A educação brasileira tem sofrido há muito tempo, desde os seus primórdios, críticas em relação a sua qualidade. Contudo não é somente a educação brasileira que tem sido alvo de críticas.De acordo com Ribeiro (2001), em 1997, uma pesquisa da BBC de Londres revelou o fato de que apenas 20% dos empregos deste século serão absorvidos no próximo milênio.

Desta forma, podemos afirmar que a educação em âmbito mundial é alvo de críticas em relação a sua qualidade e também sua finalidade, já que a educação tem por fim preparar o indivíduo para o mundo do trabalho, entre outros aspectos.

De acordo com estas pesquisa da BBC de Londres, pode-se afirmar que grande parte da população mundial estará desempregada e excluída socialmente. Portanto é preciso que a escola, responsável por formar os profissionais que serão ou desejam ser empregados, e seus agentes (professores, direção, demais funcionários e pesquisadores da área) pensem em alternativas para que esta exclusão do mundo do trabalho seja ao menos minimizada. Ou seja, estes fatores são resultado da formação do professor que está cada vez mais desatualizada e que, por isso não atende à sociedade da informação e do conhecimento.

Por estas razões o âmbito educacional tem sofrido cada vez mais críticas e pressões para que mudanças no processo de ensino e aprendizagem ocorram o que se observa é que a prática pedagógica atual não atende nem as dimensões do professor, nem tão pouco as dimensões dos alunos, pelo fato de que há uma grande divergência na realidade e desenvolvimento de ambos. Ou seja, pelo fato decorrente da existência de uma diferença entre os tempos da escola e os tempos da sociedade.É muito comum ouvirmos a afirmação de que o mundo não é mais o mesmo, de que os alunos não são como antes, e realmente não são. Hoje em dia, as pessoas de maneira geral e obviamente os alunos são muito mais dinâmicos do que há algumas décadas atrás, uma vez que o ritmo de vida é assim. Além disso, eles recebem estímulos e encontram informações em toda parte.

Por isso, os alunos, não se identificam com as aulas tradicionais, não gostam de ficar sentados apenas recebendo informação, eles têm a necessidade de ser agentes do processo conforme preconiza ALMEIDA(2000).

Estas pressões estão relacionadas a partir da re-configuração do paradigma educacional com vistas à superação das desigualdades e desenvolvimento pleno do ser humano em suas dimensões social, moral afetiva, política física, entre outras, e o professor é o agente mais pressionado para que estas mudanças sejam efetivadas, para que a educação possa atender à sociedade da informação e do conhecimento formando os indivíduos em sua totalidade (SANTOS, 2006, p. 63). Pois, uma vez que estas características forem alcançadas como premissa para a formação dos estudantes, em consequência estes estarão melhor qualificados para o mundo do trabalho.

Com esta re-configuração do paradigma educacional:

as formas de ensinar tornam-se novas, e toda a novidade traz o pressuposto de que não existem modelos prontos, por isso é necessário re-inventar, re-criar para alcançar um ensino de qualidade, que aflore habilidades e desenvolva a cooperação, harmonia, paz; sentimentos nobres e humanizadores [...] (MORAES, 1997 apud SANTOS, 2006, p.64).

Em uma sociedade da informação, a função da educação é a de proporcionar a formação plena e integral do sujeito, formando indivíduos que saibam estabelecer e buscar dados, sendo críticos, conscientes, livres, possibilitando-lhes o contato com as novas tecnologias.

Uma das alternativas para que isso de fato, ocorra é a incorporação das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) na educação, especificamente nos processos de ensino e aprendizagem, para que mais tarde estas tecnologias estejam também incorporadas no mundo do trabalho.

Em meados da década de 50 quando começaram a ser comercializados os primeiros computadores com capacidade de programação e armazenamento de informação, apareceram às primeiras experiências de seu uso na educação (VALENTE, 1999, p.01).

Ainda de acordo com Valente, hoje é muito comum nas escolas a utilização do computador em atividades extraclasse, com o intuito de ter a informática na escola, porém sem modificar o esquema tradicional de ensino.

Por isso, faz-se necessário que os professores sejam formados para usar estas TIC, podendo fazer de seu uso com que o processo de ensino e aprendizagem seja modificado; qualificado, transformando o processo educacional para atender a demanda atual!

Kenski (2007) afirma que atualmente a educação e a tecnologia são indissociáveis, não há como pensar em uma separada da outra, isto é, pensar na educação sem que haja em seu processo a tecnologia, isto é, não há mais comopermitirmos que a formação dos professores continue sendo a mesma de algumas décadas atrás, por tanto, obsoleta!

Muitas discussões têm sido criadas sobre esta temática, um exemplo importante é o de que a UNESCO, importante "instituição" que representa a cultura e a educação, afirma que:

é essencial que a educação para as mídias é condição sine qua non da educação para a cidadania, sendo um instrumento fundamental para a democratização das oportunidades educacionais e do acesso ao saber e, portanto, das desigualdades sociais.(BELLONI, 1999, p.12).

Inúmeras pesquisas da área da educação comprovam que as TIC são extremamente importantes para a transformação da educação, em termos de educação de qualidade para todos (ALMEIDA, 2003; BELLONI, 1999; CARNEIRO, 2002; MISKULIN, 2005; SANTOS, 2006; SCHLÜNZEN, 2000; TERÇARIOL, 2003; VALENTE e ALMEIDA, 1997).

