CONSIDERAÇÕES SOBRE O LIVRO: PEDAGOGIA DA AUTONOMIA

O professor Paulo Freire, em seu livro Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática educativa (1996). Estabelece um conjunto de princípios que pode nortear a prática docente. O livro trás os seguintes tópicos para reflexão: Cap.1 Não há docência sem discência. Cap.2 Ensinar não é transferir conhecimento. Cap. 3. Ensinar é uma especificidade humana.

Não há docência sem discência.

Neste capítulo Freire ressalta que, a reflexão critica sobre a prática se dá através do comprometimento com a pesquisa, a sala como um ambiente criativo e autentico onde educador e educando, ora educam ora são educados, e desta forma os saberes são construídos, o professor não é detentor de todo conhecimento e deverá recorrer à pesquisa sempre que for necessário. A autonomia pelo conhecimento se dá através da liberdade na escolha da melhor forma de assimilar os conteúdos e no comprometimento de ensinar o pensar certo, isso exige do profissional uma atitude rigorosa com o seu trabalho buscando ter sucesso na sua tarefa de ensinar a todos.

Não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino. Esses que-fazeres se encontram um no corpo do outro. Enquanto ensino continuo buscando, reprocurando. Ensino porque busco, porque indaguei, porque indago e me indago. Pesquiso para constatar, constatando, intervenho, intervindo educo e me educo. Pesquiso para conhecer o que ainda não conheço e comunicar ou anunciar a novidade. (1996, p. 29,)

Ensinar não é transferir conhecimento

Segundo Freire o educador necessita de outros saberes, dentre eles o respeito aos saberes do educando para isso ensinar exige humildade educacional para entender o educando como cidadão que já possui uma leitura de mundo. Na sua prática cabe ao professor descobrir a melhor maneira de a partir do conhecimento cultural do aluno  ensinar o conhecimento escolar num processo onde o saber científico só será apreendido quando o conteúdo tiver significado na vida do educando. O que Freire enfatiza é a importância do apreender em detrimento da memorização, onde o aluno deve ser capaz de internalizar o conceito ou terá como conseqüência a reprovação. Freire nos ajuda a ver que o verdadeiro aprendizado se dá nas relações contextualizadas e que, devido ao bom entendimento, o conceito é transformado e trabalhado nas relações reais que envolvem a vida do aluno, numa atitude onde as tarefas do cotidiano permeiam a construção dos saberes escolares.

O respeito à autonomia e à dignidade de cada um é imperativo ético e não um favor que podemos ou não conceder uns aos outros... É neste sentido também que a dialogicidade verdadeira, em que os sujeitos dialógicos aprendem e crescem na diferença, sobretudo, no respeito a ela,... (1996, p.59- 60.)

Ensinar é uma especificidade humana

Por esta ótica a função do educador é: respeitar a leitura de mundo do aluno ajudando-o a descobrir novos saberes, ou também, sistematizar o conhecimento já apreendido, na sua realidade cultural, resignificando seu conhecimento.  O que se espera é que o professor capacite o aluno a entender o conteúdo escolar, instrumento necessário para que ele tenha mais oportunidade de sucesso, no decorrer da sua vida cidadã.

Meu papel de professor progressista não é apenas o de ensinar matemática ou biologia, mas sim, tratando a temática que é de um lado objeto de meu ensino, de outro, aprendizagem do aluno, ajudá-lo a reconhecer-se como arquiteto de sua própria prática cognoscitiva. (1996, p.124)

Desta forma, estes princípios constituem uma prática educativa que concebe educador e educando como seres inacabados e dialógicos e lhes oferece o direito a autonomia na construção de uma relação de reciprocidade democrática que respeite a relação professor - aluno em busca de um fazer pedagógico que realmente proporcione a aprendizagem. A prática educativa na visão de Freire é libertadora, pois liberta professor e aluno levando-os a buscar seu próprio conhecimento através da autonomia, que só acontece quando ambos obtêm consciência política e compreensão do mundo em que vivem. O professor deve entender que sua prática não é neutra e diretamente influi na visão do aluno, de como interferir no mundo, e se puder, modificá-lo.

