando para os profissionais de enfermagem a eficáciae necessidade de um bom preparo pré-operatório.

Palavras Chave: Centro cirúrgico, cuidados pré-operatório, recuperação.

Summary: The Assistance in the Surgical Center have undergone an impact of advanced technology has been remarkable in view of the need for greater specialization of knowledge of professional groups, as well as new and skills and greater experience, complex forming teams of highly qualified specialists (CARVALHO, 2007). This article will address the nursing care that may be providing preoperatively to avoid possible complications in the immediate postoperative period. Knowing that a simple surgery that leaves the patient is always anxious and insecure, so the need for a proper preoperative preparation, which will help not only during surgery and faster recovery of the patient. The research was based on bibliographical references, with the main objective being to show the effectiveness of nursing profession within the effectiveness and need for a proper a good pre-operative preparation.


Words Key: heart surgery, preoperative care, recovery.

 

INTRODUÇÃO

No período pós-operatório o paciente fica vulnerável a diversas complicações, especialmente as de origem respiratória, circulatória, gastrointestinal. O conhecimento das principais complicações é fundamental, para promover a rápida recuperação do paciente, evitar a infecção hospitalar e reduzir gastos. A incidência de complicações no pós-operatório imediato esta geralmente associada às condições clinicas pré-operatórias, à extensão e ao tipo de cirurgia, às intercorrências cirúrgicas ou anestésicas e à eficácia das medidas terapêuticas adotadas (POSSARI, 2006).

Tendo em vista a alta incidência de infecções hospitalares nos clientes cirúrgicos, o pessoal de enfermagem pode contribuir para sua prevenção utilizando uniformes limpos e unhas curtas e limpas, lavando as mãos antes e após cada procedimento, respeitando as técnicas assépticas na execução dos cuidados, oferecendo ambiente limpo e observando os sinais iniciais de infecção. A ocorrência ou não de infecção no pós-operatório depende de vários fatores, mas principalmente da quantidade e virulência dos microrganismos e da capacidade de defesa (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002).

Na cultura moderna a cirurgia transformou-se em um método comum para tratar a doença e promover a saúde. Ns últimas décadas, as complexibilidades da cirurgia aumentaram muito, e sistemas orgânicos inteiros podem ser transplantado para substituir partes do corpo não funcionante (CRAVEN & HIRNLE, 2006).

A Sistematização da Assistência de Enfermagem Perioperatória (SAEP) é um processo que objetiva a promoção, manutenção e recuperação da saúde do cliente e da comunidade, devendo ser desenvolvido pelo enfermeiro com base nos conhecimentos técnicos e científicos inerentes à profissão. Para sua aplicação faz-se necessária a adoção de uma ou mais teorias de enfermagem que fundamentarão a prática da assistência de enfermagem (POSSARI, 2006).

De acordo com filho (1996), o cuidado pré-operatório começa quando a cirurgia do paciente for planejada, terminando com a administração da anestesia. Essa fase do tratamento inclui o exame físico e uma entrevista para colher dados objetivos e subjetivos a respeito do paciente e sua família, para executar exames pré-operatórios de diagnóstico, como análise da urina, exames de sangue, eletrocardiograma e radiografia do tórax, a preparação física e obtenção do consentimento do paciente.

Os objetivos da ação de enfermagem na assistência aos pacientes pré-operatório consistem em tornar a experiência cirúrgica tão segura e confortável quanto possível para o paciente, e em prevenir, no que esteja ao alcance da enfermagem, o aparecimento de complicações pós-operatórias; em ajudar o paciente a recuperar-se do estresse provocado pela cirurgia (GAS, 1988).

Segundo o Ministério da Saúde (2002) o preparo físico do cliente é importante para o bom andamento do ato cirúrgico, bem como para evitar complicações posteriores ao mesmo. Para que essas complicações sejam evitadas requerem alguns cuidados de enfermagem específicos relacionados com o preparo psicológico, intestinal, vesical e da pele, além de uma avaliação da equipe, do ambiente e do cliente para prevenir a ocorrência de infecções.

