RESUMO

         Este trabalho procura mostrar as influências que sociedade exerce no indivíduo e como esta acaba por legitimar sua ideologia dominante e desta forma, resulta na exclusão dos mais desfavorecidos.

         As vertentes utilizadas, neste estudo, são baseadas nos pressupostos de Pierre Bourdieu, que em sua trajetória desenvolveu teorias que explicitam a complexa relação entre indivíduo e sociedade.

         Outros autores, com a mesma importância de Bourdieu serão utilizados e  estes, comnpartilham das mesmas idéias dele, descrevendo uma sociedade que determina uma simbologia reprodutiva.

         Assim, preconceitos, discriminações são imputadas nos indivíduos que não conseguem os atributos impostos por esta mesma sociedade dominante.

         Convivência oculta de uma dominação, que causa a falta de percepção de sua influência e que leva seus indivíduos a agirem sem  a percepção de  fazerem o que ela impõe.

As Relações entre Indivíduo e Sociedade

         Pierre Bourdieu foi um dos sociólogos mais marcantes do século XX, com grande reconhecimento mundial. Seus trabalhos são considerados inovadores e possuem influências de autores como Karl Marx, em que seus conceitos são baseados na ideologia economica dominante que explora o proletariado, usurpando a mais valia (BONNEWITZ, 2003).

         De acordo com Patrice Bonnewitz (2003), Bourdieu herdou de Max Weber o conceito de legitimidade, ao qual os membros da sociedade dominante,reconhecem e aceitam aquilo que são de seu interesse maior e o torna legal, isto é, o processo de funcionamento dessa legitimação faz com que à parte dominada aceite, se una aos dominantes, concordando da mesma opiniãosob uma ordem estabelecida.

         De Emile Durkheim, Bonnewitz (2003) escreve que Pierre Bourdieu sofreu influências, com relação a compreensão da sociologia como uma ciência, caracterizando-a em pesquisadora dos fatos sociais e estes desempenham poder coercitivo externo no indivíduo.

         Amparado por estes autores, Bourdieu relacionou o indivíduo com a sociedade. Essa relação não é verdadeiramente dicotômica, pelo fato desse sujeito não ser completamente mecanizado, sem vontade própria. Ele possui autodeterminação na construção de sua visão de mundo, mas esta é operada sob a influência de classes dominantes, fazendo-o agir segundo sua legitimidade, consciente dela ou não (PIOTTO, 2009).

         Essa interação de indivíduo com sociedade e da sociedade com indivíduo, para Bourdieu, gera o senso comum, com valaores organizados pela parte dominante, influenciando a realidade vigente, o que resulta numa ideologia aceitável e justa, levando esse sujeito a compreender o mundo em que está inserido, tornando-a imprescindível para sua vida em sociedade (BONNEWITZ, 2003).

         Nesse sentido  autor destaca em seu livro:

                                                   "... o sentido das ações mais pessoais e mais "transpa-

                                                    rentes" não pertencem ao sujeito asrealiza, mas ao sis-

                                                    tema completo de relações nais quais e pelas quais  e-

                                                    las se realizam (1)".

         O movimento de vai e vem dessas relações entre indivíduo e sociedade, perpassa a uma concepção ilusória de mundo, em que percepções, gestos, ações e falas estão diretamente ligadas com estruturas sociais dominantes, que constroem-na e acabem por alienar esse mesmo indivíduo (NOGUEIRA E NOGUEIRA, 2004).

         Bourdieu nomeia esse movimento de senso comum e precisa haver uma ruptura dele, pois este, não apresenta argumentos científicos que expliquem determinadios fenômenos sociais, que são criados e legitimados por categorias pertencentes à sociedade, em que os sujeitos inseridos são capazes de justificarem suas ações, por meio das "boas razões", com siginificações próprias de sua conduta, o que as tornam incompletas e não totalmente falsas (BONNEWITZ, 2003).

         Essa teoria de classes bourdieusiana é agonística e dialética, por ser seletiva e classificatória, em que seus agentes atuam para ascenderem a uma posição socialmais destacável e que corresponda a seus interesses mais profundos adquirindo o pretígio sonhado (MENDES & SEIXAS, 2003).

         Os estudos de Bourdieu oportunizam uma reflexão mais profunda das relações sociais entre o indivíduo e sociedade, captando o real sentido da função ideológica, torna legal e arbitrária um sistema vigente e dominante, impondoimplicitamente vaalores que cumpram seus objetivos maiores, validando e reproduzindo com grandiosidade, as desiguakldades (FORTUNATO & STIVAL, 2008).

