AS RELAÇÕES ESTABELECIDAS NA CONSTRUÇÃO DO ESTADO MODERNO.
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RESENHAS CRÍTICAS

Modesto Florenzano, Sobre as Origens e o Desenvolvimento do Estado Moderno no Ocidente.

José Joaquim Pereira Melo, A Educação e o Estado Romano.
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Modesto Florenzano - Sobre as Origens e o Desenvolvimento do Estado Moderno no Ocidente.

Modesto Florenzano é professor do Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas na USP. É autor de "As Revoluções Burguesas", "A Revolução Russa em perspectiva histórica e comparada" e "Sobre as origens e o desenvolvimento do Estado Moderno no ocidente". Deste último artigo faremos uma resenha.

O autor aborda o assunto dividindo-o em quatro tópicos. Inicia com a explicação do conceito de Estado, passando pela apresentação das maneiras que o Estado absolutista foi explicado no seu crescimento do estudo da história, finalizando com o estudo da formação do Estado moderno na Itália e na Europa, fazendo uma comparação entre ambos. Faz uma análise do pensamento político sobre Estado, entre Karl Marx e Max Weber, utilizando as suas concepções capitalistas que ainda são utilizadas nos dias de hoje. Para Modesto Florenzano, as idéias de Weber são apresentadas como um modelo mais coerente, visto que, analisa o Estado de maneira mais ampla, não limitando as suas funções no que diz respeito aos enfrentamentos entre as classes dentro de uma sociedade, afirma que esta maneira de pensar da corrente marxista, esta errada. A definição weberiana de Estado é talvez uma das mais famosas na Sociologia, o autor afirma que o Estado é "uma relação de homens que dominam seus iguais, mantida pela violência legítima, isto é, considerada legítima. Assim, na conceituação de Weber, o Estado é um aparato administrativo e político que detém o monopólio da violência legítima dentro de um determinado território, a partir da crença dos indivíduos em sua legitimidade.
O autor relata que o período citado acima causou grandes divergências entre os historiadores, indo de discordâncias entre um período mais exato até formação do Estado Moderno mesmo com relação ao próprio nome, fundindo a discussão a cerca da formação Nacional. Depois da década de cinqüenta algumas obras são usadas como referência mesmo nos dias de hoje, O Antigo Regime e a Revolução, de Aléxis de Tocqueville, e A Cultura do Renascimento na Itália, de Jacob Burckhardt. A importância dessas duas obras primas é fundamental, sobretudo em se tratando da história moderna como um todo. Pois basta lembrar que se deve a esses dois livros a constituição dos dois objetos históricos que emolduram a história moderna, ou seja, o Renascimento e o Antigo Regime. Assim como as obras de Tocqueville e de Jacob Burckhardt, duas cidades italianas se destacaram, como pioneiras na formação de Estados mais complexos, Florença e Veneza, por mostrarem a mais adiantada maneira de administração italiana, o que exerceu grande influência em várias nações, mesmo se tornando Estado bem mais a frente. O nacionalismo do povo europeu na Idade Moderna, questionamento defendido até o século vinte, não se apresentou de maneira muito realista, sendo fácil de entender como outros fatores, como a religião e a política, exerceram grandes influencias na formação do Estado Moderno, que sob vários embates entre as classes se construiu inicialmente nestas duas cidades italianas e especializando-se na Inglaterra e na França, espalhando-se por todo o mundo.

Podemos iniciar nossa crítica, começando, pelos pontos negativos da obra. Aprendemos sobre Estado Moderno. Que é aquele que se submete a leis que limitam o exercício do seu poder, não abdica das suas prerrogativas de soberania e com as seguintes características: soberania, território, povo e finalidade. Ficou evidente na obra que o autor, apesar de referenciar grandes autores, que ele fica muito limitado aos conceitos apresentados por Marx e Engels. Sem querer aqui apresentar algum juízo de valor, o autor poderia ter aprofundado um pouco mais em autores como, Lênin e Gramsci e até mesmo o próprio Maquiavel, sabemos que os mesmos foram citados no texto em alguns momentos, porém, para a grandeza que representam para a Formação do Estado Moderno, foram pouco citados. No geral, falando agora dos aspectos positivos, o texto de Modesto Florenzano, é bastante esclarecedor, visto que por ser simplista, torna-se de fácil entendimento o conceito de Estado, e o seu desenvolvimento durante o curso da História, passando pelo absolutismo até a formação do Estado Moderno na Europa.

José Joaquim Pereira Melo - A Educação e o Estado Romano
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Graduado em Pedagogia pela Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Mandaguari (1985), Graduado em História pela Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Mandaguari (1988), Mestrado em História e Sociedade pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1990), Doutorado em Historia e Sociedade pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1998) e Pós-Doutorado em História da Educação pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (2007). Atualmente é Professor Associado da Universidade Estadual de Maringá. Tem experiência na área de História, com ênfase em História Antiga e Medieval, atuando principalmente nos seguintes temas: Educação, Sêneca, Santo Agostinho, Cristianismo e Helenismo.