O assunto abordado para estudo foi determinado pela importância do mesmo aos profissionais de saúde, para que se possa prestar um atendimento humanizado e de qualidade aos pacientes, já que o ato cirúrgico os tornam inseguros e ansiosos. Esses cuidados básicos que os enfermeiros prestam aos pacientes em fase pré-operatória a fim de evitar complicações no intra-operatório e pós-operatório serão tratados no decorrer desse artigo, com base em pesquisa bibliográfica exploratória.

REVISÃO DE LITERATURA

A cirurgia seja ela eletiva ou de emergência, é um evento estressante e complexo para o paciente. Os pacientes com problemas de saúde, cujo tratamento envolve uma intervenção cirúrgica, geralmente se submetem a uma cirurgia. Tal procedimento envolve a administração de anestesia local, regional ou geral, aumentando assim o grau de ansiedade do paciente, o que provoca alterações emocionais decorrentes do anúncio do diagnóstico cirúrgico. Isso provoca situações desagradáveis no estado bio-psico-sócio-espiritual do paciente, acarretando problemas graves, podendo chegar à suspensão da cirurgia ou até mesmo óbito do paciente (POSSARI, 2006).

No passado, o paciente agendado para a cirurgia eletiva seria internado no hospital pelo menos 1 dia antes da cirurgia para avaliação e preparação; essas atividade são atualmente completadas antes da internação do paciente no hospital. Hoje em dia, muitos pacientes chegam ao hospital na manhã da cirurgia e vão para casa depois de passar pela unidade de recuperação pós-anestésica (URPA). Com freqüência, os pacientes cirúrgicos que exigem internação hospitalar são os pacientes de trauma, os agudamente doentes, os que se submetem a cirurgia importante, os que exigem cirurgia de emergência e aqueles com um distúrbio clínico concomitante, embora cada ambiente proporcionem suas próprias vantagens peculiares para o fornecimento do cuidado do paciente, todos exigem um histórico de enfermagem pré-operatório abrangente e prescrições de enfermagem para preparar o paciente e a família antes da cirurgia (SMELTZER & BARE, 2004).

A equipe de enfermagem há muito reconheceu o valor da instrução pré-operatória. Cada paciente é ensinado como um indivíduo, com a consideração para quaisquer preocupações ou necessidades próprias; o programa de instrução deve basear-ser nas necessidades do aprendizado do indivíduo. Devem ser utilizadas múltiplas estratégias de ensino, o ensino pré-operatório é iniciado logo que possível. Ele deve começar no consultório do médico e continuar até que o paciente chegue à sala de cirurgia (SMELTZER & BARE, 2004 apud QUINN, 1999).

Devido à possibilidade de ocorrência de complicações no pré-operatório, é exigido da enfermagem um sólido conhecimento sobre todos os aspectos do cuidado do paciente cirúrgico. Não mais só o conhecimento sobre a enfermagem pré-operatória é pós-operatória é suficiente, devendo-se ter uma compreensão plena sobre a atividade intra-operatória. Surge a visita pré-operatória de enfermagem do CC, que consiste em acompanhar o paciente não só no CC, mas durante toda a sua estadia no hospital desde a sua internação à alta após a cirurgia, devendo a enfermagem ficar atenta a todas as alterações que poderão surgir e atuar na recuperação plena do paciente (POSSARI, 2006).

Uma importante função do histórico pré-operatório é determinar a existência de alergias, incluindo a natureza de reações alérgicas prévias. Ela é particularmente importante para identificar e documentar qualquer sensibilidade a medicamentos e reações adversas pregressas a esses agentes. O paciente é solicitado a identificar quaisquer substâncias que precipitaram reações alérgicas prévias, incluindo medicamentos, transfusões de sangue, agentes de contrastes, látex e produtos alimentares, e para descrever os sinais e sintomas produzidos por essas substancias (SMELTZER & BARE, 2004).

A Sistematização da Assistência de Enfermagem Perioperatória (SAEP) é um processo que tem como principal objetivo organizar o cuidado individualizado e administrar a assistência, favorecendo maior integração do enfermeiro com o paciente, família e a comunidade, gerando resultados positivos para a melhoria dessa assistência (POSSARI, 2006).

