AS SUBJUGAÇÃOES ENDÓGENAS NO CONTINENTE AFRICANO NO FINAL DO PERÍODO NEOLÍTICO

RESUMO

As subjugações ocorridas neste período, sejam por modo de produção ,perversidade ou benevolência, ocorreram por motivos variados que vão desde as guerras por expansão territorial, por dívidas ou pela fome, praticadas por homens com a mesma cor de pele, nascidos no mesmo continente, divididos por territórios ou regiões, costumes ou dialetos e crenças diversas, que ao longo do processo de desenvolvimento da humanidade foi invisibilizado por ser um modelo endógeno que exterminou vários povos com seus costumes e suas culturas, naturalizadas pela academia por se tratar de um outro tipo de escravidão.

 INTRODUÇÃO

As distorções com relação aos modos de subjugação não apagam as verdades sobre as campanhas entre reis negros que resultavam em dominação territorial, extermínio étnico, extinção de culturas e escravizações. As dinastias que se sucederam, reforçaram seus exércitos com a tomada das forças subjugadas.
Classificar a subjugação de um povo por outro povo, mesmo que sejam irmãos, pode parecer tarefa para historiadores, antropólogos, cientistas sociais, em fim, acadêmicos, porem, se nos despirmos das convenções ocidentalistas que nos r egem, conseguiremos analisar as subjugações com olhos mais atentos.
Considerando-se as pesquisas realizadas, podemos dizer que os modos de subjugação usados em África podem não ser considerados como escravidão e sim como escravização, pois os moldes e as condições para esta prática diversificava-se de tal maneira que haviam escravizados com plena ascensão social.
Não obstante, percebemos que independente do modelo de subjugação ocorrido em África nos primórdios de sua civilização, as razões que passam desde adidos de guerra a auto subjugação, decorrentes de dívidas ou até pela fome, ocorreram entre povos irmãos, da mesma cor de pele que se diferenciavam por vários motivos que vão desde os costumes a altura de seus povos, mas, com a mesma cútis.
Nas pesquisas realizadas encontramos alusões de povos que dominaram o continente numa sucessão de dinastias que, pressupõem-se serem comandadas por homens e mulheres de pele negra, negróide ou escura, devido aos fatores territoriais, climáticos e genéticos, o que reforça a hipótese de que só negro escravizava negro em África, no final do período Neolítico.
A variedade nas formas de escravização, no período que chamaremos de pré-religioso, por não haver ainda, influências religiosas externas, para não se ater somente a essas questões e seus desdobramentos, nos leva a desconfiar que, devido ao não mencionamento nos livros, fontes acadêmicas legitimadas, da cor da pele dos escravizadores, deixando apenas a indicação de que o executor da ação talvez seja um rei de cor negra, justificamos nossa pesquisa e lançamos a problematização do porque não se dizer a cor da pele dos escravizadores, uma vez que estamos falando de um continente negro, ainda não miscigenado? Por outro lado, na mesma pesquisa, observamos que alguns autores abrandam esta situação de subjugação ou escravização classificando-a como uma não escravidão. Além disso, ressalta-se esta cor de pele quando avançamos no tempo histórico das escravizações para a época Colonial, enfatizando-se como escravidão a praticada pelo branco sobre o negro como um tipo diferente de subjugação, antagonizando-se, assim, as cores da pele.

