UNIVERSIDADE AUTONOMA DEL SUL - UNASUR

PROGRAMA DE MESTRADO EM FORMAÇÃO EDUCACIONAL

Interdisciplinaridade, e Subjetividade - promovidas pelo intermédio através de intercâmbio educacional pela Faculdade de Ciências Humanas da Paraíba

 

José Henrique da Silva Andrade[1]

 

 

 

 

AS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS EM ÉMILE DURKHEIM  E O ENSINO DA ARTE NA ESCOLA

 

Artigo apresentado ao Programa de Mestrado em Formação Educacional, da Universidade Autônoma Del Sul (UNASUL), como requisito de avaliação parcial para a obtenção do Título de Mestrado em Educação, orientado pelo Prof. Heraldo

 

 

 

 

Belém – Pará

2014

Resumo

 

A partir dos estudos de Émile Durkheim, no ramo da sociologia, as formas como se podem compreender grupos, classificar pessoas e interpretar acontecimentos da realidade cotidiana, em relação às ideologias, linguagens, condutas, práticas, orientações e tendências do imaginário social, a partir das mudanças relacionadas aos mecanismos que interferem na eficácia do processo educativo podem ser classificadas como representações sociais. Este estudo busca, entre outros, abordar o entendimento sobre o ensino da arte na escola, analisando, por meio de um caráter simbólico interpretativo, como se dá o entendimento pedagógico da arte em sala de aula, em busca de uma perspectiva de se avaliar a eficácia da disciplina, como meio de despertar as qualidades do indivíduo e suas tendências artísticas e criativas, pelo método do estímulo e da apreciação da arte, como formas de promover o neo-artista, elevando às descobertas de seu potencial artístico pela apreciação e compreensão do belo.

 

 Palavras-chave: arte, ensino, representações sociais, linguagens.

 

ABSTRACT

From the studies of Émile Durkheim, the branch of sociology, the ways groups can understand, classify people and interpret events of everyday reality, in relation to ideologies, languages​​, behaviors, practices, trends and tendencies of the social imaginary, from related to the mechanisms that interfere with the effectiveness of the educational process changes can be classified as social representations. This study seeks, among others, address the understanding of art education in school, analyzing, through an interpretative symbolic character, how is the pedagogical understanding of art in the classroom, in search of a perspective to evaluate the effectiveness of the discipline as a means to awaken the qualities of the individual and their artistic and creative tendencies, by stimulating and art appreciation method, as ways of promoting neo-artist, bringing the discoveries of their artistic potential by appreciation and understanding of beautiful.



Keywords: art, education, social representations, languages​​.

 

 

1 INTRODUÇÃO

           

O homem é um ser social e, desse modo, torna-se um indivíduo central em busca de suas aspirações, mesmo com suas manias, necessidades e defeitos. Entretanto, para se entender alguns aspectos da sociabilidade humana ao longo dos anos foi preciso se questionar a respeito das representações sociais e quais a suas importâncias neste contexto.

Para que se possa entender sobre as representações sociais, faz-se jus descrever sobre o verdadeiro conceito de representação coletiva, um debate nascido no ramo da sociologia, a partir dos estudos do célebre francês: Émile Durkheim.

            Durkheim  foi o primeiro teórico a introduzir métodos sociológicos que combinava pesquisa empírica com teoria sociológica, e também um dos responsáveis por tornar a sociologia uma matéria acadêmica. Publicou centenas de estudos durante a sua vida, discutindo questões sociais que diziam respeito aos crimes, educação, religião e até suicídio.

Num aspecto geral, Durkheim focava seu questionamento em tentar responder como as sociedades poderiam manter a sua integridade e coerência na era moderna, quando as coisas como: religião e etnia estavam tão dispersas e misturadas. A partir disso, ele procurou criar uma aproximação científica para os fenômenos sociais. Descobriu a existência e a qualidade de diferentes partes da sociedade, divididas pelas funções que exercem, mantendo o meio balanceado. Isto ficou conhecido como a teoria do Funcionalismo.

