FACULDADE EUROPEIA DE VITORIA - ES

 

 

AS HABILIDADES INDIVIDUAIS E O AUTOCONHECIMENTO NA APRENDIZAGEM DA EJA

 

Paula Gonçalves Afonso Sanches Matos¹

 

1 Licenciada em Pedagogia /Faculdade Europeia de Vitoria, Rua Misael Barcelos, nº 261,  Alegre/ES, [email protected]

 

 

 

Resumo – O presente artigo tem como objetivo apresentar os resultados conquistados através de pesquisas bibliográficas e ideias relativas à auto estima, às realções socioafetivas e o processo de desenvolvimento do autoconhecimento nos alunos de EJA, observando as particularidades e experiências de cada indivíduo, tendo-as como ponto de partida para o aprendizado prático, buscando desenvolver novas possibilidades de crescimento intelectual por meio da afetividade, socialização e autoconfiança. Desta forma, este estudo se faz centrado na importancia do desenvolvimento das capacidades individuais e da interação dinâmica do indivíduo no processo de construção do conhecimento e aprendizagem.

 

Palavras-chave: Interação. Motivação. Aprendizado. Capacidades. Conhecimento.

 

Área de conhecimento: Educação de Jovens e Adultos

 

 

Introdução

 


        

Educar é uma prática que exige comprometimento profissional. O educador precisa permitir a ampliação constante de seus conceitos socioeducativos e canalizar seu potencial para obter resultados positivos e que estimulem habilidades interpessoais. Estimular e trabalhar conceitos que ressaltem o equilíbrio e a inteligência emocional, estimulando a criatividade, a autenticidade e a busca pelo conhecimento. Valorizar os conhecimentos e a vivencia dos alunos tornando-os mais capazes de formar pensamentos críticos, não apenas aceitando tudo que lhes seja oferecido: é assim que Piaget descreve os principais objetivos da educação (PIAGET, 2001).

Para que este processo aconteça com sucesso é fundamental que o envolvimento dos educadores esteja fortalecido; é preciso refletir trocar experiências respeitando sempre a vivencia dos alunos e a realidade que cada um traz consigo. Funciona como um ciclo onde o conhecimento acadêmico torna-se irrelevante passando a valorizar as qualidades pessoais que possa promover uma educação efetiva.

A simples preocupação demonstrada por parte dos patrões em relação aos funcionários de suas empresas pode gerar ganhos de produtividade, melhorar os relacionamentos dentro da firma e promover um ganho real no quesito lucratividade (MACHADO, 2007).

O “equilíbrio” é conquistado por mudanças. Em todas as áreas de nossa vida é preciso saber reconhecer quando e como mudar nossos conceitos e comportamentos diante das mudanças que norteiam nosso dia-a-dia e com elas, moldar nosso desenvolvimento e nossas experiências de vida positivamente.

No ambiente e na vida escolar não acontece diferente, este equilíbrio é alcançado quando o profissional se envolve com a forma de lidar com as mudanças que seus alunos vivenciam no meio social, econômico, familiar, entre outras.

Um grande impulsionador de mudanças a que a escola deve estar atenta e aberta é em relação às mudanças trazidas pelo acelerado mundo da informação. Aqui, a chave é saber separar o que é realmente importante para se alcançar os propósitos no processo de ensino, considerando a importância de se estabelecer o exercício constante, entre aluno e professor, do questionamento e da auto avaliação para ampliar a visão de mundo, transformando a informação em uma grande ferramenta para promover o ensino eficaz e pratico.

É partindo desta visão ampliada e atenta às mudanças, que o presente artigo se objetiva a refletir sobre as necessidades da valorização da auto estima e do indivíduo em suas particularidades na escola em busca de um saber de qualidade e de uma educação humanizada focada nas habilidades.

Metodologia

Por meio de pesquisas bibliográficas realizadas e pela análise do trabalho de estudiosos e pesquisadores, considerando também a realidade vivida nas escolas por professores e alunos, podemos refletir e ressaltar a importância da motivação do auto conhecimento, da valorização da individualidade e da visão que se deve ter em relação ao educando como ser único e rico em suas experiências.

O que aqui se expõe nos leva a analisar o quanto nossa mediação se faz necessária para uma educação ética e harmoniosa. Visando ensinar pela observação, permitindo que o aluno tenha liberdade de se mostrar como realmente é. Depois das observações feitas, o professor sabe exatamente com que aluno está trabalhando e quais conceitos devem ser lapidados durante o processo de ensino.

