AS CONTRIBUIÇÕES DA PSICOMOTRICIDADE PARA A PSICOPEDAGOGIA[1]

 

 Ivoneide Previati dos Santos

Graduadaem Licenciatura Plenaem Pedagogia pela UNISA – Universidade de Santo Amaro.

[email protected]

 

Resumo: A psicomotricidade é uma formação de base indispensável a toda criança, pois pode ajudá-la a organizar o seu próprio esquema corporal, percebendo a si mesma e o meio. Visando este propósito, este artigo tem como objetivo buscar informações teóricas sobre a psicomotricidade e suas contribuições para o atendimento psicopedagógico, além de ser um referencial para todos que atuam na área da educação. No referencial teórico abordaram-se aspectos significativos sobre a educação psicomotora e o desenvolvimento da criança. Buscou-se comprovar a interrelação entre a psicomotricidade e psicopedagogia. A psicopedagogia esta ligada a forma de ensino-aprendizagem, como o individuo desenvolve seu conhecimento, assim como psicomotricidade que visa o desenvolvimento integral do individuo trabalhando o corpo e a mente.

 

Palavras-chave: Psicomotricidade – Psicopedagogia – Ensino/Aprendizagem

 

Abstract: The psychomotricity is a basic essential to every child, because it can help her organize her own body, perceiving herself and the middle. For this purpose, this article aims to seek theoretical information about the psychomotricity and his contributions to the pedagogic psico support, in addition to being a reference for all who work in the area of education. On theoretical looked significant aspects on the psychomotor education and child development. He has been trying to prove the interrelation between the psychomotricity and psychopedagogy. The pedagogy is enabled the form of teaching and learning, as the individual develops his knowledge, as well as psychomotor aimed at the integral development of the individual working the body and the mind.

 

Key words: Psychomotor-Pedagogy-Teaching/Learning

 

 

INTRODUÇÃO

 

            Atualmente observa-se que existe um grupo maior de alunos que não consegue produzir e acompanhar ao restante do grupo, às vezes por uma incapacidade intelectual outras por motivos afetivos ou motores. Desta forma deixando os educadores desnorteados e sem ações adequadas para lidar coerentemente com tal situação.

            Este trabalho tem como objetivo refletir sobre estratégias que venham ajudar no atendimento psicopedagógico, atendendo o aluno integralmente.

            Por acreditar que a psicomotricidade auxilia neste desenvolvimento integral, pois o desenvolvimento psicomotor proporciona ao aprendiz, através de movimentos, novas aquisições intelectuais.

            Analisando a importância da psicomotricidade no desenvolvimento integral do individuo. O estudo aponta sobretudo destacar a construção de um novo pensamento voltado a educação e o papel da psicopedagogia no processo ensino/aprendizagem.

            Com base nos pressupostos teóricos que norteiam este trabalho faz-se o seguinte questionamento: as contribuições da psicomotricidade para a psicopedagogia?

            Para elucidar tal questão, este artigo tem como objetivo, aprofundar o conhecimento sobre os diversos significados que se pode ter da psicomotricidade e a psicopedagogia na educação.

            A metodologia aplicada caracterizou-se de forma bibliográfica descritiva, pois procurou explicar o tema abordado com base nas referências teóricas publicadas em documentos.

 

            A história da psicopedagogia e da psicomotricidade

           

            A psicopedagogia surgiu com a intenção de investigar os problemas de aprendizagem, dos quais a pedagogia não dava conta de resolver nas escolas. Na década de 60, os psicopedagogos começam buscando inicialmente, as causas do fracasso escolar, através da sondagem de aspectos do desenvolvimento físico e psicológico do aprendiz.

            Passa-se a ter uma visão integral do individuo, de forma a respeitar suas limitações e necessidades, trabalhando-o integralmente o físico, cognitivo e o afetivo.

            Já a psicomotricidade surgiu através de trabalhos realizados pela filosofia, biologia, e psicanálise. Obtendo uma visão de psicomotricidade, que tem como objeto de estudo o indivíduo humano, suas relações com o corpo, fazendo de seu estudo, um encontro de múltiplas idéias.

