Autor
Wescley M. Cardoso

Apesar da gestação ser um fenômeno fisiológico, existe uma pequena parcela de gestantes que, por possuírem características específicas, apresenta maiores probabilidades de uma evolução desfavorável. Uma das complicações mais comuns e de maior morbimortalidade materna e perinatal é a pré-eclampsia, uma síndrome que acontece no final do 2º trimestre da gestação e persiste durante todo o período gestacional, caracterizada pela tríade: edema, proteinúria e hipertensão arterial, levando ao aumento da freqüência de cesáreas e provocando diversas seqüelas devastadoras. Deste modo, através de uma revisão bibliográfica a partir de referências teóricas anteriormente publicadas, objetivamos verificar a importância da assistência de enfermagem na atenção a gestante com pré-eclampsia. Neste sentido, para que tal distúrbio da gravidez tenha suas complicações e agravos minimizados, faze-se necessária uma assistência pré-natal especializada de qualidade. No seguimento da atenção a gestante com pré-eclampsia, a enfermagem desenvolve uma assistência direta com repercussões de grande significância na vida destas mulheres e de seus filhos, constituindo-se um instrumento indispensável na minimização dos agravos da patologia, além de favorecer a recuperação e a manutenção da saúde.

INTRODUÇÃO

Embora a gravidez seja um evento biológico normal para a maioria das mulheres, com um desfecho positivo ? o nascimento do bebê sadio ? infelizmente, podem ocorrer distúrbios que possivelmente resultam em desfechos negativos para o feto e/ou a mãe (BRANDEN, 2000).

Apesar da gestação ser um fenômeno fisiológico, e não patológico, onde sua evolução se dá na maior parte dos casos sem intercorrências, existe uma pequena parcela de gestantes que, por terem características específicas, ou por sofrerem algum agravo, apresenta maiores probabilidades de uma evolução desfavorável, neste caso faz-se necessário uma vigilância durante toda a gestação para assegurar o reconhecimento e o tratamento precoce das condições anormais (ZIEGEL E CRANLEY, 1985).

Para Gonçalves (2005) uma das complicações mais comuns e de maior morbimortalidade materna e perinatal é a Doença Hipertensiva Específica da Gestação (DHEG) que ocupa o primeiro lugar dentre as afecções próprias do ciclo grávido-puerperal.

A DHEG, também denominada pré-eclâmpsia, é caracterizada pela tríade: edema, proteinúria e hipertensão arterial. É uma síndrome que acontece no final do 2º trimestre da gestação e persiste durante todo o período gestacional, impondo, desta forma, assistência pré-natal de qualidade, já que este quadro clínico apresenta gravidade de intensidade variáveis (GONÇALVES, 2005).

Este artigo tem por objetivo verificar a importância da assistência de enfermagem na atenção a gestante com pré-eclampsia. Tal complicação da gravidez destaca-se por sua grande morbimortalidade, constituindo-se um importante problema de Saúde Pública, que para ser ter suas complicações e agravos minimizados necessita de uma assistência integral e atualizada.

Sendo a pré-eclâmpsia é distúrbio multissistêmico cuja principal característica clínica é a hipertensão arterial. O estado hipertensivo é decorrente da vasoconstrição e muitas vezes se acompanha de complicações sistêmicas envolvendo o sistema nervoso central, cardiopulmonar, hepático e renal (REIS, 2003). Desta forma, autores apontam algumas repercussões maternas da pré-eclampsia, como aumento da freqüência de cesáreas, insuficiência renal e insuficiência ou ruptura hepática (SOUZA, 2007).

Gonçalves (2005) define a Hipertensão Arterial, em gestantes, pela presença de pressão arterial maior ou igual a 140/90 mmHg e que para ser constatada, devem ser realizadas duas aferições com um intervalo de 4 horas, onde a paciente deve estar sentada, evitando assim a compressão da veia cava pelo útero grávido.

Andrade (2006) afirma que a morte de uma jovem mulher relacionada à sua gravidez é tragédia para sua família e é vergonha para o estado da saúde de um país. Publicação recente da Organização Mundial da Saúde (OMS) informa que a mortalidade materna correlaciona negativamente com o funcionamento do sistema de saúde: quando ela é alta, deve-se concluir que o sistema de saúde não funciona bem. A despeito do reconhecimento mundial de que a morte de mais de 500.000 parturientes a cada ano é inaceitável e que possivelmente poderia ser evitada, mulheres dos países em desenvolvimento continuam a morrer em ritmo similar ao de países mais ricos de décadas atrás. Embora as proporções variem de país para país, geralmente as mulheres morrem de cinco causas maiores que são em freqüência decrescente: hemorragia, sepse, aborto, eclampsia e parto obstruído.

