O estudo sobre "As estruturas simples com adjunto adverbial e seu valor enunciativo no ensino produtivo nas linguagens literária, falada e escrita", partirá de uma analise gramatical na qual explicará o adjunto adverbial sob uma abordagem pedagógica do ensino produtivo que se constitui de: 1- uma análise interpretativa ou pragmática da frase com adjunto adverbial (leitura do enunciado, propósito na frase, intenção da mensagem, ato de fala); 2- uma análise semântica da frase com adjunto adverbial; 3- uma análise gramatical-descritiva (classificação dos adjuntos adverbiais); 4- uma análise estilística (linguagem falada, literária e escrita); e por ultimo; 5- uma analise produtiva (modificação de uma parte da estrutura para construir novas informações ou informações novas).

As informações da gramática tradicional e descritiva servirão como conhecimento básicos para o estudo do ensino produtivo.

Um modelo de ensino deste tipo de abordagem pedagógica de natureza pode ser apresentado pelo seguinte exemplo "junto do mar sentei-me tristemente" (frase retirada do poema "Oceano nox" de Antero de Quental). Nesse exemplo, o eu ? narrador encontra-se na praia e relata sua tristeza, (1- análise leitora ou programática do enunciado). Observa-se neste exemplo, que "junto do mar e tristemente" são os advérbios. São argumentos do verbo, indicam circunstâncias de lugar e modo. Os advérbios de lugar e tempo são considerados advérbios de sentença, já os advérbios de enunciados. (2- Análise semântica)

A linguagem utilizada pertence a um contexto literário (análise estilista). Outra caracterização pode ser percebida com uma frase como esta, citada a pouco. "junto do mar sentei-me tristemente", ao ser transmitida para "junto do mar sentei-me alegremente" ou "junto do mar sentei-me hoje", ou ainda "junto domar sentei-me muito inquieto" são estruturas que à medida que vão recebendo adjuntos adverbiais, vão modificando a informação, gerando a informação nova. No primeiro caso a idéia é de modo, o segundo caso a idéia é de tempo e o terceiro tem-se a idéia de intensidade.

Outro modelo de ensino produtivo deste tipo de abordagem pedagógica pode ser exemplificado na frase "as atletas estavam muito felizes" (comentário feito pelo repórter do jornal CETU da TV verdes mares). Neste exemplo o repórter comenta a satisfação das garotas que irão representar o karater cearense em São Paulo. (Análise leitora ou pragmática do enunciado)

Observa-se, nesse exemplo, que "muito" é adjunto adverbial referente ao adjunto "felizes" (Análise estrutural) e significa intensidade (Análise semântica). Outra observação a ser feita é que o adjunto adverbial "muito" felizes intensifica o verbo "estar" e ao mesmo tempo exemplica o modo como as atletas se encontravam. (Análise gramático- descritiva). A linguagem utilizada pertence a um contexto falado. (Análise estilística).

Outra caracterização pode ser a modificação na frase "As atletas estavam muito felizes" por "As atletas estavam muito felizes pela vitória, ou "As atletas estavam na quadra" ou "As atletas estavam com o treinador", são estruturas que à medida que vão acrescentando informações novas, vão gerando novas informações. Nota-se na primeira frase transformada a idéia é de causa, já a segunda indica lugar e a terceira indica companhia (Análise produtiva)

Analisaremos outro modelo de ensino deste tipo de abordagem através do exemplo "Os Italianos mentem para viver melhor" (frase retirada da revista Época na reportagem Itália: milhões de mentiras). Neste exemplo, a matéria da revista divulga dados da Bienal do humor de Tolentino na Itália em que pesquisas apontam que os Italianos contam mais de 4 milhões de mentiras por ano. (Análise leitora ou pragmática do enunciado). Observa-se também que "para" é adjunto adverbial referente ao verbo "viver" (Análise semântica). Outra observação é que o adjunto adverbial "para" viver melhor indica uma finalidade (Análise gramático- descritiva). A linguagem pertence a um contexto escrito (Análise estilística). Outra caracterização pode ser a modificação na frase "Os Italianos mentem para viver melhor" por "Os italianos talvez mintam para viver melhor" ou "Os Italianos certamente mentem para viver melhor" ou ainda "Os Italianos mentem bastante para viver melhor". (Análise produtiva). Nota-se que no primeiro exemplo modificado a idéia é dúvida, o segundo da idéia de afirmação e o terceiro a idéia é de intensidade.

