ASPECTOS IMPORTANTES DO JOGO E DA BRINCADEIRA NO DESENVOLVIMENTO DA APRENDIZAGEM DA CRIANÇA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

 

 

Nájala Teixeira Farias Matos Benevides [1]

 

RESUMO

A concepção desse artigo tem o objetivo de evidenciar os aspectos relevantes da brincadeira e do jogo como atividades estimuladoras para o desenvolvimento da aprendizagem da criança na Educação Infantil. Diante da importância do brincar como artifício pedagógico para o desenvolvimento da criança, essas atividades lúdicas constituem em atividades pedagógicas essenciais para a interação do desenvolvimento da aprendizagem da criança de forma prazerosa e educativa, na qual possibilita à criança desenvolver várias habilidades nas suas dimensões motoras e socioefetivas. Assim, quando a prática educativa busca estratégias de ensino inovadoras o processo de ensino-aprendizagem será estimulado de maneira autêntica e significativa. Nessa perspectiva, esse estudo foi baseado em referências bibliográficas que focalizam ideias fundamentais para a sua conclusão, onde grandes teóricos motivam o uso da atividade lúdica no contexto da educação infantil.

Palavras-chave: Educação Infantil; Criança; Atividades lúdicas; Aprendizagem 

INTRODUÇÃO

Ao longo do tempo grande debates e discussões acerca da Educação Infantil incorporam reflexões em torno da importância do jogo e da brincadeira como ferramenta pedagógica, na qual se deve levar a sério sua participação e contribuição no processo ensino-aprendizagem da criança. 

As brincadeiras quando são estimuladas com objetivos e autenticidade, são fontes de estímulo ao desenvolvimento cognitivo, social e afetivo da criança. Bem como o jogo, que também designa um papel relevante ao desenvolvimento da aprendizagem da criança em fase pré-escolar.

Partindo de referenciais teóricos, será possível analisar conceitos importantes que devem ser consideráveis no uso da atividade lúdica no contexto da Educação Infantil.

Nessa expectativa, o presente estudo pretende-se contribuir com a ampla reflexão sobre a importância do brincar na prática pedagógica na Educação Infantil, assim como também divulgar a importância do jogo e da brincadeira como estratégia de ensino ao aprendizado da criança, na qual possa incentivar a conscientização dos educadores sobre essas atividades lúdicas que possibilitam condições favoráveis para um desenvolvimento benéfico da criança nesse período pré-escolar.

A maioria dos pensadores que defendem este tema ressalta a importância da educação lúdica no processo de aprendizagem e também na socialização, que muitas vezes se distancia do projeto pedagógico da escola e da ação do professor.

Para Piaget (1998) a atividade lúdica é a origem das atividades intelectuais da criança, nas quais estas não são somente uma forma de entretenimento para gastar energia, mas elementos que colaboram e enriquecem o desenvolvimento cognitivo.

Nessa expectativa foi abordado todo esse estudo sobre a criança e sua aprendizagem no mundo do jogo e da brincadeira, e como estes são colocados diante da mesma no seu processo de desenvolvimento cognitivo.

E assim, acreditando que o aprender brincando é muito mais proveitoso, esse artigo foi organizado em uma revisão de bibliografia que manifesta a relevância da educação lúdica como elemento significativo na Educação Infantil.

A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR NA PRÁTICA PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

A Educação Infantil é a primeira etapa para o ingresso da educação na vida da criança, na qual se torna obrigatório a partir dos quatros anos de idade. Esse período compreende crianças de quatro a cinco anos de idade como regulamenta a nova LDB Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394/96). Nessa fase, as crianças são estimuladas através de atividades lúdicas e jogos educativos, nos quais dão a possibilidade de exercitar as suas competências motoras e socioefetivas, e, além disso, são introduzidas no mundo das descobertas e, é onde se inicia o processo de alfabetização.

Dentro desse contexto, onde o brincar e o aprender são concepções que estão interligadas ao aprendizado da criança, há alguns anos inúmeros especialistas vem enfatizando a contribuição do brincar no desenvolvimento infantil, na qual possibilita o aprimoramento nas diferentes áreas cognitiva, afetiva, social e psicomotora.

Para Santos (1995, p. 4) “o brincar é uma atividade natural, espontânea e necessária para a criança, constituindo-se por isso, uma peça importantíssima na sua formação”.

Através do brincar a criança centraliza seu mundo, ela não apenasse se diverte, mas recria e interpreta o mundo em que vive e com isso, reconstrói o mundo expressando simbolicamente seus sentimentos de desejos, medos e fantasias.