Apesar de sua redução progressiva, a mortalidade materna ainda é muito elevada e muitas mortes são evitáveis. Importante é ter maior atenção para os partos de pacientes de faixa etária abaixo de 19 anos e nulíparas. A mortalidade por pré-eclampsia/eclampsia pode ser minimizada com assistência atualizada, com cuidadosa monitorização e não deve haver demora no atendimento (ANDRADE, 2006).

Neste sentido Souza (2007) afirma que para uma evolução segura da gravidez é necessário um acompanhamento pré-natal periódico incluindo aspectos fundamentais como: receber com dignidade a gestante e seus familiares, fornecer informações para o entendimento das usuárias e, adotar condutas e procedimentos benéficos para o desenvolvimento saudável da gravidez, parto e nascimento.

De acordo com Ziegel e Cranley (1985) os profissionais de saúde de todos os níveis devem assumir a responsabilidade pela crescente consciência publica sobre o que constitui a qualidade de assistência à saúde. O consumismo beneficiou de certa forma a assistência a saúde, em geral, na medida em que as pessoas têm insistido em se desfazer do misticismo médico e em participar, ou mesmo em tomar a frente da própria assistência à saúde. Os profissionais devem ser receptivos a isto e dialogar de modo que possa haver crescimento e beneficio mútuos.

Portanto os objetivos dos cuidados pré-natais são de minimizar a mortalidade e morbidade materna fetal e neonatal, assim todo o período de gestação complicada torna-se literalmente um período de cuidado intensivo. Deste modo, o serviço obstétrico de alto risco pode ser chamado de Unidade de Cuidado Intensivo Materno (ZIEGEL E CRANLEY, 1985).


A avaliação da gestação de alto de risco deve ser realizada toda vez que a paciente recebe atendimento médico, que pode ocorrer em diversos momentos: período pré-concepcional, na confirmação da gravidez, nas consultas de pré-natal, no trabalho de parto ou no puérperio (BORTOLOTTO, 2005).

Quando um fator de risco é identificado, a gestante deve ser informada de forma adequada e aconselhada de acordo com a gravidade do caso. O pré-natal especializado é a melhor recomendação nesses casos, com objetivo de melhorar o prognóstico materno e perinatal (BUNDUKI E SAPIENZA, 2005).

Os profissionais de enfermagem devem desenvolvem sua assistência tendo como alvo a gestante como um individuo que é membro de uma família e de uma comunidade, executando suas atividades onde estas forem mais necessárias, estabelecendo os critérios conseqüentes que podem ser mais utilizados para avaliar a eficiência da assistência prestada. O que difere do modelo médico tradicional, que se focaliza na patologia e na sua terapêutica (ZIEGEL E CRANLEY 1985).

Assim, através de uma revisão bibliográfica a partir de referências teóricas anteriormente publicadas, visamos analisar a importância da assistência de enfermagem na saúde de gestantes com pré-eclampsia.

O motivo principal para a escolha do tema em estudo deve-se ao fato de que no seguimento da atenção a gestante com pré-eclampsia, a enfermagem desenvolve uma assistência direta com repercussões de grande significância na vida destas mulheres e de seus filhos.


Michel (2005) afirma que o estudo exploratório ou pesquisa bibliográfica pode ser considerado uma forma de pesquisa, na medida em que se caracteriza pela busca, recorrendo a documentos, de uma resposta a uma dúvida, uma lacuna de conhecimento. Este tipo de pesquisa procura explicar um problema a partir de referências teóricas publicadas em documentos, dispensando a elaboração de hipóteses.

REFERENCIAL TEÓRICO

A pré-eclâmpsia possue significante morbidade e mortalidade perinatal e sua prevenção permanece como importante objetivo do atendimento obstétrico. A detecção precoce de mulheres com maior risco para essas complicações, com métodos adequados de rastreamento, pode melhorar o prognóstico materno-fetal (COSTA, 2005).

