Introdução

Cada vês mais, a questão educacional vem sendo enfatizadas de forma mais elaborada e construtiva dentro do processo de educação, a busca de um contexto significante, que possa satisfazer o educando em seu desenvolvimento e progresso dentro do ambiente escolar, está cada dia mais em constância busca de soluções e modificações que até então, muitas vezes, torna difícil chegar a um consensos de aplicabilidade e prática educacional.
Dentro, dessa forma incessante de encontrar soluções para a melhora da qualidade de ensino, onde muitas vezes os currículos escolares ficam obsoletos nesse contexto dessa nova perspectiva de uma educação mais qualificada, a busca de projetos de estudos para as instituições escolares em sua aplicabilidade direcionado ao aprendizado, apostar a não dificultar o processo de construção do conhecimento científico dos educados.
A arte do aprendizado se constrói, a partir de um ensinamento, onde nós seres humanos só podemos ensinar, se primeiro aprendermos, pois estamos em um processo freqüente de aprendizado, visto que, as informações que o mundo nos traz são de um aprendizado funcional, uma necessidade de sobreviver, de se manter, de satisfazer-se necessário dentro do processo da vida humana.
Com esses elementos, a construção do conhecimento científico, deve ter uma outra forma de compreensão, pois partindo de um ensinamento, onde o educando possa refletir, ter consciência crítica e debater sobre assuntos que fazem parte do currículo escolar ou conteúdo programático. Não se deve omitir fatos ou fazer simplesmente, que foi isso ou aquilo que realmente aconteceu dentro de um processo social, econômico, político ou religioso.
Na construção do conhecimento de História, é freqüente que muitos fatos históricos, tenham sido apresentados de forma imposta e incorreta, pois tivemos um processo de colonização, onde a construção de identidade representa uma diversidade de cultura, mas prevaleceram elementos regionais que se formaram no decorrer desse procedimento colonizador.
A partir dessa construção de identidade, muitos foram os fatos históricos, que tiveram importância nesse contexto de busca de uma estabilidade social, política, econômica e religiosa, sendo a educação ponto de partida, ou origem de construção, ou foco de insatisfação com governos e suas prática governamentais, que fizeram possíveis insatisfações e uma busca de uma melhora para a sociedade.
Esse pequeno relato exposto, de forma que possa dar um entendimento da necessidade de uma educação de qualidade, vem proporcionar uma analise da aplicabilidade dos livros didática em nossa educação, visando enfatizar as questões de suma importância na construção e identidade social do homem, visto que, normalmente os fatos que denominam uma transformação, e conseqüentemente uma mudança de comportamento, devem ser enfatizados com uma busca do núcleo de causa dessa ação.
A Revolta dos Farrapos, que aconteceu no século XIX, foi um fato histórico de grande proporção, pois tivemos no estado do Rio Grande do Sul, um governo Republicado que permaneceu durante dez anos. A abordagem, que vai ser explicitada no decorrer do trabalho vai demonstrar como um livro didático trabalha questão referente a esse acontecimento de suma importância, para o Brasil e especial mente o Rio Grande do Sul.





As Origens Rio-Grandense e suas Diversas maneiras de Expressão.

[...]. O lenço me identifica
qual a minha procedência
Da província de São Pedro
Padroeiro da querência [...].

Berço de Flores da Cunha
e de Borges de Medeiros
Terra de Getúlio Vargas
presidente brasileiro [...].

[...]. Sou da geração mais nova
poeta bem macho e guapo
Nas minhas veias escorre
o sangue herói de farrapo

Deus é gaúcho, de espora e mango
foi maragato, ou foi chimango [...].


