Quando se fala em tecnologia é usual que se imagine computadores com multiprocessadores de última geração, pessoal especializado e um cabedal tecnológico altamente informatizado. Porém, sabe-se que a criação e a apropriação de técnicas fazem parte do desenvolvimento da humanidade. Mesmo em seus primórdios o homem inventa, inova, reinventa e renova.
Ao fazer alusão à sociedade do início dos tempos históricos, Santos (1998), ressalta que, cada grupo humano construía seu espaço de vida com as técnicas que inventava para tirar do seu pedaço de natureza os elementos indispensáveis à sua própria sobrevivência. Organizando a produção, organizava a vida social e organizava o espaço, na medida de suas próprias forças, necessidades e desejos.
Mas, afinal, o que é tecnologia? Etimologicamente, o termo tem origem grega, com a junção dos termos techné (técnica ou arte) e logos (conjunto de saberes), porém a definição de tecnologia se amplia ao ser associada ao modo de produção vigente na sociedade.
Pode-se dizer que, das seculares técnicas, desde o uso do giz e do quadro negro até as emergentes e atuais tecnologias educacionais, percorreu-se uma longa trajetória evolutiva na organização didática do professor. Porém, o surgimento cada vez mais acelerado de novos meios tem trazido certa confusão na maneira de pensar o ensino, a escola e as políticas educacionais para este setor.
Nesse cenário de incertezas estão as Novas Tecnologias de Informação e Comunicação (NTICs). Oriundas principalmente da Terceira Revolução Industrial, as novas tecnologias possibilitaram o advento do que se denomina "sociedade do conhecimento" ou "sociedade da informação".
O estudo se justifica pela presença cada vez mais acelerada desses novos meios - principalmente o computador e a internet - na vida cotidiana dos educandos, dos professores e da escola, indaga-se: qual a finalidade das novas tecnologias no ambiente escolar? Que interesses estão em jogo?
Apropriar-se do vocábulo tecnologia para expressar tão somente o produto decorrente da criatividade humana seria tão pueril quanto designar a expressão diabólica do ser, ou seja, a eterna dúvida existente entre a substituição do homem pela máquina ou a transformação da máquina em elemento auxiliar no modo de produção e na vida cotidiana das pessoas. Por assim dizer, a tecnologia é também o resultado do momento em que é desenvolvida, pois é reflexo do modo de produção vigente, que prima pela acumulação de capital, se tornando cada vez mais instantânea, competitiva e perversa.
Em consequência disso, na sociedade globalizada, se tornou mais explícita a diferenciação entre os que têm acesso, os que buscam uma aproximação e os que estão totalmente alheios às inovações. Para Schaff (1995), isso pode produzir uma nova divisão entre as pessoas, a saber: uma divisão entre as que têm algo que é socialmente importante e as que não têm.
Segundo Francisco Chagas Fernandes, Secretário da Educação Básica (SEB/MEC) do governo Lula, o Brasil conta com três fontes de financiamento para o setor educacional:
- recursos vinculados constitucionalmente (representando parcela mais significativa);
- salário-educação;
- empréstimos internacionais, constituindo reforço necessário e de grande importância na composição dos investimentos em educação.

Dados da Secretaria de Estado da Educação (SEED-PR) apontam que foram instalados laboratórios de informática com acesso a internet em todas as unidades escolares de ensino fundamental e médio do estado; TVs-Multimídia em todas as salas de aula; assim como a manutenção de uma equipe de assessores pedagógicos para orientação aos professores no tocante ao trabalho com as ferramentas utilizadas, principalmente o computador e a internet.
Ao se comparar os dados disponibilizados pelo Paraná Digital, através da PRDEstatística, entre 2007 e 2010, houve um crescimento acelerado no número de horas em que são usados os computadores nas escolas da rede estadual de ensino do Núcleo Regional de Educação de Ponta Grossa (NRE-PG). Esse fenômeno pode ser explicado se for considerado:
a) o aumento no número de computadores com acesso à internet (de oito laboratórios de informática monitorados no mês de junho de 2007, passou-se a 106 em outubro de 2010);
b) a atuação das Coordenações Regionais de Tecnologia na Educação (CRTEs), através dos assessores técnicos e pedagógicos;
c) a aceitação, por grande parte dos professores, às novas tecnologias, principalmente o computador e a internet;
d) o envolvimento da gestão escolar na manutenção dos equipamentos e no incentivo aos professores quanto ao uso de novos recursos pedagógicos; e,
e) a atuação estatal de forma efetiva com a implantação de diversos programas.

