Nota-se que desde o estabelecimento dos hospitais como locais de cura e medicalização diversas áreas do conhecimento no corpo da saúde tem se envolvido na tentativa de aperfeiçoar as atividades médico-assistenciais. Com isso novos conhecimentos em relação às etiologias das doenças, além de novas tecnologias para diagnóstico e terapêutica têm sido buscados continuamente através das pesquisas científicas.
Num paradoxo a esse processo evolutivo, em detrimento a evolução tecnológica, surgiram novos desafios com cirurgias de alta complexidade, tal como as vídeo-laparoscopias e os transplantes, bem como o aumento de infecções por microrganismos resistentes em consequência do uso indiscriminado de antibióticos, iatrogenias e outras ações em serviço de saúde que vem sendo classificadas como (des) cuidado. Desse modo, passou a ser necessário o aprimoramento do conhecimento e o estabelecimento de especialidades clínicas e setorizações internas para a gestão e controle da qualidade dos serviços como alternativa de dirimir (CAVALCANTE et al., 2000).
A epidemiologia aparece nesse caminho como ciência fundamental para instrumentalizar os serviços como as CCIH para o controle e intervenção nos focos de infecções. Nesse sentido, os indicadores epidemiológicos tem favorecido o mapeamento tanto das áreas quanto das práticas desenvolvidas que apresentam maior probabilidade de imputar o processo de contaminação.
As unidades intensivas tem sido destacada em diversos estudos por seu elevado valor de notificações de casos de infecção hospitalar, haja visto que no setor tanto características inerentes ao estado crítico do paciente quanto a natureza das técnicas e procedimentos aos quais é submetido contribuem significativamente para essa realidade (CAVALCANTE 2000).
A situação supracitada tem levado a enfermagem e diversas componentes da equipe de saúde a repensar o seu fazer, ou seja, seu modo de cuidado, atentando-se para situações ainda não contempladas no bojo das descritas como críticas para os órgãos de controle das infecções hospitalares, assim, estabeleceremos a seguir as principais medidas para prevenção de infecção hospitalar com enfoque nas medidas assistenciais da enfermagem no atendimento ao paciente critico.
As mãos tem sido apontadas como o carreador de grande significado da colonização de diversos microorganismos nas instituições hospitalares, considerando o nível de dependência dos pacientes internados em unidades criticas e por conseguinte, sua necessidade de manipulação, orientações técnicas e metodológicas para a observância em relação ao cuidado com as mãos devem ser desenvolvidos. Estas constituem um fator importante no Cuidar de Enfermagem do cliente em questão, já que um quadro variado de Cuidados tem como ponto central o cuidado higiênico, em que as mãos se tornam um veículo importante.
Também vale ressaltar que a pele é o maior órgão do corpo humano, tanto em volume como em extensão, pelo maior contato com o meio exterior, proporcionando a primeira barreira contra a invasão de microrganismos e agressões do meio ambiente, logo, os cuidados com sua manutenção e integridade devem ser potencializados. Desse modo, a combinação de eventos fisiológicos, físico-químicos e imunológicos envolvendo barreira de proteção, hidratação, temperatura apropriada, células competentes e substâncias antimicrobianas é necessária para a homeostase cutânea. Existem situações nas quais o paciente crítico se encontra que favorecem que todos os mecanismos de defesa da pele não estão adequados para esta proteção, tais como o uso de cateteres intravasculares por períodos prolongados, curativos oclusivos sobre cicatrizes cirúrgicas nos pós-operatórios e procedimentos diagnósticos invasivos (ENOKIHARA 2000, p. 607); que são cuidados frequentemente desenvolvidos pelo enfermeiro e sua equipe no atendimento a esta clientela, ou seja, o paciente crítico.