Barron e Lindheimer (1996) afirmam que o único tratamento definitivo da eclampsia é o parto, tudo o mais é paliativo. Em geral, se a pré-eclampsia ou a hipertensão grave ocorre além da 36ª semanas de gestação em um momento em que geralmente já ocorreu a maturidade fetal, o parto é a terapia de escolha, após o controle da pressão sanguínea e administração de sulfato de magnésio para evitar as convulsões. Também se indica o parto, independemente da idade gestacional, se houver evidencias de doença avançada ou de eclampsia evidente, pois sua progressão é quase inevitável, a não ser que seja evacuado o útero.

Rezende (2006) define pré-eclampsia como síndrome multissistêmica caracterizada por hipertensão e proteinúria, após 20 semanas de gravidez, em mulheres com PA normal previa. Desta forma afirma que a proteinúria é definida como a presença de proteína > 0,3 g/24 horas de urina ou > 1+ em amostra. Estando também associada a outros sinais e sintomas, como edema, distúrbios visuais, cefaléia e dor epigástrica.

De acordo Souza (2007) a pré-eclampsia, tem início lento e insidioso na segunda metade da gravidez, com incidência em 5% a 8% das gestações, caracterizando-se pelo desenvolvimento de hipertensão com proteinúria ou edema, ou ambos, tendo como fatores predisponentes: os extremos da idade fértil (menor que 15 e maior que 35 anos), a raça negra, familiares de primeiro grau que apresentaram pré-eclampsia, hipertensão crônica, idade materna e baixo nível socioeconômico. Além desses, algumas gestantes podem apresentar associação entre alterações psicológicas e quadros hipertensivos.

A hipertensão arterial decorrente da elevação na resistência vascular é o sinal precoce da pré-eclâmpsia. A maior resistência vascular é resultado do aumento da atividade simpática, uma resposta exagerada à adrenalina e à noradrenalina circulantes, e do aumento da sensibilidade à angiotensina (GANEM 2002).

Conforme Ganem (2002) pré-eclâmpsia manifesta-se precocemente na gestação como um estado hiperdinâmico. O estado hiperdinâmico que se mantém acarreta lesões endoteliais mecânicas, as quais alteram a produção de mediadores humorais de reatividade do músculo liso, elevando a resistência vascular sistêmica, que determina hipertensão arterial e diminui o volume circulante, aumentando o trabalho ventricular.

Na grávida com pré-eclâmpsia, o excesso de sódio e a retenção de água associada à diminuição da pressão coloidosmótica levam a transudação de líquido para o espaço intersticial, podendo ocasionar edema e, como conseqüência, estreitamento da região da faringe e laringe (GANEM 2002).

Segundo Ganem (2002) os fatores de risco para o aparecimento de pré-eclâmpsia são pré-eclâmpsia prévia, hipertensão arterial sistólica no início da gestação, história de hipertensão arterial crônica, história familiar de HIG, doença renal crônica, lupus eritematoso, deficiência de proteína S, resistência à proteína C ativada, anticorpos anticardiolipina circulantes, nuliparidade, obesidade, aumento da massa trofoblástica (gestações múltiplas e gestação molar), diabetes, eritroblastose fetal, poliidrâmnio, especialmente em primigestas jovens e idade superior a 40 anos.

A detecção precoce dos sintomas é importante na prevenção das seqüelas devastadoras da pré-eclâmpsia. Inicialmente, devem-se realizar exames laboratoriais que incluem contagem de plaquetas, teste de função hepática, exame de urina para detectar proteinúria, uréia e creatinina sangüíneas (GANEM 2002).

Ganem (2002) o controle da paciente pré-eclâmptica inclui adequada monitorização fetal, prevenção de convulsões, controle ativo do trabalho de parto, manutenção da perfusão útero-placentária, sendo o parto o tratamento curativo. O parto imediato está indicado em hipertensões graves com pressão arterial persistentemente elevada por 24 a 48 horas, trombocitopenia progressiva ou coagulação intravascular disseminada, disfunção hepática, síndrome HELLP, eclâmpsia e diagnóstico de sofrimento fetal.

Segundo Ganem (2002) as convulsões da eclâmpsia são de natureza tônico-clônica, caracterizadas por contrações musculares rítmicas, seguidas por período de apnéia. As causas da convulsão não são claras e vários processos estão implicados na explicação dessa etiologia. Áreas de vasoespasmo cerebral podem ser suficientes para determinar isquemia focal, a qual provocaria convulsões. Hemorragia intracerebral, encefalopatia hipertensiva e coagulação intravascular disseminada são outras causas potenciais de convulsão (GANEM 2002).

