AS PERSPECTIVAS DE CONTROLE DA DOENÇA DE CHAGAS EM RIACHÃO DAS NEVES-BA.

Andra Pereira [email protected]
Cristiani Pretto1 [email protected]
Fernanda Marçal1 [email protected]
Gilsylenne Fagundes1 [email protected]
Rosane Nunes1 [email protected]
Cacilda Reis [email protected]


RESUMO:

Este artigo consiste num estudo exploratório de natureza quantitativa, que tem por objetivo analisar a importância do profissional de saúde no processo de conscientização, controle e prevenção da doença de chagas em Riachão das Neves - BA. O estudo foi realizado com 15 pacientes diabéticos residentes em Riachão das Neves. Os resultados atestam que a atuação do enfermeiro é indispensável nas adaptações constantes às reais necessidades da população, a quem se destina o seu trabalho. No entanto, como as ações estão restritas aos postos e hospitais e a maioria dos pacientes não freqüenta unidades de saúde regularmente , até mesmo por falta de programas de combate e prevenção da doença, o papel do enfermeiro é reduzido, pois este não atinge à população mais necessitada. Em virtude disso, acredita-se que é necessário promover campanhas de incentivo ao paciente para que este possa freqüentar as unidades de saúde, para não só conhecer a atuação dos enfermeiros, mas principalmente para controlar a evolução da doença e também de aproximação entre enfermeiros e pacientes.


Palavras-chave: Doença de Chagas. Enfermeiro. Controle. Prevenção.


ABSTRACT

This article consists of an exploratory study of quantitative nature, that he/she has for objective to analyze the professional's of health importance in the understanding process, control and prevention of the Chagas disease in Riachão das Neves-Ba. The study was accomplished with 15 patients resident diabetics in Riachão das Neves. The results attest that the nurse's performance is indispensable in the constant adaptations to the real needs of the population, to who his/her work is destined. However, as the actions they are restricted to the positions and hospitals and most of the patients doesn't frequent units of health regularly, even for lack of combat programs and prevention of the disease, the nurse's paper is reduced, because this doesn't reach the neediest population. Because of that, it is believed that is necessary to promote incentive campaigns to the patient so that this can frequent the units of health, for not only to know the nurses' performance, but mainly to control the evolution of the disease and also of approach among nurses and patient.

Words-key: Disease of Wounds. Nurse. Control. Prevention.






1. Introdução

A Doença de Chagas é uma doença crônica, podendo ser incapacitante e debilitante, com grande impacto sócio-econômico e cultural, sendo a principal causa de aposentadoria precoce em nosso meio (RIBEIRO; ROCHA, 1998).

A doença já possui tratamento. Entretanto, as drogas disponíveis são eficazes somente na fase inicial da enfermidade. Por isso, é necessário que a população esteja consciente sobre os seus sintomas e as formas de contágio, para que possam detectar a doença o mais breve possível, ou melhor, evitá-la (TORELLY, 2007).

Dessa forma, torna-se relevante fazer uma análise sobre o papel e importância do profissional da saúde para prevenção e mesmo esclarecimento da população, assim como as medidas de prevenção, controle e combate da doença de chagas.

Esta pesquisa, que tem por objetivo analisar a importância do profissional de saúde no processo de conscientização, controle e prevenção da doença de chagas em Riachão das Neves ? BA. Para tanto, foi realizado um estudo com 15 pacientes de Riachão das Neves, encontrados segundo orientação dos postos de saúde da referida cidade. Os pacientes foram submetidos a uma entrevista e conforme a Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, esta foi precedida de Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, no qual o entrevistado declara o conhecimento dos objetivos da pesquisa e concorda em ser voluntário na realização da mesma.

2. Resultados

Mediante a análise das entrevistas, foram encontrados os resultados a seguir:

Entre os entrevistados constatou-se que 57% eram do sexo feminino, sendo que a maioria apresentou faixa etária de 31 a 50 anos. Oitenta por cento (80%) alegou residir na zona urbana da cidade e 100% afirmam morar em casas de blocos e tijolos, conforme pode ser constatado na tabela abaixo:

Quanto à avaliação do grau de escolaridade, 60% tinham apenas o primário e somente 6,6% tinham terminado o ginásio e o 2º grau.

Quando indagados a respeito da freqüência em hospitais, 86,6% dos entrevistados atestaram que costumam frequentar. Entretanto, somente 20% freqüentam unidades de saúde mensalmente e 13% não costumam freqüentar de modo algum, somente em casos raríssimos. Veja gráfico abaixo:



Em relação ao tempo de diagnóstico da doença, a média entre os pacientes foi de 10 anos. Entretanto há relatos de pessoas que são portadoras da doença há mais de 20 anos.

Quando questionados sobre o tratamento da doença, 60% dos entrevistados afirmam fazerem algum tipo de tratamento. Trinta e três (33%) atestam que não freqüentam e 7% não responderam.