A SAEP é uma atividade privativa do enfermeiro, que por um método e estrategia de trabalho científicos realiza a identificação das situações de saúde/paciente, subsidiando a prescrição e implementação das ações de Assistência de Enfermagem, contribuindo para a promoção, prevenção, recuperação e reabilitação do individuo, família e comunidade. O planejamento dos cuidados de enfermagem é feito de acordo com as necessidades individuais dos pacientes durante a passagem por cada etapa do perioperatório e com as características especificas de cada procedimento cirúrgico e anestésico. Portanto, sistematizar significa individualizar, humanizar e respaldar as ações de enfermagem (POSSARI, 2006).

CONSENTIMENTO INFORMADO

O consentimento informado voluntário e por escrito a partir do paciente é necessário antes que a cirurgia não-emergencial possa ser realizada. Esse consentimento por escrito protege o paciente contra cirurgia não-autorizada e protege o cirurgião contra ações de uma operação não-autorizada. No melhor interesse de todas as partes envolvidas, são seguidos os princípios legais, éticos e médicos sólidos. A enfermeira pode pedir ao paciente que assine o formulário e pode testemunhar a assinatura do paciente. É responsabilidade do médico fornecer a informações apropriadas (SMELTZER & BARE, 2004).

Todos os enfermeiros envolvidos com os cuidados do paciente no ambiente pré-operatório devem–se encontrar ciente das leis de cada estado em relação ao consentimento formal e a política hospitalar especifica. Os formulários de consentimento devem conter o procedimento definido, os diversos riscos e as alternativas para a cirurgia, se existentes. É uma responsabilidade da enfermagem certificar-se de que o formulário de autorização for obtido está no prontuário (NETTINA, 2003).

REDUZINDO A ANSIEDADE PRÉ-OPERATÓRIA

Intervenções educativas no perioperatório são consideradas pela Association Of Perioperative Registered Nurses (AORN) responsabilidade das enfermeiras. Os efeitos benéficos da educação de pacientes e famílias no período perioperatório relacionam-se à redução do nível de ansiedade e medo, custo com procedimentos hospitalares, precipitando o retorno às funções normais, aumentando a auto-estima e desenvolvimento de empenho do próprio paciente para sua recuperação (BORK, 2005).

O bom ensino pré e pós-operatório ajuda a preparar o paciente para a cirurgia e torna a recuperação pós-operatória mais fácil e destruída de riscos para o paciente. Numerosos estudos documentaram os reais benefícios do ensino pré-operatório, para tornar o paciente menos ansioso, tanto antes quanto após a cirurgia, para minimizar as complicações pós-operatórias e para apressar sua recuperação. Muitas instituições estabeleceram normas de ensino para as pessoas destinadas a cirurgia, incluindo-se assuntos específicos que precisam saber; as habilidades que precisam ser desenvolvidas e os receios e ansiedades comuns, que devem ser examinados (GAS, 1988).

O ensino deve ir além das descrições do procedimento e deve incluir as experiências das sensações que o paciente irá experimentar. Por exemplo, apenas dizer que ao paciente que o medicamento pré-operatório irá relaxá-lo antes da operação não é tão efetivo quanto também observar que o medicamento pode resultar em tonteira e sonolência. Saber o que esperar ajudará o paciente a antecipar essas reações e, assim, atingir um maior grau de relaxamento, que poderia ser alcançado de outra maneira (SMELTZER & BARE, 2004).

A ansiedade é uma ocorrência é tão comum na cirurgia que a enfermeira deve estar sempre alerta para seus sinais, nos pacientes pré e pós-operatório. Uma das melhores formas de avaliar a ansiedade do paciente consiste em permanecer algum tempo com ele, investigando aquilo que sabe acerca da próxima (ou já realiza) cirurgia e como se sente a respeito da mesma. Ao manter uma atmosfera agradável e relaxante, permanecendo durante tempo suficiente com o paciente, à enfermeira pode, geralmente, obter uma visão acerca da natureza e extensão das suas ansiedades. É útil saber o que o cirurgião disse ao paciente e avaliar seu entendimento acerca da explicação do cirurgião. Muitas vezes, a enfermeira pode ajudar a esclarecer alguns equívocos, explicando mais pormenorizadamente ou em terminologia simples, aquilo que outros já disseram ai paciente (GAS, 1988).

