As Setenta Semanas

Neste artigo, quero focalizar a profecia das 70 semanas de Daniel capítulo 9. Esta profecia abrange acontecimentos históricos que se cumpriram com precisão dentro do tempo determinado e também acontecimentos futuros que nos ajudarão a determinar o período em que ocorrerá a Grande Tribulação. Vejamos o que diz a profecia:

"Setenta semanas estão decretadas para o seu povo e sua santa cidade a fim de acabar com a transgressão, dar fim ao pecado, expiar as culpas, trazer justiça eterna, cumprir a visão e a profecia, e ungir o santíssimo. 25 "Saiba e entenda que, a partir da promulgação do decreto que manda restaurar e reconstruir Jerusalém até que o Ungido, o líder, venha, haverá sete semanas, e sessenta e duas semanas. Ela será reconstruída com ruas e muros, mas em tempos difíceis. 26 Depois das sessenta e duas semanas, o Ungido será morto, e já não haverá lugar para ele. A cidade e o Lugar Santo serão destruídos pelo povo do governante que virá. O fim virá como uma inundação: guerras continuarão até o fim, e desolações foram decretadas. 27 Com muitos ele fará uma aliança que durará uma semana. No meio da semana ele dará fim ao sacrifício e à oferta. E numa ala do templo será colocado o sacrilégio terrível, até que chegue sobre ele o fim que lhe está decretado". (VV.:24-27).

Daniel recebeu esta profecia por intermédio do anjo Gabriel, durante seu cativeiro na Babilônia, no primeiro ano do rei Dario, em 538 aC. Ele percebeu pelos "livros" (Jr25:11-12; 29:10-14) que o cativeiro duraria 70 anos. Como 67 anos já haviam se passado desde a queda de Jerusalém em 605 a.C., ele concluiu que em breve seu povo deveria voltar para sua terra. Voltou se então para o Senhor, com jejum e oração, clamando pelo seu povo e pedindo perdão, a fim de que Deus não tardasse em cumprir a profecia. Enquanto orava recebeu a resposta: "setenta semanas estão decretadas para o seu povo e sua santa cidade"
As setenta semanas foram decretadas para o povo de Daniel, os judeus, e sua santa cidade, Jerusalém. Assim, os eventos associados a ela devem se cumprir sobre este povo e esta cidade. Conforme foi revelado, seis evento principais caracterizam este período: cessar a transgressão, dar fim aos pecados, expiar a iniqüidade, trazer a justiça eterna, selar a visão e a profecia, e ungir o Santo dos Santos; que devem se cumprir sobre Israel até o final das 70 semanas. O termo "setenta semanas" traduzido literalmente é "setenta setes", em hebraico shabuas, ou seja, setenta conjuntos de sete que podem ser dias ou anos. Podemos concluir facilmente que não se trata de 70 semanas de dias, pois em 490 dias não teria terminado o cativeiro na Babilônia, nem mesmo teria vindo o Messias e a profecia não se cumpriria. Vemos que neste caso trata-se de setenta semanas de anos, como em Gn 29:27 e Lv25:8, totalizando assim 490 anos. As 70 semanas estão divididas em três períodos: um de 7 semanas, um de 62 semanas e outro de 1 semana. O primeiro período tem início com a saída da ordem para restaurar e reedificar a cidade de Jerusalém, que havia sido destruída. Esta ordem, ou decreto, foi dada pelo rei Artaxerxes em 445 a.C. conforme registrado em Ne2:1-8 e não deve ser confundida com ordens anteriores para reedificar o templo. A duração desse período foi de 7 semanas, ou 49 anos, envolvendo toda a reconstrução da cidade com suas ruas e o muro ao redor dela. Depois temos mais 62 semanas, ou 434 anos, que vão até o Messias, o Cristo. Com uma precisão impressionante chegamos a 32 dC. , ano em que morreu o Senhor Jesus. Neste ponto é necessária uma observação, pois os anos considerados na profecia são anos judaicos de 360 dias e não de 365 como no calendário moderno. Observe os Calendários:

Calendário judaico

(7 x 7) + (62 x 7) = 483 anos

483 anos
x 360 dias
_________________

173.880 dias


Calendário moderno


De 445 a.C a 32 d.C = 476 anos *

476 anos
x 365 dias
_______________
173.740 dias

+ 116 dias **
+ 24 dias ***
________________

173.880 dias

( * ) Apenas 1 ano se passou entre 1 a.C. e 1 d.C

( ** ) São 119 anos bissextos menos 3 anos terminados em 00, que não são bissextos.

