A filosofia diferentemente da tecnologia (esta na busca de resultados práticos e aquela primeira na busca do saber do homem sobre todas as coisas) é a semente geminal do pensamento humano, que no transcorrer de seu aprimoramento dá origem a novas teses e antíteses, uma constante dinâmica entre o sujeito que conhece e o objeto a ser conhecido (as denominadas correntes de pensamento). A partir dessa reconstrução e modificação do pensamento humano, no decorrer de sua existência, acaba culminando um determinado pensamento dominante, em função da época em que se vive.

As correntes de pensamento não surgem do acaso, são aprimoramentos ao longo do tempo, uma sempre influenciando a outra. Quando não há o aprimoramento, vão servir como alvos de questionamento para que surja uma antítese, uma nova corrente (o positivismo de Hans Kelsen surge do pensamento de Kant, o materialismo dialético de Marx surge de Epicuro, a metafísica de Aristóteles é a fusão de parte da metafísica de Heráclito e de Platão, e por ai vão todas as outras teorias humanas, uma influenciando a outra como uma corrente). É essa eterna busca pela verdade que faz com que o conhecimento adquirido sobre um determinado objeto, que até então parecia verdadeiro e aceitável em um tido espaço-tempo, em outro momento, poderá parecer uma falsa percepção em função de alguma demonstração equivocada, ou um conhecimento mais aceitável diante de uma nova realidade.

Para que haja discernimento e equalização do pensamento com determinado estágio da sociedade, vê-se necessário um exercício exaustivo e constante de análise das verdades que nos são oferecidas. Além da prática de um estudo contínuo, o mesmo deve estar conectado com nossa percepção temporal, espacial, etc. e tal, além da prudência, pois antes de engolir aquilo que nos é oferecido (quase sempre em uma bandeja de prata) às vezes a embalagem pode não corresponder ao conteúdo, ou no mínimo, o conteúdo poderá não satisfazer nossas expectativas diante do que primeiramente nos foi oferecido.

No entanto algumas regras, leis, ou teorias, estão circulando em nosso meio à muito tempo de forma incólume a mudanças em função de estarem muito bem embasadas. Uma dessas 'máximas' é de que o homem é um ser sociável, que vive em sociedade e dela depende o seu bem estar. São das leis naturais (como algumas leis da física, para ilustrar outros exemplos), dessas 'máximas', como a que exemplifiquei acima, é que deve partir nosso exercício na busca do discernimento, do certo e do errado, do mais ou menos acertado ou verdadeiro, e a formação de uma boa teoria, ou corrente de pensamento mais coerente.

A nossa contemporaneidade trouxe consigo problemas altamente complexos que está forçando o homem a rever certas teses e teorias. Não raro, percebemos que algum 'elo' da corrente pode não ter sido bem interpretado, ou ainda ter sido alterado para satisfação de um ego imperceptível na mente de seu criador (toda criação carrega em sí um gene de seu progenitor, características que podem, inclusive, surgir tardiamente ou em gerações futuras). Aí você pode até afirmar que em se tratando de ciência, isto não ocorre, ou seja, não pode haver interferência direta do homem no estudo científico, sua posição é de neutralidade, mas, convenhamos, e quando o objeto de estudo é o próprio estudante? Aliás, o amigo leitor conhece algo ou alguma coisa provinda do 'bicho homem' que não seja passível de erros? Pode até ser que tenha, mas em algum momento a demonstração do erro poderá surgir, e isso é uma hipótese, uma tese, que só é verdade enquanto não contestada e demonstrada...