            Existem vários pesquisadores nestes estudos, entre eles Wallon, que em 1925 estudou a relação entre as emoções e certo comportamento tônico. O autor mostra a importância dos movimentos no desenvolvimento psicológico da criança. Sua visão psicobiológica influenciou os psicomotricistas que estudam o desenvolvimento motor e mental da criança. Auxiliando nos estudos relacionados ao conhecimento da criança, em seus aspectos intelectuais, motores e afetivos (COSTE, 1981 apud CIEPRE s/d).

No início, a psicomotricidade tinha seus estudos voltados para a patologia. Wallon, Piaget e Ajuriaguerre tiveram a preocupação de aprofundar esses estudos mais voltados para o campo do desenvolvimento. Wallon se preocupou com a relação psicomotora, afeto e emoção, Piaget se preocupou coma relação evolutiva da psicomotricidade coma inteligência e Ajuriaguerra, que vem consolidar as bases da evolução psicomotora, voltou sua atenção mais específica para o corpo em sua relação com o meio. Para ele, a evolução da criança está na consciencialização do seu corpo. (FONSECA, 1983 apud COSTA, 2012, p.26)

            Surgem então várias correntes e teorias, que enfatizam a reeducação das funções motoras perturbadas. Jean Piaget e Ajuriaguerra apud Gonçalvez (2009) enfatizam a função central da comunicação do tônus. O chamado diálogo tônico. Aperfeiçoa um método de relaxação com ajuda de certos conceitos psicanalíticos.

            Na história evolutiva da psicopedagogia e da psicomotricidade, a principio o foco era a patologia, devido a origem na medicina. Contudo, não ficaram só no espaço clínico, passou-se observar a prevenção, preocupando com a aprendizagem escolar oportunizando um trabalho psicomotor e psicopedagógico de base, prevenindo desvios e defasagens no processo evolutivo.

            É o corpo, eixo comum na prática da psicopedagogia e da psicomotricidade, porta-voz dos sintomas e sede dos problemas de aprendizagem e/ou psicomotores.

            Desta forma, tanto a psicopedagogia quanto a psicomotricidade estudam o sujeito em seu processo de construção integral, no qual o corpo, o movimento e os aspectos afetivos estão relacionados, podendo ser trabalhados através da reeducação.

 

Definições de psicomotricidade

De acordo com Gonçalves (2009), a psicomotricidade é uma ciência que estuda o ser humano em sua totalidade, nunca separando o corpo (sinestésico), o sujeito (relacional) e a afetividade, ou seja, ela busca por meio da ação motora, estabelecer o equilíbrio do individuo, conduzindo-o a possibilidade de encontrar seu espaço e de se identificar no meio em que vive.

Conforme Ajuriaguerra (1983), citado por Gonçalves (2009, p.21), “A psicomotricidade é a expressão de um pensamento pelo ato motor preciso, econômico e harmonioso”.

            Para a psicomotricidade o indivíduo, para aprender, precisa sentir, pensar e agir.

A psicomotricidade, como objeto de estudo, subentende as relações entre a organização neurocerebral, a organização expressiva da ação (entendida como praxia, motricidade ou movimento intencional) como um todo e sendo impossível conceber a sua execução (output) sem a sua planificação (input / elaboração). (FONSECA, 1993 apud GONÇALVES, 2009, p.22)

A psicomotricidade se estrutura em três pilares: o querer fazer (emocional) – sistema límbico, o poder fazer (motor) – sistema reticular e o saber fazer (cognitivo) – córtex cerebral. É importante que ocorra um equilíbrio entre eles caso contrario pode acarretar uma desestruturação no processo de aprendizagem da criança.

A motricidade tem a função de levar as experiências concretas até o cérebro, que fará a decodificação de cada estimulo e armazenará as informações sensoriais, afetivas e perceptivas que o individuo vivenciou.

Aleksandr Luria, psicólogo russo renomeado internacionalmente, foi um dos pioneiros no estudo da neuropsicologia. Traduz o funcionamento cerebral em sistemas funcionais e os dividiu em unidades funcionais ou neuroblocos.