Os parâmetros Curriculares nacional (1998) sugerem que o professor trabalhe, em sala de aula, com uma gramática reflexiva, que se três outras gramáticas; gramática normativa, descritiva e pragmática. Travaglea (2008) explica que o ensino de gramática deve ser fundamentar no ensino produtivo, em que a análise lingüística- gramatical se fundamenta em dados da língua em funcionamento (pragmática, comunicação e informação).

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DELIMITAÇÃO DO PROBLEMA (QUESTÃO- PROBLEMA)

Como levar para o ensino produtivo a análise da gramática numa abordagem interacionista, sem excluir conhecimentos da gramática tradicional e descritiva?

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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PRESSUPOSTOS/HIPÓTESES

6.1- HIPÓTESE GERAL

 

Critérios pedagógicos (ler, analisar e produzir enunciados) que incluam uma visão mais complexa da análise da função sintática na frase simples pode servir como reflexão,aprendizado e produção de mensagens do usuário da língua.

 

  6.2- HIPÓTESES COMPLEMENTARES

É provável que se possa fazer uma análise do adjunto adverbial, considerando o contexto do estudo do enunciado, com interpretação, descrição e produção.

Deve-se pensar no ensino de funções sintáticas numa visão pedagógica da gramática interativa na abordagem de Travaglia.

Critérios que integre uma visão mais intradisciplinar na análise do adjunto adverbial poderá contribuir para uma melhor forma de ensinar refletindo, e do aluno saber na prática com o uso da linguagem.

Critérios como leitura do enunciado para contextualizar, descrição (para saber a gramática do adjunto adverbial) e produção (construção de enunciados para mostrar que a estrutura se ajuste em função da informação – comunicação) devem ser fundamentais para uma pedagogia do ensino de gramática.

 

 

 

 

 

 

 

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OBJETIVOS

7.1- OBJETIVOS GERAIS

Propor critérios de análise sintática do adjunto adverbial na frase, considerando uma abordagem pedagógica que inclui uma visão pragmática ou interacionista de apreensão e aplicação das estruturas analisadas e em análise, considerando o enunciado como unidade de análise, realizando uma leitura, descrição e produção do uso da língua, considerando a variedade de linguagens verbais.

   7.2- OBJETIVOS ESPECÍFICOS

     Fazer uma leitura do enunciado para compreender a sua função na mensagem do texto.

  Analisar o adjunto adverbial, usando critérios de análise morfossintática como substituição, concordância, transitividade e etc.

  Elaborar outros enunciados, mudando o seguinte anterior e verificando o feito da estrutura sobre a informação nova.

  Apresentar uma nova proposta de ensino intradisciplinar com adjunto adverbial como sugestão para a compreensão da sintaxe no uso da língua materna.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

 

A língua padronizada é sistematizada pela gramática normativa, tem por finalidade estabelecer normas e regras no uso escrito ou oral do idioma. Do mesmo modo qualquer linguagem é um meio de comunicação deve ser respeitada. Mas ainda para alguns gramáticos a língua de prestígio continua sendo a língua culta, uma vez que essa é a detentora de classe menor e privilegiada. Ao passo que as variantes ou dialetos, são vistos com preconceito demonstrando que pertencem a classe inferior da sociedade.

Existem diferentes modalidades de uso da linguagem ou de uma língua natural do falante. Uma modalidade culta e bela; outra, as modalidades coloquiais, feias e vulgares porque em uso pelas mais simples do povo (FRANCHI, 2006, p13)

              A gramática normativa, por ser o registro das normas da língua, é obrigatória nas escolas desde o momento em que a criança é alfabetizada.

              Existem outras gramáticas da nossa língua que vão sendo aprendidas pela maioria das pessoas, mas na forma oral, a exemplo temos a gramática internalizada. É uma gramática que considera todo falante domina as regras básicas da língua, tendo-as na cabeça por estar dentro de um grupo social. Pode parecer estranho, mas a verdade é que se alguém é falante de uma língua, domina a respectiva gramática. Se os falantes da língua Portuguesa não tivessem esse conhecimento, não seria capaz de emitir e entender enunciados.