Como o estado emocional pode interferir diretamente na evolução pós-operatória, é importante que o cliente receba orientações sobre exames, à cirurgia, como retornará da mesma e os procedimentos do pós-operatório, bem como esclarecimento sobre a importância de sua cooperação. Para transmitir uma sensação de calma e confiança, a equipe de enfermagem deve manter uma relação de empatia, ou seja, colocar-se na posição do outro, sem criticas ou julgamentos - o que muitas vezes ajuda a compreender seus medos e inseguranças, possibilitando uma relação interpessoal de respeito e não de autoridade. Além disso, possibilita certa tranqüilidade, favorecendo o entrosamento do cliente e família com o ambiente hospitalar, o que interfere beneficamente nas suas condições para a cirurgia. Ao prestar orientações pré-operetórias, a equipe de enfermagem deve estar atenta ao fato de que as necessidades de um cliente são diferentes do outro (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002).

Caso não haja muito tempo entre a informação do paciente e seu encaminhamento para a sala de cirurgia, a enfermeira terá que estabelecer prioridades, isto é, terá que decidir acerca das coisas mais importantes a serem ensinadas ao paciente, antes da cirurgia. Ela terá, também, que levar em consideração, o nível de sua ansiedade. Quando a ansiedade da pessoa for grande e muitas coisas estiverem-lhe acontecendo ao mesmo tempo, o paciente não será receptivo ao ensino, exceto aquele destinado a satisfazer suas necessidades imediatas (GAS, 1988).

É importante, neste momento, transmitir aos familiares a segurança de que tudo está sendo providenciado para integral atendimento ao paciente, nesse sentido Possari (2006) diz que:

A cirurgia, mais do que a própria doença e a hospitalização, pode perturbar a vida de um paciente e de seus familiares, contribuindo para a inquietação e ansiedade. Muitas vezes se encontram numa situação de conflito, que decorre de uma incerteza de seu conhecimento, de sua falta de confiança e apoio na busca de amparo e da solução para seus problemas.

CONTROLANDO A NUTRIÇÃO E OS LIQUIDOS

A principal finalidade de suspender o alimento e os líquidos antes da cirurgia consiste em evitar a aspiração. No entanto, estudos demonstraram que, nos pacientes que não apresentam uma via aérea comprometida ou doenças ou distúrbios coexistentes que afetem o esvaziamento gástrico ou volume de liquido como, por exemplo, gravidez, obesidade, diabetes, refluxo gastrintestinal, é desnecessária a restrição rigorosa dos líquidos e alimentos (CRENSHAW & WINSLOW apud SMELTZER & BARE, 2004).

Até recentemente, os líquidos e alimentos eram registrados durante a noite e, com freqüência, por mais tempo no período pré-operatório. Entretanto, recente revisão prática pela American Society of Anesthesiologists resultou em novas recomendações para pessoas que se submete, a cirurgia eletiva eram, de outra forma, saudáveis. As recomendações dependem da idade do paciente e do tipo de alimento ingerido. Por exemplo, os adultos são aconselhados a jejuar por 8 horas depois de ingerir alimentos gordurosos e 4 horas depois de ingerir produtos lácteos. Atualmente, permite-se que muitos pacientes tomem líquidos leves até 2 horas antes de um procedimento eletivo (CRENSHAW & WINSLOW, 2002 apud SMELTZER & BARE, 2004).

PREPARANDO O INTESTINO PARA A CIRURGIA

O esvaziamento intestinal no pré-operatório diminui o risco de liberação do conteúdo intestinal durante a cirurgia, provocado pelo efeito de medicamento relaxante muscular. Existem controvérsias quanto à importância desse procedimento pré-operatório. Dependendo do cliente, da cirurgia e da equipe que assiste, o preparo intestinal pode ser realizado mediante a utilização de laxativos, lavagens intestinais ou ambos. Geralmente, este preparo ocorre entre 8 e 12 horas antes do ato cirúrgico (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002).

