1 AS CLASSES MULTISSERIADAS NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO DO CAMPO

 

 

SANTOS. Edineide da Cunha 1

 

 

RESUMO

 

 

O referido artigo teve como objetivo refletir a cerca do processo de ensino aprendizagem nas escolas do campo, que é como Classe Multisseriada, uma organização de ensino completamente ultrapassado. Esse arranjo, surgiu por conta da necessidade de levar educação escolar aos alunos dos setores rurais, nascendo a ideia da junção de crianças de diferentes séries e idades no mesmo ambiente com apenas um professor, ressaltando ainda que essa aula é ministrada em um espaço de tempo de quatro horas, com conteúdos diversificados, isto é, conteúdos adequados a cada ano escolar no qual se encontra o educando. O assunto em pauta foi desenvolvido por meio de um estudo bibliográfico, através do método descritivo das ciências humanas. Diante desse apanhado, o que pode observar é que o ensino na escola do campo se apresenta de maneira fraguimentada, com isso o ensino no setor rural deixa muito a desejar e tanto educando quanto educador se tornam vítimas dessa má estrutura que se encontra o ensino do campo.

Palavras Chaves: escola, educação rural, Classe Multisseriada, professor, aluno.

ABSTRACT

The article aims to reflect about the teaching learning process in schools of the field, which is how multisseriate Class, an organization teaching completely outdated. This arrangement arose from the need to bring education to the students of rural areas, being born the idea of joining children from different grades and ages in the same room with one teacher, while emphasizing that this class is taught in a space of time four hours, with diverse content, that is, appropriate to each school year in which the student is content. The subject matter was developed through a literature study, by the descriptive method of the human sciences. Given this overview, which can observe is that teaching in the field school presents itself fraguimentada way with this teaching in the rural sector leaves much to be desired and as an educator educating both become victims of this bad structure that is the teaching of field.

Key words: school, rural education, multisseriate class, teacher, student.

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1 Graduada em Licenciatura Plena em Pedagogia, pela Faculdade de Itaituba - FAI

INTRODUÇÃO

As classes multisseriadas nasce no contexto da educação do campo como uma solução para levar educação formal ao setores rurais que na maioria das vezes não há muita crianças para formação de uma turma seriada, e de acordo com os padrões do sistema é obrigatório haver uma quantia siguinificativa de alunos para que se torne possível regulamentar a matricula de todos perante Lei. No entanto, o que se pode perceber é que essa nomenclatura de ensino se torna complexa tanto para professor quanto para o aluno, ou seja, dificulta o processo de ensino aprendizagem.

O referido artigo foi desenvolvido por meio de um estudo bibliográfico, onde foi possível observar por meio de leitura de livros, artigos e revistas que o processo de ensino aprendizagem no setor rural ainda tem muito que melhorar, e que para que isso se torne possível cabe ao poder publico, responsável pela educação buscar medidas cabíveis para melhorar o desempenho do processo educacional no setor rural. Para melhor embasar esse ponto de vista foi analisado o ponto de vista de autores que realmente lutam por uma educação de qualidade aos alunos do campo, dentre eles pode é possível citar: Salomão Mufarry Hage, Maria Cristina Moiana de Toledo, Miguel Arroyo e muitos outros que também defendem essa causa tão justa.

Nesse ponto de vista, o que e busca é entender o porquê de não haver aos alunos do campo uma educação de igual ou melhor teor que a dos alunos do setor urbano, se pretende ainda reaver a concepção de que todos tem direito a uma educação de qualidade, pois o que se percebe é que na realidade rural na é em comparação ao que se prega.

O referido estudo foi desenvolvido com intuito de conhecer a realidade do contexto educacional nas escolas do campo, como se dá o processo de ensino e o porquê de tantas indiferenças quando o assunto está relacionado a levar educação de qualidade aos alunos de classes multisseriadas. O estudo está divido em Introdução; desenvolvimento, que aborda a temática Classes Multisseriadas no contexto da educação do campo, que se apresenta subdividido em: surgimento das classes multisseriadas, classes multisseriadas no Brasil e no Pará e por fim a conclusão.

1PROCESSO HISTÓRICO DAS CLASSES MULTISSERIADAS: Brasil e no Estado do Pará

1.1  SURGIMENTO DAS CLASSES MULTISERIADAS

 

 

A classe multisseriada (ACM) surgiu no contexto educacional como uma estratégia favorável para implantar a educação formal no setor rural, isso se deu devido à grande carência de formar classe seriada, e por esse motivo surgem as multisserie, junção de diversas séries dividindo um mesmo âmbito escolar.