Conforme Souza (2008) o sulfato de magnésio firmou-se como importante medida terapêutica adotada nas pacientes com pré-eclâmpsia/eclâmpsia, sendo largamente estudado e reconhecido como a droga de escolha, não apenas para a profilaxia, mas também para o tratamento das convulsões eclâmpticas. Ensaios clínicos multicêntricos e revisões sistemáticas asseguram a efetividade e a segurança do sulfato de magnésio na redução significativa do risco de convulsões e no risco de morte materna.

A atenção básica à mulher no ciclo gravídico e puerperal compreende medidas de prevenção e promoção da saúde, além de detectar e tratar precocemente intercorrências que propiciem evolução desfavorável para a mãe e ou para o feto (SOUZA, 2007).

Identificando-se um ou mais desses fatores, a gestante devera ser tratada na Unidade Básica de Saúde (UBS), conforme orientam os protocolos do Ministério da Saúde. Os casos não previstos para o tratamento na UBS deverão ser encaminhados para a atenção especializada que, após a avaliação, devera devolver a gestante para a atenção básica com as recomendações para o seguimento da gravidez ou devera manter o acompanhamento pré-natal nos serviços de referência para gestação de alto risco. Nesse caso, a equipe da atenção básica devera manter o acompanhamento da gestante, observando a realização das orientações prescritas pelo serviço de referência (BRASIL, 2000).

Os cuidados pré-natais comprovadamente evitam as complicações da gestação e apóiam o nascimento de bebês saudáveis. Infelizmente, nem todas as mulheres conseguem receber a mesma qualidade e quantidade de atendimento de saúde durante uma gestação (RICCI, 2008).

Ainda de acordo com o autor acima citado, diversos fatores de risco que contribuem para as taxas de mortalidade podem ser reduzidos ou evitados mediante um bom atendimento pré-concepcional e pré-natal. Em primeiro lugar, a triagem e a orientação pré-concepcional confere à oportunidade de identificar os fatores de risco maternos antes do inicio da gravidez.

Segundo Lacava (2006) a atenção pré-natal permite avaliar o desenvolvimento da gravidez e identificar sinais e sintomas de anormalidades que podem ser precocemente detectados, evitando a ocorrência de complicações no período pré-natal, no trabalho de parto, no parto e no puerpério.

De acordo Brasil (2000), a gestante de alto risco tem seus direitos e os cuidados especiais garantido por lei; dependendo das suas características particulares, as gestante de alto risco terão um controle pré-natal diferenciado tanto nos cuidados quanto nos números de consultas.

O pré-natal bem feito assegura à gestante uma gravidez sem problemas, aumentam suas chances de ter um filho saudável e a própria saúde bem cuidada. Além de ser submetida a exames completos periódicos, a futura mãe obterá respostas para suas principais duvidas e poderá falar sobre os seus medos e inseguranças (LACAVA, 2006).

Segundo Ziegel e Cranley (1985) Nem todas as pessoas são iguais e nem toda gestação decorre tranquilamente. Algumas podem trazer danos permanentes a saúde da mãe ou comprometer a saúde do bebê. Outras podem resultar até mesmo em mortes ou em abortos. Para a maioria das mulheres, suas necessidades de saúde são resolvidas com cuidados e procedimentos simples. Para outras as necessidades a serem resolvidas exigem cuidados exames e equipamentos mais complexos.

De acordo com suas características particulares, as gestantes de alto risco terão controle pré-natal diferenciado tanto nos cuidados quanto no numero de consultas. Em geral, visitarão o serviço de saúde no mínimo uma vez por mês, durante os seis primeiros meses de gravidez. Na fase final, no sétimo mês, estas visitas devem acontecer a cada 15 dias; e, posteriormente, uma vez por semana, até o momento do parto e serão acompanhadas por um obstetra (BRASIL, 2000).

Dependendo da necessidade poderão ser pedidos ou recomendados exames suplementares e tratamentos específicos bem como repouso, alimentação e dietas especiais. Seu ganho de peso deverá manter-se entre 9 a 12 quilos; já que engordar exageradamente é prejudicial tanto para a mãe quanto para o feto, inclusive em condições normais de gravidez (BRASIL, 2000).