Diante disso, pode-se verificar que além de estar intimamente ligado ao processo de desenvolvimento e a capacidade de aprendizado, o brincar se define como atividade fundamental na vida da criança. Para tanto se faz necessário uma nova postura do professor, a fim de que este compreenda as possibilidades de desenvolvimento desencadeadas a partir desse elemento.

Na Educação Infantil as atividades lúdicas são táticas educacionais que permitem a criança vivenciar sua própria descoberta, testar seu limite, aprender regras fundamentais de convivência e, sobretudo, desenvolver sua capacidade emocional e cognitiva.

O Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil afirma que

o brincar é uma das atividades fundamentais para o desenvolvimento da identidade e da autonomia. O fato de a criança, desde muito cedo, poder se comunicar por meio de gestos, sons e mais tarde representar determinado papel na brincadeira faz com que ela desenvolva sua imaginação. Nas brincadeiras as crianças podem desenvolver algumas capacidades importantes, tais como a atenção, a imitação, a memória, a imaginação. Amadurecem também algumas capacidades de socialização, por meio da interação e da utilização e experimentação de regras e papéis sociais (1998, p. 22).

Portanto, para que ocorra a participação ativa da criança no meio educacional, a escola deve abrir espaço para a construção de novas fórmulas de aprendizagem, onde a ludicidade deve fazer parte do processo educativo, pois como diz Santos (1995, p.180) “o brinquedo, a brincadeira e jogo são atividades que assumem função lúdica e educativa que se constituem em recursos auxiliares para o desenvolvimento físico, mental e socioemocional”.

CONTRIBUIÇÃO DO JOGO E DA BRINCADEIRA COMO ESTRATÉGIA DE ENSINO AO DESENVOLVIMENTO DA APRENDIZAGEM DA CRIANÇA

A escola representa para a criança, a essência de sua formação. Nela o aluno se educa e incorpora conhecimentos novos. Os jogos, nessa prática educativa, torna-se atividades sérias que auxiliam, enriquecem a incorporação desses conhecimentos sem fazê-las perder a satisfação ou o prazer de realizar e buscar esse conhecimento (ALMEIDA, 1994, p. 38)

Nesse sentido acredita-se que o jogo é uma das atividades lúdicas que propicia a criança condições favoráveis para o seu desenvolvimento. Pois, ao mesmo tempo em que a criança libera e sinaliza as suas energias ao brincar, o jogo, torna-se também um excelente recurso de socialização e aprendizado.

É um dos elementos que deve ser introduzido no processo educacional da criança ainda em período pré-escolar, pois envolvem diversão e ao mesmo tempo uma postura de seriedade, e outros aspectos educativos.

O jogo constitui uma atividade vigorosa, espontânea, prazerosa e altamente gratificante, que estabelece um equilíbrio entre o mundo externo e o mundo interno, envolvendo sentido e significação; favorece o desenvolvimento corporal; é de grande valor espiritual e social; estimula e enriquece a vida psíquica e a inteligência, favorecendo a adequação da criança ao grupo (RODRIGUES, 1992, p.64-65)

Compreendido dessa forma, o jogo passa a ter um papel relevante na vida criança. À medida que a criança joga, ela vai se conhecendo melhor, e interagindo com outras e com os adultos.

Com isso, o educador deve usar sua criatividade para criar seus próprios jogos, de acordo com os objetivos de ensino-aprendizagem que tenha em vista e de forma a adequá-los ao conteúdo a ser ensinado. Logo, o professor deve procurar estimular, em seus alunos, por meio dos jogos, o espírito de cooperação e trabalho conjunto, para assim, alcançar metas comuns, e com isso venha favorecer para promoção de valores, conceitos e conteúdos.

Nessa perspectiva, em que muitos estudos retratam a relevante questão da ludicidade em contribuição ao desenvolvimento infantil, acreditam que o jogo é um dos conteúdos básicos de valor da educação infantil. Assim sendo Bassedas, Huguet e Solé (1999, p. 141-142) afirmam que “no decorrer da historia da educação, diferentes psicológicos pedagogos e professores tem acreditado na importância do jogo para o desenvolvimento global e harmônico das crianças pequenas”. É por isso que esta atividade deve ser valorizada a cada instante no espaço educacional, pois são “estratégias que oferecem ao professor e ao próprio aluno a possibilidade de observarem o rendimento da aprendizagem, as atitudes e a eficiência do próprio trabalho (ALMEIDA, 1994, p. 52)”.