Classe Multisseriada é uma organização de ensino nas escolas rurais para agregar educando de duas ou mais séries/anos em uma mesma sala, com apenas um (a) professor (a), historicamente as classes multisseriadas tornaram-se uma estratégia para solucionar o acesso à escolarização de um número reduzido de crianças e jovens presentes no campo.

Segundo o (MEC- MOPFEE) Manual Orientações Pedagógicas para Formação de Educadoras e Educadores (2009: 23), “passou a ser conhecida como multisseriada para caracterizar um modelo de escola do campo que reúne em um mesmo espaço um conjunto de séries do ensino fundamental”. A partir dessa afirmação, se pode perceber que esse modelo de escola define a forma de organização mais típica da escola do campo.

Sabe-se que o modelo que tem predominado na historia brasileiro é constituído, quase que em uma totalidade em classes multisseriadas, considerando ainda que a educação do campo sempre esteve em segundo plano, limitando-se ao ensino das primeiras letras.

Censo escolar 2006 apontou a existência de cerca de 50 mil estabelecimentos de ensino nas áreas rurais com uma organização exclusivamente multisseriada, com matricula superior a um milhão e estudantes, configurando uma urgente necessidade de apoio técnico e financeiro por parte da união e estado.A precariedade da educação oferecida às populações do campo se apresenta de forma mais visível nas escolas multisseriadas uma vez que estas se constituem nas escolas do campo (MEC- PROJETO BASE/ CE: 2006)

É preciso enfatizar que as classes multisseriadas passam por diversas situações visíveis no decorrer do processo de ensino-aprendizagem. Essa organização requer a competência do poder público como uma possibilidade em prol de melhorias para o educando do campo, e é a partir desse pressuposto que é possível acreditar em uma Educação do Campo favorável no desenvolver de sua aprendizagem, pois o educando do campo merece uma escola padronizada com professores capacitados e materiais pedagógicos de qualidade, melhorando assim a visão da escola rural, isto é, as classes multisseriadas é uma realidade completamente distorcida de educação, é uma precariedade total que vivenciam os alunos do campo.

Essa realidade tem gerado, ao longo dos anos, uma situação de precariedade em que viveu e ainda vive a escola do campo, seja em relação à estrutura física, seja pelo o insuficiente grau de formação do professor. Constituído essencialmente por sala multisseriada ou unidocente, essa escola se caracteriza por possuir uma sala e ter um só professor que ministra aula para quatro séries iniciais do Ensino Fundamental no mesmo local e ao mesmo tempo. (TOLEDO, 2005: 6)

Em consequência da ausência de professores, alunos e materiais pedagógicos necessários ao atendimento dessas escolas, só tem reforçado desde o surgimento até os dias atuais a ideia de que para estudar é melhor ir para a cidade, deixando assim uma enorme lacuna na Educação do campo.

MEC-MOPFEE (2009: 25) “apenas reforça que os alunos do campo acabam por deixar o setor rural devido à falta de estrutura na educação”, a escola do campo é fechada, e esses alunos acabam passando por diversos transtornos culturais, sociais, econômicos e educacionais causados pelo fechamento da escola e pelo translado desses educando para outra localidade.

A escola do campo, definida em classes multisseriadas passa por diversos entraves encontrados por professores (as) e alunos.

                                      A escola do campo, onde se faz viva classe multisseriada, historicamente foi sustentada por políticas compensatória garantindo, quando muito uma manutenção mínima de incentivos e recursos [...]. O sistema educacional sustentou muitas vezes uma escola sem paredes e sem tetos, ocupando as residências das (os) educadoras (es), os salões paroquiais, os centros comunitários. (IBID: 23-24)

         

Essa é uma realidade bem presente no cotidiano da educação do campo, sendo esta apenas mais uma das dificuldades que passam professores e alunos da área rural, dificuldades estas vivenciadas que torna a educação do campo precoce e em muitas vezes o professor se subdivide, deixando a desejar no âmbito educacional, essa qualidade revela que nas escolas do campo o professor vive em total condição de abandono.

Em uma pesquisa recente sobre as classes multisseriadas, Hage (2008) apud MEC- MOPFEE (2009: 24), “destaca que os desafios mais prementes que as (os) educadoras (ES) enfrentam em sua atuação nessa escola é o isolamento.”.

            Vale ressaltar que as classes multisseriadas constituem em uma forma de organização que precisa ser discutida e encarada com muita seriedade, pois supõe uma visão critica na busca de novas estratégias que traga melhores condições necessárias para uma educação de qualidade aos educando do campo.