Também falava que a sociedade é mais do que a soma de suas partes. Ao contrário de Max Weber, ele não estava focado no que motivava as ações individuais das pessoas (individualismo), mas no estudo dos “fatos sociais”, termo criado por ele mesmo que descreve os fenômenos que não são limitados apenas a uma pessoa. Os fatos sociais têm uma existência independente e mais objetiva do que as ações individuais, e podem somente ser explicados por outros fatos sociais, como a região e o governo onde a sociedade está submetida.

Portanto, entender estereótipos, modismos, culturas, costumes e muitas outras questões discutidas na sociedade moderna, torna-se necessário entender que o homem em suas relações sociais cria as representações sociais.

O termo “representação social”, ou “representação coletiva” foi proposto, como é sabido, por Durkheim, que desejava enfatizar a especificidade e a primazia do pensamento social em relação ao pensamento individual. Para esse autor, assim como a representação individual deve ser considerada um fenômeno psíquico autônomo não redutível à atividade cerebral que a fundamenta, a representação coletiva não se reduz à soma das representações dos indivíduos que compõem a sociedade. (HERZLICH, 2005, p. 58).

 

            Do ponto de vista social, todas as coisas em nossa volta exercem influencia sobre a realidade humana e isso é uma tendência que cresce, a ponto de se perceber que certo modismo advém de algum tipo de questionamento social, de uma moda ou mania repassada pela mídia, ou por influência de algum elemento que se desenvolveu no meio e espalhou-se entre as pessoas, a partir de uma representação social.

 

 

2 O ENSINO DA ARTE NAS ESCOLAS

            Algumas vezes, podemos dizer que o ensino da arte se deu porque um grupo preconizou esta disciplina como mecanismo de interação social e um meio de promover a criação artística no meio sócio-educativo. Por outro lado, o ensino da arte é uma conseqüência da natureza humana, haja vista que se trata de um ramo sociológico de promover o indivíduo a perceber sua cultura em suas diversidades e, assim, constituir o aspecto cultural, aguçando a sensibilidade humana e seus aspectos sócio-cognitivos.

            Nos dois pontos, é evidente que o segundo tem fundamento, pois são as culturas que promovem a mudança social e historicamente, as artes foram construídas a partir de diferentes interpretações em relação à função social: a arte como mercadoria, como forma de conhecimento e como criação.

Quando atende aos interesses de um grupo específico, é mercadoria. Quando está destinada a reinventar uma realidade e se constitui em interpretação do meio, é conhecimento, mas quando resgata a relação do artista com o seu meio, com o simples fato de promover um talento, é criação.

Na verdade, é através da arte que o sujeito expressa seus sentimentos, manifesta suas habilidades e de forma consciente representa uma condição social que se fundamenta na expressividade de um cotidiano.

A arte é, sem dúvida, uma das formas mais comum de um indivíduo possui de se expressar, em face às suas interações sociais com as pessoas e o seu meio físico.

Embora para alguns a arte seja apenas uma manifestação do homem em face às suas condições histórias e sociais, ela pode ser uma disciplina da grade curricular e aplicada para atender três interesses: mercadoria, conhecimento e criação.

A arte é mercadoria vinculada às intenções capitalistas e atende a pequenos grupos diferentes da sociedade pelo interesse artístico. Num segundo momento, a arte é conhecimento e se expressa como resultado de uma interpretação da realidade. E, num terceiro estágio, a arte se define como resgate de uma relação amistosa entre artista e homem criador de sua obra em constante incorporação, relação e superação de um indivíduo que constrói a representação do seu meu e conhecimento.

 Coexistindo na sociedade e aplicada em sala de aula com diferentes perspectivas e funções sociais, ela não deixa de ser a própria manifestação de um homo sapiens que se demonstra altruísta, sensível e destinado a perceber o belo, o estético em efetiva relação entre si e as multiplicidades vividas com os outros e o meio ambiente.

Por outro lado, o ensino da arte na escola pode ser vista como necessidades humanas que coexistem para satisfazer um olhar elitista, de massa e uma forma de arte humanizada.