As representações que buscamos em nosso passado, como origem, mostra os valores que cada homem tentou definir como um padrão para o período de sua manifestação, e na Guerra dos Farrapos, em busca de uma autonomia, não foi diferente, pois o governo do império luso não estava satisfazendo mais as elites luso brasileiras.
O povo Gaúcho se identifica, com os feitos dos homens do passado, suas glórias e derrotas que marcaram nossa História, demonstra um perfil de um povo que valoriza suas raízes e defronta-se com situações, que parece uma batalha dos tempos do passado, relacionando com o atual.
Essa identificação, sua busca de um paralelo a sua casa, ou até há um ponto referencial, demonstra a importância da Guerra dos Farrapos para a sociedade Gaúcha, pois a partir dela, as transformações puderam ser experimentadas, adquirindo um respeito de uma guerra que perdemos, mas demonstra a virilidade de um povo que busca as suas representações nesta ação e manifestação.
A música de Teixeirinha gravada por Osvaldir e Carlos Magrão, demonstra essa busca de identidade regional, onde a valorização dos elementos que compões a História do Estado. Partindo da colonização, com nomes de personagens que tiveram um destaque político dentro do Estado Rio Grande do Sul e no Brasil, do romantismo historiográfico, do herói farrapo, da religião e indumentária gauchesca, definindo expressões que denominaram grupos distintos dentro da sociedade Gaúcha.
Nessa concepção de regionalidade e identidade, a Guerra dos Farrapos ou Revolução Farroupilha, foi muito importante para o Rio Grande, e também para o Brasil, visto que, um governo Republicano permaneceu durante o governo imperial por dez anos no poder do Estado Rio-Grandense.
O Liberalismo, movimento que se manifesta no mundo a partir do século XVIII e inicio do século XIX, onde a busca de uma nova ordem está a definir o fim do absolutismo, e posteriormente um relacionamento social, onde definições de poder ficam a cargo dos Estados, com intenções de um poder institucional que possibilite autonomia e responsabilidades fiscais.

“Na doutrina liberal, as leis e constituições deveriam estar de acordo com os costumes e tradições, para garantirem a liberdade e serem respeitadas por todos, inclusive pelo próprio governo” (FLORES. 2003, p.89.)

As causas da Guerra dos Farrapos

Os elementos que deflagraram a Guerra dos Farrapos ou Revolução Farroupilha, foram em primeira instancia, por motivo das idéias liberais que estavam surgindo, como já foi mencionado anteriormente. A busca de soluções para um desenvolvimento do Rio Grande, foi o motivo de inserir uma forma de separatismo regional provincial em formato de federação.
“A federação garantiria a autonomia provincial, com eleições de seus governantes e com os impostos recolhidos permanecendo no local de origem” (FLORES. 2003, p. 89). Essa forma de governar produziria um desenvolvimento regional, que favoreceria a economia e o poder político do Estado com aplicação dos recursos internamente, e aumentaria por conseqüência o poder das elites estancieiras do sul do Brasil.

D. Pedro de Alcântara, não permitiu tal ação, pois desestabilizaria seu mandato absoluto, “[...] dissolveu a Assembléia a outorgou a Constituição de 1824, considerada pelos liberais como um instrumento do absolutismo do monarca, pelo uso do poder Moderador que podia dissolver a Câmara dos Deputados”. (FLORES. 2003, p. 90).

Com essas medidas adotadas pelo então Regente, os liberais não concordaram com tal forma e manuseio de exercer uma transformação na sociedade como se refere Flores “evolução orgânica” (2003, p. 90). Acreditando que, somente através da Revolução poderia alcançar o poder e descentralizar o poder absoluto do Império.
Com as manifestações contra a imposição do regente, os liberais dividiram-se em dois grupos: Liberais que defendiam as modificações do regime através das leis, denominando os Liberais Moderados (Chimangos), e os Liberais que defendiam a Revolução como único caminho para o separatismo (Farroupilha). Também na corrente liberal moderada, foi definindo-se outras denominações como, Chimango Monarquista e Chimango Republicano.
Percebemos uma definição bem elaborada, que mostra as causas da Guerra dos Farrapos. Acepção destes elementos mostra a verdadeira construção de uma ideologia em busca de um poder que está centralizado em um reino, onde não satisfaz mais as necessidades da elite Rio Grandense.