A partir disso, pode-se considerar que, na atualidade, essas tecnologias se tornaram agente hegemônico nas políticas de estado e de governos e atuam ativamente na regulação de programas voltados à educação, já que são reflexo das mudanças no mundo do trabalho e, além disso, permeiam a sociedade em geral, em especial o que foi e o que venha a ser a escola, do presente e do futuro.
Em vez de concluir, é preciso que se continue a refletir sobre as novas tecnologias na escola, pois, além de serem resultados das demandas da sociedade e do perfil do aluno contemporâneo, as tecnologias incorporadas no meio educacional devem atender as necessidades do professor, considerando-o elemento insubstituível no processo. Porém, pensar esse profissional como um dos principais agentes do ensino e da aprendizagem é o desafio em questão.
Moran (2000) salienta que o professor, com o uso das novas tecnologias em sala de aula pode se tornar um orientador do processo de aprendizagem. Porém, é preciso que esse profissional reconheça sua importância no processo de ensinar e aprender, buscando atualizar-se constantemente. Não se trata do profissional que saiba fazer uso do computador, navegar na web ou utilizar o e-mail, mas daquele que utilize esses recursos para atingir seus objetivos de ensino.
Fica claro que não são as novas tecnologias que irão resolver as defasagens na aprendizagem. Porém, distanciar essas ferramentas da realidade do professor pode promover a perpetuação da intolerância ao novo, o descaso à tentativa de novas metodologias e, ainda, pode comprometer a esperada formação continuada do docente.
É preciso que o professor não se sucumba aos interesses excludentes da globalização, que prima pela objetividade, velocidade e fluidez, sendo necessário que se reconheça esse profissional enquanto sujeito crítico.
Fazer uso de novas tecnologias não significa excluir as tradicionais, mas possibilitar uma maior aproximação à temporalidade dos alunos. Não se pensa mais um mundo não-plugado. Não se imagina o futuro sem a utilização da informática. Por conseguinte, não se concebe mais uma escola fora da realidade informacional, muito menos um professor temeroso frente a esses novos desafios.
Por isso, é também papel do Estado, além de prover o professor de novas ferramentas, propiciar que o profissional domine essas tecnologias, do giz ao computador. Desse modo, certamente, facilitará a formação de um profissional consciente de sua atuação na sociedade, no seu trabalho e, principalmente, no seu objetivo pedagógico: o ensino.

Referências

SANCHO, J. M. (2001). Para uma tecnologia educacional. Porto Alegre: Artmed.

SANTOS, M. (1998). Técnica, espaço, tempo: globalização e meio técnico-científico informacional 4. ed. São Paulo: Hucitec.

SCHAFF, A. (1995) A sociedade informática: as conseqüências sociais da segunda revolução industrial. 4. ed. São Paulo: Brasiliense.

MORAN, J. M. (2000). Ensino e aprendizagem inovadores com tecnologias. Informática na Educação: Teoria & Prática, Porto Alegre, v. 3, n. 1, p. 137-144, set. 2000. Disponível em: < http://www.eca.usp.br/prof/moran/inov.htm >. Acesso: em: 10 out. 2010

FERNANDES, F. C. (2010). Redefinição da política de financiamento da educação básica. Disponível em: < http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/textosecr/txt_033.pdf >. Acesso em: 5 nov. 2010.