CONSIDERAÇÕES SOBRE O TEXTO: FORMAR PROFESSORES COMO PROFISSIONAIS REFLEXIVOS

No progressivo desenvolvimento da "cultura reflexiva, (termo utilizado para referir-se ao estudo das teorias do conhecimento, adquirido através de atividades práticas). Destacam-se os conceitos de Donald Schön, filósofo e pedagogo norte-americano que tem centrado seus estudos sobre a formação docente.  Neste texto, o autor produz uma síntese genérica, aplicando as suas teorias à formação de professores (1992, p.11). Segue uma linha de argumentação centrada no saber profissional, tomando como ponto de partida a "reflexão-na-ação", que é realizada ao se defrontar com situações de incertezas, singularidade e conflito.

Este tipo de ensino é uma forma de reflexão-na-ação que exige do professor uma capacidade de individualizar, isto é, de prestar atenção a um aluno, mesmo numa turma de trinta, tendo a noção do seu grau de compreensão e das suas dificuldades (1992, p.82).

Donald Schön centra sua concepção no desenvolvimento de uma prática reflexiva, em três dimensões da reflexão sobre a prática: a compreensão das matérias pelo aluno; à interação interpessoal entre professor e o aluno; a dimensão burocrática da prática. (1992, p. 90-91).

  • A compreensão das matérias pelo aluno, traz consigo um saber que está presente nas suas ações, como ele compreende as propostas escolares, como interpreta as informações trazidas pelo professor. Este conhecimento adquirido está associado de certo modo ao enfrentamento das situações vividas revelando um conhecimento espontâneo, intuitivo. O conhecimento, portanto, é revelado por meio de ações espontâneas e habilidades.
  • Na interação interpessoal entre aluno e professor, Shön considera, como o professor se compreende ou compreende seu aluno, a partir do seu ponto de vista, diante de uma situação problema. Que qualidade de ação é produzida em meio às dificuldades sociais no cotidiano? Como pensa, reorganiza, reflete sobre a ação.
  • Para ele, a dimensão burocrática da prática tem suas implicações no cotidiano escolar, freqüentemente o sistema educacional impõe condições aos pensamentos e os fazeres da atuação do professor. Para Shön, essa burocracia é um componente que desencadeia um diálogo com a situação problemática que exige uma intervenção concreta. Considera que, nesse processo, o profissional envolvido, encontra-se constrangido pelas pressões do sistema. Portanto, exige uma reflexão maior do professor, sistematizando e analisando as múltiplas variáveis na procura da liberdade necessária a prática educativa.

Outra reflexão em destaque na fala de Schön é o distanciamento entre o fazer pedagógico reflexivo e a formação de professores. Há duas grandes dificuldades para a formação de um profissional prático reflexivo: a epistemologia Universitária e o currículo normativo. (1992, p. 91). É necessária, uma reflexão acerca da dificuldade acadêmica em desenvolver uma prática que vá de encontro à necessidade real do professor no interior da sua sala de aula, e como solução, sugere à formação contínua e o incentivo a pesquisa, onde os próprios professores documentariam sua prática, gerando observações e reflexões sobre suas ações, descrevendo um conhecimento que nelas está implícito.

 Então, é através da formação contínua, mediante a observação e a reflexão, que os profissionais descreveriam e explicitariam seus atos, posicionado diante do que se deseja observar, podendo encontrar novas pistas para a solução dos problemas que se apresentam. Deveríamos apoiar os indivíduos que já iniciaram este tipo de experiência, promovendo os contatos entre as pessoas e criando documentação sobre os melhores momentos de sua prática. (1992, p.91).

 Em fim, o que nos explica Schõn, e que a formação do profissional reflexivo exige um pensar crítico sobre a prática e, durante o processo, exercita o desenvolvimento da capacidade de reestruturar estratégias de ação, colocando em prova uma nova compreensão do problema. Apesar da racionalidade técnica que ainda domina o espaço acadêmico, a capacidade criativa do ser humano, ainda é um grande instrumento para a sua evolução.

CONSIDERAÇÕES SOBRE O LIVRO: A PRÁTICA EDUCATIVA

Como ensinar

A perspectiva que Zabala dotou ao fazer este livro foi, retirar alguns elementos que circundam a pratica educativa, argumenta que este campo é muito complexo e amplo, mas assume o risco de ser superficial a fim de estudar mais profundamente os pontos principais do assunto.  Este texto traz as principais considerações que Zabala ressalta sobre a prática educativa.

