No Romance de Frankenstein, a autora Mary Shelley faz uma crítica feminista contra a existência de uma natureza feminina que é violentada, porque o protagonista Victor toma para si a tarefa divina de criar a vida, tomando esta criação exclusivamente masculina, ele um homem, dando a existência a outra criatura, também por ser vista nos papeis desempenhados pelas mulheres no romance como companheiras passivas a Elizabeth Lavenza, a deditosa noiva de Victor , que só faz esperar pelo destino trágico que a abraça, ou Caroline Beaufort, a mãe de Victor, que morre ao ser arriscar deliberadamente, tratando a varíola contraída por Elizabeth. Todas encarnam, assim, uma idéia de mulher totalmente abnegada e autosacrificada.
As mulheres, por outro lado, são todas confinadas ao lar, donas de casa, como Elizabeth e Caroline, que também desempenham o papel de enfermeira, ou empregadas domésticas como Justine.
O que despertou em Victor a criação de uma vida foi quando ele se deparou com a morte e neste contexto das mulheres são tão subjugadas, ele viu a limitação das mulheres através da morte, então ele percebeu que só um homem poderia resolver esta questão do fim desta morte e transformá-la em vida para sempre. Os homens tinham um papel muito importante na sociedade, eram funcionários do governo, como o pai de Victor, cientista como o próprio Victor, então os homens tinham o poder então porque não ter o poder sobre a morte também, sendo que as mulheres davam a vida através do nascimento mas não tinham o poder de ilimitá-la.
Com esta esfera de compatibilidade de valores sociais, Victor não consegue trabalhar e amar ao mesmo tempo e se recusa a ter uma relação afetuosa com o seu trabalho, em especial com a sua criação, pois a criação tipificava as mulheres.
Na história houve morte de muitas mulheres, Justine que é enforcada, acusada injustamente de ter matado William, irmão de Victor, na realidade a primeira vítima da fúria vingativa da criatura e Elizabeth, que na noite de núpcias é morta pelo monstro.
Victor, nega ao monstro a possibilidade da companhia do sexo feminino da sua espécie, mas ele começa a construir, mas destrói com medo de espalhar sobre a terra uma raça de demônios.
Quando Victor estava na criação do monstro, ele transmitia frieza em suas ações, atribuindo objetividade, raciocínio e a mente, característica do homem e a subjetividade, emoção é a natureza feminina.
Mary Shelley que na época da elaboração de sua obra-prima contava apenas 18 anos, viveu no período do romantismo, portanto os seus ideais eram românticos que via a natureza como uma mãe criadora, um organismo vivo ou comunidade ecológica na qual os seres vivos interagem em mútua dependência, mas o Iluminismo havia marcado forte presença, os ideais científicos da época encaixavam-se perfeitamente nas idéias iluministas do homem como controlador da natureza, totalmente oposta ao paradigma romântico e isto foi motivo de intriga por Mary.
A obra-prima de Mary condena o egoísmo e a ambição da esfera masculina de ação.
Mary Shelley de certa forma antecipa uma critica que só viria a ser explicitada mais de um século e meio depois da publicação de Frankenstein por teóricos feministas.
Bibliografia:- Pesquisa na Internet- História, Ciências, Saúde-Manguinhos
Print version ISSN 0104-5970
História- ciência- saude-Manguinhos vol.8 no.1 Rio de Janeiro Mar./June 2001