INTRODUÇÃO

         Este trabalho foi desenvolvido pelas alunas do 4º ano do curso de Enfermagem de uma Universidade particular do município de São Paulo. Dada a importância epidemiológica da Síndrome Nefrótica em crianças, optamos por estudar o tema devido a experiências vivenciadas no estágio de Pediatria onde observamos o grande número de crianças hospitalizadas com Síndrome Nefrótica, sendo assistidas pela enfermagem e orientadas com o intuito de colaborar com a melhora. 

A Síndrome Nefrótica é caracterizada, fundamentalmente, por uma proteinúria importante, resultado de algum distúrbio da função de barreira da parede capilar glomerular, que normalmente impede a passagem de proteínas séricas para o espaço urinário (BARROS, 1994). 

 Devido ao aumento da permeabilidade glomerular ocorre quadros de albuminúria e lipidúria, com tendência ao edema, proteinúria de nível maior que 3,5cm² de superfície corporal associada a hipoalbuminemia. Dentre os sintomas incluem anorexia, mal estar pálpebras edemaciadas, retinas brilhantes, dor abdominal e perda da musculatura (RIELLA, 2003)           

            O distúrbio pode ocorrer como doença primária, conhecida como nefrose idiopática, nefrose infantil ou Síndrome Nefrótica por alteração mínima (SNAM). A instalação da SNAM pode ser observada em qualquer idade, mas ocorre predominantemente em crianças de 2 a 7 anos de idade. É rara em crianças com menos de 6 meses de idade, incomum em lactentes com menos de 1 ano de idade e pouco habitual depois dos 8 anos de idade. Embora a causa e os mecanismos envolvidos sejam apenas especulativos, é possível que haja algum distúrbio metabólico, bioquímico, físico-químico ou imunologicamente mediado pelo aumento da permeabilidade da membrana basal dos glomérulos às proteínas. O distúrbio secundário que ocorre como manifestação clínica logo após ou em associação à lesão glomerular de etiologia conhecida ou suspeita; ou forma congênita herdada como caráter autossômico recessivo (WONG, 1999). 

Em crianças, cerca de 90% dos casos de Síndrome Nefrótica são idiopáticas e somente 10% dos casos de doença renal não identificáveis (HOLLIDAY, 1987).           

            Em relação à patogenia, histopatologia e à microscopia óptica não se observam alterações glomerulares visíveis, com exceção de hipertrofia discreta do tecido inter capilar e um aumento discreto no número de células mesanguiais. Em alguns casos observam-se alterações no túbulo intersticiais moderados focais ou difusos. A microscopia eletrônica revela apenas a fusão das películas das células epiteliais que se desenvolve em conseqüência da passagem exagerada de proteínas pelo filtro glomerular, não há presença de depósitos densos. A imunofluorescência, em geral, não se evidencia a imunoglobulina ou componentes nos glomérulos. As alterações fisiológicas são variadas envolvendo o metabolismo de proteínas plasmáticas, dos lipídios e das lipoproteínas, as funções renais e do metabolismo eletrolítico (MARCONDES, 1994). De um modo geral a hipoalbuminemia é diretamente relacionada a proteinúria. Mas, como outros fatores estão envolvidos pode-se observar exceção, tais como, hipoalbuminemia discreta com proteinúria intensa ou inversa (RIELLA, 2003).           

            A hiperlipidemia ou lipídios são encontrados no plasma como lipoproteínas, na Síndrome Nefrótica a queda da pressão oncótica plasmática estimula a síntese hepática das lipoproteínas, ao mesmo tempo em que inibe sua utilização periférica. Os níveis de HDL (transporte de colesterol) somente estão reduzidos á hipoalbuminemia leve. A causa de lipidúria é em grande parte excreção aumentada de HDL na urina (RIELLA, 2003). O edema é componente importante da Síndrome Nefrótica, é a queixa mais freqüente e é o primeiro sinal clínico, o acúmulo progressivo de água e sódio. O edema ocorre devido à excreção inadequada, em relação às quantidades ingeridas. O aumento da permeabilidade dos glomérulos, as proteínas e conseqüentemente a proteinúria e hipoalbuminemia; é o evento inicial que resulta no edema nefrótico (MARCONDES, 1994).           

As principais complicações da Síndrome Nefrótica são hipovolemia com repercussão na pressão arterial e na perfusão tecidual. Esta complicação é mais observada quando há associação com processos infecciosos, principalmente sepse, diarréia, vômitos, uso abusivo de diuréticos ou rápida drenagem de liquido ascítico. A infecção clássica é a peritonite primária, geralmente causada por S.pneumonia e às vezes, por germes gram-negativo, como a E.coli. O quadro é grave, podendo evoluir rapidamente para septicemia e morte. A trombose caracteriza-se pelo estado de hipercoagulabilidade do paciente nefrótico que predispõe a tromboses arteriais e venosas, devendo ser tratado com anticoagulantes, pois tem como objetivo prevenir o tromboembolismo pulmonar ou a trombose de vasos renais. A insuficiência renal aguda é geralmente secundária ao estado de hipovolemia acentuada, podendo evoluir para necrose tubular aguda e talvez a necessidade de tratamento dialítico. O uso de diuréticos deve ser evitado, pois predispõe esta complicação (BEVILÁCQUA, 2004).           

            O diagnóstico da Síndrome Nefrótica é basicamente dependente do laboratório, sendo tradicionalmente feito pela demonstração de proteinúria, porém é considerando a filtração de albumina muita intensa ou queda da função renal. As formas primárias devem ser diagnosticadas por exclusão das secundárias, as secundárias são múltiplas, razão por que se use de um vasto conhecimento clínico para identificá-las (RIELLA, 2003).           

            A conduta terapêutica tem por objetivo reduzir a excreção urinária de proteínas, reduzir a retenção de líquidos nos tecidos, prevenir a infecção e minimizar as complicações relacionadas com o tratamento. Se o edema não for incapacitante, deve se estimular a deambulação. As restrições alimentares incluem dieta com baixo teor de sal durante os períodos de edema generalizado. Pode se instituir uma terapia diurética, para obter alívio temporário do edema (SOLOMON, 1979). 

            Esta pesquisa tem como objetivo apresentar aspectos fundamentais desta patologia e elaborar o plano de assistência de enfermagem a essas crianças com Síndrome Nefrótica...