              Ensinar gramática será, portanto, ajudar o aluno a tornar consciente parte daquelas regras que ele já domina intuitivamente. Será também orientá-lo para que descubra as especificações da escrita, uma vez que essa forma de linguagem difere em vários aspectos da forma já conhecida, a linguagem oral.

              Discutiremos agora os três tipos de ensino da linguagem que são prescritivo, descritivo e o produtivo. Tradicionalmente o ensino da Língua Portuguesa preocupa-se em analisar a língua como produto acabando, como um sistema de normas e que tem de fixar sem fazer experiências no seu cotidiano. Esse tipo de abordagem pedagógica é o ensino prescritivo e fundamenta-se na gramática normativa.

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              Outra concepção do ensino é a descrição das estruturas gramaticais privilegia as aulas de análise sintática, análise morfológica. É o ensino descritivo que mostra ao aluno como a língua funciona, detalhando sua estrutura, forma e função. Por ultimo temos o ensino produtivo que oferece ao aluno habilidades de uso da língua adequadas a diferentes contextos, bem como sua organização, principalmente na produção escrita. O ensino é centrado no texto, partindo do principio de que a interação na comunicação se dá, não através da frase da frase, mas através do texto. A ênfase é dada á reprodução e a recepção de textos, como práticas discursivas.

              Conforme Travaglia (2008) a língua é entendida como um processo de interação humana, logo o primeiro objetivo desse ensino é desenvolver a competência comunicativa.

              Neste estudo sobre as estruturas simples com adjunto adverbial nas linguagens literárias, falada e escrita verificaremos com se dá o uso dessa entidade lingüística. No ensino produtivo o aluno deve ser capaz de criar palavras, orações e frases que são aceitáveis como uma construção da língua.

 

Vejamos alguns exemplos:

Linguagem Literária

Cidadezinha qualquer

(Carlos Drummond Andrade)

 

Um homem vai devagar

Um cachorro vai devagar

Um burro vai devagar

 

              No ensino produtivo o aluno pode transformar a frase “um homem vai devagar” por “homem vai depressa” ou “um homem vai depressa para casa” gerando nova informação. Na segunda frase “um cachorro vai devagar” pode ser modificada por “um cachorro vai devagar porque está ferido” ou “um cachorro vai devagar com seu dono”. Na terceira frase “um burro vai devagar” pode ser modificada por “um burro vai muito devagar” ou “um burro vai devagar na estrada”.

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Linguagem falada

A: Quero que comece a ajudar na casa agora.

B: O que devo fazer?

A: Pegue a vassoura e varra tudo

B: Levarei o lixo para fora, agora mesmo.

A: Talvez sua folga seja domingo.

(Uma mulher contratando uma empregada em: 14/05/09)

              Da mesma forma podemos modificar as frases. No primeiro exemplo “quero que comece a ajudar na casa agora”, pode ser alterada por “quero que comece a ajudar na escola amanhã”. A segunda frase “levarei o lixo para fora, agora mesmo” pode ser modificada por “levarei o lixo para a calçada a noite”, já a terceira frase pode ser transformada “talvez sua folga seja domingo” “você não folgará domingo” ou “certamente você folgará no domingo”.

Linguagem escrita

“Até que precisou roubar para alimentar o vício”

(trecho de uma reportagem da revista Época)

              Mas uma vez pode-se modificar as informações na frase “até que precisou bastante para alimentar o vício” ou “talvez até que precisou roubar para alimentar o vício” ou ainda “jamais precisou roubar para alimentar o vício”.

              O ensino produtivo desenvolve a capacidade lingüística e a competência textual. A primeira diz respeito á capacidade de o usuário, aluno empregar a língua nas diversas situações de comunicação. A segunda é a capacidade de o aluno produzir e compreender textos.

              Através da língua padrão escrita o aluno terá acesso à cultura de diversos conhecimentos vistos em livros, jornais e revistas. Também o ensino da língua deve ocupar-se do domínio da língua culta, conhecimento da variedade escrita (constituição e funcionamento) e desenvolver a capacidade de observar e argumentar sobre a linguagem. É importante lembrar que o aluno deve aprender a manipular a língua para depois falar dela.

