AS DIFERENTES FACES DA ESCOLA PÚBLICA

BERNARDINO, E.1; LIMA, A. 1; OLIVEIRA, N. R.1; PEREIRA, G. W.1; REIS, D.1; SALVUCCI, M.2; SARRAIPA, P. C. M. F.1; SILVA, D. T.1; SOUZA, A. F.1.

1 Graduandos da Faculdade de Filosofia da Pontifícia Universidade Católica de Campinas; 2 Professora titular da Pontifícia Universidade Católica de Campinas.


Palavras chave: Escola Pública; Bullying; Wallon;

Abstract: This article was written with the intention of showing some of the theories of scholars psychogenetic Walloon, Piaget and Vygotsky and inclusion in a formal educational environment, specifically in state schools in elementary and middle school. We observed the way in which teachers work the curriculum, how students assimilate the content and even the existing hierarchy within the institution. It will also be addressed bullying in public schools and state how this issue is handled within a school.
Keywords: Public Schools; Bullying; Wallon;


INTRODUÇÃO
Diferentes escolas foram observadas para elaboração desse artigo. Vamos fazer brevemente e de modo geral uma síntese das características das escolas pública observadas. Ao partilharmos os sentimentos e as observações realizadas na Instituição traçamos os seguintes aspectos:
Foi possível constatar que, em todas as escolas, os espaços físicos são de extrema ?zelosidade? ? na medida do possível -. Esses espaços procuram atender as necessidades dos alunos, conforme sua realidade e necessidade.

Constatamos que em 75% das escolas analisadas, a realidade social dos alunos são da classe pobre, dentre eles, alunos vindos de bairros afastados e até mesmo da zona rural. Os outros 25% se encaixam na classe média até a mais elevada por terem alunos vindos de áreas centrais ou que os pais possuem certo grau de poder financeiro elevado. Independentemente dessa realidade financeira, encontramos nessas escolas alunos de vários "modos", brancos, negros, pobres, ricos, bem vestidos e até mesmo sem roupas pra vestir, altos e baixos, educados e mal-educados, meninos, meninas, alguns ainda estão conhecendo a sua sexualidade, outros já se declaram dessa ou daquela tribo, enfim, jovens e adolescentes das mais diversas maneiras.

Feita as devidas colocações, foi possível observar, que em comum nas escolas observadas, todos presenciaram cenas do chamado "Bullying". Como citamos essa diversidade de "modos", é natural que alguns se sintam melhores ou mais importantes que os outros.



Análise e Resultados.

Intuitivamente, professores, pais e educadores percebem, no dia a dia, a importância dos laços afetivos no processo de educação.
Também no campo científico, muitas pesquisas caminham na direção de entender de que forma a afetividade se relaciona com a educação. Wallon, um educador e médico francês, que viveu de 1789 a 1962, deixou uma enorme contribuição neste sentido, e que hoje está sendo redescoberta pelos educadores.

Wallon atribui à emoção - que como os sentimentos e desejos, são manifestações da vida afetiva - um papel fundamental no processo de desenvolvimento humano. Quando nasce uma criança, todo contato estabelecido com as pessoas que cuidam dela, são feitos via emoção.
Entende-se por emoção formas corporais de expressar o estado de espírito da pessoa, manifestações físicas, alterações orgânicas, como frio na barriga, secura na boca, choro, etc.

Segundo Wallon, quando, em alguma situação da nossa vida, há o predomínio da função cognitiva, estamos voltados para a construção do real, como quando classificamos objetos, fazemos operações matemáticas, definimos conceitos, etc. Quando há o predomínio da função afetiva, neste momento estamos voltados para nós mesmos, fazendo uma elaboração do EU.

É só lembrarmo-nos das nossas experiências carregadas de emoção, como por exemplo, o nascimento de um filho, a perda de um ente querido, ou algo assim. No impacto da emoção, nossa preocupação é a construção que fazemos de um novo eu, a mulher que se transforma mãe, o esposo que se torna viúvo?
E dessa mesma forma acontece com os jovens e adolescentes que sofrem o "Bullying".
Vamos entender um pouco melhor do que se trata esse tal "bullying:
"Bullying". é uma discriminação, feita por alguns cidadãos contra uma única pessoa. Mas não é uma coisa simples, que se pode vencer de um dia para o outro. Bullying é um mal que se carrega durante um período da vida muitíssimo grande. Quando alguém diz que seu cabelo está estranho, você provavelmente vai correndo para o espelho mais próximo para se arrumar. Agora imagina duas, três, dez pessoas, todo o dia, falando mal do seu cabelo, de coisas que você não tem culpa por ter ou muitas vezes por não ter. Sim, isso seria completamente insuportável, quer dizer, sua alto-estima fica lá embaixo, e os malvados causadores do bullying seriam os heróis.
O que você faria? Se mataria? Sim, existem crianças que se suicidam, mas não com a idéia de que a vida delas é uma droga, e, sim, de que eu vou morrer porque sou feia e tudo que eles dizem é verdade.

"Quem agride, quer que o seu alvo se sinta infeliz como na verdade ele é. É provável que o agressor também tenha sido humilhado um dia, descarregando no mais frágil a sua própria frustração e impotência" (Maluh Duprat).