Mesmo não querendo dar a ultima palavra sobre o tema, Zabala propõem alguns critérios que contribui para articular a prática docente com o momento e situação social em que ele de dá. Ressalta o uso da reflexão pedagógica e de referenciais que permitam interrogá-la. Ele enfoca que ensinar é difícil, uma situação complexa que exige do profissional a capacidade de diagnosticar o contexto de trabalho, tomar decisões, avaliar sua atuação e reconduzir suas ações sempre que necessário (1998, p.10).

Ao refletir sobre a função social do ensino comenta; por trás de qualquer prática educativa sempre há uma resposta a porque ensinar e como se aprende (1998, p.33). A aprendizagem depende de características singulares de cada aluno, as suas experiências, histórias de vida, capacidades, motivações, é um processo singular e pessoal, por isso ressalta a importância de considerar a diversidade na sala de aula como eixo estruturador do trabalho pedagógico.

Explica a existência de dois referenciais básicos para análise da prática educativa; o modelo tradicional tem por função social a seletividade e o ensino e propedêutico em concordância com objetivos que dão prioridade a capacidades cognitivas, a concepção da aprendizagem que fundamenta tem fim acumulativo e critérios uniformizadores. O outro modelo tem função social compreensiva e formação integral, os objetivos e conteúdos visão desenvolver a capacidade de todos fundamentada pela concepção construtivista atendendo a diversidade dos alunos e respeitando seu processo de aquisição do conhecimento pela autonomia. (1998, p.49,50).

Porém, Zabala considera que devido as variáveis que envolvem o processo educativo é preciso considerar que a forma de ensinar não pode se limitar a um único modelo.

Assim, pois, a busca do modelo único, do método ideal que substitui o modelo  único tradicional não tem nenhum sentido. A resposta não pode se reduzir a simples determinações gerais. É preciso introduzir, em cada momento, as ações que se adaptem ás novas necessidades formativas que surgem constantemente, fugindo dos estereótipos ou dos apriorismos. O objetivo não pode ser buscar a forma magistral, mas a melhora da prática. (1998,p.51)

No momento, em busca de uma prática mais aprimorada a concepção construtivista é o modelo de ensino que melhor atende aos aspectos da diversidade e formação integral dos alunos e do professor. A atividade do aluno o torna protagonista do seu conhecimento, e junto com o professor, estabelece caminhos para uma ação que se constrói numa relação de diálogo e observação do conhecimento já adquirido e daquele que precisa ser assimilado. A intervenção do professor age na Zona de desenvolvimento proximal (Vygotsky, 1979) ajudando o aluno a ir além da sua capacidade superando desafios.

No seu estudo sobre a avaliação, Zabala explica que a função social da avaliação é ser um instrumento essencial para direcionar o processo da aprendizagem, tendo o cuidado de avaliar de diferentes formas verificando a capacidade de cada aluno, a avaliação, portanto ajuda o aluno a interpretar o seu próprio conhecimento. Diferente da avaliação sancionadora onde a função social é seletiva cabe aos alunos obter bons resultados a partir de uma rígida disciplina que o condicione a memorizar o maior número de conhecimentos possíveis, ou seja, não é o ensino que deve se adaptar ao aluno, mas o aluno que precisa se adaptar aos conteúdos. (1998, p.199)

Em fim, Zabala nos ajuda a pensar uma prática centrada no sujeito onde a função social da aprendizagem seja ensinar integralmente a todos considerando suas especificidades onde a avaliação é muito mais completa, pois entende que cada aluno  é um  sujeito em formação.

RELATOS DE PRÁTICAS PRODUZIDAS NA SALA DE ALFABETIZAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NO CENTRO COMUNITÁRIO CSE. REALENGO, RJ.

Como nos explica Schön o professor reflexivo é aquele que busca nos seus atos cotidianos um fazer pedagógico que vá de encontro às necessidades do seu aluno. Freire completa afirmando que é preciso espaço para dialogar, quer dizer: espaço para ouvir, espaço para conhecer, espaço para entender ou terá como conseqüência um trabalho improdutivo. Minha intenção é a partir da investigação do cotidiano da sala de EJA perceber elementos que indiquem a presença das concepções dos autores estudados.

