Asperger um desafio para os métodos e práticas pedagógicas

 

 

 

                                                                                  Emanuelle Evellinn dos Passos Aniceto¹

                                                                                               

 

 

Resumo

 

            Este artigo objetiva o estudo do comportamento e os métodos que os professores podem utilizar com os alunos que têm síndrome de Asperger, enfocando métodos e práticas para a socialização destes alunos, sobretudo, quanto ao acesso igualitário. A metodologia se baseou na investigação por meio de pesquisas bibliográficas de artigos, documentos oficiais e revistas.

PALAVRAS-CHAVE: Educação. Síndrome de Asperger.

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¹ Emanuelle Evellinn dos Passos Aniceto, Graduada em Licenciatura Plena em Computação – Universidade do Estado de Mato Grosso, 2013.  Email: [email protected]

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

  1.  Introdução

 

Com a inclusão na escola e os desafios que emergem no contexto da sala de aula, a busca pela aproximação da excelência e de provê conhecimentos de forma igualitária se torna um dos objetivos principais de toda comunidade escolar. Uma vez, que os alunos que diagnosticados com síndrome de Asperger se apresentam com grandes dificuldades de conviver socialmente, possuem dificuldade de se comunicar, o que acaba criando “estranheza” para os demais alunos. São pouco sociáveis  não lidando  muito bem com as mudanças.

 E dentro da sala de aula há uma constante mudança  o que pode desequilibrá-los emocionalmente. Entretanto, o nível de memorização e a capacidade de desenvolver habilidades são quesitos frequentemente notórios, o nível de inteligência é no mínimo na média ou muito acima normalmente eles focalizam em um assunto específico.

Diante de casos como Asperger e demais síndromes é importante que o professor crie métodos diferentes, que trabalhe a inclusão crie técnicas para aprimorar e desenvolver habilidades, induzindo o conhecimento de forma que o aluno possa articular seu próprio método de aprendizagem.

De acordo com Cândido (2010) apud Fino (2001)

O conhecimento é algo pessoal e intransferível e é construído (resultado) na experiência pessoal e subjetiva de uma atividade que é mediada por signos culturais (linguagem, utensílios, tecnologia, meios de comunicação, torna-se um eixo determinante e um objetivo definido. Dentro deste contexto temos os alunos com Síndrome de Asperger (SA) que retrata mais um desafio para os professores. Pois, na maioria das vezes passam a ser afastadas dos grupos dos alunos por muitas vezes não se interagir, e muito pouco convenções, etc), destacando, nesse processo, o papel do "outro social" no desenvolvimento da criança. (Cândido, Rev.psicopedag. vol.27 nº.83 São Paulo,2010).

Portanto, é essencial que os professores criem estratégias que permitam essas crianças desenvolverem seus próprios meios para chegarem ao conhecimento. E que seja de forma distinta o que irá fazê-las sair da rotina de realizar a mesma coisa de forma repetitiva. Pois, cada vez que o professor passa à frente da criança realizando a tarefa ou mostrando como realmente deve ser feito, acaba-se por impedir este aluno de desenvolver e de entender o processo de aprendizagem. Contudo, é necessário que professores com alunos AS em sala recebam uma formação adequada para que consigam trabalhar da melhor forma possível, estimulando as habilidades detectadas.

 É também importante modificar constantemente as práticas pedagógicas até perceber a que está surtindo efeitos, porque somente assim será possível garantir a igualdade de oportunidades entre os alunos.

2.     O que é a Síndrome de Asperger?

 

            É um distúrbio na ordem genética que atinge o desenvolvimento neurológico, nos quais afetam o relacionamento entre as pessoas, na fala e também possuem características de movimentos repetitivos. Para o Dr. Carvalho e a Dra. Araújo

A síndrome de Asperger (SA) é uma perturbação global do desenvolvimento, de etiologia ainda desconhecida, cujas principais características são: deficiente aquisição de competências sociais (causadora de comportamentos desadequados e de uma grande dificuldade nas relações interpessoais); inteligência normal ou acima da média com fraca coordenação e percepção grafo-espacial; interesses restritos ou preocupações obsessivas. (Dr. Pedro Silva Carvalho -Psiquiatra - e Dra. Manuela Araújo - Interna Complementar Pedopsiquiatria, 2009).