Neste texto o autor apresenta seu trabalho dividido em nove tópicos, começando pela educação na República romana que não adotou uma política educacional, onde algumas mudanças ocorreram com a incorporação da cultura grega, passando por alguns conceitos da mentalidade romana e vai até intervenção dos imperadores no século cinco. O texto apresenta uma linguagem clara e por isso consegue retratar em poucas páginas o contexto em que se encontrava a educação no Estado Romano, inicialmente sendo dever apenas da família e depois passando a ser de responsabilidade do Estado. O texto apresenta detalhes em que o leitor pode edificar um diálogo voltando ao tempo e fazendo entender um pouco do começo da história da educação. Reflexões em torno das instituições escolares romanas no período do Império e da República; a educação na família; a educação militar; a educação privada; e a Educação como encargo público do Estado. O período tratado no texto é em torno de 509 a.C até meados de 476 d.C. É possível estabelecer viabilidades e algumas suposições de como o texto é tratado de acordo com título, isso ocorre porque ao fazermos sua leitura: "A Educação e o Estado Romano" verificamos que o conteúdo foi desenvolvido em torno das instituições escolares no período em que o Estado Romano governou.O autor criou probabilidades em torno do início do processo de escolarização organizado ou não, suas etapas e como isso ocorreu. No Estado Romano aconteceu um desenvolvimento no sistema educacional, que de início era apenas responsabilidade da família, e logo depois, após vários acontecimentos, passou a ser também encargo do estado.
Na fase republicana (509 a 27 a.C) a educação familiar romana pode ser caracterizada por princípios básicos do respeito e da incorporação dos costumes ancestrais. Era de responsabilidade da mãe a educação de seus filhos até os sete anos, que englobava os aspectos biológicos, intelectual e moral. A partir de então o pai se encarregava da educação dos meninos. As meninas aprendiam afazeres domésticos com a mãe.
Em famílias pobres os filhos eram preparados para o trabalho, o contrário acontecia nas famílias ricas onde os filhos recebiam vários ensinamentos. Após dedicar-se ao tirocinium fori (aprendizagem da vida pública) o jovem poderia iniciar-se ao serviço militar. Nessa fase ele recebia ensinamentos com um ancião notável, recomendado pela família.
Já na educação militar o jovem prestava serviço como soldado, depois como oficial do Estado Maior, e finalmente recebia assessoramento onde deveria seguir um alto personagem, ou seu pai, a quem deveria prestar respeito e veneração.
Com a influência da Paidéia grega (processo de educação em sua forma verdadeira, a forma natural e genuinamente humana na Grécia antiga.), a educação escolar ganhou espaço, primeiramente em Roma, com caráter particular. Esta educação era composta pelo nível elementar (7 a 12 anos), os setores dominantes eram privilegiados pelo saber da escola média (11 e 16 anos) e superior, tendo o mestre elementar, o gramático e o retórico como educadores profissionais. No Império de Augusto (23 a.C a 14 d.C) os colégios juvenis tinham objetivos militares com atividades desportivas. No governo de Caracala (188-218) que concedeu imunidade fiscal aos educadores e depois, para estudantes, logo percebeu a situação de abuso e teve que fazer um controle rígido através do regulamento de 370.
Houve criação de escolas pelos imperadores, inicialmente com interesses particulares, logo depois no Baixo Império, Juliano (332-363) com o objetivo de evitar que os cristãos assumissem o ensino do Império, responsabilizou seu governo pelo controle educacional, com a seleção de professores, fazendo intervenções oficiais e regulares. Assim a educação começou a ser de responsabilidade do Estado.
A política de intervenção da educação no Império Romano teve grande impulso no governo de Teodósio II (401 ? 450), com a constituição de 425, onde funda uma universidade estadual em Constantinopla, monopolizando o ensino superior. Com Teodósio e Valentino (425 ? 455) o governo proibiu qualquer iniciativa não estatal. Assim mantendo um maior controle sobre a educação, pois era o Estado quem escolhia os professores igualmente como escolhia a sua oficialidade.
A obra fornece dados para que possamos entender de que maneira se deu a evolução da educação no Estado Romano, à medida que fornece dados para que possamos compreender como se deu todo o processo educacional e o seu desenvolvimento, passando pela republica, e todas as fases, e indo até a queda do império romano em 476 d.C. Com estilo claro o objetivo, o autor fornece dados e esclarecimentos, exemplificando, impulsionando reflexão crítica e discussão teórica sobre fundamentos educacionais do período estudado. Com isso auxiliando sobremaneira o nosso conhecimento a respeito da educação no Estado Romano.
Com sólidos conhecimentos, o autor apresenta clara e detalhadamente as circunstâncias e características do desenvolvimento educacional e as intervenções ocorridas, levando-nos a compreender as idéias das várias linhas contemporâneas, bem como a descobrir uma nova maneira de ver o que já havia sido visto, estudado. É uma leitura que exige alguns conhecimentos prévios para ser entendida, além de diversas releituras e pesquisas quanto a conceitos, autores e contextos apresentados, uma vez que as conclusões surgem a partir de esclarecimentos e posições de diversos estudiosos.
Finalmente, com o estudo dessa obra, podemos amadurecer mais, inclusive para aceitar e até solicitar crítica rigorosa, que em muito pode enriquecer nosso trabalho.

REFERÊNCIAS

FLORENZANO, Modesto. Sobre as origens e o desenvolvimento do Estado Moderno no Ocidente. Lua Nova: Revista de Cultura e política. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-64452007000200002. Acesso em: 26-06-2011.

MELO, José Joaquim Pereira, A Educação e o Estado Romano. Disponível em: http://www.periodicos.udesc.br/index.php/linhas/article/viewFile/1331/1140. Acesso em: 25/06/11.