Cada unidade funcional desempenha uma função específica na realização das ações, sendo elas indissociáveis no processo funcional cerebral, ou seja, uma depende da outra para organizar e integrar as aprendizagens.

Para Lúria, a maturação cerebral efetua-se, igualmente, através da emergência de sistemas funcionais, pondo em jogo e em interação sistêmica vários conjuntos de células neuronais bem específicos. É, portanto, a instalação de conexões neuronais provocadas pela aprendizagem que, sucessivamente, vai permitir a integração complexa da informação multissensorial, que ilustra a passagem da linguagem corporal à linguagem falada, e desta à linguagem escrita. (FONSECA, 2008 apud GONÇALVES, 2009, p.35)

Luria agrupou as bases psicomotoras em Primeira Unidade Funcional ou neuroblocas composta pela tonicidade e equilibração, Segunda Unidade Funcional composta pela noção de corpo, lateralização e estruturação espaço-temporal e a Terceira Unidade Funcional é composta pelas praxias global e distal.

Segundo Le boulch, citado por Oliveira (2002) o individuo passa por três etapas em seu desenvolvimento psicomotor, ressaltando que cada etapa possui aprendizagem própria, devido à evolução da maturação da criança e sua idade cronológica.

A primeira etapa refere-se ao corpo vivido, que ocorre ao nascer e até mais ou menos 3 meses de idade, na qual a criança apresenta uma motricidade reflexiva, conforme seu amadurecimento novas experiências serão vivenciadas obtendo um maior controle do seu espaço.

A segunda etapa trata-se do corpo percebido ou descoberto, ocorre dos 3 aos 7 anos de idade, é o ajustamento da primeira fase, mais controlado a criança aperfeiçoa e refina os movimentos adquirindo uma maior coordenação dentro de um espaço e tempo, passa a ter um controle maior de seu corpo.

A terceira etapa condiz ao corpo representado, ocorre dos 7 a 12 anos de idade, nesta etapa a criança chega a um espaço representativo, ampliando e organizando seu esquema corporal. Nesta fase não mais se centraliza, inicia-se o processo de descentralização, para a representação mental de um espaço, não tendo mais seu corpo como ponto de referência.

De acordo com a afirmação de Alves (2012, p.144) “A psicomotricidade existe nos menores gestos e em todas as atividades que desenvolve a motricidade da criança, visando ao conhecimento e ao domínio do seu próprio corpo”.

Sendo um fator essencial e indispensável ao desenvolvimento global e uniforme da criança. A estruturação psicomotora é a base fundamental para o processo de desenvolvimento intelectual da criança. O desenvolvimento evolui do geral para o específico.

No processo de aprendizagem, os elementos básicos trabalhados pela psicomotricidade são: O desenvolvimento do esquema corporal, da lateralidade, da estruturação espacial, da orientação temporal e da pré-escrita, sendo fundamental na aprendizagem, um problema em um destes elementos irá prejudicar o processo de aprendizagem.

Demonstrando a importância de um trabalho adequado nestas fases de desenvolvimento da criança, devendo ser respeitadas cada uma delas e de acordo com a maturação do individuo.

 

Contribuições da psicomotricidade

A psicomotricidade tem o objetivo de trabalhar o individuo com toda sua história de vida: social, política e econômica. Essa história se retrata no seu corpo. Trabalha também, o afeto e o desafeto do corpo, desenvolve o seu aspecto comunicativo, dando-lhe a possibilidade de dominá-lo, economizar sua energia, de pensar seus gestos, a fim de trabalhar a estética de aperfeiçoar o seu equilíbrio. Psicomotricidade é o corpo em movimento, considerando o serem sua totalidade. (ALVES, 2007).

Segundo Gonçalves (2009, p.15), “a psicomotricidade constitui um meio auxiliar na estruturação do desenvolvimento das crianças, ligando às experiências motoras, cognitivas e sócio-afetivas indispensáveis a formação do sujeito”.

A psicomotricidade pode favorecer um trabalho preventivo sanando possíveis lacunas deixadas durante o processo maturacional das crianças, compensando déficits decorrentes à privação de movimentos e da experiência lúdico-espacial.