( *** ) A ordem para reconstruir a cidade saiu em 14 de março de 445 a.C. e a entrada e Jesus em Jerusalém foi em 6 de abril de 32 d.C. (diferença de 24 dias).

Assim, vemos que este segundo período se estendeu até a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém no domingo antes da sua morte e ressurreição. Outros cálculos podem ser feitos, uns apontam o batismo de Jesus, no início de seu ministério, outros apontam sua morte, mas apesar das imperfeições dos calendários e das falhas nos métodos de datação, o fato é que acertamos em cheio em Jesus, o Messias.
Depois disso temos um intervalo de tempo indeterminado, ou seja, a última semana não começa imediatamente depois das outras sessenta e nove. O verso 26 diz que a morte do Messias e destruição da cidade deveriam ocorrer depois da 69a. semana e antes da última semana: "depois das sessenta e duas semanas, o Ungido será morto, e já não haverá lugar para ele. A cidade e o Lugar Santo serão destruídos pelo povo do governante que virá.".
Alguns tentam associar este "governante" com Antíoco Epifânio, que fez um acordo com alguns chefes judeus e depois atacou Jerusalém, destruindo a cidade e profanando o templo em 165 a.C., conforme registrado no livro de Macabeus. Mas o v 26 fala de uma destruição da cidade depois da morte do Messias, dando-nos como única opção o ataque dos romanos que destruiu Jerusalém em 70 d.C.
A última semana deveria começar quando o príncipe fizesse uma aliança que duraria uma semana. Porém, a história mostra que isso não aconteceu na ocasião da destruição de Jerusalém pelos romanos. Assim, vemos que, o povo "do príncipe que há de vir" destruiu a cidade, mas o príncipe que faria a aliança ainda não existia, seria um líder vindouro. Isso fica claro pelas palavras de Jesus em Mt24:15, "quando vocês virem o ?sacrilégio terrível?, do qual falou o
profeta Daniel...". Ele cita Daniel 9:27 mostrando que mesmo em Seus dias este príncipe ainda não tinha vindo e deveria vir nos tempos do fim, trazendo grande tribulação. Esta é uma clara referência, que associa "o governante" (ou "o príncipe") de Daniel 9:27 com aquele que colocará no templo o "sacrilégio terrível" de Mt.24:15 e com "o homem do pecado" de II Tss, 2:1-3

Concluímos então que a Septuagésima semana ainda não começou e estamos no intervalo entre a penúltima e a última semana. Esta última começará quando "governante", um líder mundial associado a uma espécie de Império Romano, fizer uma aliança com muitos por um período de sete anos. Não devemos ver isso como um "tratado de paz com Israel", mas como uma "aliança" (conforme o texto hebraico) com muitos países que favorecerá tremendamente a Israel que prosperará no início, possibilitando até a reconstrução do templo que hoje está destruído. Na metade deste período, ele romperá esta aliança, virá contra Israel fazendo cessar os sacrifícios oferecidos no templo e de protetor dos judeus se tornará seu assolador. 7 semanas 62 semanas intervalo 1 semana Comparando com Mt24:15-30, vemos que a última semana coincide com o período da Grande Tribulação,

Shalom Uvrachot!
Paz e benções!

Pr. Ronaldo Carvalho,
Bacharel em Teologia pela Faculdade de Teologia e
Ciência da Religião-Fatem ?Am, e Especializado no Hebraico Bíblico.
[email protected]
[email protected]