 

Resultados

 

É o professor o principal mediador entre a sistematização do ensino e as questões culturais no processo de desenvolvimento do saber de modo expansivo. Levando para o ambiente escolar os elementos da ação docente, somados as experiências vivenciadas promovendo uma maior interação e ampliação de conceitos.

 

O papel do educador é mediar a aprendizagem, priorizando, nesse processo, a bagagem de conhecimento trazida por seus alunos, ajudando-os a transpor este conhecimento para o “conhecimento letrado”. (FERREIRO, 2001, p. 43).

 

A influencia da nossa escolarização, é um instrumento de alargamento do número dos que podem ser classificados, na moderna e ampla concepção de analfabetismo, não limitada ao saber ler e escrever.

No exercício da profissão, as relações de ensino e aprendizagem entre professor e aluno, determinante na representação social/profissional/pessoal do aluno de EJA.

Neste contexto, a relação entre alfabetização e trabalho é muito clara nas salas de EJA. Assim sendo, a alfabetização é o primeiro passo para o mundo letrado.  

A forma como nos posicionamos profissionalmente e a maneira como conduzimos a prática do pensamento pela observação e pelo posicionamento critico vai se materializando, gradualmente, na imagem ética que acompanhará o aluno para além da sua vida escolar estendendo-se como reflexo nas demais áreas de sua vida. Desta forma, o avanço que as mudanças proporcionam encontra um ponto de equilíbrio importante que definirá o sucesso deste aluno também em âmbito profissional.

Ao lançar mão dos elementos que circundam e promovem os valores essenciais ao individuo como a empatia, a capacidade de adaptar-se, a colaboração, a praticidade, a iniciativa e tantos outros, estamos promovendo uma concepção que coloca o professor em um espaço que vai além da simples formação educacional, transpondo-o para a formação sócio-relacional do indivíduo.

Tão grande é a importância da individualidade do aluno e tão amplas as inteligências e habilidades encontradas em cada aluno, que se reafirma, em breves observações do cotidiano escolar, o quanto a troca de conhecimentos se intensifica entre aluno e professor na proporção em que seu relacionamento se estreita. Quanto mais próximo do aluno o professor se permite chegar, mais habilidades ele encontra e maior é seu leque de instrumentos para promover uma educação para a vida toda.

Esta visão transformadora da prática educacional nos coloca equiparados a uma visão construtivista, mais elaborada e adaptada, onde todos os processos que levam ao conhecimento se tornam uma grande aventura, tanto para quem ensina quanto para quem aprende.

Muito já se falou sobre a visão construtivista no processo de ensino e o posicionamento de pessoas influentes para a educação de jovens e adultos em relação a esta visão educacional e a conduta necessária que compete ao profissional na aplicação deste conceito.

Este aprendizado, adquirido através do construtivismo é um contínuo exercício de descobertas. O modelo construtivista está centrado na produção do saber pelo aluno, que é colocado à prova para modificá-lo ou construí-lo de forma inovadora. O aluno é conduzido a produzir seus meios de conhecimento, ensaia, busca, propõe soluções, confronta-as com as de seus colegas, defende-as e as discute.

Esta metodologia aplica-se a educação de jovens e adultos tendo suas bases firmadas na qualidade do relacionamento entre professor e aluno. Na aplicação do conhecimento quanto as questões que envolvem a vida prática do individuo, colocando como ponto de observação constante a qualidade dos conteúdos e a forma como são apresentados em sala de aula, já que estes passam a ter objetivos muito mais amplos na realidade diária do aluno.

 Discussão

O trabalho focado nas habilidades e no auto conhecimento de cada individuo em sala de aula são  aspectos que contam para o bom desenvolvimento do fenômeno "aprendizagem funcional".

 

Quando se estabelece uma interação verdadeira, que entendo por toda e qualquer ação visando a uma relação entre duas partes com um objetivo determinado ou não, abrem-se as portas de acesso ao interesse do aluno, facilitando a exposição do conteúdo, possibilitando a aprendizagem do aluno, objetivo do processo ensino-aprendizagem (RIBEIRO, 2000, p.42).

