As mudanças no mundo do trabalho e o serviço social enquanto trabalho especializado             

Pensar em trabalho logo nos remete a Marx “O trabalho é necessidade natural e eterna. É condição de existência do homem, independente da forma de sociedade”. O trabalho é, portanto, o elemento mediador da relação entre o homem e a natureza, promove ao homem a transformação da sociedade e de si próprio, é através dele que o homem trona-se capaz de desenvolver suas potencialidades, reproduzir-se e desenvolver suas forças produtivas.

Assim o homem ao trabalhar enquanto um agir de forma intencionalizada e consciente sobre a natureza produzem histórica e coletivamente a sua existência material e, ao mesmo tempo, produzem cultura, idéias, crenças, valores, enfim, conhecimento acerca da realidade. É nesse sentido que o homem se apresenta no contexto da sua produção enquanto ser humano, ser social tanto nos aspectos objetivos quanto subjetivos.

A partir da Revolução Industrial o trabalho passou por algumas transformações, a relação homem x natureza mudou, a produção que antes era familiar passou a ser industrial o que ocasionou a fuga do homem do campo para cidade em busca desses novos modelos de produção/trabalho. Nesse novo modelo de produção os homens tronaram-se apenas “Força de trabalho” o consumo dessa força de trabalho e os meios de produção passaram a pertencer ao capital.

O trabalho no modo de produção capitalista tornou-se um elemento central, já que o capital é fundado a partir da exploração do trabalho. O desenvolvimento dessas forças produtivas no capitalismo estabeleceu na sociedade a existência de duas classes fundamentais, os proprietários dos meios de produção e os trabalhadores, através de sua relação social no processo de produção. Vale ressaltar que essas classes possuem interesses diferentes, portanto, contraditórios. Com essa relação capital x proletariado surge à questão social, como manifestação a essa contradição de classes.

Com a questão social o Estado percebe a necessidade de intervir na relação capital x trabalho através da constituição de políticas publicas, é a partir daí que o Serviço Social se afirma enquanto profissão no mercado de trabalho. A legitimação do serviço social enquanto profissão se dá pela ocupação de um espaço sócio-ocupaciaonal garantido pela ampliação dos serviços prestados, principalmente pelo Estado, maior órgão empregador da categoria e, em seguida pelas empresas privadas, no enfrentamento e nas respostas às expressões da questão social.

Na atual conjuntura, nos remete a refletir sobre o papel do assistente social no processo de repetição das relações sociais, atendendo os interesses de classes onde estão colocados os determinantes do seu exercício profissional.

Com o avanço do serviço social nas ultimas décadas, novas demandas chegaram a nossa profissão pelas mais diversas áreas da política social, exigindo profissionais qualificados e especializados, capazes de analisar criticamente, não apenas intervindo a realidade social, mas que seja propositivo e pesquisador.

Sendo assim, “novas possibilidades de trabalho se apresentam e necessitam ser apropriadas, decifradas e desenvolvidas; se os assistentes sociais não o fizerem, outros o farão absorvendo progressivamente espaços ocupacionais até então a eles reservados” (IAMAMOTO, 2001, p. 48).

Diante desse contexto, a especialização tornou-se requisitos necessários para inserção, permanência e identificação dos novos espaços ocupacionais deste profissional no mercado de trabalho. A compreensão e o enfrentamento dessa realidade vivenciada pelos assistentes sociais é desafiante, é importante compreendermos sua gênese, as bases históricas a qual a profissão foi constituída para percebermos que ela é suscetível as mudanças advindas da sociedade, portanto, suas determinações estão dadas na realidade.

Referências

ANTUNES, Ricardo. A Dialética do Trabalho - Escritos de Marx e Engels - Vol. 2. São Paulo: Expressão Popular, 2009.

IAMAMOTO, Marilda Villela. O Serviço Social na Contemporaneidade: trabalho e formação profissional. 5ª Ed. São Paulo: Cortez, 2001.