Autora: Kelly Porto Ribeiro, Radialista graduada em Comunicação Social com ênfase em Rádio e TV pela Universidade Metodista de São Paulo.

 

AS NOVAS TECNOLOGIAS NO AUDIOVISUAL

 

 

 

 

       A área de Audiovisual passa por constantes mudanças, seja em relação a equipamentos, ou em relação à linguagem e estética. Com a revolução digital muitos equipamentos analógicos foram substituídos pelos digitais; para o processo de edição e montagem, tanto em áudio como também em vídeo, passaram a ser utilizados os softwares de edição e a presença cada vez maior da Internet modifica antigos formatos, inovando e dando início a um novo tipo de produção.

        Nos últimos anos, tornou-se rotina nos depararmos a cada dia com um modelo novo de celular, tablet ou notebook. Os portáteis conquistaram todos e, ao que parece, vieram para ficar. Um processo semelhante se deu em relação às câmeras fotográficas e filmadoras, cada vez mais compactas e mais equipadas, as câmeras digitais representam a nova realidade em termos de equipamentos audiovisuais, profissionais ou não.

        Há ainda os entusiastas do analógico, que não abrem mão dos equipamentos manuais, continuam colocando-os em uso e, muitas vezes, obtém resultados tão bons quanto aqueles advindos da nova onda digital. É um fato semelhante, por exemplo, aos que defendem o disco de vinil, comparado ao CD, alegando que a qualidade sonora do primeiro seja bem superior.

        E muitas vezes eles estão certos, podemos notar que, à medida em que surgem novas tecnologias e equipamentos, cada vez mais modernos, surge de outro lado o que podemos chamar de movimento vintage, que exalta tudo que seja relacionado às décadas passadas, desde moda e comportamento até instrumentos como câmeras fotográficas analógicas.

        O fato é que, independente da questão do uso do analógico, a tecnologia está aí para ser aproveitada e difundida. A Internet de banda larga proporciona novas experiências, eficiência de trabalho e, muitas vezes, economia.

        A indústria audiovisual vem passando por diversas adaptações em função das novas tecnologias e da Internet de banda larga, cada vez mais comum nos lares. Vivemos em uma época de informação, em que todos estão mais ávidos por novidades e, ao mesmo tempo, mais impacientes. Já não é qualquer filme que prende a atenção do espectador, principalmente quando ele o vê pela televisão. O comportamento do consumidor do audiovisual muda; logo, o produto também deve mudar.

        Um exemplo disso é a explosão de canais de vídeo no site Youtube, o sucesso de vlogers como Cauê Moura, Felipe Neto e PC Siqueira e o fenômeno da Internet Porta dos Fundos. A audiência representada pelos jovens procura por vídeos de rápida duração e que reflitam o seu próprio cotidiano de forma bem humorada e, muitas vezes, crítica ou sarcástica.

        Por outro lado, o volume cada vez maior de informação, em formato de textos, vídeos e imagens origina uma nova profissão: a de curador de conteúdo. Em meio a tantos assuntos, de fontes diversas, o curador é responsável por absorver o máximo possível de informação, filtrá-la e organizá-la da melhor forma possível para o consumidor/usuário. Na área audiovisual temos o exemplo do site redux.com, que tem como proposta oferecer um novo tipo de TV, em que as pessoas possam “zapear” pelos diversos vídeos disponíveis, selecionados e organizados por tema, através de uma curadoria. O site ainda permite que o próprio usuário faça a sua curadoria, escolhendo o vídeo de seu interesse e fazendo um breve comentário relacionado a este.

        Ferramentas como esta estimulam a participação do usuário, fazendo com que este ajude a transformar a produção, programação e exibição audiovisual. É daí que vem a interatividade, assunto que ainda causa certa polêmica e precisa ser esclarecido. Segundo Arlindo Machado (2002), o conceito de interatividade determina que um agente externo intervenha de forma ativa em um sistema como um concriado da obra. No entanto, nem todo produto que é vendido como interativo apresenta esta liberdade criativa ao seu consumidor. Os realizadores da televisão e do cinema interativo devem, portanto, atentar para este fato e refletir a respeito de como deve ser, necessariamente, um filme ou programa de televisão interativo.

