Asilo ou Exílio?
Publicado em 07 de janeiro de 2011 por Maristane Freire Jardim de Paula
Ele vive em um asilo.Desses de gente que tem grana.Chamam de "Casa de Repouso", mas é um asilo mesmo.Há muitos anos, ele tinha um bom emprego e, nas idas e vindas do caminho, conheceu uma moça, namoraram, se casaram e tiveram doius filhos.Foram imensamente felizes!Porém, chegou a hora de se separarem e ela se foi.Ele se viu desamparado, triste e só.Foi nesse período que seu filho mais velho resolveu se mudar para sua casa e lhe fazer companhia.Foram ele e sua esposa.O filho mais novo havia se mudado para o exterior a fim de estudar e por lá ficara.No início dava tudo certo.Com o passar do tempo, porém, a nora não tinha tanta paciência e o filho também não.Foi então que tiveram a grande idéia de colocá-lo em uma "Casa de Repouso".Convenceram-no com todo tipo de argumento:_O Senhor vai ficar melhor do que aqui, vai ter gente da sua idade pra conversar, vai ter médicos e enfermeiras à sua disposição, e nós, vamos visitá-lo todos os dias.Após refletir sobre tudo, ele achou que seria melhor mesmo, pois já entendera que estava incomodando.E foi assim que ele, outrora bem casado, pai feliz; se tornara um idoso triste, amargurado e de pouca conversa.Ás vezes ele parava pra pensar:_Esse lugar onde estou, é um asilo ou um exílio?Porque é como me sinto:exilado.Longe dos meus, abandonado, impedido de ir para casa.Sem casa,na verdade.E as visitas?Não me lembro quando foram as últimas.Devem estar muito ocupados.É bem verdade que encontrei o que eles me disseram: outros da minha idade, médicos e enfermeiras...Mas, ando perdendo a noção do quanto isso é importante, pois trocaria tudo isso por uma família, por estar com meus filhos, meus netos; que conheço por foto,pois meu filho achou que seria muito difícil explicar a eles o que seu avô faz aqui.Mas, já chega de devaneios, o pessoal do bingo já está chamando e nós temos que ir logo pra ir dormir cedo.Não sei pra que!Deve ser pra acordar cedo e ficar mais tempo à toa.São regras.E isso me faz pensar novamente no exílio.