[...] é preciso pensar também que tratar do direito universal à educação é mais do que tratada presença de todas as pessoas na escola; é passar a olhar para o jeito de educar quem é o sujeito deste direito, de modo a construir uma qualidade de educação que forme as pessoas sujeitos de direitos, capazes de fazer a luta permanente pela conquista. (SILVA e PEREIRA apud CALDARTE, 2004:27).

O que se busca nessa tentativa de compreensão é tentar sensibilizar as políticas publicas em prol da educação do campo, para que possa se robustecer, ganhar espaço e forma para que o ensino do campo seja visto com igualdade. Para que essa modalidade venha ser de fato reconhecida pelos Três Poderes e que os mesmos possam elaborar Leis que façam valer os direitos a população do campo a terem uma educação de qualidade.

Por outro lado, o trabalho das (os) professoras (es)  também precisam ser visto de maneira cautelosa, pois os mesmos tem uma tarefa árdua no cotidiano educacional como professores de classes multisseriadas, por esse motivo precisa de políticas adequadas para o campo que possa valorizar o trabalho do professor (a).

Diante de tantas dificuldades em relação ao trabalho desenvolvido pelos professores, vê-se a gratidão dos mesmos quando seus alunos conseguem ter um bom desenvolvimento na aprendizagem e com isso o educador (a) sente se prestigiado por ter alcançado seu objetivo, e o maior orgulho de um educador e ver seu aluno lendo e escrevendo.

 

 

A função social do professor esta posta nesta totalidade. Como umaprática social, a função docente articula-se com a nova do capital, mediante os papéis que ela cumpre, no sentido de transformar ou legitimar as políticas educacionais em curso, demandas pela nova ordem mundial. [...] tomando-se a realidade como um todo estruturado, orgânico em permanente transformação, pode-se dizer que a função do docente é o todo em um determinado momento, epor isso é concreta, um fato histórico, não uma abstração, da mesma forma que a nova sociabilidade capitalista é concreta, real, dialética. (REIS, S/D)

 

 

A escola rural, dentro do contexto educacional deve merecer uma atenção especial, tento em vista as particularidades que a envolvem, bem como a sua dinâmica peculiar, considerando que o meio rural tem leis próprias na união do trabalho e da produção, além de existir simultaneamente valores culturais e de competência especifica de seus membros.

Mediante a tantos problemas, observa-se que sociedade rural precisa urgentemente de uma política púbica voltada para educação, pois essa política deve esta fundamentada nos princípios da sociedade, da cidadania, da justiça e do direito a uma educação de qualidade. A educação não pode ser deslocada da realidade e nem pode ser imposta da cidade para o campo, promovendo o transplante da população do campo para periferia da cidade.

A educação deve ser implantada nas escolas do campo de forma ampla que venha favorecer o educando do campo de forma geral, deixando o educando do campo a vontade para que se possa obter um bom desenvolvimento educacional.

A escola do campo deve ser um ambiente acolhedor e cheio de propostas pedagógicas para manter aluno motivado a participar das aulas e com isso ter participação assídua, pois só a partir desse pressuposto que possivelmente as classes multisseriadas no contexto da Educação do Campo podem vir a ter uma nova nomenclatura de ensino e passem ser vista como um ambiente educacional de qualidade, onde os educando frequentaram por prazer e não por obrigação é essa proposta de ensino que tem que ser pensada com urgência, é um parecer preciso e que realmente pode vir solucionar inúmeras, situações nas escolas rurais.

 

A escola devera ser um lugar muito diferente de qualquer que tenha visto ate o momento. Devem ser agradáveis. Da mesma forma que as lojas bem administradas, restaurantes, teatro, elas serão bonitas, soarão bem, cheirarão bem. Os estudantes devem vir à escola não porque serão punidos por ficarem longe delas, mas porque serão atraídos. (SKINN, apud BARBOSA, 2011:29)

 

 

A classe multisseriada no contexto da educação do campo foi uma das formas mais favorável encontrada para levar à educação formal a população do campo, devido o numero reduzido de alunos esse modelo de ensino foi a estratégia mais favorável para formação de turmas no setor estudantil rural. Embora haja inúmeros obstáculos, porém ainda é uma maneira pela qual algumas escolas do campo continuam de portas abertas.