Nas gestações de alto risco é muito importante que o médico e os profissionais dos serviços de saúde identifiquem, o mais rapidamente possível, os problemas existentes e façam um diagnostico das doenças ligadas à gravidez. Quanto mais rápido o diagnostico, mais fácil torna-se iniciar o tratamento e tomar os devidos cuidados (BRASIL, 2000).

O atendimento pré-natal oportuno é de alta qualidade ajudar a evitar desfechos sóbrios de parto e melhorar a saúde materna ao identificar as mulheres cujo risco é muito alto, a seguir, pode ser usado para adotar medidas que reduzam o risco, como no caso de hipertensão arterial ou diabetes melito, por exemplo, (ZIEGEL E CRANLEY, 1985).

O rastreio adequado, instituído de forma universal, detectaria bem precocemente os desvios da normalidade e possivelmente evitaria muitas gestações de alto risco. O tratamento das clientes devem preencher as necessidade individuais. O aumento da acessibilidade à assistência não terá o efeito desejado a não ser que também seja melhorada a aceitabilidade. A paciente deve ter acesso ao pessoal mais qualificado para lidar com um dado problema, e as cliente devem entram para o sistema de assistência à saúde antes da concepção. Dessa forma muitas complicações podem ser evitadas (ZIEGEL E CRANLEY, 1985).


METODOLOGIA

O presente estudo teve uma abordagem qualitativa, pesquisa bibliográfica, utilizado para o embasamento teórico artigos e livros que elucidam o tema em estudo. Foi realizado uma busca por autores que retrata a pré-eclampsia, bem como, o que é preconizado pelo ministério da saúde.

CONCLUSÃO

Como a gestação é marcada por etapas de desenvolvimento, a gestante precisa ser acompanhada sistematicamente durante a evolução da gravidez, com vistas a atender suas necessidades, obtendo assim melhores resultados sobre a sua saúde e do recém-nascido (BRASIL, 2000).

A morte de uma jovem mulher relacionada à sua gravidez é tragédia para sua família e é vergonha para o estado da saúde de um país. Torna-se reconhecido mundialmente que a morte de mais de 500.000 parturientes a cada ano é inaceitável e que poderia ser evitada (ANDRADE, 2006).

Ricci (2008) afirma que proporcionar acesso a cuidados pré-natais de qualidade a todas gestantes, ajudar a reduzir as taxas de mortalidade extraordinariamente, e que o acesso a serviços de planejamento familiar também é importante na prevenção de mortes maternas em virtude de reduzir os riscos à saúde associados à gravidez não planejada.

Neste sentido, percebemos que a enfermagem em sua assistência preocupa-se em minimizar a morbidade e mortalidade materna e fetal causada pela pré-eclampsia, ao rastrear as gestantes durante o pré-natal, identificar os casos potenciais do desenvolvimento da doença, acompanhar integralmente e orientar adequadamente gestante na Unidade Básica para que a mesma não tenha que ser submetida ao pré-natal de alto risco por não haver necessidade de um atendimento de alta complexidade.

De acordo Brasil (2006) é indispensável construir um novo olhar sobre o processo saúde/doença, que compreenda a pessoa em sua totalidade corpo/mente e considere o ambiente social, econômico, cultural e físico no qual vive; estabelecer novas bases para o relacionamento dos diversos sujeitos envolvidos na produção de saúde ? profissionais de saúde, usuários(as) e gestores; e a construção de uma cultura de respeito aos direitos humanos, entre os quais estão incluídos os direitos sexuais e os direitos reprodutivos, com a valorização dos aspectos subjetivos envolvidos na atenção.

Deste modo faz-se imprescindível que o enfermeiro, tenha um olhar clínico, fundamentado em teorias cientifica que o possibilite estar preparado a investigar, mediante os primeiro sinais e sintomas, a patologia relacionada, a fim desenvolver uma assistência integral de qualidade que permita diminuir os ricos de complicações inerentes a doença.

Portanto verificamos que a assistência de enfermagem as gestantes com pré-eclampsia envolve cuidados holísticos com repercussão de grande significância na vida destas mulheres e de seus filhos. A assistência de enfermagem é indispensável na vigilância e reconhecimento das características específicas da Doença Hipertensiva Específica da Gestação, como também na minimização de seus agravos e complicações. Assim, a assistência proposta pelos profissionais de enfermagem à gestação com pré-eclampsia é capaz de favorecer a recuperação e a manutenção da saúde.


REFERÊNCIAS

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