Os enemas não são comumente prescritos no período pré-operatório, a menos que o paciente vá se submeter a uma cirurgia abdominal ou pélvica. Nesse caso, um enema de limpeza ou laxativo pode ser prescritos na noite antes da cirurgia e pode ser repetido na manhã da cirurgia. Os objetivos dessa preparação são permitir a visualização satisfatória do sitio cirúrgico e evitar o trauma do intestino ou contaminação do peritônio por fezes (SMELTZER & BARE, 2004).

Caso haja sido prescrito um enema para o paciente, esse geralmente será administrado após a refeição da noite, no dia que antecede a cirurgia. Ás vezes, é efetuado pela manhã, no caso das cirurgias marcadas para a tarde; porém, isso geralmente não é efetuado, porquanto a lista poderá ser alterada e a cirurgia do paciente retirada do mapa. Geralmente, é prescrito um sedativo para o paciente, à hora de dormir, para assegurar-se uma boa noite de repouso, antes da cirurgia. Geralmente também é prescrita uma dieta zero, após a meia-noite. Deve-se colocar um aviso na cama do paciente (ou outro local onde os membros do corpo clinico ou visitante possam vê-lo), para assegurar que a ordem foi executada (GAS, 1988).

PREPARANDO A PELE

A meta da preparação cutânea pré-operatória consiste em diminuir as bactérias sem lesionar a pele. Quando a cirurgia não é realizada como uma emergência, o paciente pode ser instruído a usar um sabão que contenha um detergente germicida para limpar a área cutânea por vários dias antes da cirurgia, para reduzir o número de organismos cutâneos; essa preparação pode ser efetuada em casa (SMELTZER & BARE, 2004).

Uma preparação adequada da pele do paciente visando à cirurgia deve deixá-la tão livre de microorganismos quanto possível, reduzindo-se, dessa forma, o risco de infecções na área cirúrgica. Entretanto, essa preparação da pele não duplica ou substitui uma preparação completa de esterilização que procede imediatamente à cirurgia. A preparação pode envolver um banho de imersão, uma ducha ou a limpeza local com uma solução de detergente anti-séptico, bem como a tricotomia (FILHO, 1996).

Existem controvérsias se a tricotomia aumenta ou diminui o potencial de infecção da ferida operatória. Por esse motivo, recomenda-se que a realização ocorra o mais próximo possível do momento da cirurgia (no máximo 2 horas antes) ou no próprio centro cirúrgico, em menor área possível e com método o menos agressivo. Também há controvérsia em relação às áreas da tricotomia, que variam conforme as técnicas e tecnologias usadas no processo cirúrgico (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002).

De acordo com Filho (1996), por existir essas controvérsias com relação à tricotomia a melhor opção ao paciente é seguir a política da instituição que pode variar. Por exemplo, a sociedade americana Association of Operating Room (AORN) – (Associação de Enfermeiras cirúrgicas) recomenda-se que os pelos não devem ser removidos da área em volta do cirúrgico, a não ser que sejam espessos o suficiente para causar interferência na cirurgia, porque a tricotomia pode aumentar o risco de infecções.

Quando utilizar a tricotomia à área de preparação sempre excede o tamanho previsto para a incisão, de modo a minimizar o número de microorganismos nos locais adjacentes à incisão proposta, e para permitir a cobertura cirúrgica do paciente sem contaminações. Antes de começar a tricotomia em áreas de grande pilosidade, recomenda-se cortar o excesso de pêlo com uma tesoura (FILHO, 1996).