A psicomotricidade serve como ferramenta para todas as áreas de estudo voltadas para a organização afetiva, motora, social e intelectual do indivíduo, acreditando que homem é um ser ativo capaz de se conhecer cada vez mais e de se adaptar às diferentes situações e ambientes. (ALVES, 2012, P.154)

De acordo com Oliveira (2002), os exames psicomotores é um instrumento valioso para detectar e medir a qualidade de alguns processos psíquicos que estão na origem de diversos comportamentos, utilizados por profissionais como psicólogos, psicopedagogos e neurologistas.

Os testes psicomotores avaliam de diferentes formas as funções do sistema nervoso, como as estruturas responsáveis pela regulação tônicas motricidade, as reflexas ou mais complexa e as de sensibilidade, sensorialidade, afetividade e as funções superiores. Não testando apenas as bases motricistas, mas também a de afetividade.

A maior contribuição do instrumento de avaliação é fornecer pistas para detectar e identificar crianças com dificuldade psicomotoras que estejam sendo prejudicadas em suas habilidades corporais e consequentemente em seu relacionamento afetivo com o meio. (OLIVEIRA, 2002)

A criança usa o corpo como ponto de referência para conhecer e interagir com o meio, quando há uma desorganização um desequilíbrio no mesmo, pode prejudicar seu desenvolvimento intelectual, social e até mesmo afetivo-emocional, pois não confia em suas potencialidades. Prejudicando também a aprendizagem escolar, visto que algumas habilidades psicomotoras são necessárias à aprendizagem e ao próprio desenvolvimento.

Conforme afirmação de Alves (2007), a inibição e o bloqueio psicomotor podem conduzir a criança a impassibilidade tornando se apenas observador do mundo ativo e espontâneo dos companheiros.

A harmonia do desenvolvimento com todos os seus componentes é tão importante quanto à aquisição de tantas performances em uma determinada idade. Não é exigir da criança uma corrida a sua aprendizagem, e sim desenvolver gradativamente seu corpo e sua mente de maneira equilibrada.

O movimento e o esforço muscular são fundamentais para a vida psíquica, permitindo a afirmação do Eu, tornando-o consciente de si mesmo e do mundo, superando os obstáculos que o mundo lhe opõe. A vida emotiva e a motora não são isoladas, uma completa a outra orientadas pelos elementos psicomotores.

  • ·         Esquema corporal
  • ·         Lateralidade
  • ·         Estruturação espacial
  • ·         Orientação temporal
  • ·         Pré-escrita, psicomotricidade fina ou coordenação dinâmica manual

Conforme Oliveira (2002, P.28) “uma utilização essencial para o exame psicomotor é fornecer a base para a formulação de estratégias para uma educação e reeducação mais adequadas”.

A educação psicomotora pode ser vista como preventiva, na medida em que há condições à criança de se desenvolver melhor em seu ambiente. É vista também como reeducativa quando trata de indivíduos que apresentam desde o mais leve retardo motor até problemas mais sérios. É um meio de imprevisíveis recursos para combater a inadaptação escolar. (FONSECA, 1988 apud OLIVEIRA, 1997,p.368)

A educação psicomotora tomou conta das clínicas de psicopedagogia terapêutica, como sendo a solução mais adequada para sanar as dificuldades de aprendizagem, que afetam as crianças no período escolar, principalmente na fase de alfabetização. (NEGRINE, 1986)

 

Educação psicomotora

A educação psicomotora deve ser considerada como uma educação de base na pré-escola. Ela condiciona todos os aprendizados pré-escolares. Leva a criança a tomar consciência de seu corpo, da lateralidade, a situação no espaço, a dominar seu tempo, a adquirir habilidades de coordenação de seus gestos e movimentos (OLIVEIRA, 1997, P.35)

Para Alves (2012), seria importante que todos os educadores tivessem como subsídio para as suas atividades a psicomotricidade, pois fariam com que a criança realizasse experiência com o corpo, sendo indispensável no desenvolvimento das funções mentais e sociais. Ampliando a confiança em si mesmo e suas possibilidades e limites, condições necessárias para uma boa relação com o mundo.