Diante disso, abordando o papel do jogo no processo evolutivo da criança, Basseda, Huguet, Solé relatam sua importância quando garantem que

o jogo proporciona benefícios indiscutíveis no desenvolvimento e no crescimento da criança. Através do jogo, ela explora o meio, as pessoas e os objetivos que a rodeiam; aprende a coordenar as suas ações com as de outra pessoa; aprende a planejar e a considerar os meios necessários para alcançar um bom objetivo, aproxima-se e utiliza os objetivos com intenções diversas e com fantasia (1999, p. 143).

Acredita-se que quando a criança brinca, ao mesmo momento desempenha a ação lúdica rumo à construção de novos saberes que implica no seu desenvolvimento. E dentro dos princípios educativos a ludicidade deixa de ser um simples ato de brincar e passa a assumir características relevantes no processo ensino-aprendizagem. Nessas circunstancias é importante destacar que

quando as situações lúdicas são intencionalmente criadas pelo adulto com vistas a estimular certos tipos de aprendizagem, surge a dimensão educativa. Desde que mantidas as condições para a expressão do jogo, ou seja, a ação intencional da criança para brincar, o educador está potencializando as situações de aprendizagem (KISHOMOTO, 2005, p. 92).

Então, o jogo é um dos elementos que contribui em diversos aspectos na formação integral da criança, e por isso “não pode ser visto, apenas, como divertimento ou brincadeira para desgastar energia, pois ele favorece o desenvolvimento físico, cognitivo, afetivo e social” (KISHOMOTO, 2005, p. 95)”.

Outra afirmação relevante ao papel da ludicidade no processo educativo é referida a Rizzo quando garante que

a atividade lúdica proporcionada pelo jogo e brinquedos em geral, deve ser o elemento propulsor de todo o trabalho de educação pré-escolar. O jogo desenvolve a imaginação, a persistência na direção de objetivos, exige tomada de iniciativas intelectuais, exige soluções, desafia o uso da inteligência, provoca a criação de uso de regras ou funções, estimula mental e socialmente dentre outros incontáveis objetivos educacionais (1982, p.170).

Nessa concepção, pode-se observar que há reflexões significativas ao uso do jogo como fator básico para o desempenho da criança no processo ensino-aprendizagem, contribuindo assim, como um dos fatores elementares no desenvolvimento infantil.

Para Kishomoto (2005) utilizar o jogo na educação infantil significa conduzir para o campo do ensino-aprendizagem condições favoráveis para ampliar a construção do conhecimento, inserindo assim, as propriedades do lúdico, do prazer, da capacidade de iniciação e ação ativa e motivadora.

Então, observando todas essas discussões no qual envolve a atividade lúdica na percepção educativa, todos sabem que o brincar ou, simplesmente a brincadeira é uma fonte de prazer que faz parte do cotidiano de toda criança. É uma atividade natural, própria de si que faz parte da sua vida social e cultural.

A partir dessa simples ação, são apreendidos todos seus conhecimentos, ou de forma espontânea ou quando são trabalhadas suas habilidades motoras, cognitivas e sócioafetivas.

Na fase pré-escolar a criança gosta muito de brincar e se movimentar, e esse é o meio favorável para que se possam trabalhar os objetivos desejados para o desenvolvimento da criança no processo educativo. E quando isso é levado a sério e a brincadeira passa a ser monitorada

o professor atua como mediador, com o objetivo de promover a integração e a partição das crianças envolvidas. Essa integração vai auxiliar no processo de desenvolvimento dos sentimentos de respeito, confiança, conhecimento e envolvimento social e cultural (JESUS, 2010, p. 09).

Nessa perspectiva, o elemento lúdico favorece a diversão, e ao mesmo momento dar oportunidade de a criança exercitar o desenvolvimento das suas aptidões.

É muito importante valorizar o momento da brincadeira do educando. O brincar na área da Educação proporciona não só um meio real de aprendizagem como permite que os educadores desenvolvam sua percepção e aprendam um pouco mais sobre as crianças e suas necessidades, tornando-se capazes de compreender como elas se encontram em sua aprendizagem e desenvolvimento geral, obtendo o ponto de partida para promover novas aprendizagens de forma cognitiva e afetiva (JESUS, 2010, p. 01)

Então, tendo em vista essa percepção que foi descrito anteriormente, pode-se ressaltar que a atividade lúdica é enriquecedora nas práticas educacionais. Pois, por meio das brincadeiras, sobretudo, é possível “explorar a criatividade, o movimento, a solidariedade, o desenvolvimento cultural, a assimilação de novos conhecimentos e as relações, incorporando novos valores (JESUS, 2010, p.02)”. E diante dessa oportunidade, podemos garantir que

as brincadeiras contribuem para o desenvolvimento de habilidades psicomotoras, cognitivas, e também para a afetividade recíproca e a interação social, desenvolvendo laços de amizade entre as crianças (JESUS, 2010, p. 05).