Quando realizada com barbeador, deve-se esticar a pele e realizar a raspagem dos pêlos no sentido do crescimento dos mesmos, tendo-se o cuidado de não provocar arranhaduras na pele. O uso de depilatórios tem sido utilizado em algumas instituições, mas apresenta a desvantagem de, em algumas pessoas, provocar reações alérgicas e deixar a pele avermelhada. Existem ainda aparelhos que ao invés de rasparem os pêlos cortam os mesmo rente a pele, evitando escoriações e diminuindo o risco de infecções (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002).

A pele, o cabelo, as unhas das mãos e dos pés do paciente devem ser limpos, antes da cirurgia, para diminuir a quantidade de bactérias sobre a pele. Caso ele não haja tomado banho na noite precedente, isso geralmente é efetuado no dia da cirurgia. Após o banho, ou os cuidados da manhã o paciente veste em avental limpo do hospital e, em alguns centros, as meias da sala cirúrgica. O cabelo do paciente não deve conter grampos, prendedores ou outros objetos. As pacientes são aconselhadas a não usar maquiagem nem pintar as unhas, para facilitar a avaliação da cor da pele (GAS, 1988).

PREVENINDO INFECÇÃO

A partir do século XVII até os dias atuais, vários estudos foram realizados a fim de aprimorar o controle de infecção hospitalar. O centro cirúrgico é considerado um setor crítico onde são realizados procedimentos específicos, complexos e de longa duração e, portanto, devem ser um ambiente seguro, com uma equipe multidisciplinar capacitada. O ato cirúrgico é um dos procedimentos de maior risco para a ocorrência da infecção hospitalar, sendo de suma importância o conhecimento técnico-cientifico para que se proporcione uma assistência adequada ao paciente cirúrgico, assistência esta que só poderá ser atingida com a participação efetiva de todos os profissionais envolvidos no processo de cuidar (MARTINS, 2001).

No inicio de 1800, a infecção do ferimento era tão comum que até 80% de todos os ferimentos tornavam-se contaminados. A cirurgia era arriscada e limitava-se às medidas essenciais para salvar a vida de uma pessoa, como correção de um braço quebrado, a remoção de uma bala no músculo ou a amputação de um membro (GAS, 1988).

De acordo com Craven & Hirnle (2006):

A pele é a defesa primária contra a infecção. Antes da operação, a detecção e o tratamento de qualquer infecção são necessários para promover a cura e diminuir a chance de a infecção se disseminar ou se tornar sistêmica.

A infecção é uma ameaça sempre presente, diante de qualquer cirurgia e são necessárias às precauções mais estritas antes, durante e após a operação, para minimizar esse risco. Antes da cirurgia, é importante avaliar, cuidadosamente, as condições da pele do paciente. Encontra-se em bom estado geral? Parece bem nutrida? Existem escoriações que poderiam permitir a penetração dos tecidos mais profundos pelos germes patogênicos? Existem sinais se infecção em outras partes do corpo, que pudesse constituir possíveis fontes de infecção para o local da cirurgia? O paciente tem condições predisponentes para a infecção, como diabetes, a obesidade ou imunodepressão? A pele em torno da área a ser operada precisa receber atenção particular? Na maioria dos casos, a pele é limpa e depilada, antes da cirurgia, de preferência com uma técnica limpa, porem não estéril. Na cirurgia ortopédica, muitas vezes a pele é tornada estéril, para diminuir a possibilidade de invasão patogênica dos tecidos ósseos a serem manipulados. Após a cirurgia, é necessária estrita observação do local da incisão, para detectar sinais de infecção na ferida, ou em torno da mesma (GAS, 1988).

As infecções hospitalares são três vezes mais comum em pacientes que passaram por cirurgias, se feita a comparação contra os que não foram operados. O risco de tais infecções aumenta de acordo com a idade do paciente, bem como a duração dos período de hospitalização (FILHO, 1996).

Ainda de acordo com Gás (1988), a enfermeira deve estar também alerta para a possibilidade de infecção generalizada, após a cirurgia. As observações que a enfermeira deve efetuar em relação tanto às infecções generalizadas, quanto localizadas. São elas a vermelhidão, dor, edema, secreção anormal, elevação da temperatura e aumento da contagem de leucócitos.