Livro Didático: um recurso ou uma omissão

O livro didático é um instrumento que possibilita ao educador situar-se dentro de um contexto resumido dos fatos históricos que aconteceram no universo e em períodos que modificaram as sociedades de todo o mundo.
Mas, infelizmente, muitos destes objetos de estudos, são distorcidos pelos livros didáticos, pois seus autores não trazem o conteúdo que fundamentam as ações de cada fato histórico, trazem átona elementos complementares, ou melhor, elementos que se formam a posteriori do fato que deu inicio a ação de manifestação, onde o conjunto de hipóteses, não condiz com a realidade que se em quadra o contexto inicial, mas no decorrer das implicações que este, a produziu.
Gilberto Cotrim destaca em seu livro História Global Brasil e Geral, quando se refere à Revolução Farroupilha, “Entre suas principais causas estavam os problemas econômicos das classes dominantes gaúchas” (1989. p, 325). Como o autor destaca um dos principais elementos da Guerra dos Farrapos, foi realmente a preocupação dos estancieiros produtores de gado e subseqüente o charque, mas outros elementos mais condensados tiveram uma importância maior que o charque.
Divalte Garcia Figueira em sua obra História: série novo ensino médio, ressalta a Revolução Farroupilha uma das mais importantes revoltas, visto que, foi conservado um Estado Republicano por dez anos em um período de governo imperial no Brasil.
Ainda destaca que por estar o Estado Rio Grandense próximo das Repúblicas do Prata, e o espírito guerreiro dos gaúchos , acostumados a constantes confrontos com os visinhos platinos, possibilitou a manutenção da Revolução. Come se refere Divalte:

“As condições para que isso acontecesse eram favoráveis: nessa região, o espírito republicano já estava consolidado entre amplos setores das elites e da população, devido à proximidade das repúblicas do prata” (FIGUEIRA. p, 175).

O autor não está errado com esse raciocínio, mas isso foi só a manutenção do conflito que legitimou as ações que foram tomadas a partir da Assembléia de 1823. Fundamentos que foram plantados e regados no decorrer dos anos a seguir, onde foram fomentadas as aspirações que decorreram até 1835 e eclodiu a Guerra.
Com a compra de charque das repúblicas do prata, os estancieiros gaúchos, reivindicaram uma taxação ao produto importado, visto que , era comprado por menos preço e desgraçaram os proprietários gaúchos. O governo atendendo as exigências de outras regiões taxou o charque gaúcho, impossibilitando sua venda.
Esse elemento é muito importante, mas esse fato aconteceu depois da revolta, pois o fechamento do porto de rio grande pelo exercito imperial, o escoamento da produção gaúcha teve um momento de crise no transporte do charque, onde via territorial o mesmo se deteriorava mais rápido.
Figueira ainda diz: “A medida provocou o descontentamento dos estancieiros do Rio Grande do Sul e acabou fortalecendo a propaganda dos farroupilhas, que pregavam o separatismo e a criação de uma república” (FIGUEIRA. p, 175).
Moacir Flores em sua obra deixa explicito que, os motivos reais eram, “Os liberais, com maioria na Assembléia, ocupando os principais cargos públicos e militares, fizeram a revolução porque queriam a igualdade política, isto é, o poder de decisão através dos sistemas federativos” (FLORES. 2003 p. 92).
Cotrim destaca que “Os estancieiros também lutavam por maior liberdade administrativa para o Rio Grande do Sul” (COTRIM. 1989. p, 325). A importância dessas relações dentro de um contexto de busca de poder e percepção de ações que foram praticadas são extremamente importantes, pois só tem a acrescentar um melhor entendimento para o educando. Visto que, dentro do processo de compreensão de Moacir Flores e Gilberto Cotrim, as sentenças se fundem e da perceber a profunda necessidade de maior expansão do formato de compreensão e entendimento por parte do educando.
Se um livro didático for manuseado com um melhor olhar para cada item em seu conteúdo, as possibilidades são variadas em buscar um entendimento para cada assunto que compõe o mesmo, em pequenas frases podemos demonstrar e provocar a curiosidade do educando, pois se existir uma possibilidade de ter um enigma a ser resolvido, acredito que o livro didático vai provocar a curiosidade do aluno em saber a real verdade sobre como tais fatos foram construídos.
“A insatisfação das elites gaúchas atingiu o auge quando o presidente da província, Antônio Rodrigues Braga, nomeado pela regência, fixou um imposto sobre as propriedades rurais” (FIGUEIRA. p, 175). Podemos perceber novamente que a questão política e de poder estava ligada, e não enfatizada como elemento principal que provinha para a Revolução, isto é, os motivos descritos acima, enfatizam idéias que possibilitem um levante para preservar uma autonomia que posa viabilizar as elites a um patamar mais acomodado dentro do quadro Social político Rio Grandense.
As informações que distorcem sobre certos fatos, descaracterizam todo o processo de compreensão e do emaranhado de informações contidas dentro do contexto estudado, por que, esta compreensão, embaralha-se ao acontecimento em outras fontes que demonstram as conspirações, o resgate de informações mais elaboradas pelos autores é fundamental, isto é, não pode colocar atribuições a nomes que estão nitidamente envolvidos em um processo maior.
Bento Gonçalves indicou, Antônio Rodrigues Fernandes Braga, um moderado republicano, para o cargo de presidente da província, que por influencia de seu irmão, Pedro Fernandes Chaves, passou para o partido Conservador, rompendo com Bento Gonçalves (FLORES. 2003 p. 90).
Como percebemos o nome do presidente da província foi indicado por Bento Gonçalves, entendo que foi um momento de instabilidade dos republicanos, visto que, o mesmo trocou de partido e pode ter provocado uma explosão de indiferenças que levaram para a Revolta, o que foi destacado acima como uma informação mais elaborada e não direcionada com causa já pré-estabelecida.