Aconteceu com D. Rita uma senhora de 82 anos vinda da Paraíba. Planejei uma aula sobre ordem dos números, e falaria sobre antecessor e sucessor, para início de conversa, utilizaria a data reduzida que rotineiramente escrevia no quadro pensando ser o modo mais fácil. Percebi que Dona Rita copiava a data do quadro de maneira mecânica, logo comecei a explicar o significado de cada número, porém sua dificuldade era entender, por que julho correspondia ao mês 07, depois de muita conversa, resolvi usar os dedos e lentamente contar com ela, antes que eu terminasse, gritou. Já sei D. Fátima! Vou dize pra ocê os mêis! Cheia de alegria e segurança falou, Janeiro, Fevereiro, março, abriu, maio, junho, SANTO ANTÔNIO, SANTANA, setembro outubro.... Foi desta forma que entendi que nunca Dona Rita conseguiria apreender o que era data reduzida muito menos antecessor e sucessor se eu continuasse a ensinar sem perceber as interferências do seu saber cultural sobre o conhecimento novo e o quanto o saber já adquirido poderia interferir na sua aprendizagem de maneira positiva ou negativa. A partir daí quando coloco a data no quadro, respeito sua cultura se falo, Ainda estamos no mês de Santo Antônio que é Julho, porém logo entraremos no mês de Santana em agosto. Alargo sua possibilidade de compreensão do conhecimento escolar e dou valor aos seus saberes já apreendidos, sua leitura de mundo.  Freire defende a idéia de que ninguém ensina ninguém aprendemos em colaboração, uma colaboração ativa que exige do professor e do aluno uma atitude de pesquisadora frente ao conhecimento. Desta forma a autonomia se faz através do pensamento que ao evoluir cria, transforma, recria, esta proposta exige que se e instigue o aluno a dizer o que já sabe sobre o conhecimento para depois introduzir novos saberes.

A pesquisa evolui quando, ao descobrir o que o aluno sabe o professor o anima a se aprofundar, desenvolvendo nele um espírito de detetive sobre seu próprio conhecimento. Conversando com a turma depois de escolher o tema gerador saúde, percebi que havia entre eles uma aluna que gostava de lidar com plantas e julgava que sabia tudo sobre ervas medicinais. Venho então à idéia de construir um alfabeto de plantas medicinais, o interessante foi que, ao trazer o resultado da pesquisa sobre as propriedades medicinais do Alecrim para sala, onde, entre outros conhecimentos, constava o nome científico, as indicações e o modo de usar. Dona Alaíde, Carioca, 70 anos, exclamou. Nossa, eu que pensava saber tudo sobre as plantas. Quanta coisa eu não sabia!. O tema também foi oportuno para discutir as superstições, os preconceitos, os efeitos colaterais e os efeitos da alto-medicação. Dona Alaíde ficou responsável por trazer toda semana uma planta, respeitando a ordem alfabética. Seu interesse pelo conhecimento foi tanto, que ela tomou o cuidado de secar as ervas medicinais, possibilitando a colagem das mesmas no caderno. 

Nesta experiência observei que, o professor que busca ser um professor investigador exercitando sua capacidade reflexiva em prol do desenvolvimento da autonomia do seu aluno, precisa perceber o quanto esse aluno pode se tornar seu parceiro nesta busca, desta forma o processo educativo é acelerado, pois o conhecimento é construído com qualidade de forma definitiva. Esse saber ao ser apeendido promove um trabalho conjunto, onde professor orienta aluno que orienta o professor é a competência técnica sem a arrogância.

Sr. José, 49 anos veio de Pernambuco para o Rio de Janeiro a mais de trinta anos fez carreira numa empresa de ônibus, de ajudante à motorista, com a chegada das máquinas eletrônicas todos os motoristas tiveram que passar por uma capacitação e Sr. José não conseguiu ser aprovado.

Durante uma conversa ele disse: sou profissional experiente, mas quando vou fazer entrevistas nas empresas não consigo passar pela inscrição não sei preencher a ficha!. Sr. José tinha quase vinte anos de empresa e com o advento da modernidade perdeu seu trabalho, tem certificação escolar até a quarta série, mas na verdade é analfabeto funcional.