No trabalho da psicomotricidade, o papel do professor é de facilitador do desenvolvimento da capacidade de aprender, possibilitando a criança tempo para suas próprias descobertas. Oferecendo estímulos e proporcionando experiências concretas e plenamente vividas com o corpo inteiro, conduzindo ao desenvolvimento global.

A psicomotricidade favorece a aprendizagem quando reconhece que diferentes fatores de ordem física, psíquica e sociocultural atuam em conjunto para que se dê a aprendizagem. Trabalhando no ser humano, cada uma das etapas possibilitam-no alcançar a consciência corporal, a consciência do mundo que o cerca, o relacionamento deste com o seu corpo e com o que está ao seu redor. Proporciona ao indivíduo a capacidade de ser, ter, aprender a fazer e a fazer, na medida em que se reconhece por inteiro, alcançando a organização e o equilíbrio das relações com os diferentes meios e a sua distinção, relacionando-se com o mundo de forma equilibrada. (ALVES, 2012, P.153)

A educação psicomotora é indispensável nas aprendizagens escolares, e por esta razão deve ser proposta desde a educação infantil e não pode ser desprezado durante as séries iniciais. Pois ajuda a criança a organizar-se, propiciam-lhe melhores possibilidades de resolver atividades educativas, propostas como exercícios de análise, lógica, relações etc.

Le Boulch (1987) entende que a educação psicomotora antes de ser um método definitivo é um instrumento no contexto educativo, para questionar os problemas da educação da criança, de uma forma mais ampla.

Em diferentes práticas pedagógicas observa-se que o uso dos jogos na educação quase sempre se fundamenta nos estudos sobre seu papel no desenvolvimento. Talvez este fato já possa ser considerado suficiente para justificar a importância da atividade lúdica na aprendizagem, como recurso psicopedagógico. É interessante levar a criança a expor fatos vivenciados, fazendo uma ligação entre o imaginário e o real.

Segundo Winnicott (1975), citado por Alves (2007, p. 162) “é no brincar que a criança ou adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral e é somente sendo criativo que o indivíduo descobre o seu eu”.

De acordo com Alves (2012) é através dos jogos e brincadeiras, que serão realizados os primeiros ensinamentos para criança, preparando-a para a vida, para tornar-se um adulto em seu meio social.

O brincar e os jogos são fatores importantes no processo da psicopedagogia e na psicomotricidade, sendo necessária para o desenvolvimento da aprendizagem.

Ainda para a autora, o ideal seria que todos os educadores tivessem como respaldo para as suas atividades a psicomotricidade, para que as crianças realizassem suas experiências com o corpo, proporcionando o desenvolvimento das funções mentais e sociais.

Acredita-se que o exercício físico é necessário para o desenvolvimento mental, corporal e emocional do ser humano e em especial da criança. Através das atividades físicas busca-se educar o movimento, ao mesmo tempo em que se desenvolvem as funções da inteligência.

Para Negrine (1986) a expressão educar o físico é muito mais do que ensinar uma modalidade esportiva, mas sim melhorar o tônus muscular, melhorar a resistência aeróbia e anaeróbia de uma pessoa, é levá-la a dominar o corpo em toda a sua dimensão, desde movimentos mais precisos aos mais amplos, evidenciando controle neuromuscular.

Conforme Langlade, citado por Negrine (1986, p.15) “A educação psicomotora é a ação psicológica e pedagógica que utiliza os meios da educação física com o fim de normalizar ou melhorar o comportamento da criança.”