Foi em 1944 que um Austríaco, médico pediatra chamado Hans Asperger observou a dificuldade de algumas crianças em se interagir, com ênfase no isolamento e com pouca comunicação, apesar do seu desenvolvimento intelectual. Porém, somente em 1981 que Lorna Wing usou o termo “Asperger”. Wing concretizou uma experiência com um grupo de doentes e um dos primeiros aspectos observados foi o retardo no desenvolvimento da fala e uma expressiva capacidade de memorizar. Wing admitia que o Asperger possuísse levemente o autismo.  Na CID-10, a Asperger é conceituada como “Transtorno Global de Desenvolvimento” 

Transtorno de validade nosológica incerta, caracterizado por uma alteração qualitativa das interações sociais recíprocas, semelhante à observada no autismo, com um repertório de interesses e atividades restrito, estereotipado e repetitivo. Ele se diferencia do autismo essencialmente pelo fato de que não se acompanha um retardo ou de uma deficiência de linguagem ou do desenvolvimento                cognitivo. Os sujeitos que apresentam este transtorno são em geral muito desajeitados. As anomalias persistem frequentemente na adolescência e idade adulta. O transtorno se acompanha por vezes de episódios psicóticos no início da idade adulta (CID-10, p. 369, 2003).

Apesar de haver algumas semelhanças com o autismo as pessoas diagnosticada com Asperger geralmente possuem uma elevada habilidade cognitiva, possuem Q.I normal ou podem atingir um nível de inteligência altíssima, podem ter vocabulários bem desenvolvidos, porém, possuem pouca capacidade de fazer amizades, fazem movimentos repetitivos, não possuem muita empatia, tem dificuldade de se interagir emocionalmente e socialmente, possuem grandes dificuldades, ou na maioria, não sabem mentir, não conseguem distinguir expressões irônicas, não possuem remorso, se vestem como achar adequado e normalmente são interpretados como rude, por ter uma sinceridade extremista.

3.     Como trabalhar com os alunos Asperger em sala de aula

 

Ao se voltar para a educação inclusiva veremos que dia após dia é marcado por superações diferentes, tanto do professor quanto do aluno. A busca por excelência no ensino é um quesito imprescindível como também as práticas pedagógicas que serão desenvolvidas pelos professores, o que requer treinamento, preparo, o olhar  diferenciado identificando onde está sua dificuldade e como saná-las.  

As crianças diagnosticadas com Asperger é um dos grandes desafios dos educadores, pois seu comportamento de pouco se interagir o mantém mais afastado do convivo social da sala de aula. Por isso, faz- se necessário o professor desenvolver métodos eficazes a atender a necessidade que o aluno apresente. É preciso identificar no aluno o que lhe chama atenção, qual a sua habilidade, uma vez o professor conseguindo fazer parte de suas imaginações ficará mais fácil de desenvolver estratégias para envolver este aluno.

A conscientização dos demais alunos é essencial para que todos compreendam e ajudem na participação do aluno e nas atividades propostas.

Aulas interativas que utilizam recursos novos, aulas práticas, deixar o aluno criar algo inovador são atos que chamam bastante atenção do Asperger. Devido ao déficit de se fixar em apenas uma coisa por muito tempo é importante desenvolver  dinâmicas que o envolvam de alguma forma, entretanto é necessário que essas práticas sejam incluídas de forma que se tornem rotineiras, eles se entendem bem com rotinas. Como enfatiza Nadal

Na infância, essas crianças apresentam déficits no desenvolvimento motor e podem ter dificuldades para segurar o lápis para escrever. Estruturam seu pensamento de forma bastante concreta e não conseguem interpretar metáforas e ironias - o que interfere no processo de comunicação. Além disso, não sabem como usar os movimentos corporais e os gestos na comunicação não-verbal e se apegam a rituais, tendo dificuldades para realizar atividades que fogem à rotina. (Paula Nadal, Revista Nova Escola, 2011).

A estimulação é algo fundamental ao se elogiar, ressaltar atitudes coletivas com elogios, estará direcionando o aluno para que o mesmo faça aquilo que você traçou para seu desenvolvimento. A observação quanto ao seu desempenho é importante, pois muitos Asperger são superdotados e necessitam de estímulos específicos e consistentes. Identificar suas dificuldades e trabalhar em cima delas, é importante ao ditar tarefas e explicar conteúdos que sejam bem sintetizados, objetivos e rápidos de compreender.  

            Essas técnicas podem ser desenvolvidas em sala de aula buscando o máximo de potencialização.