Apelidos como "rolha de poço", "baleia", "quatro olhos", vara pau entre outros; e atitudes como chutes, empurrões e puxões de cabelo são comumente vistas nas escolas. Alunos "esforçados" que geralmente sofrem represálias por parte de seus colegas em geral não por características físicas, mas também intelectuais são comportamentos típicos de alunos em sala de aula. Brincadeiras próprias da idade? Não. São atos agressivos, intencionais e repetitivos, que ocorrem sem motivação evidente e que caracterizam o chamado fenômeno bullying.
No Brasil, os estudos são recentes, motivo pelo qual a maioria dos brasileiros desconhece o tema, sua gravidade e abrangência. Contudo, dentre os países; Espanha, Argentina, México, Chile e Brasil, foram constatados que o Brasil se tornou campeão em bullying.

Sem termo equivalente na língua portuguesa, que expresse sua abrangência e formas de ataques, o tema desperta crescente interesse e preocupação entre os pais e profissionais das áreas de educação, saúde e segurança pública, devido aos prejuízos emocionais causados e por seu poder propagador, capaz de envolver crianças nos primeiros anos de escolaridade.

O papel da escola começa em admitir que é um local passível de bullying, informar professores e alunos sobre o que é e deixar claro que o estabelecimento não admitirá a prática - prevenir é o melhor remédio. O papel dos professores também é fundamental. Eles podem identificar os atores do bullying - agressores e vítimas. "O agressor não é assim apenas na escola. Normalmente ele tem uma relação familiar onde tudo se resolve pela violência verbal ou física e ele reproduz isso no ambiente escolar".
Já a vítima costuma ser uma criança com baixa auto-estima e retraída tanto na escola quanto no lar. "Por essas características, é muito difícil que esse jovem consiga reagir".

Uma das peças fundamentais é que este jovem tenha exemplos a seguir de pessoas que não resolvam as situações com violência - e quem melhor que o professor para isso? No entanto, o mestre não pode tomar toda a responsabilidade para si. "Bullying só se resolve com o envolvimento de toda a escola - direção, docentes e alunos - e a família".


CONSEQUENCIAS DO BULLYING

Quando não há uma atitude de prevenção e combate ao bullying, o ambiente escolar torna-se totalmente contaminado. Todos os alunos são afetados negativamente, inclusive as testemunhas, causando ansiedade e medo. Alguns alunos até se tornam autores de bullying, quando percebem que este comportamento agressivo não esta trazendo nenhuma consequência para quem o pratica.

Quem pratica bullying poderá levar a vida adulta o comportamento agressivo, reproduzindo as atitudes anti-sociais sobre a família ou no ambiente de trabalho. As medidas adotadas pela escola para o controle do bullying, se bem aplicadas e envolvendo toda a comunidade escolar, contribuirão positivamente para a formação de uma cultura de não-violência na sociedade.

A criança ou adolescente que é alvo de bullying, dependendo de suas características individuais e sua relação com o meio social, em especial a família, poderá não superar o trauma sofrido na escola. Poderá crescer com sentimentos negativos, baixa-estima, tornando-se um adulto com sérios problemas de relacionamentos, podendo assumir um comportamento agressivo, ou tender a depressão.


CONSIDERAÇÕES FINAIS

O ensino em escolas públicas vem melhorando dos anos 60 para a atualidade, mas ainda não está adequada para suportar os problemas que a sociedade trás, como a exclusão social, a indisciplina, a agressividade, a falta de estrutura familiar e de educação dos alunos e alunas acarretando ao grande problema em questão, - O Bullying.

Podemos observar isso na prática, indo à escola pública onde a situação dessas escolas é bastante precária e as aulas muitas vezes não são dadas corretamente, pois os alunos e alunas não se sentem interessados e motivados, alguns, acabando por abandonar a escola.

É preciso ter em mente que cada mudança proposta para o ensino leva tempo para a obtenção de resultados, assim sendo necessária uma visão mais privilegiada a esse requisito básico de um bom funcionamento de uma sociedade, a escola. Melhorias tanto na parte pedagógica como na parte administrativa do ensino publico são fundamentais para um bom rendimento do que se espera da escola, aquela mesma que em outros tempos foi rica qualitativamente.

Se a educação é um direito de qualquer cidadão, é direito dela também ter uma educação capaz de engrandecer e transformá-lo em um cidadão mais apto a pensar e mudar, para melhor, requisitos básicos de uma vida, seja ela coletiva ou particular.


Referências Bibliográficas


DUBET, F. ? École dês Hautes Études em Sciences Sociales ? Cadis, Université Victor Segalen 2 - Bordeaux. Tradução : Neide Luiza de Rezende.
GALVÃO, I.; Henri Wallon, Rio de Janeiro, Ed. Vozes, 1995.
LA TAILLE, Y. 1951 ? Piaget, Vygotsky, Wallon : Teorias psicogenéticas em discussão / Yves de La Taille, Marta Kohl de Oliveira, Heloysa Dantas ? São Paulo:Summus, 1992