Contudo, as classes multisseriadas, precisam passar por uma reformulação para que não venha futuramente desaparecer completamente do contexto da educação do campo. A CM está completamente fundamentada no processo educacional da população do campo. O procedimento de ensino-aprendizagem nas classes multisseriadas precisa ser analisado cautelosamente pelos órgãos públicos, juntamente com famílias e professores em busca de estratégias favoráveis para que os povos do campo permaneçam em suas localidades e possam desfrutar de uma educação de qualidade em um ambiente propício.

 

 

1.2 EDUCAÇÃO DO CAMPO E AS CLASSES MULTISSERIADAS NO BRASIL.

No ano de 1500 quando os portugueses chegaram ao Brasil trouxeram um modelo de educação religiosa, os missionários jesuítas implantaram o sistema educacional nas colônias, das quais tinham como objetivo disseminar entre os povos indígenas e demais povos das colônias o serviço de evangelização através do ensino religioso (catequese) e a educação escolar. (NEMI, 2009:10).

Segundo Nemi, esse modelo de educação predominou por muito tempo nas colônias indígenas, onde esses indivíduos eram alfabetizados pelos jesuítas, porém, com a chegada de Marques de Pombal esse modelo foi abolido e os jesuítas expulsos das colônias indígenas.

Nessa concepção vê-se, que desde os primórdios da educação do campo, ela apresenta desigualdade culturalmente histórica, totalmente dissociada. E de fato acredita-se, que tenha contribuído muito para o fracasso da educação do campo e consequentemente para o atraso do país.

A educação do campo surgiu no Brasil 1500, mas só veio suprir efeito no Brasil por volta de1917, como um instrumento para conter a migração rural-urbana, que começou a ser vista como um problema da época. Teve grande impulso durante todo o Estado Novo, juntamente com as campanhas sanitárias. Surgindo em um contexto opressão e exclusão da classe dominante sobre pessoas que vivem no campo. (NEMI, 2009: 14)

No artigo 216 da Constituição Federal Brasileira 1988, esta garantida a identidade dos grupos que constituem a sociedade.

Constitui patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referencia a identidade, a ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem: (EC/nº 42/2003) I- As formas de expressão; II- Os modos de criar, fazer e viver; (CF, 1988 Art. 216)

Observa-se que, independentemente dos cidadãos residirem na área urbana ou rural, o tratamento da educação rural perpassa o direito de todos, isto é, eles têm totais direito a uma educação de qualidade e o total respeito pela sua cultura. Diante desse ponto de vista Arroyo (1999: 35) afirma que:

É preciso romper com dicotomia campo cidade (moderno-atrasado), afirmando o caráter mutuo da dependência: rural ou urbano, campo ou cidade não sobrevive sem o outro, ou seja, um depende do outro para total funcionamento.

A responsabilidade educacional de trabalhar a realidade rural no Brasil não pode ser negada e esquecidas pelas instancias públicas, por meio de seus poderes constituídos, em uma sociedade que se dizem organizar pais por princípios democráticos. MEC- MOPFEE (2009:13) ressalta que:

Movimentos e articulações em defesa de um projeto educativo adequado as características do meio rural vem se desenvolvendo desde a década de 1930, no contexto do debate da universalização das políticas públicas. No entanto foi a partir da Primeira Conferencia Nacional Por uma Educação Básica do Campo, realizada em Luziânia (GO), em 1998, queesse movimento incorporou o conceito de Educação do Campo. Esse encontro defendeu o direito dos povos do campo as políticas públicas de educação com respeito às especificidades, em contraposição as políticas compensatórias da educação rural.

As políticas educacionais tratam o urbano como parâmetro e o rural como adaptações, ou seja, acabam por esquecer que os educando do campo tem uma cultura e uma identidade que precisa ser moldada, a partir de novas estruturas de ensino voltadas especialmente para a realidade do campo. E que os mesmos necessitam de uma metodologia de ensino próprio que atende as suas necessidades e dificuldades de aprendizagem, e isso só será possível se partir a iniciativa de pessoas que realmente conhecem a realidade vivenciada no cotidiano estudantil das classes multisseriadas.

E para que essa ideia venha ter êxito, se faz necessário compreender o ambiente rural como uma das diversas heranças culturais que convive a população brasileira, e cabem os órgãos públicos juntamente com as instituições de ensino, elaborar programas curriculares, capacitações, oficinas pedagógicas e realmente buscarem fazer a diferença na Educação Rural.

1.3 EDUCAÇÃO DO CAMPO E AS CLASSES MULTISSERIADAS NO PARÁ

Neste contexto, que se insere o Estado do Pará, com uma realidade sócio educacional que não se difere da de outros Estados da Amazônia e do Brasil. O Estado do Pará também passa por inúmeros transtornos relacionados a Educação do Campo.

