UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPIRITO SANTO
CENTRO DE CIENCIAS HUMANAS E NATURAIS
DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA
GEOGRAFIA DA MOBILIDADE
Licenciatura plena em geografia - Trabalho Acadêmico.
Autor: Fabricio Avila Santos


Desde que nascemos sempre estamos em contato com a idéia de fronteira, fronteira no que diz respeito às proibições, as limitações e ao desconhecido. Na medida em que crescemos vamos transpondo algumas e nos deparando com outras fronteiras, percebemos que as fronteiras de nossa vida podem ser dos mais diferentes tipos, desde o muro de nossa casa que nos separa de nossos colegas que brincam na rua até a fronteira psicológica que nos impede de fazer alguma ação porque aprendemos que tal ato é proibido.
Em nossa vida de adulto muitas vezes estamos em contato com fronteiras que nos foram impostas em nossas infâncias, percebemos que o desejo de ultrapassar fronteiras psicológicas e sociais nos move em direção ao um caminho de superação pessoal e de enfrentamento social e pessoal.
As fronteiras psicológicas são uma grande e importante barreira de contenção de nossos atos, o superego da mente humana é o responsável pela maioria das fronteiras psicológicas que temos. Tais fronteiras psicológicas podem ser sociais ou pessoais, no caso das pessoais percebemos um caráter mais subjetivo, ou seja o próprio indivíduo é quem coloca as fronteiras em seu caminho, as fronteiras sociais diferentemente das pessoais são as regras impostas pela sociedade, é a pressão social para que os indivíduos ajam de certa maneira ou que tenha em sua mente as suas limitações em sua sociedade.
Toda a idéia de fronteira está ligada intimamente com a idéia de transposição, uma fronteira no sentido clássico tem a função de separar dois lados, duas realidades ou dois territórios, porém a fronteira que estamos tratando aqui é aquela onde os lados se misturam, os territórios se relacionam e os lados estão na mesma localização. Tratando da transposição das fronteiras utilizando este conceito mais abrangente da mesma, podemos considerar que diariamente estamos ultrapassando nossos limites fronteiriços, dia-a-dia estamos indo além de nossos limites pessoais e galgando, mesmo que pouco a pouco, superar os limites que nossa sociedade nos impõe.
Uma situação de fronteira é cotidiana na vida de todos nós estudantes, a fronteira entre os alunos e os professores, fronteira no sentido de barreira social. A sala dos professores para os alunos do ensino fundamental e médio é tida como um local proibido desde que entramos na escola.
Recentemente quando o autor deste texto começou a lecionar para o ensino médio essa fronteira foi transposta pelo mesmo.
Percebemos que esta barreira social existente entre os alunos e os professores, neste caso a sala dos professores, é objeto de uma transposição de fronteira. Os elementos necessários para que o autor conseguisse ultrapassar essa fronteira social nada mais foi do que o seguimento como aluno. Para se tornar um professor nada mais foi necessário do que o autor se aceitar como aluno, aceitando-se como aluno no tempo certo chegou a sua vez de ser professor e de ocupar um lugar naquele local onde antes lhe era proibido por ser aluno de ensino médio, porém sendo aluno de ensino superior este local lher foi aberto e se lhe tornou um lugar de trabalho e até mesmo de descontração.
Percebemos que esta dualidade entre alunos do ensino médio e do ensino superior é hoje em dia muito potencializada principalmente pela arrogância de certos profissionais que por terem ultrapassado esta fronteira acham-se no direito de usufruir de uma certa superioridade, superioridade a qual a própria nomenclatura de ensino superior lhe legitima.
Mas se formos analisar a nós mesmos, nossas limitações como estudantes de ensino superior, nossas barreiras, nossos medos, nossas fronteiras sociais e psicológicas, poderíamos parar para pensar e nos indagar: Existe diferença entre as fronteiras psicológicas e sociais existente entre os estudantes secundaristas e os de ensino superior? Existe uma fronteira que separa estas duas categorias de estudantes ou os dois grupos fazem parte de um único grupo sendo diferenciados apenas pelo tempo em que estão inseridos no grupo? Tais indagações tornam-se imprescindíveis para que possamos compreender, aceitar ou até mesmo modificar nossas próprias realidades.