        Ainda no tema de novos recursos presentes na Internet, a tecnologia streaming tem facilitado muito a reprodução de vídeos. Com esta ferramenta, o usuário não precisa fazer o download de todo o arquivo antes de assistir sua série favorita, por exemplo. A transmissão de áudio e vídeo é feita enquanto o vídeo se reproduz. Muitas vezes, a qualidade da imagem e do áudio sofre uma perda considerável, mas, para alguns, a agilidade é compensatória.

        Há também diversos programas de compartilhamento de arquivos, em que, até o início da década de 2000 possuíam uma grande variedade de músicas, principalmente. No entanto, hoje, com o advento da Internet de alta velocidade, compartilha-se não somente músicas, como também longas-metragens e até mesmo temporadas completas de seriados.

        A facilidade aumenta e a pirataria também. Websites famosos como Megaupload (agora reformulado e reaberto sob o domínio Mega.co.nz) foram fechados sob acusação de promover a pirataria online. A questão dos direitos autorais torna-se cada vez mais complexa, uma vez que a Internet, em sua grande parte, é um veículo livre, até que ponto são válidos os argumentos de pirataria? Como ter controle sobre isso?

        É fato que muitos deixam de ir ao cinema, atualmente, para assistirem o mesmo filme pela internet. Mas será que essa preferência é ocasionada simplesmente pelo conforto de se estar em casa ou será que há outras questões colaborativas para este resultado? O alto custo do cinema é, certamente, um dos principais fatores que afastam o grande público de suas salas, mantendo apenas os cinéfilos, fiéis à completa experiência cinematográfica e o restante que, esporadicamente, se dão a oportunidade de assistir um filme na telona.

        Outro assunto que envolve diretamente os custos do cinema é a mudança para o novo padrão de cinema digital. Cerca de 30% apenas das salas de cinema do Brasil possuem projeção digital. Esses números devem mudar até o próximo ano (2014) para que o país acompanhe o mercado cinematográfico digital. Em breve, não haverá mais distribuição regular de filmes em 35mm.

        A mudança tecnológica nos cinemas acarreta uma série de consequências para o mercado. Para os exibidores a digitalização representará a inclusão de novas salas no circuito de lançamentos, causando um aumento nas receitas das salas de cinema; a programação poderá ser mais variada, incluindo espetáculos esportivos, musicais e filmes alternativos; investimentos em cinemas de pequeno porte devem ser feitos; ampliando o número de salas em pequenas e médias cidades brasileiras. Já para as distribuidoras há outras vantagens: os custos de copiagem e transporte dos filmes são drasticamente atenuados; ocorre uma virtual eliminação de obstáculos para a distribuição e investimentos em distribuidoras independentes, contribuindo também para o aumento de filmes brasileiros no circuito exibidor.

        O único empecilho, porém, continua sendo o alto custo para a modernização das salas. Mesmo que os produtores exerçam forte pressão sobre os exibidores para que estes se adequem à projeção digital, por ora, o alto custo prevalecerá como fator determinante. Os grandes executivos de empresas do ramo acreditam que ainda levará um bom tempo até que a película se extinga, devido aos altos custos da transmissão digital e ao risco da transmissão via Internet em relação às questões de pirataria e direitos autorais.

        Contudo, a mudança é necessária, mesmo que seja tardia. Em breve a televisão e o rádio no Brasil também abandonarão o sinal analógico, convertendo-se totalmente para o sinal digital até 2015, nas regiões metropolitanas e até 2018, nas demais regiões.

        As redes sociais influem cada vez mais no conteúdo das emissoras e das web TVs e web rádios. A Internet avança, originando novos formatos e estimulando a convergência dos meios de comunicação. Os equipamentos possuem recursos mais sofisticados e possibilitam a integração entre diversos aparelhos, facilitando na mecânica de trabalho. E as mudanças não param por aí; por isso é importante e cada vez mais preciso o aperfeiçoamento profissional e o estudo contínuo das próximas tendências do Audiovisual.

REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO

 

ANCINE. Cinema Perto de Você – Projeto de Digitalização. 2013 Disponível em: http://ancine.gov.br/sites/default/files/apresentacoes/Projeto%20de%20Digitaliza%C3%A7%C3%A3o%2031%2001%2013.pdf

PÉRGOLA, Alessandra Campos. O Cinema e a Produção Audiovisual: Um Estudo Preliminar Sobre as Novas Formas de Distribuição na Internet. Biblioteca On-line de Ciências da Comunicação.

GIELFI, Marcella, A Importância da Curadoria de Conteúdo. 10 de maio de 2013. Disponível em: http://www.ideiademarketing.com.br/