Em relação à contribuição do enfermeiro, embora 50% dos entrevistados acreditem que os enfermeiros são importantes na orientação e informações à respeito da doença e conscientização sobre as formas de prevenção, um número bastante expressivo, 36% alegam não ter acesso a eles. A esse respeito Travelbee (1982:25) coloca que:

o vínculo e o compromisso com o paciente permitem ao enfermeiro trabalhar para que ele se capacite a satisfazer as necessidades daquele que busca ajuda, quer dizer: o paciente converte-se no interesse fundamental do enfermeiro que objetiva suportar com ele seus problemas existenciais.




De acordo com Travelbee (1982) o enfermeiro deve comprometer-se com o paciente, interessando-se por ele, por seus pensamentos, sua situação de vida, seu sofrimento e estar disposto a ajudá-lo a encontrar respostas ou saídas para situações possíveis de ser resolvidas, como também tornar-se capaz de apoiá-lo naquelas situações que não podem ser modificadas.

Assim, no caso específico da doença de chagas, como ainda não se vislumbra a cura propriamente dita, é preciso que se viabilize ao menos o compromisso de buscar formas de tornar a vida dessas pessoas melhor. (MAFTUM, 2003).

Desse modo, o enfermeiro deve direcionar todos os seus esforços no sentido de evitar qualquer situação que possa vir a desumanizar o paciente que ele assiste. É sua tarefa buscar sempre a humanização do atendimento, a fim de não colocar em risco a integridade e bem-estar do paciente por ele assistido (TRAVELBEE, apud BECK, 1999).

Quanto ao tratamento, 58% acham que este é regular. Onze por cento (11%) classificam-no como ótimo e apenas 8% como bom. Veja o gráfico abaixo:



Entretanto, quando avaliaram a contribuição dos enfermeiros em palestras e outros serviços realizados pelos postos de saúde, 46,6% classificam-na como ótimo, 30,7% como bom, 13,3% como péssimo e 6,6% como ruim e regular.

Travelbee apud Maftum (2003) atestam que não havendo comprometimento do enfermeiro com o paciente, a relação de ajuda não se efetiva. O resultado que se evidencia de uma relação supérflua é que enfermeiro e paciente acabam experimentando uma relação que já nasce 'trincada'.

Quanto ao que pode ser feito para melhorar o tratamento e prevenção da doença de chagas, a maioria 66,6% relatam que faltam médicos e profissionais capacitados nos postos para informar melhor sobre a doença.

A esse respeito Travelbee (1982) enfoca que é necessário que enfermeiro se torne instrumento de ajuda que pode atuar de maneira compreensiva, colocando sempre o paciente no centro de sua assistência. Para isso ele deve ser capaz de perceber as necessidades do paciente, unindo-se a ele ajudando-o a adquirir atitudes necessárias, para que se previna e enfrente a experiência de adoecer, bem como colaborar para que possa encontrar significados para estas experiências.

Com base nos resultados, é evidente que para os pacientes, o maior problema em relação à doença além da falta de informação é a aproximação com os enfermeiros. Como a maioria acredita que a contribuição do enfermeiro é orientar e conscientizar a população e é evidente também que este trabalho ou não vem sendo feito ou é insuficiente, pode-se afirmar então, que os enfermeiros têm contribuído de forma insatisfatória, pois um número significante de pacientes desconhece seu trabalho ou suas ações. Isso acontece também, por que muitos destes não freqüentam as unidades de saúde, ou pelo menos não regularmente.

3. Considerações Finais

A competência profissional de Enfermagem no combate da doença de chagas, é fator importante não só porque o enfermeiro é detentor informações e conhecimentos sobre a doença, e pode contribuir para o não abandono dos pacientes, mas principalmente por sua atuação ser indispensável nas adaptações constantes às reais necessidades da população, a quem se destina o seu trabalho.

No entanto, como as ações estão restritas aos postos e hospitais e a maioria dos pacientes não freqüenta unidades de saúde regularmente , até mesmo por falta de programas de combate e prevenção da doença, o papel do enfermeiro é reduzido, pois este não atinge à população mais necessitada. Em virtude disso, acredita-se que é necessário promover campanhas de incentivo ao paciente para que este possa freqüentar as unidades de saúde, para não só conhecer a atuação dos enfermeiros, mas também para controlar a evolução da doença.

Desse modo, para a prática como profissional de saúde, foi possível perceber que é necessário trabalhar conceitos e referenciais na prestação do cuidado, se humanizando e contribuindo para a melhoria de práticas educativas que resultarão em qualidade de saúde e de vida para as pessoas.

4. Referências

MAFTUM, M. A. A comunicação terapêutica vivenciada por alunos do curso técnico de enfermagem. Curitiba. Dissertação (Mestrado em Enfermagem) - Curso de Pós- Graduação em Enfermagem, Universidade Federal de Santa Catarina, 2000.
RIBEIRO, Antonio Luiz Pinho ; ROCHA, Manuel Otávio da Costa. Forma indeterminada da doença de Chagas: considerações acerca do diagnóstico e do prognóstico. Rev. Soc. Bras. Med. Trop. vol.31 n.3 Uberaba Mai/Jun 1998.
TRAVELBEE, J. A intervenção da enfermaria. 2. ed. Cali: Organización Panamericana de la Salud, 1982.

TORELLY, André Peretti. Doença de Chagas. Disponível em: www.abcdasaude.com.br. Acessado em: 25 de agosto de 2007