         A sociedade é analisada, pelo autor francês, sendo um conjunto de campos sociais, com determinada autonmia e grandeslutas de classes, englobando um processo de diferenciação que acaba distinguindo uma classe da outra, tendo como principal objetivo a acumulação de capital que garanta a dominação do campo (BONNEWITZ, 2003).

         Esse processo pode ser visto na citação do autor sobre a análise de Bourdieu:

 "Em termos analíticos, um campo pode ser definido como uma redeou uma configuração de relações objetivas entre posições. Essasposições são definidas objetivamente emsua existência e nas determinações que elas impõem aos seus ocupantes, agentes ou instituições, por sua situação (situs) atual e potencial na estrutura da distribuição das diferentes espécies de poder (ou de capital) cuja posse comanda o acesso aos lucros específicos que estão em jogo no campo e, ao mesmo tempo, por suas relações objetivas com as outras posições (dominação, subordinação, homologia, etc). Nas sociedades altamente diferenciadas, o cosmo social é constituído do conjunto destes microcosmos sociais relativamente autônomos, espaços de relações objetivas que são o lugar de uma lógica e de uma necessidade específica e irredutíveis às que regem os outros campos. Por exemplo, o campo artístico, o campo religioso ou o campo econômico obedecem a lógicas diferentes (2)."

            Esse trecho explicita que as relações de força são resultados das lutas entre as classes sociaispor maior acumulação de capital, pois assim garantirão a dominação do campo, tornando-se espaço de forças opostas, em queos indivíduos dominantes elaborarão estratégias para resguardar a dominação que possuem e conquistar outras mais, de seus interesses (BONNEWITZ, 2003).

         Para Nogueira e Nogueira(2004), Bourdieu escreve que essas ideologias são olhares distorcidos de uma realidade legitimada por uma classe social dominante, com preocupação em seus interessesespecíficos, conspirando para asdesigualdades entre as classes sociais, o que resulta na exclusão dos indivíduos que fazem parte dela.

         Em seu livro "A Reprodução", escrito com Jean Claude Passeron (2011), Pierre Bourdieu, embasado em Maxr, Durkein e Weber escreve que as relações entre indivíduo e sociedade, são influenciadas polo poder de dominação de um sobre ooutro e este poder é apresentado por diferentesformas, seja ela política, economica, religiosa ou até mesmo escolar.

         Essa ordem social torna visível à imagem da ideologia dominante e seus efeitos, que provocam o reconhecimento dos dominados, resultando na legitimação da dominação, perpetuandoo poder como relações de força (BOURDIEU E PASSERON , 2011).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

         Pierre Bourdieu é um contribuinte notório, para o entendimento das relações existentes entre indivíduo e sociedade.

         Uma relação dialética, pois ao mesmo tempo que este indivíduo se deixa influenciar pela sociedade dominante, ele possui livre artbítrio para agir conforme suas próprias vontade.

         Essa interação é somada por uma ideologia dominante, em que engloba grandes lutas entre classes sociais diferenciadas, que acaba na distinção de uma da outra, por meio das relações de poder existentes na realidade vigente de cada uma.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

BOURDIEU, Pierre, PASSERON. Jean Claude: A reprodução: elementos para um teoria do sistema de ensino. Tradução de Reynaldo Bairão; revisão de Pedro Benjamin Garcia e Ana Maria Baeta. 4 ed. - Petrópolis, RJ: Vozes, 2011.

BONNEWITZ, Patrice. Primeiras lições sobre a sociologia de Pierre Bourdieu. Tradução de Lucy Magalhães - Petrópolis, RJ: Vozes, 2003.

MENDES. José Manoel, SEIXAS. Ana Maria. Escola, desigualdades sociais e democracia: As classes sociais e a questão educativa em Pierre Bourdieu.

www.fpce.up.pt/revistaesc/ESC19/19-4pdf. Disponível em 28/11/2011 às 9h15min.

NOGUEIRA, Maria Alice, NOGUEIRA, Claudio M. Martins. Bourdieu & a Educação, 3 ed. Belo Horizonte, Autêntica, 2009.

PIOTTO. Debora Cristina. A Escola e o sucesso escolar: Algumas reflexões à luz de Pierre Bourdieu.

www.ufsedu.br/portal-repositorio/file/...resumoabstract_debora_piottopdf. Disponível em 28/11/2011 às 9h30min.

STIVAL, Maria Cristina Elias Esper., FORTUNATO, sarita Aparecidade Oliveira. Dominação e Reprodução na Escola: Visão de Pierre Bourdieu.

www.pucpr,br/eventos/educere/educere2008/anais/pdf676-92pdf, Disponívelem 28/11/2011 às 10h00.