As dificuldades do síndico iniciante..

Todo mortal esta sujeito a ser eleito síndico de um condomínio plano ou vertical. Principalmente quando ninguém quer candidatar-se. Os motivos que levam um individuo a aventurar-se nesta amistosa jornada são os mais variados. Uns vêem a isenção da cota condominial como estimulo, outros são reeleitos por pequenos feudos para proteção da família e da propriedade como ideal. Consta nesta lista o aspirante a mágico permanente, como também o general da reserva que após servir ao País com mão de ferro é virtualmente a melhor opção. Eleito ao término de uma tumultuada assembléia, onde dedo em riste é carinhoso. Ameaça de processo por difamação, acusações sumárias e pedido de prisão a este ou aquele dão o tom de civilidade entre os vivos presentes ao ato constituído. O síndico esta eleito! Uso o verbo estar, para exemplificar a situação do atual responsável civil e criminal do conglomerado em questão: Dizer que você é o síndico "eu sou o síndico" pode ser momentâneo. A partir desse instante só haverá um culpado pelos entraves que alimentam o dia a dia do condomínio. E aquele voto que decidiu e antecipou o final da assembléia possibilitando a maioria absoluta dos presentes pudessem acompanhar ao menos os últimos instantes da telenovela, poderá ser mais um voto para a sua destituição. O condomínio não difere se instalado em área nobre ou na mais humilde das periferias. Aqui ou acolá as janelas tornam-se varais, migalhas de pães, pontas de cigarro, latas de alumínio alçam vôos deslumbrantes até perderem altitude e pousarem em diferentes superfícies. Os inadimplentes vivem no 1º andar ou na cobertura. O seguro do prédio esta vencido, não há contrato de manutenção preventiva para os elevadores e bombas d'água. O desâmino é geral entre os funcionários. Pois bem! O Zelador, verdadeiro dono do pedaço, aquele que dá as cartas , paga as contas, faz a feira, recebe e despacha, sabe um pouco de tudo, formador de lobbies poderosos, espera ansioso pelo termino do pleito para poder manter as coisas em ordem sem ter que passar pelas experiências de mudar tudo. Como diz o ditado "time que esta ganhando não se mexe", e isso ressalta a necessidade de algumas ações firmes. Os inimigos que se cuidem. Nada muda nenhuma alteração. Não há planos, nem estratégias. O condomínio desde instalado sofre a ação do tempo, as unidades foram repassadas e a documentação repousa dentro das gavetas. A atualização geral não condiz com esse modelo de "deixar as coisas como estão". Então! O que fazer diante de tal situação?

Voltemos à postura tomada por 70% dos síndicos ao assumirem a nova titulação; Rigidez indevida a todas as medidas, o uso constante de bordões citando a convenção e o regimento interno para ter amparo legal. Pactos financeiros sugestivos e perigosos. Contam invariavelmente com a falta de interesse dos condôminos para ampliar o raio de ações arbitrárias e focadas na perseguição de inimigos pessoais.

A profissionalização da função tem sido uma alternativa para os condomínios se adequarem não só ao novo código civil e sim a uma conduta em que o conjunto de condôminos estejam representados por alguém que pratique a teoria do C.H.A ( Conhecimento, habilidade e atitude) usada no mundo corporativo com ótimos resultados. Essa metodologia não é nova e têm suas variações em todos os segmentos como tentáculos  soltos a procura de algo sólido para ancorar. O ponto contrário a essa opção é o receio do novo. Com critérios flexíveis visa à distribuição de tarefas e descentralização. O que dividiria o pseudo poder do rei, dando a todos os interessados a condição de participar do processo de identificação, discussão e solução dos problemas. Nem todos estão dispostos a implantar nada. O que motivaria o uso de novas ferramentas? Se o panorama reflete a falta de ações motivadoras. Para mudar o que esta dentro das gavetas é necessário conhecimento, obtido com a escolha de bons parceiros que abram mão dos 10% sobre todas as transações, diminuir o tempo de comunicabilidade tornando a resposta algo eficiente. No quesito habilidade buscar profissionais ou colaboradores que tenham afinidade com o projeto. Haverá custos. O que não impede a participação solidária dos mais variados profissionais que dividem a mesma área comum.O individuo discriminador, centralizador, intolerante e que após inúmeras gestões não se sensibiliza com termos que refletem o direito do cidadão é o melhor dos exemplos de síndico iniciante. Para sair dessa casamata o individuo tem inúmeras opções, freqüentar cursos de aprimoramento oferecidos por Universidades e portais especializados, participar das grandes feiras com palestrantes engajados e tinindo em conhecimento a serem compartilhados. Sites e publicações com artigos específicos que desnudam os segredos nas entrelinhas, e é bem verdade que alguns artigos se repetem, o que não prejudica em nada aos que querem sair desse estágio primário. Desnecessário saber de cor os artigos do Código Civil, porém a noção de estrategista e ótimo administrador são fundamentais. E somado a teoria do C.H.A, o importante é o grau de envolvimento do síndico e para tal é imprescindível disponibilidade de tempo para as deliberações com o corpo de conselheiros antes dos temas serem lançados a esmo nas Assembléias, tempo para questionar os funcionários, rever os projetos, fazer pesquisa de campo a procura de orçamentos que supram a modesta condiçãofinanceira e quem sabe por a mão na massa. Todos os síndicos gerenciam os condomínios a distancia, pois contam com uma estrutura assistencialista e negligente, como em um ensaio de passar a bola, e que a bomba estoure em outras mãos. São maus profissionais que alimentam a indústria da incompetência profissional ou medo de perder um cliente e seus 10%. Antes um mau cliente que paga, do que um supra-sumo devedor. E assim caminha o mundo dos condomínios. "Para uma cenário desolador como se encontram alguns condomínios, ter um síndico como Tim Maia seria o óbvio"( Mota,Nelson –o som e a fúria de Tim Maia-RJ; Objetiva,2007 )

Lucio José Feitosa

Colaborador

Síndico Profissional