A popularização da utilização do computador no âmbito educacional fez crescer o interesse pelo desenvolvimento de novos produtos e também pela utilização de softwares educacionais, como podem ser vistos os OA.

De acordo com Muzio, Heins e Mundell (apud SILVA, 2006, p.101):

os objetos de aprendizagem são objetos de comunicação designado e/ou utilizado para propósitos instrucionais. Estes objetos vão desde mapas e gráficos até demonstrações em vídeos e simulações interativas (...) eles podem ser reutilizados em diferentes contextos de aprendizagem. São considerados, usualmente, como entidades digitais apoiadas na internet, que podem ser acessados e utilizados simultaneamente, sem, para isso, limitar o número de pessoas.

Os OA, ilustrado pela figura1, são ferramentas auxiliares no processo de ensino e aprendizagem de conceitos disciplinares, disponíveis na Internet. Esses objetos estão sendo utilizados por algumas escolas da rede regular de ensino brasileiro, pois sua utilização é muitas vezes limitada devido a falta de infra-estrutura das escolas ou ainda a formação deficitária dos professores que não permite que esse tipo de trabalho seja desenvolvido. (BARDY et al. 2007).

Figura 1: Imagem de um Objeto de Aprendizagem, denominado "Fazenda RIVED" que tem como tema a construção do cobceito de número.

No entanto, para solucionar esta questão o Ministério da Educação (MEC) teve a iniciativa de criar, entre outros Programas, tais como: ProInfo, Rived e agora o Portal do Professor[1] (http://portaldoprofessor.mec.gov.br/), o qual tem por finalidade permitir que educadores vinculados ao MEC, produzam aulas preferivelmente com Objetos Educacionais ou as chamadas TIC, para que outros educadores de todo o país possam ter acesso a estas aulas, a figura 2 ilustra a página inicial do referido portal.

Figura 2 – Tela inicial do site Portal do Professor

Neste ambiente são disponibilizadas inúmeras possibilidades de cunho prático e teórico articulados aos planos de aulas com o uso das TIC, separados por estrutura curricular e temas trabalhados na Educação Básica, para que o educador possa acessar, analisar e verificar qual melhor se aplica em sua realidade escolar.O Portal do Professor é também um ambiente que permite um espaço de formação continuada aos educadores que permite a troca de informações a respeito da aplicação de suas aulas, bem como, acessar links de cursos e sites destinados à sua formação.

Assim, podemos afirmar que o Portal do Professor trata-se de um ambiente de formação e de uso prático aos professores do país, em que há incorporação das TIC no processo de ensino e aprendizagem e que precisa ser conhecido e, sobretudo utilizado pelos professores.

Os conceitos que estão implícitos nesses recursos, em especial nos OA, constituem ferramentas poderosas para a organização e o planejamento do ensino e por isso, torna-se necessário que cada professor promova a sua utilização dentro de suas aulas e que a escola ao elaborar seus planejamentos pedagógicos, possa inserir a utilização desses recursos em suas atividades tanto disciplinarmente quanto interdisciplinar, inovando o processo de ensino e aprendizagem, com vistas a sua melhora, tornando maiores as chances de que os profissionais formados para o mercado de trabalho sejam melhor preparados.

Contudo, para que a realidade atual seja realmente modificada é preciso que os professores tenham conhecimento acerca destes Programas de formação que o MEC tem disponibilizado, para que possam fazer uso destes novos recursos tecnológicos, incorporando-os no processo de ensino e aprendizagem das escolas do país.

Referências:

ALMEIDA, M.E.B. Informática e formação de professores – Volume 2. ProInfo: Informática e formação de professores/Secretaria de Educação à Distância. Brasília: Ministério da Educação, Seed, 2000.

BARDY, L.R. et al.OS OBJETOS DE APRENDIZAGEM PARA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA. (PD) In: Objetos de aprendizagem: uma proposta de recurso pedagógico. Org: Carmem Lúcia Prata, Anna Christina Aun de Azevedo Nascimento, Brasília: MEC, SEED, 2007 p. 93-106.

BELLONI, M.L. Educação a distância. Campinas: Autores Associados, 1999.

KENSKI, V.M. Educação e tecnologias o novo ritmo da informação. Campinas, SP: Papirus, 2007.

REZENDE, F.A. Educação Especial e a EAD. In: Educação a Distância: o estado da arte. LITTO, F.M., FORMIGA, M.M.M. (Orgs). São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2009.

RIBEIRO, A.I.M. Formação Educacional: Instrumento de acesso a cidadania? In: Universidade, Formação, Cidadania. SANTOS, G.A. (org). Editora Cortez, 2001.

SANTOS, D.A.N. A Formação de Professores em de Escola da Rede Pública Estadual em Serviço para o Trabalho com Projetos utilizando as Tecnologias de Informação e Comunicação. Dissertação de Mestrado em Educação. Faculdade de Ciências e Tecnologia – UNESP, Presidente Prudente, 2006.

SILVA, R.M.G. Epistemologia e Construção de Materiais Didáticos Digitais. In: CICILLINI, G.A.; BARAÚNA, S.M. Formação Docente: saberes e práticas pedagógicas. Uberlândia: EDUFU, 2006. 234p.

VALENTE, J.A. (Org). O computador na sociedade do conhecimento. Campinas: UNICAMP/NIED, 1999. p. 29-48.


[1]O Portal do Professor é um site do MEC destinado a auxiliar os professores do país por meio de exemplos de aulas, entre outros espaços destinados à sua formação.