As estradas rurais e a erosão do solo

Freqüentemente há associação entre estradas rurais mal planejadas e a erosão do solo. Nesse sentido, o planejamento agrícola e ambiental deve, sem dúvida, traçar estradas de maneira a minimizar as conseqüências que elas geram para as perdas de solo por meio da erosão.

As estradas, geralmente, são locais em que o solo está compactado, ou seja, ele foi fortemente comprimido de forma que se torna uma superfície praticamente impermeável à água. Nessa direção, estradas feitas "morro abaixo", como a exposta na Figura 1, atuam fazendo com que toda a água que caia sobre ela e/ou que se direcione a ela, por exemplo, por partes mais altas do relevo, ganhe volume e muita velocidade o que aumenta seu poder de carregar partículas de solo, elevando, portanto, seu potencial de erosão.

Figura 1. Estradas traçadas no sentido da declividade do terreno ("morro abaixo") são grandes fontes de escoamento superficial de águas, que, por sua vez, gera erosão.

Fonte da foto: /www.tresorelhas.com.br/fotos/

Pela razão acima exposta, geralmente há grandes erosões denominadas, tecnicamente, de voçorocas próximas às estradas (Figura 2).

Figura 2. Voçoroca associada à estrada.

Fonte da foto: http://360graus.terra.com.br/

Frente ao exposto, como se deve planejar o traçado das estradas em uma área rural? Embora não haja uma resposta universal, algumas medidas podem ser tomadas como regras como, por exemplo, traçar essas vias nos divisores de águas, construindo ao longo da estrada lombadas (camalhões) e drenos que, respectivamente, retardam a velocidade da água, e não permitem o acúmulo de grandes volumes devido à drenagem em vários pontos. Desse modo, os drenos atuarão desviando pequenas quantidades de água e em baixas velocidade para os terrenos ao lado da estrada, de forma que a água ao atingir o solo vizinho à estrada, possa se infiltrar. Os drenos não devem estar distantes uns dos outros para não permitir muito acúmulo de água.

Outro modo, de evitar grandes erosões, é delinear a estrada de acordo com as curvas de nível, ou seja, essas vias devem ser traçadas em linhas de igual altitude, o que evita a aceleração que a água sofre em estradas em declive (Figura 1).

Uma outra maneira ainda, consiste em, ao fazer a manutenção de estradas rurais, não passar motoniveladoras para nivelar a estrada, ou seja, tirar o seu declive e alisá-las aprofundando-as. Ao aprofundar a estrada, ela passa a se tornar um dreno de convergência de fluxo de água das porções mais altas do terreno, assim, ela passa a acumular muita água que cai diretamente sobre ela, e também água oriunda dos terrenos mais altos que ela. Nesse caso, a operação de correção de estradas aprofundadas é bastante custosa, pois envolve muitas máquinas (caminhões, tratores e motoniveladoras) e consiste, basicamente, em adicionar terra à estrada para elevar o seu nível em relação aos terrenos e, além disso, deve-se colocar uma camada de cascalhos (pedras). Após isso, deve-se compactar a camada de terra e cascalho adicionadas. O cascalho serve para retardar a velocidade da água e proteger a estrada da sua própria erosão, ou seja, da água que escorre nela mesma carregando terra. Essas pedras grandes são úteis nisso, pois são muito pesadas a ponto de terem baixa chance de serem carregadas pelas águas do escoamento superficial.

Essas práticas, aliadas a práticas de conservação dos solos feitas dentro das propriedades agrícolas, certamente, agirão em sinergia para proteger o solo e a água, portanto, conservando esses valiosos recursos naturais.