Huttel (1998) definiu alguns princípios básicos para a assepsia cirúrgica onde:os objetos utilizados no SO devem estar estéreis; todos os profissionais que participam da cirurgia devem realizar a degermação cirúrgica e vestir mascara capote e luvas estéreis; após a degermação cirúrgica os profissionais devem tocar apenas em objetos estéreis; o máximo de cautela e vigilância devem ser utilizados ao se lidar com líquidos estéreis para prevenir espirros e derramamentos.

PREVENINDO COMPLICAÇÕES ANESTÉSICAS

O medicamento pré-anestésico (MPA) é prescrito pelo anestesista com os objetivos de reduzir a ansiedade do cliente, facilitar a indução anestésica e a manutenção da anestesia e a manutenção da anestesia, bem como diminuir tanto a dose dos agentes anestésicos como as secreções do trato respiratório, sempre lembrando a necessidade de verificação da existência de alergia. Na noite que antecede à cirurgia, visando evitar a insônia do cliente, pode ser administrado um medicamento tranqüilizando, conforme prescrição médica (MINISTERIO DA SAÚDE, 2002).

O uso de medicamento pré-anestésico é mínimo na cirurgia ambulatorial ou de paciente externo. Quando prescrito, ele geralmente é administrado na área de espera pré-operatória. Se um medicamento pré-anestésico for administrado, o paciente é mantido no leito com as grades elevadas porque o medicamento pode provocar tonteira ou sonolência. Durante esse período, a enfermagem observa o paciente para qualquer reação indesejada aos medicamentos. O ambiente à volta é mantido tranqüilo para promover o relaxamento (SMELTZER & BARE, 2004).

Administra-se o MPA cerca de 45 a 60 minutos antes do inicio da anestesia. Todos os cuidados pré-operatórios devem ser realizados antes de sua aplicação, porque após sua administração o cliente permanecerá na maca de transporte, devido ao estado de sonolência (MINISTERIO DA SAÚDE, 2002).

DIAGNÓSTICOS E PRESCRIÇÃO DE ENFERMAGEM

  1. Ansiedade: evidenciado por insônia, incerteza, preocupado; relacionado com o estado de saúde.

oReconhecer o medo a ansiedade do paciente;

oAjudar o paciente a usar a energia da ansiedade para lidar com a situação;

oIdentificar percepções da paciente sobre a situação;

Reconhecer a realidade da situação como o paciente a vê, sem desafiar sua crença;

  1. Síndrome do estresse por mudança: evidenciada por ansiedade, medo, mudança para outro ambiente e preocupação; relacionado com estado de saúde diminuída.

oManter contato freqüente com o paciente;

oEstar disponível para escutar e falar quando necessário;

oFazer com que o paciente se familiarize com o ambiente hospitalar e se sinta acolhido pela equipe;

oPromover um ambiente tranqüilo e confortável;

  1. Sentimento de impotência: evidenciado por dependência de outros que pode resultar em irritabilidade, expressão de insatisfação quanto a incapacidade de realizar tarefas/atividades prévias; relacionado com ambiente de assistência a saúde.

oPassar segurança ao paciente;

oExplicar ao paciente que seu período de internação será curto o mais rápido possível;

oInformar ao paciente que sua colaboração com o estado emocional irá está ajudando em sua recuperação;

oDizer ao paciente para não se sentir impotente por não estar realizando suas atividades diárias, que esse período é temporário que logo vai passar;

  1. risco de infecção: relacionado com destruição de tecidos procedimentos invasivo.

oInstruir o paciente sobre o cuidados com a ferida operatória;

oEstar trocando curativos no pós-operatório;

oAdministrar medicamentos conforme prescrição médica;

oMonitorar SSVV.

Conclusão

Ao termino desse artigo foi possível ter uma visão mais ampla dos benefícios que um bom preparo pré-operatório pode estar trazendo para a recuperação dos pacientes, e que o sucesso de um ato anestésico-cirurgico está diretamente liagado ao preparo físico e psicológico do paciente e da família, bem com a diminuição das possíveis complicações pós cirúrgicas.