 Desenvolvimento

A necessidade de sobrevivência transformou o homem, que modificou seu modo de vida e alterou o seu meio natural, organizando-o às suas necessidades. Ao se fixarem, os caçadores e coletores se tornaram também agricultores e outras necessidades apareceram, por exemplo, a da divisão dos trabalhos, que a princípio, eram apenas para subsistência e somente posteriormente, com o excedente da produção, se tornaram também, mercadores.
Nesta linha de tempo, houve-se então, a necessidade de se destacar, entre todos, aqueles com aptidões para a guarda e proteção dos locais e das produções. Assim, provavelmente, deu-se inicio a formação de, não nesta ordem, de grupos, milícias e exércitos.
Conforme a necessidade, por conta do crescimento populacional, os espaços foram encolhendo e as fixações territoriais necessitavam de expansão e, cada expansão se daria pela ocupação dos espaços vazios ou através das guerras territoriais. Aos vencedores, o território, aos vencidos a humilhante condição de subjugados ou, a morte. Ao aceitarem a primeira, perderam cultura, religião, família e identidade.
As distorções com relação aos modos de subjugação não apagam as verdades sobre as campanhas entre reis negros que resultaram em dominação territorial, extermínio étnico, extinção de culturas e escravizações. As dinastias, que se sucederam, reforçaram seus exércitos com a tomada das forças subjugadas. Neste ciclo continuo, instaurado em favor do expansionismo, as escravizações tornaram-se cada vez mais frequentes.
As escravizações no Continente Africano do final do período Neolítico se deram como resultado dos movimentos expansionistas, interno, onde após a formação dos grupos étnicos regionais somados às necessidades de ampliação dos territórios, propiciaram as escravizações, primeiro como adidos de guerra e depois as escravidões, como mercadorias ou modo de produção.
Silva 1 , (2006, p.663), procura esclarecer, problematizando a questão da classificação da palavra escravo e suas derivações: Há mesmo quem prefira colocar entre aspas as palavras escravo e escravidão, quando aplicadas às sociedades africanas, porque se reportariam a sistemas complexos e extremamente variados, que não podem ser objeto de analise como se fosse uma instituição uniforme, e porque se refeririam a situações muito diferentes das que existiram no mundo ocidental e, sobretudo nas Américas.
Parece-nos, que as tentativas de se diferenciar os modos ou modelos de subjugação estão em primeiro plano, pois conforme vimos acima, Silva pretende, ao comparar escravo e cativo, minimizar os efeitos desta prática e
1 Silva, Alberto da Costa; A enxada e a lança; Ed. Nova Fronteira; 2006; p.663.
4 suas consequências fazendo somente recortes de tempo sem considerar os agravantes dos sistemas de mercado ou suas evoluções.
Mello 2 ,( 2003,p.17),contemporiza as subjugações: "...a origem da escravidão se perde na escuridão dos tempos,...nações historicamente conhecidas, sejam elas barbaras ou civilizadas, grandes ou pequenas, poderosas ou débeis, guerreiras ou pacificas, sob os mais diferentes governos, professando as religiões mais contrarias, independentemente das distinções de climas e idades, todas conheceram a escravidão.
Não encontramos dialética nas posições de Silva e Mello, porém se nos atermos somente no ato da subjugação ou escravização veremos que nas duas posições o elemento cerceador da liberdade é encontrado, caracterizando-se assim um tipo de escravidão.
Silvério3 ,2013,diz que, em todas as fontes medievais árabes, os habitantes da África tropical são geralmente divididos em quatro grandes categorias: os sudan (termo aplicado a todos os africanos de pele negra, independente de seu local de origem), os habash (etíopes), os zandj (termo aplicado aos povos bantos da costa oriental africana, termo por vezes utilizado como sinônimo de escravo negro) e os nuba (núbios).
Com Silvério, inauguramos uma linha de pensamentos, neste artigo, que visa problematizar para se discutir o tema da subjugação, escravização ou escravidão, efetivamente realizada por negros nas várias dinastias e reinados no período citado. Ficamos com a impressão de que ao citarem, por exemplo, que os egípcios utilizavam mão de obra escrava como meio de produção e não citavam que esta mão de obra estaria a serviço de um rei etíope, logo um rei negro, procuram invisibilizar, omitir ou, hipoteticamente, esquecer este detalhe que foi naturalizado ao longo dos tempos pois, se haviam guerras, logo haveriam vencedores, que subjugariam os vencidos que, geograficamente falando, eram da mesma região, com a mesma cor de pele que doravante seriam cativos escravizados dos vencedores.
Ki-Zerbo4 ,( 2010,p.846,847), cita: Quanto ao modo de produção escravista, existia ele na África? Também nesse caso, somos obrigados a responder negativamente. Em quase todas as sociedades ao sul do Saara, a escravidão desempenhou um papel apenas marginal. Os escravos, ou melhor, os cativos, eram quase sempre prisioneiros de guerra.
Não nos cabe, aqui, questionar autores sobre suas afirmações mas sim, buscar respostas às nossas duvidas como relação à problematização proposta que, como podemos observar na citação acima,
2 Mello, José Guimarães - Negro e escravos na Antiguidade - 2ª Ed.- Editora Arte e Ciência, 2003.
3 Silvério, Valter Roberto- Síntese da História Geral da África - Pré-história ao século XVI 4 Ki-Zerbo, J. ;Historia Geral da África I;UNESCO; 2010 5 derruba qualquer tentativa de se instaurar o questionamento, por tanto, reforça-se a hipótese da invisibilização das informações.
Já Mello,(2003;p.78) ressalta que: Apesar de o estabelecimento da Monarquia dar a impressão de que a organização social e politica se opusesse ao trabalho escravo uma vez que, com o governo monárquico, toda a população se dividiu em castas, sendo que a ultima delas era dedicada exclusivamente aos trabalhos manuais, poder-se-ia acreditar que todas as necessidades do país estivessem satisfeitas, sem se recorrer à escravidão.
Mas esta, certamente a precedeu.

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