Autor: Lino Garzón Sandoval
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Todos precisamos saber que somos descartáveis para o emprego e para os empregadores, cada um em singular proporção.

Dentre as bases da perpetuação do sistema capitalista cita-se a existência de um exército de mão de obra, capaz de substituir à atual. O desemprego, o subemprego e mais ainda hoje, a necessidade de crescimento e a procura por novos horizontes, são a eterna canteira de este mecanismo.

Não é menos certo que a cada dia apresentam-se mais dificuldades para achar o ponto certo no profissional procurado, as exigências são cada vez maiores, segundo as pesquisas mais prestigiadas e a lengalenga de todos aqueles que querem dar um matiz mais acadêmico e conceituado às intervenções sobre o tema do capital humano e toda essa gama, recém surgida, de caçadores de talentos.

É difícil, complicado, mas não impossível.

Conheço muito profissional de mão cheia que está esperando por ser descoberto e compor uma das banais historinhas e casos de sucessos do mercado de seleção de candidatos, que proliferam em todo quanto é publicação e como gancho de inescrupulosos que brincam com os anseios dos necessitados e dos às vezes desesperados.

Lembre-se que sempre é possível encontrar alguém que faça o teu trabalho tão bem quanto ou até melhor que você. Passará mais tempo ou menos tempo, mas quem procura: acha.

Pode-se até cair num derradeiro de incompetentes e incompetências, ficar exausto e até por momentos concluir que nunca se encontrará um substituto a altura das necessidades, passará por maus intervalos, mas alternativas serão sempre introduzidas e acabará encontrando-se o que se procurava. Isto é no pior dos casos e felizmente não é a maioria.

É conveniente fazermos um chamado para a regulagem dos excessos e dos egos mal resolvidos. Nada dura para sempre e o teu lugar na organização não está vitaliciamente garantido.

Terrível é se deparar com um daqueles funcionários que por trás de um balcão ou na distância de uma linha telefônica, - isso quando entendem que podem atender -, comportam-se como autômatos monossilábicos ou abusam propositalmente da utilização de períodos simples.

É como se nada do que você estiver explicando tiver a menor importância, o menor sentido e fosse andando rumo ao paraíso das coisas perdidas. Para tudo há uma seqüência de respostas iguais e predefinidas, o clássico e acostumado: "Pois não" e é evidente o prazer de superioridade que experimentam ao esnobar ao interlocutor, já que conhecem da urgência que este tem de se comunicar e obter uma resposta diferente e mais precisa.

Na macabra predisposição destes sujeitos, a palavra de ordem é: forneça respostas curtas, imprecisas, inacabadas e faça com que o solicitante se sinta humilhado e com vergonha de pedir mais informações.

Não se desanime, encoraje-se, vire a mesa, não se arrependa do que não fez. Vai em frente e bata com este indivíduo, mesmo que o resultado desta vez não seja o desejado, sinta o orgulho da defesa da sua dignidade.

Se ninguém botar um freio nestes comportamentos, as pessoas acreditarão que são super-homens, super-mulheres, super-transgênicos (mutantes) ou super-andrógenos, - note-se que fui bem democrático e inclusivo, contemplei todos os tipos -, e não se limitarão nunca, ao contrário, as fronteiras e os limites tenderão a pairar e você será cada dia mais prejudicado e vilipendiado. Que ele entenda que tem que se medir, que nem todos acatam os deboches que pratica.

Pior ainda, alguns estabelecem diferenças extremas de tratamentos, em dependência de diversos fatores que albergam desde o preconceito, até a bajulação. Respeito passa longe. Quem discrimina, não respeita, quem baba-ovos não merece ser respeitado.

São armaduras que as pessoas vestem para saírem de casa e venderem ao mundo uma imagem de defesa, de dissimulação de uma realidade que lhes atordoa e pesa e que descarregam contra o próximo. Tratamento é a solução. Quando falo de tratamento faço referência ao interior, ao próprio, ao químico receitado por profissional competente e ao que todos deveram dar a este tipo de situação, não tolerando, nem a deixando ganhar espaço.

Nem sempre em todas as situações da vida estamos do mesmo lado, ora eu defino, atendo, recepciono, ora sou eu quem precisa de atenção e retornos mais completos e elaborados, acorde com o requerido, com a minha necessidade.

Como parte das funções destes funcionários está a de atender, ser interface, facilitar as relações, só que uma má interpretação do cargo faz com que esta obrigação seja traduzida particularmente como: "favor", reservando-se o direito de fazer o que melhor entender conforme a sua conveniência e a acidez do seu estado de ânimo.

Por vezes estes seres são reiteradamente promovidos, muito bem avaliados e considerados pelos níveis hierárquicos mais elevados, mas tudo contempla um elemento circunstancial.

A hora do resumo sempre chega, um dia será demitido, demovido, se tornará insuficiente, pedirá para sair ou simplesmente irá para aquele lugar aonde todos iremos no fim da vida, em ocasiões um pouco antes e com certeza uma dose de pesar irá contigo, ainda que para alguns a tese de "ninguém tira de mim o que eu vivi", fazendo uma analogia com o popular ditado em espanhol: "A mi que me toquen lo bailado" , prevaleça.

Será que alguém poderá acreditar que fazer tanto mal, se gabar de tanta idiotice, praticar tanto descaso e arrogância em vida, valerá à pena?

Lembre-se que Gênios não aparecem todos os dias. Eles são imperfeitos, humanos e diferenciados. Eles são realmente insubstituíveis porque ninguém conseguirá se equiparar à proeza que eles fizeram, ninguém consegue ofuscar o talento que desbordaram estes singulares seres que já a humanidade conheceu como Beethoven, Beatles, Ghandi, Marx, Michael Jackson, Pelé, Garrincha, Chico, Elis, Jorge Amado, etc., mas mesmo assim o mundo não parou, outros vieram, ocuparam os espaços mesmo sem tê-los preenchido.

Gênio, Único, Impar se é e não se acredita ser.