Sendo assim, a visita pré-operatória se torna imprescindível, para a realização do ato operatório, por se tratar de um trabalho que envolve uma equipe multiprofissional. Mesmo que o anestesista e o cirurgião façam sua visita, também deverá ser feita e registrada pelo enfermeiro da unidade de origem ou pelo enfermeiro do centro cirúrgico devendo conter dados sobre a condição física e emocional do paciente.

Como foi descrito no decorrer desse trabalho essa visita se baseia na prevenção tanto física como psicológica desse paciente, que normalmente vai estar ansioso com duvidas sobre o procedimento a ser realizado, e é um momento muito importante onde vamos conhecer melhor nosso paciente como, por exemplo, procurar saber se existem alergias, se é tabagista, sobre o alcolismo, sobre patologias pré-existentes, como foi suas expectativas no CC em outras ocasiões, se vai ser a primeira cirurgia tentar minimizar suas angustias e dúvidas, estar preparando o seu corpo com a realização de alguns procedimentos que vai diminuir riscos como de aspiração e infecção, sendo o momento oportuno para o profissional estar traçando seus diagnósticos e cuidados de enfermagem para o pós-operatório.

É possível concluir que independente da complexidade do procedimento é nossa função estar prestando o cuidado humanizado, individualizado, proporcionando ao paciente segurança, conforto e tranqüilidade, pois normalmente o paciente que se encontra em um centro cirúrgico tende a estar frágil, em ambiente até então desconhecido e afastado do meio familiar. Dessa forma precisamos oferecer uma melhor atenção para esses procedimentos.

REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS

1-BORK, Anna M. Toldi. Enfermagem Baseado em Evidências. Rio de Janeiro: Editora Guanabara e Koogan, 2005.

2-CARVALHO, Rachel; BIANCHI, Estela R. F. Enfermagem em Centro Cirúrgico e Recuperação. 1º edição, São Paulo: Manole, 2007.

3-CRAVEN, Ruth F.; HIRNLE, Constance J. Fundamentos de Enfermagem – Saúde e funções humanas. 4ª ed. Rio de Janeiro: 2006. Editora Guanabara Koogan.

4-Diagnóstico de Enfermagem da Nanda. Definições e classificações 2007/2008. Editora Artmed. Porto Alegre, 2008.

5-FILHO, Geraldo C.; BARBIERI, Renato L. Enfermagem Básica – Teoria e Prática. São Paulo: Editora Riddel, 1996.

6-GAS, Beverly W. DU; Enfermagem Prática. Rio de Janeiro: Editora Guanabara, 1988. 4ª ed..

7-HUTTEL, Ray A. HArgrove. Enfermagem Médico-Cirúrgica. 2ª ed. Rio de Janeiro: 1998. Editora Guanabara Koogan.

8-MARTINS, Maria Aparecida. Manual de Infecção Hospitalar. 2ª ed. Rio de Janeiro: 2001. Editora Medsi.

9-MINISTÉRIO DA SAÚDE. Profissionalização de auxiliares de enfermagem. Brasília – DF:Fiocruz, 2002.

10-NETTINA, Sandra M.. Prática de enfermagem. 7ª ed. Rio de Janeiro: 2003. Editora Guanabara Koogan

11-POSSARI, João F. Centro Cirúrgico. São Paulo: Editora Afiliada, 2006.

12-SMELTZER, Suzane C.; BARE G. Brunner & Suddarth – Tratado de Enfermagem Médico cirúrgica. Rio de Janeiro: Editora Guanabara e Koogan, 2004. 10ª ed..



1Acadêmica da FASB, enfermagem: [email protected]

2 Acadêmica da FASB, enfermagem, [email protected];

3Acadêmica da FASB, enfermagem; [email protected];

4 Acadêmica da FASB, enfermagem [email protected];

5Acadêmica da FASB, enfermagem, [email protected];

6Acadêmica da FASB, enfermagem, [email protected];

7Acadêmico da FASB, enfermagem, [email protected];

8 Enfermeira, professora da disciplina Saúde do Adulto II, pela Faculdade São Francisco de Barreiras – FASB.