A exemplo, dessa realidade tem-se clientes portadores de imunocomprometimento, perfil muito comum nas unidades de cuidados críticos, primariamente relacionados à doença de base (doença de Hodgkin, malignidades hematológicas) ou secundariamente ao seu tratamento (quimioterapia) podem apresentar uma série de deficiências imunológicas, tendo em vista que frequentemente estão granulocitopênicos, exibindo um defeito quantitativo na função de fagocitose do sistema imune, logo, uma rotina em relação ao monitoramente desses valores devem ser ensejada no processo de trabalho da enfermagem, além da adoção de um conjunto sistemático de técnicas que dirimizem ao máximo as chances de contaminação desses indivíduos.
Neste contexto observamos que este frágil equilíbrio entre o ser humano e o seu meio pode ser rompido, permitindo a interferência nociva do agente microbiológico agressor, causando a infecção.
Assim, ao desenvolver o Cuidar/Cuidado para clientes portadores de infecção, o enfermeiro utiliza como ferramenta à interação com o cliente no sentido das orientações, principalmente em relação às medidas de precaução de contato quando esse cliente é encaminhado ao quarto privativo, com limitação deste espaço físico para transitar.
O cenário clínico-tecnológico de ambientes tidos como crítico, como o caso o CTI faz com que, sob a ótica epidemiológica, apresente risco médio de IH de 5 a 10 vezes maior do que outros setores, atingindo cerca de 10% a 30% dos pacientes internados, contribuindo com uma taxa de mortalidade que varia de 10% a 80%, de acordo com o perfil do paciente internado (CANTARELLI, 2004).
Todavia, as infecções adquiridas nos cenários críticos hospitalares diferem das de outros setores, não apenas por sua maior frequência e sítio de infecção, mas também pelos microrganismos envolvidos nessa contaminação. A maior parte dos microrganismos isolados nos hospitais está agrupada entre os cocos Gram-positivos (Staphylococcus) e os bacilos Gram-negativos (Enterobacter sp., Klebsiella pneumoniae, Escherichia coli, Pseudomonas aeruginosa, Acinetobacter baumanii) (PASTERNAK et al., 2006).
Desse modo, revisando alguns aspectos que envolvem as diferentes infecções apresentadas pelos pacientes críticos, apresento como as principais medidas para prevenção de infecção hospitalar com enfoque nas medidas assistencias da enfermagem no atendimento ao paciente critico:
? Abordar o controle das infecções por meio da vigilância epidemiológica, e a prevenção de infecção dentro dos cenários críticos como por exemplo, a UTI;
? Avaliar a frequência e o perfil de sensibilidade dos agentes causadores de infecção,
? Demonstrar os fatores de risco que propiciam o aparecimento de infecções em pacientes críticos.
? Padronizar a assistência de enfermagem aos pacientes internados em ambientes como UTI, contribuindo com o processo de reabilitação e cura, atendendo às necessidades humanas básicas e mantendo a visão holística do indivíduo;
? Revisar aspectos recentes no diagnóstico e no tratamento clínico de infecções, as diferentes formas de apresentação das mesmas, abordando-se aspectos fisiopatogênicos relacionados à virulência da bactéria e também os fatores predisponentes do hospedeiro à infecção;
? Orientar os profissionais de Enfermagem, quanto às possíveis metodologias e técnicas de realização do procedimento e os cuidados para se evitar a contaminação e, consequentemente, uma infecção.




BIBLIOGRAFIA


CAVALCANTE, N.J.F. Infecção em Pacientes Imunologicamente Comprometidos.In:

FERNANDES, A.T. Infecção hospitalar e suas interfaces na área de Saúde.São Paulo: Atheneu, 2000. 670-679 p.

ENOKIHARA, M.Y. Infecção da Pele e Partes Moles. In: FERNANDES, A.T. Infecção hospitalar e suas interfaces na área de Saúde. São Paulo: Atheneu, 2000, 607 p, 608 p.

CANTARELLI, 2004; OLIVEIRA et al., 2007).

SILVA, N. B.; CANTARELLI, M. Infecção em Centros de Tratamento Intensivo In: DAVID,
Marcos. Medicina Intensiva. Rio de Janeiro: Revinter, 2004. Cap.102. p. 1023-1028.