Há pouco menos de um mês, o Brasil experimentou a força do povo, ao sair à rua em protesto a corrupção, ao governo Dilma, em síntese, em protesto ao “caos” que o país sobrevive – claro, se visto sob a perspectiva da mídia e da classe médio-alta. Ainda que tenha sido polifônica a manifestação ocorrida, ou seja, díspar de opiniões entre os participantes do memorável acontecimento do dia 15 de março, a mesma retratou a influência da mídia sobre a população e confirmou a necessidade de desconstruir paradigmas que norteiam o posicionamento social, irracionalmente – sem o uso da razão. Contrariamente à realidade de junho de 2013, quando a violência se expressou em sua face física pelos concidadãos, os quais se manifestaram contra o aumento das tarifas no transporte público, elevados investimentos para sediar eventos internacionais e baixo investimento em serviço público, a manifestação do dia 15 de março em todo o território brasileiro trouxe em seu bojo campanha de ódio, disseminada pelo poder midiático. Tal manifestação se proliferou nos meios de comunicação e foi organizado, sobretudo, pelas redes sociais, cujo cunho político e as vivências últimas a qual o país esteve sujeito, como as eleições acirradas entre partidos antagônicos e os escândalos de corrupção, propiciaram a insurreição brasileira. Dentre os motins, sobressaltava campanha de ódio, apologia ao preconceito e, confirmava-se, naturalmente, a falta de conhecimento das pessoas que, sem compreender a dimensão dos interesses políticos, pediam o impeachment da presidente e a volta e/ou a intervenção militar como solução dos problemas enfrentados pelo país, por exemplo. Nesse diapasão, é fato que a democracia somente se convalida com a real participação do povo e a referida manifestação autenticou a soberania exercida por este, ao reunir cerca de 210 mil pessoas, apenas, na Avenida Paulista, em São Paulo, de acordo com o Datafolha, sem considerar as demais concomitantes aglomerações no país. Desse contexto, pois, resulta a relevância da participação popular no cenário político, haja vista que é através dela que as equiparações e a justiça social podem ser supridas e as reivindicações correspondidas. Contudo, é fundamental um olhar meticuloso e detalhado para com a propaganda e publicidade do memorável acontecimento daquela tarde de domingo (do dia 15 de março), uma vez que o interesse da mídia em regular a parte mais vulnerável da estratificação social se consolidou com o bombardeamento de informações e reproduções alteradas no que tange à veracidade dos fatos, a fim de satisfazer o interesse da classe detentora do poder: a manipulação e a instauração da intolerância política. Logo, tem-se em vista que as manifestações sociais devem ser acopladas de campanhas e incentivos que promovam a reflexão da realidade social e as intempéries por esta experimentada, cujo objetivo seja atingir o bem estar social, erradicar qualquer espécie de incitação ao ódio e sustentar a importância da participação popular na construção e manutenção de uma democracia. Trata-se de uma atividade realizada para a disciplina “Temas em Direitos Humanos”, do curso de Direito da Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul – Unidade de Paranaíba.