Conclusão

O livro didático é sem dúvida um forte aliado aos professores e educadores, mas os conteúdos tem que ter uma elaboração mais acentuada sobre conceitos, acredito que não podemos definir e prefixar isto ou aquilo sobre tais fatos, existe hoje uma nova concepção sobre entendimentos e uma busca constante mais próxima do fato real, então não podemos ainda ter livros que definam o que na verdade, necessita de um estudo mais elaborado sobre questões e conceitos.
Temos que ter textos que façam o educando indagar sobre tais assuntos, ter consciência que, o aluno deve ser estimulado a aprender, mas isso também tem que partir do ele vai ler, estamos em uma outra dimensão que fomenta e instiga a curiosidade desses futuros alunos.
Por que não escrever de uma forma que pergunte ao aluno o que realmente aconteceu em nosso passado, acho que seria uma maneira de promover uma leitura e busca de uma resposta mais convincente para entender o fato histórico, dar um caminho e outras bibliografias dentro do próprio texto para partir em busca da resposta.
Temos que deixar de ser tradicional e tornar-mos progressistas em uma ordem crescente de busca constante de elaborara conhecimento e transmitir provocando uma consciência crítica no aluno, desenvolver técnicas para suprir as necessidades de aprendizado, sempre com um espírito inovador e mudando essa concepção conservadora que até hoje está em nosso meio.
Acredito que um aluno possa desenvolver um entendimento com um livro didático, mas esse tem quem ter elementos direcionados há um pensar crítico, um pensar com sabor de achar alguma coisa nova, transformador, excitante e prazeroso. Será que podemos escrever assim? Acredito que é a única maneira de estar contribuído para verdadeira mudança no ensino.
Os fatos que foram desenvolvidos dentro da Guerra dos Farrapos, as causas que fizeram legitimar a Revolução e todo o contexto histórico que foi abordado, procurei ter uma visão construtiva que se possibilite um entendimento com frases que dizem respeito ao texto que foi estudado em sala de aula, em comparação com os livros didáticos que foram usados para analise do conteúdo já explicitado, acredito que foi possível encontrar aspectos que resultaram em uma produção adequada ao propósito da cadeira de História Regional.

Referências

COTRIM, Gilberto. História Global Brasil e Geral. 2. ed. São Paulo: Saraiva. 1989. p. 325.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Minidicionário da Língua Portuguesa. 3. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1993,
FLORES, Moacyr. História do Rio Grande do Sul. 7. ed. Porto Alegre: Ediplat. 2003.
FIGUEIRA, Divalte Garcia. História: série novo ensino médio. São Paulo: Ática. 2003.
OSVALDIR E CARLOS MAGRÃO. Osvaldir e Carlos Magrão. Rio Grande do Sul: ACIT, n/.Querência Amada, 3,52 min, Digital, Stério. 74032450.