A escola que Sr. José conheceu praticava o modelo tradicional tão bem descrito por Zabala, conta que, quando errava a professora como punição usava uma palmatória, cansado de apanhar saiu da escola e só voltou adulto, por necessidade. Sr. José sofreu as conseqüências da função seletiva praticada na escola, a exclusão escolar daqueles que por motivos diversos não se enquadravam no modelo educacional vigente, priorizando alguns referenciais e esquecendo que nem todos têm as mesmas oportunidades. A dificuldade de Sr. José na escola se contradiz com sua vida profissional, ele dizia: Sei fazer de um tudo professora, menos ler e escrever, possui mais de cinco ofícios, porém suas habilidades pouco ou nada foram consideradas no decorrer de sua vida escolar.

A atividade que realizei com Sr. José foi uma reescrita de texto, após uma leitura frustrada, de um livro paradidático, pedi que ele escrevesse com suas palavras o que havia entendido do livro, percebendo sua dificuldade chamei uma outra aluna Cleia, 50 anos, Mineira, também analfabeta funcional para formar uma equipe móvel (Zabala. 1998 p.125).  Após alguns momentos de hesitação, começaram a produzir juntos e sem perceber conseguiram escrever cerca de três páginas sobre o livro, essa interação proporcionou-lhes auto-estima e fez com que a leitura e a escrita se tornasse uma prática possível.

Concluo utilizando as palavras de Freire, A atividade docente de que discente não se separa. È uma experiência alegre por natureza (1996, p.142) Por isso, a formação do professor reflexivo em favor de uma prática educativa que desenvolva seres autônomos, exige um educador ciente da sua tarefa transformadora. O relato destas experiências ajuda-nos a perceber no cotidiano da sala, as várias oportunidades de ações que exigem do professor ser um agente de mudança, reflexivo e um estudioso sobre a sua prática. Esta conscientização é o fator primordial para uma educação inclusiva e democrática.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A educação é uma forma de intervenção no mundo... Implica tanto no esforço de reprodução da ideologia dominante quanto o seu desmascaramento. (Freire. 1996, p. 98.).

Os três autores apresentados possuem concepções que muitas vezes se fundem ou se completa, a ideologia progressista deles abre-nos para uma prática pedagógica a serviço da humanidade. Apesar do aspecto utópico as propostas são possíveis de serem realizadas. Suas reflexões nos ajudam a não perder a esperança de uma educação efetiva que incluam as populações empobrecidas e historicamente excluídas no espaço escolar, é um caminho para a justiça social, neste caso, no trato com analfabetos. Por muito tempo a sociedade impôs a estes segmentos: mulheres, negros, idosos, nordestinos, jovens da periferia urbana um saber escolar agrupado em categorias e não por sentido (Schön. 1992 p. 81).

Freire, Schön e Zabala nos animam a pensar uma prática emancipatória e reflexiva, que promova o professor a planejar sua ação docente com propósito de romper com a exclusão forjada no processo educativo. Suas falas são pertinentes, pois possibilitam um olhar diferenciado para a educação.  Ao repensar a prática educativa como uma função social que influi diretamente no futuro do educando dão nova visão ao papel do professor como um estrategistas que usa seu planejamento, sua capacidade reflexiva e seu embasamento teórico para incluir a todos. Suas concepções visão promover uma escola que livre seus alunos da condenação de ocupar cargos subalternos na hierarquia social, onde a apropriação de sua força de trabalho acontece de forma cruel e desumana, conseqüência de uma prática pedagógica centrada na visão eurocêntrica do saber descontextualizada da realidade sociocultural do educando.

Em fim, este trabalho é uma visão micro, local de uma realidade global que atinge toda educação. O futuro das práticas escolares está diretamente ligado promoção de políticas públicas efetivas que garantam ao profissional mais espaço para refletir sobre a seu fazer pedagógico no cotidiano da sala.  Também destas práticas dependem nossos alunos, para obter uma formação comprometida com a autonomia, que desnaturalize lugares sociais e contribua para que milhões de pessoas possam romper de fato com o processo de exclusão e o analfabetismo.   

BIBLIOGRAFIA

FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia. Saberes necessários à prática educativa. 33º ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

SCHÖN, Donald. Formar professores como profissionais reflexivos in: Os professores e sua formação. (Org). De Nóvoa; Lisboa, Portugal, Dom Quixote, 1992, p.79-91.

ZABALA, A.. A Prática Educativa: Como Ensinar. Trad. Ernani F da Rosa. Porto Alegre. ArtM,  ed.,1998.