Sou estudante e, como tal, sinto-me no direito de refletir um pouco a respeito e nossa educação. E, observando e pensando, sinto-a órfã. Falta-lhe algo que, pelo menos em meus tempos de ensino médio e fundamental, existia, parece-me, com mais abundância. Bem sei que existem inúmeros professores em escolas públicas e particulares, em universidades, cursinhos de idiomas, etc., que mantêm diariamente essa fagulha viva, às custas de muito esforço e dedicação. Mas ela está morrendo.

Eu falo de algo um tanto abstrato, mas, ainda assim, estranhamente palpável. É o amor pelo que se ensina, que se traduz em aulas nunca convencionais, e que vencem a monotonia, mesmo quando são baseadas no velho método expositivo. São situações em que você, mesmo quando está apenas parado, ouvindo, sente-se participando ativamente de uma conversa, porque ouve histórias e percebe a relevância delas.

Muitas vezes, é difícil (ou impossível) tornar um assunto divertido, e os que realmente percebem o valor do conhecimento (tenho pena dos que não o descobriram ainda) sabem enfrentar os desafios e manter o foco. Ainda assim, a paixão pelo ensino está desaparecendo. Nas aulas de faculdade e escolas de hoje, os slides tornaram-se o alicerce para os que não sabem o que estão ensinando. Ora, não sou contra a tecnologia em sala de aula, mas não consideraria a leitura em sala de alguns slides, seguida de uma breve explicação, uma verdadeira aula. Aliás, essa explicação, por vezes, parece mais uma repetição com palavras diferentes. É mais ou menos como fazem os comentaristas de futebol da televisão (que deveriam, há muito, ter feito alguns cursos ministrados pelos comentaristas das rádios, estes sim verdadeiros conhecedores do esporte). Penso que o mau uso das tecnologias tem estrangulado (ainda mais) a educação, que já respirava com dificuldade.

É verdade que há culpa em todos os lados: alunos e professores, em plena era da Internet, têm cada vez menos conhecimento. Basta ver o perfil das pessoas que saem formadas nos mais diversos cursos. Mas talvez sejam coisas de nossos tempos. Quiçá a era da informação represente, também, o declínio do verdadeiro conhecimento.