Novos métodos e novas estratégias são sempre importantes, motivadoras em tudo que fazemos. As propostas básicas não impedem que se experimentem novas práticas. Sendo assim, parte do professor desenvolver atividades conexas e interativas que atinjam e envolvam todos os alunos independentes de ter ou não algum tipo de deficiência.

 

4.     Considerações Finais

A dificuldade do professor em lidar com diversas características, personalidades, dificuldades diferentes o obriga a ser uma “fonte de renovação”, com constantes práticas diferenciadas atingindo todos os alunos de forma democrática para que todos  participam e aprendam igual, principalmente quando se tem aluno com algum tipo de deficiência.

 A interação, o acompanhamento e o olhar clínico do professor ao identificar a dificuldade é um fator extremamente importante, pois ajuda este aluno a se desenvolver ou permanecer estagnado.

O Asperger é um aluno que necessita de métodos diferenciados devido à própria síndrome. Apresenta  muita dificuldade de socialização, de concentração e  muitas vezes recusam-se a aprender coisas que fogem ao seu interesse particular. Sendo assim, o professor não deve focar apenas no interesse deste aluno, mas criar estratégias para que ele participe dos assuntos abordados em sala, estimule a socialização e interatividade com os demais alunos, por isso a importância dos demais alunos apoiarem neste processo de aprendizagem. Segundo Williams

Algumas crianças com SA não querem ensinamentos fora de sua área de interesse. Exigência firme deve ser feita para completar o trabalho de classe. Deve ficar muito claro para a criança SA que ela não está no controle e tem que seguir regras específicas. Ao mesmo tempo, no entanto, encontrar um meio-termo , dando-lhe a oportunidade de perseguir seus próprios interesses ; (Karen Williams,2003).

O professor deve fazer o aluno conciliar os seus interesses com os novos assuntos abordados em sala de aula. Os Asperger normalmente criam uma fantasia e vive em um mundo surreal, o professor tende a romper esse mundo imaginário e trazê-lo para a realidade. Para Williams (2003) “Essas crianças precisam de um ambiente no qual possam ver a si próprias como competentes e produtivas”, e esta capacidade o professor pode desenvolver em sala ressaltando os pontos positivos, desenvolvendo tarefas que eles possam participar de forma efetiva, também pode pedir para que este aluno o ajude em algumas tarefas o que  demonstra que ele está sendo útil e  desempenha um papel importante em sala.

Por conseguinte, as práticas e as formas de se aplicar os métodos é o que irá ser decisivo para o desenvolvimento do Asperger e dos demais alunos.

 A busca por um padrão é incessante e normalmente falho, o ideal seria a analise ser individual, pois os sintomas, as características e dificuldades diferenciam-se de criança para criança, sendo assim, é necessário que as formas de ensinar sejam diferentes também, pois cada um terá uma necessidade diferenciada e o professor deve acompanhar e estar preparado para lidar e dominar essas diversidades no que tange a aprendizagem do seu aluno, seja na vida escolar ou autônoma, afinal, o que se busca é a autonomia do educando.

 

5.     Referências  Bibliográficas

Cândido Francisca Francineide.  Práticas pedagógicas e inovação na instituição de ensino: uma abordagem psicopedagógica com foco na aprendizagem. Revista Psicopedagogia Vol.27 nº 83, São Paulo, 2010. Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S0103-84862010000200011&script=sci_arttext >acessado no dia 21/07/2014 ás 20:46h 

Drª Araújo Manuela e Drº. Carvalho Pedro Silva. Síndrome de Asperger . Alert Life Sciences Computing  Since. 23/06/2009. Disponível em <http://www.alert-online.com/br/medical-guide/sindrome-de-asperger > Acessado no dia 18/07/2014 ás 08:41h

 Karen Williams, AUTISMO – SINDROME DE ASPERGER: Entendendo estudantes com a Síndrome de Asperger Guia para professores. 02/03/2011. Disponível em < http://www.autismo-br.com.br/home/As-escol.htm> Acessado dia 19/07/2014  ás 9:14H

Nadal Paula. Transtornos do desenvolvimento: O que é a Síndrome de Asperger?. Revista Nova Escola , ABRIL  2011. Disponível em  < http://revistaescola.abril.com.br/formacao/sindrome-asperger-625099.shtml > Acessado no dia 23/07/2014 ás 12:15h

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE. Classificação de transtornos mentais e de comportamento (CID-10): Descrições e Diretrizes Diagnósticas. Porto Alegre: Artes Médicas, 2003.