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PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

9.1- MODALIDADE DA PESQUISA

              Esta pesquisa é do tipo descritiva, os autores Gil e Marcone & Lakatos são os mais citados por Richardson. Para eles, a questão central da pesquisa descritiva é o delineamento ou a descrição das características do fenômeno, das ocorrências. Na visão de Gil (2007, p44), a pesquisa descritiva: [...] tem como objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno, ou o estabelecimento de relação entre variáveis. [...] uma de suas características mais significativas está na utilização de técnicas padronizadas de coleta de dados [...] são descritivas aquelas que visam descobrir a existência entre variáveis. Para Marcone & Lakatos (2007 p189), a pesquisa descritiva: [...] consiste em investigação de pesquisa empírica cuja principal finalidade é o delineamento ou análise das características de fatos ou fenômenos, a avaliação de programas ou isolamentos de variáveis principais ou chave. Para Richardson (2008, p.66) a pesquisa descritiva é utilizada quando se deseja descrever as características do fenômeno.

9.2- CAMPO DA PESQUISA

              Os dados enunciados serão extraídos de textos falados, escritos e textos literários. O público alvo será formado por documentos escritores modernos, falantes nativos, e produtores de texto escritos na norma culta. As amostras deverá ser distribuídos em exemplário de fala, de escrita e de textos literários o objetivo é unificar as variáveis de tipos de frases, em que ocorrem o uso de entidade lingüístico – gramatical, e seu valor enunciativo.

9.3- INSTRUMENTOS DA PESQUISA

              Um caderno será utilizado para fazer anotações, diário de campo. Algumas sugestões que auxiliam na escrita das notas de campo, quais sejam - não adiar a tarefa, pois quanto mais o tempo passa, menos se lembra - registrar, antes de falar, para não confundir – escrever as notas em local sossegado e tranqüilo – dar – se tempo para escrever as notas.

              O diário de campo é definido como o registro diário de eventos e conversas ocorridas; das anotações em campo que podem incluir um diário, embora tendam a ser mais abrangentes, analíticas e interpretativas do que uma simples enumeração das ocorrências.

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9.4- CRITÉRIOS PARA O DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA         

              Serão analisadas de frases com uso da entidade lingüística selecionada, nas modalidades de uso (fala, escrita e literatura), depois serão analisadas as frases em que a entidade lingüística (sujeito etc.) ocorre suas variações.

9.5- DESCRIÇÃO DA PESQUISA

              Será por etapas a investigação. 1. Consultas à bibliografia em Travaglia, Paladino, Perini, Celso Cunha, Bagno. 2. Anotações de fala, de textos literários e de texto escritos na norma padrão culta, fazendo uma comparação entre as modalidades de uso. 3. Elaboração da fundamentação teórica. 4. Elaboração da metodologia. 5. Análise discussão e resultados dos dados. 6. Elaboração do projeto de pesquisa.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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CRONOGRAMA

 

Ações/meses

1

Preparação do assunto (escrever algo)

X

 

 

 

 

 

 

2

Seleção bibliográfica

X

X

X

 

 

 

 

3

Coleta de textos falados escritos e literários

X

X

X

 

 

 

 

4

Anotações de observações, diário de campo

X

X

X

 

 

 

 

5

Fichamento dos dados coletados 

 

 

 

X

X

 

 

6

Análise e sistematização dos dados coletados

 

 

 

X

X

 

 

7

Rascunho da primeira versão do projeto

 

 

 

X

X

 

 

8

Revisão da redação do texto final

 

 

 

 

 

X

 

9

Projeto de pesquisa

 

 

 

 

 

 

X

 

               

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FRANCHI, Carlos. Mas o que é mesmo gramática? São Paulo: parábola Editorial, 2008.

GIL. A.C. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 1981.

LAKATOS, Eva Maria – Metodologia do trabalho científico. São Paulo: Atlas, 1992.

 PALADINO, Valquíria da Cunha (org.). Análise Sintática: teoria e prática. Rio de janeiro: Freitas, 2006.

PERINI, Mário A. Sofrendo a gramática. 3ed. São Paulo: Atica, 2005.

POSSENTI, Sírio. Por que (não) ensina gramática na escola. 14ed. São Paulo: mercado de letras, 2005.

TRAVAGLIA, Luiz Carlos. Gramática e Interação: uma proposta para o ensino de gramática. 12ed. São Paulo: Cortez, 2008.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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