 

A escola como instituição social, e como representação da sociedade tende a impor comportamentos pré-determinados aos professores e alunos, denominados papéis sociais: um padrão coerente de comportamentos comuns a todas as pessoas que assumem a mesma posição ou lugar em uma sociedade e um padrão de comportamentos esperados por outros membros da sociedade (FERNANDÉZ, 2001, p. 50).

 

A aprendizagem se dá efetivamente na condição que o aluno apresenta quando é capaz de receber, organizar, produzir, reproduzir e avaliar as informações que recebe de forma ativa e com autonomia para vivenciá-las de forma pratica. “a abordagem tentativa e erro, esse tempo gasto a mais, será na verdade um ganho” (PIAGET, 2000, p. 39, grifo nosso).

 Que a educação seja o processo atravez do qual o indivíduo toma a historia em suas próprias mãos, a fim de mudar o rumo da mesma.

 

Mas isso não será possivel se continuar-mos bitolando os alfabetizandos com desenhos pré-formulados para seguir, com historias que alienam, com métodos que não levam em conta a lógica de quem aprende. (FUCK, 1994, p. 15).

 

Há uma reflexão que nos leva a buscar novas metodologias que estejam adequadas a realidade do educando, negando-se assim a seguir qualquer padronização de ensino que reduza o aprendizado a símbolos pré-determinados e que nao estejam em concordancia com o contexto real do educando.

A alfabetização nao pode ser reduzida a um aprendizado tecnico-linguistico, como um fato acabado ou simplesmente uma construção pessoal intelectual.“A alfabetização passa por questões lógico-intelectual, afetiva, socio-cultural, política e técnica”. (FREIRE, 1996, p. 60, grifo nosso).

Conclusão

 A ausência de consideração da individualidade é um agravante, porque se o aluno não se sente importante, logo sua auto estima é afetada, e cabe ao professor estar atento a essa questão, pois além de mediador, ele deve reconhecer que há uma relevância sobre conhecimento no aspecto afetivo, na subjetividade das inter-relações em muitos segmentos da sociedade , desde os primeiros dias    de existência do individuo, até no decorrer de seu desenvolvimento integral no contexto social.

Numa sociedade cada vez mais competitiva, o ser humano, deve reconhecer-se como sujeito sociável, que depende do outro como coadjuvante do seu desenvolvimento e crescimento.

A interação entre professores e alunos deve firmar-se sempre na particularidade de cada indivíduo e na generosidade de se compartilhar e receber experiências, estas vão influenciar diretamente no direcionamento desta relação que pode ser capaz de promover atalhos de valor no processo da aprendizagem.

O professor não deve ater-se somente aos meios de ensino considerados padrão, deve atentar-se para a qualidade relacional em sala de aula, dedicar-se a compreender a diversidade das múltiplas habilidades e o vasto campo de experiências que cada aluno tem em potencial. Utilizar estes elementos como instrumento para aprimoramento de conceitos que promovem a educação e o letramento de fato.

O ensino se faz naturalmente quando o professor consegue identificar as muiltiplas habilidades de seus alunos. Este posionamento nao só garante uma boa aprendizagem e um bom relacionamento como oferece bases auto suficientes para que o aluno aprenda a buscar sozinho pelo conhecimento, tornando-se autor e mediador de novas descobertas.

 

 

Referências

ANTUNES, Celso. As Inteligências Múltiplas e Seus Estímulos. São Paulo: Papirus, 1998. 144 p.

FERNANDÉZ, Alicia. A Inteligência Aprisionada. Porto Alegre: Artes Médicas, 2001. 264 p.

FUCK, Irene Terezinha. Alfabetização de Adultos. Relatos de uma experiência construtivista.2. ed. Petrópolis: Vozes, 1994. 102 p.

MACHADO. João Luís. A auto estima do professor . São Paulo: Ática. 2007. 134 p.

PIAGET, Jean. Inteligência e Afetividade. São Paulo: Artes Médicas .34ª ed. 20001. 223 p.

RIBEIRO, Luís Carlos. A interação em sala de aula. Belo Horizonte: Editora Lê, 2000. 96 p.

GOLEMAN, Daniel, ph.D. Inteligencia Emocional: a teoria revolucionaria que define o que é ser inteligente. Rio de Janeiro: Objetiva, 2007. 378 p.

HADDAD, Sergio. Estado e Educação de Adultos (1964 – 1985). São Paulo: Faculdade de Educação da USP, 1991. 360 p.