Assim, podemos afirmar que tanto o jogo quanto a brincadeira são ferramentas essências ao acesso do conhecimento na prática pedagógica. É uma necessidade aderente ao crescimento da criança em suas amplas dimensões que levam sua contribuição ao desenvolvimento infantil.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A finalidade deste estudo é prestar necessariamente a importância da atividade lúdica - assim como especificamente o jogo e a brincadeira -, na Educação Infantil e, expor teoricamente o quanto esse conhecimento é significativo aos processos educativos e sobretudo, indispensáveis na formação da criança.

Assim, acredita-se que o brincar é um instrumento muito importante e valoroso na vida de uma criança.

 Na fase da infância é onde ela aprende e vive tudo que está ao seu redor, e quando ela brinca, ela não apenas desenvolve suas capacidades intelectuais e motoras, como também se interage com todos que estão ao seu meio.

Diante do exposto nesse artigo tem-se que é importante que o professor busque sempre ampliar seus conhecimentos sobre o lúdico e que utilize com mais freqüência técnicas que envolvam brincadeiras, proporcionando o desenvolvimento integral de seus alunos.

Por isso, este trabalho apresentou uma reflexão teórica sobre o uso de jogos e brincadeiras na educação infantil, onde podem e devem ser utilizados no espaço escolar com a finalidade de construir conhecimentos, na qual vários pensadores retratam inúmeras vantagens da ludicidade no processo de desenvolvimento da criança.

Então, nessas expectativas, este trabalho leva a reflexão aos educadores que tenham mais interesse e dêem mais credibilidade ao o lúdico educativo, pois é importante ter-se espaço aberto para este recurso, reconhecer sua importância enquanto fator de desenvolvimento fazendo-se necessário que desde cedo as crianças tenham condições de participar de atividades que deixem florescer a suas habilidades. Pois quando a ludicidade é utilizado de forma adequada e com mediações, as aulas serão enriquecedoras de forma divertida e evolutiva, e com essa iniciativa a criança se desenvolve cada vez mais e vive mais feliz.

E assim, dessa forma, será a melhor maneira de proporcionar uma aprendizagem mais significativa, tornando-se assim, um instrumento indispensável no desenvolvimento infantil.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, Paulo Nunes de. Educação Lúdica: técnicas e jogos pedagógicos. São Paulo: Loyola, 1994.

BASSEDAS, E.; HUGUET, T.; SOLÉ, I. Aprender e ensinar na educação infantil. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1999.

BRUINI, Eliane da Costa. Jogos e brincadeiras no processo de aprendizagem, 2009. Disponível em: <http://educador.brasilescola.com/orientacao-escolar/jogos-brincadeiras-no-processo-aprendizagem.htm>. Acesso em: 28 de agosto de 2014.

CÓRIA-SABINI, Maria Aparecida; LUCENA, Regina Ferreira de. Jogos e brincadeiras na educação infantil. 3ed. Campinas: Papirus, 2007.

JESUS, Ana Cristina Alves de. Como Aplicar Jogos e Brincadeiras na Educação Infantil. Rio de Janeiro: Brasport, 2010.

KISHIMOTO, Tizuko Morchida (org.). Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação. 8º ed. São Paulo: Cortez, 2005.

LDB - Educação infantil. Disponível em: <http://www.cpt.com.br/ldb/da-educacao-infantil#ixzz31invIx7O >. Acesso em: 28 de agosto de 2014.

PIAGET, Jean. A psicologia da criança. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1998.

REFERENCIAL CURRICULAR NACIONAL PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL: Formação Pessoal e Social. Vol. 2. Brasília: MEC/SEF, 1998.

RIZZO. Gilda. Educação Pré – Es  colar. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1982.jdsss

 zmzmRODRIGUES, Maria. O desenvolvimento do pré-escolar e o jogo. São Paulo: Ícones, 1992.

SANTOS, Santa Marli Pires dos. Brinquedoteca: sucata vira brinquedo. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995.


[1] Graduada em Licenciatura em Educação Física pela Faculdade de Educação Física Montenegro (2010); Pós-graduada em Educação Física Escolar (2015); Professora de Educação Física de escola privada).