A psicomotricidade na educação física tem como objetivo propiciar ao educando o conhecimento do seu corpo, usando-o como instrumento de expressão e satisfação de suas necessidades, respeitando suas experiências anteriores e dando-lhe condições de adquirir e criar novas formas de movimento. (ALVES, 2012)

Na educação psicomotora a função do professor é criar desafios constantes e procurar reforçar toda tentativa de execução evidenciada pela criança. Pode-se dizer que mais importante é a tentativa da criança em executar um movimento do que o resultado por ela obtido. Uma sessão de educação psicomotora torna-se mais rendosa quando se consegue uma nova habilidade, por mínima que seja, pois isto representa uma vitória alcançada pela criança. (NEGRINE, 1986, p.19)

            Por fim demonstra que a psicomotricidade age como ciência que se dedica a compreender e auxiliar a relação entre o homem e mundo, de maneira a considerar os aspectos cognitivo, afetivo e motor da criança em seu processo de desenvolvimento e aprendizagem.

 

METODOLOGIA:

A pesquisa foi realizada sob a perspectiva qualitativa, ou seja, com base no levantamento bibliográfico com a identificação de fontes e documentos que possibilitou elucidar a problemática.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS:

Este artigo objetivou abordar sobre a contribuição da psicomotricidade para a psicopedagogia, no qual, o trabalho foi alcançado e confirmado através das pesquisas bibliográficas.

Sendo possível observar que a educação psicomotora vê a criança como um todo e, seu crescimento embora subdividido em aspectos específicos, deve ser global, abrangendo todo o desenvolvimento da criança, assim como a psicopedagogia que observa o todo do individuo para poder desenvolver suas habilidades no processo ensino-aprendizagem.

Portanto afirmando que a psicomotricidade serve como ferramenta para qualquer área de estudo voltada para a organização afetiva, motora, social e intelectual do indivíduo.

Concluímos que durante o desenvolvimento a criança enfrenta problemas, frente às situações novas que, se não forem sanadas, originarão em barreiras só transponíveis através de ações reeducadoras, como o trabalho psicopedagógico que visa solucionar o problema fazendo a criança enfrentá-lo através do brincar, dos jogos, da afetividade e criatividade, das crianças e educadores. Conforme afirma Costa:

Apesar de ser a reeducação uma ação fragmentada, é possível marcar uma intersecção no atendimento aos problemas de aprendizagem à medida que a esta é realizada pelo corpo do sujeito “psicomotor-cognoscente”, porque cognição e motor se interdependem no processo de equilibração. É o corpo, eixo comum na prática da psicopedagogia e da psicomotricidade, porta-voz dos sintomas e sede dos problemas de aprendizagem e/ou psicomotores. (2012, p.70)

Procuramos contribuir para os profissionais da psicopedagogia e da área da educação com propostas que utilizem a psicomotricidade no trabalho pedagógico. Visando a contribuição no desenvolvimento do educando, desenvolvendo suas habilidades e atendendo suas necessidades.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALVES, Fátima (org.). Como aplicar a psicomotricidade: uma atividade multidisciplinar com amor e união. Rio de Janeiro: Walk Editora, 2007.

 

______. Psicomotricidade: corpo, ação e emoção. Rio de Janeiro: Walk Editora, 2012.

 

CIEPRE. Psicomotricidade e Psicopedagogia. Disponível em: . Acesso em 10/11/2012

COSTA, Auredite Cardoso. Psicopedagogia e psicomotricidade: pontos de intersecção nas dificuldades de aprendizagem. Petrópolis, RJ: Vozes, 2012.

 

GONÇALVES, Fátima. Do Andar ao Escrever: Um caminho Psicomotor. São Paulo: Cultura RBL, 2009.

 

LE BOULCH, Jean. Educação Psicomotora: psicocinética na idade escolar. Porto Alegre: Artes Médicas, 1987.

 

NEGRINE, Airton. Educação Psicomotora: lateralidade e a orientação espacial. Porto Alegre: Pallotti, 1986.

 

OLIVEIRA, Gisele de Campos. Psicomotricidade: Educação e reeducação num enfoque psicopedagógico. Rio de Janeiro: Vozes, 1997.

 

______. Avaliação psicomotora: À luz da psicologia e da psicopedagogia. Rio de Janeiro: Vozes, 2002.

 

[1] Artigo redigido para Conclusão de Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Psicopedagogia – Centro Universitário Adventista de São Paulo-, na cidade de São Paulo - SP, 2012, sob a orientação da Profa. Dra. Lilian Cristine Ribeiro Nascimento.