Algumas vezes, ela se apresenta como foco de um saber erudito. Noutro, ela é um instrumento de massa e fruto industrial para expandia a cultura e o talento de artistas talentosos. E, num terceiro momento, trata-se da manifestação popular pautada na estética, estabelecida nos princípios educativos, pura representação dos sentimentos humanos, como forma de representação de uma cultura específica que perdura pelo seu registro artístico.

 

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

            Não se pode dizer que o homem vive sem a condição de criar, pois este elemento lhe parece impossível, já que o próprio meio onde este vive, parece conspirar para que seja recriado, copiado e reverenciado.

            Através dos tempos, o homem inquietante, intrigado e curioso buscou representar, interpretar e recriar o que vivia. Isso não apenas pelo instinto, mas também como a única forma de se manifestar sensível, diante do estranho, do belo e do enigmático. Desse modo, surge as manifestações artísticas e o interesse de registrar tudo aquilo que vivenciava no seu meio, como forma de denunciar ou perpetuar para as próximas gerações.

            A arte é, sem dúvida, o resultado de um homem inteligente que aspira registrar importantes momentos e/ou acontecimentos experienciados; não porque precisava, mas porque era resultado de seu senso humana, artístico e criador.

            Portanto, o ensino da arte nas escolas é fruto de um movimento sócio-educativo de elevar o homem ao seu nível de sensibilidade, onde ele mesmo se perceba como fruto de um meio que se modifica constantemente e precisa de indivíduos capazes de enxergar e perceber esta realidade de uma forma diferenciada, onde o indivíduo possa praticar a humanização em co-relação entre o seu semelhante, o meio e a possibilidade de recriar experiências vividas.

            O ensino da arte não é apenas mais uma disciplina, mas a necessidade de transformar o indivíduo num homem capaz de perceber e respeitar o estético; o belo e as suas múltiplas sensações pelo espírito divino da condição da sabedoria, em parceria com aqueles seres em constante desenvolvimento cognitivo, psico e social.

 

4. REFERÊNCIAS

DURKHEIM, E. As regras do método sociológico. 13 ed., São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1987.

 

FILHO, Fernando Pinheiro. Noção de representação em Durkheim. Material em estudo, Belém Pará, 2014.

 

HAUSER, A. História social da arte e da literatura. São Paulo: Martins Fontes, 1995.

 

HOROCHOVSKI, M. T. H. Representações Sociais: Delineamentos de uma Categoria Analítica. In Revista Eletrônica dos Pós-Graduandos em Sociologia Política da UFSC, Vol. 2 nº 1 (2), janeiro-junho/2004.

 

MAUSS, M. “A expressão obrigatória dos sentimentos”. IN: OLIVEIRA, R.(org). Mauss: antropologia. Coleção grandes cientistas sociais. São Paulo: Ática, 1979.

 

OLIVEIRA, M. “Representação social e simbolismo: os novos rumos da imaginação na sociologia brasileira”. IN: Revista de ciências humanas. Curitiba: Editora da UFPR, n.7/8, 1999, p.173-193.

 

PEIXOTO, M. I. H. Arte e grande público: a distância a ser extinta. Campinas: Autores Associados, 2003. (Coleção Polêmicas do Nosso Tempo, n. 84).

 

QUINTANEIRO, Tânia. Emile Durkheim. In: Um toque de clássicos: Durkheim, Marx e Weber/ Tânia Quintaneiro, Maria Ligia de Oliveira Barbosa, Márcia Gardênia de Oliveira. Belo Horizonte - MG, Editora UFMG, 2002.

 

SEEL, Carlos Eduardo. Émile Durkheim. In: Sociologia Clássica: Durkheim, Weber e Marx. Petrópolis-RJ. Ed. Vozes, 2009.

 

SPINK, M.J. Desvendando as teorias implícitas: uma metodologia de análise das representações sociais. In: GUARESCHI, P. & JOVCHELOBVITCH, S. (orgs.) Textos em Representações Sociais. 2. ed. Rio de Janeiro: Vozes, 1994.

 

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WOLFF, J. A produção social da arte. Rio de Janeiro: Zahar, 1982.



[1] Acadêmico com Licenciatura Plena em Pedagogia, pela Universidade Vale do Acarau – UVA, em 2002, [email protected]