AS COMÉDIAS ROMÂNTICAS E A VIDA COMO ELA REALMENTE É

Assistindo agora o "trailer" do filme Plano B, lançado nos Estados Unidos como "The Back-Up Plan" e estrelado pela atriz Jeniffer Lopez, bateu-me uma pontada de azedume.
No filme citado, a protagonista chega a uma idade X, em que já se imaginava casada e com filhos, mas viu-se solteira e sem chances promissoras de um relacionamento sério. É então que apela para seu plano B, aquele mesmo que muitas de nós fazemos quando imaginamos um futuro sem maridos. A salvadora produção independente, que realiza nosso sonho da maternidade e evita termos que passar todos os Natais, para o resto da vida na casa dos parentes dando presentes aos filhos das primas.
Previsões do Armagedon à parte, após fazer uma insseminação artificial, ela encontra um mega gato por acaso e o acaso do encontro passa a repetir-se uma série de vezes. O restante a gente já imagina, após uma série de confusões eles se apaixonam, o cara fica feliz com o filho que ela vai ter e blá, blá, blá...
Agora olhando a vida como ela é (revivendo Nelson Rodrigues), depois de ter passado o fim de semana solitária (as amigas saíram para se arranjar), ter visto o mesmo filme na TV a cabo umas oito vezes e comido todo o estoque da geladeira e armário, assisto por acaso esse "trailer", idêntico a tantas comédias românticas pelos DVDs a fora (nada contra o filme mencionado), fico pensando: na vida de quem isso acontece?
Pode ser mesmo "azedume" de minha parte (o Sol convergindo no meu signo oposto, TPM, excesso de açúcar no corpo resultado do fim de semana de orgia alimentar), mas raciocinem comigo: o casal do filme se encontra por acaso (numa cidade grande) e a partir daí não param mais de se ver nas esquinas da vida; o bonitão se apaixona; ela se apaixona... Tudo muito lindo. Mas que diabo!!!
Será que sou uma grande azarada? Porque feia não sou. Nem mal sucedida. Nem unha encravada tenho. Se encontro um cara bonitão e desconhecido por acaso e ele olha para mim (não aquela olhada para pedir licença porque você está hipnotizada por ele e parada feito uma barata tonta no meio do caminho), a probabilidade de revê-lo alguma outra vez ainda por acaso é muito pequena (e olha que nem moro numa cidade muito grande). Agora, encontrar o "magnífico" diversas outras vezes e ele me reconhecer e, não vou nem dizer que se apaixone por mim, mas só peça meu telefone ou me dê um papo qualquer, isso seria surreal demais. Se acontecesse comigo, eu iria desconfiar e procurar as câmeras escondidas.
Na vida como ela é, ele teria dado uma olhada em mim no primeiro acaso e eu nunca mais o veria. Mas se o acaso fosse bonzinho comigo e eu topasse com o bofe outra vez, certamente descobriria que ele é comprometido, não gosta do gênero feminino ou simplesmente não gosta do "meu gênero".
Enfim, comédias românticas, embora gostosas de se ver, não são muito educativas no quesito "vida real". Então, se encontrar um "Brad Pitt" por aí, tente anotar a placa do carro, descobrir nome, endereço, CPF e mãos a obra, pois na vida, quase nada é por acaso.