A Educação do Campo na Amazônia Paraense especificamente em alguns municípios deste vasto território perpassa pelo molde de educação rural [...] na exploração de recursos naturais e humanos. (HAGE, 2004: s/p)

Entende-se que o modelo de educação desenvolvido na Amazônia esta voltado completamente à cultura de campo, onde o educando tende a valorizar seus hábitos e cultura, buscando recursos que venham lhes favorecer através do cultivo e riquezas naturais oferecidas por sua região, ou seja, em algumas localidades rurais as escolas trabalham a realidade do campo, onde os alunos aprendem a desenvolver habilidades relacionadas ao trabalho e vida no campo, portanto, sua aprendizagem formal esta completamente voltada as atividades rural.        

Percebe-se, que ainda há muito a ser feito para mudar essa concepção de educação do campo, e cabe as secretarias buscarem métodos que venham despertar o interesse desses educando a permanecer no campo. Buscando projetos que leve a modernização ao meio rural, como recursos tecnológicos, capacitações, áreas recreativas, escolas bem estruturadas e cursos profissionalizantes.

Para Hage (2004: s/p),“entender é compreender a referencia de ensino em escolas multisseriadas é imprescindível saber em que ela esta fundamentada”, ou seja, acredita-se que a multisserie fundamentou-se na seriação da zona urbana, mais porém devido às grandes dificuldades encontradas no meio rural, como formação de turmas, falta de professores, deu-se a criação de uma nova estrutura de ensino chamada multisseriadas, na qual se reúne todas as séries do ensino fundamental menor dividindo assim a mesma sala de aula, tendo apenas um docente para atender todos os níveis de ensino.

Percebe-se então que não a difere do modelo de escola do campo trazida ao Brasil pelos jesuítas. As escolas multisseriadas estão todas fundamentadas e classificadas com uma mesma nomenclatura, seja ela onde for, Pará Amazonas. Norte e Nordeste do país estão implantados as classes multisseriadas e todas com as mesmas definições e objetivos.

As classes multisseriadas constituem-se na modalidade predominante de oferta do primeiro seguimento do ensino fundamental no meio rural do Estado do Pará, ou seja, é uma modalidade de ensino que favorece o educando do campo nas séries iniciais. As classes multisseriadas, estão presente na educação rural, já que numa boa parte dos municípios brasileiros a maioria no norte, o ensino municipal abrange prioritariamente a zona rural.

Acredita-se que essa é a grande realidade da educação do campo, no estado do Pará. Isso se dá devido à grande distância entre as comunidades e sedes, com estradas intrafegáveis, obrigando assim as secretarias manterem uma escola na comunidade, onde o aluno reside, pois o mesmo tem direito a educação de qualidade, como afirma a Constituição Federal de 1988, no Artigo 205 que “A educação, direito de todos e dever do estado”. E o inciso I do mesmo Artigo subscreve que “Igualdade de condições para o acesso e permanência na escola”.

Mas por outro lado percebe-se que são apenas leis, e que elas jamais irão servir para moldar a educação do campo, pois para que isso se torne realidade, cabe ao poder público pensar em desenvolver atividades favoráveis e relacionadas ao bem estar da educação do campo, pois a grande realidade do campo dá-se devido a falta de interesse do poder público, ou seja, para cortar gastos e por amizade acabam por colocar pessoas totalmente desqualificadas para ministrar aula para esses alunos que tanto necessitam de um profissional de qualidade, esquece que o colegiado do campo necessita de profissionais capacitados que realmente saibam desempenhar um trabalho como educador.

Vale ressaltar ainda que, além dos profissionais desqualificados, muitas vezes as estruturas dos prédios são inadequadas, falta de materiais, falta de apoio da supervisão escolar para dá suporte aos professores, falta de materiais pedagógicos e muitas vezes falta da merenda escolar, devido ao difícil acesso. 

Outro elemento preocupante nas classes multisseriadas é acumulo de tarefas dos professores, eles têm inúmeras atividades e por conta disso, acabam por acumulá-las e isso muitas vezes leva o docente a não desempenhar um bom trabalho, deixando assim a desejar como profissional da educação.

O educador de classe multisseriada se desdobra para conseguir desempenhar o seu papel com louvor, porém isso é impossível, pois sozinho ele jamais poderá, porque é uma tarefa árdua e as energias aos poucos se esgotam, e equilibrar-se nessa reta paralela é quase que impossível, ele tem inúmeras atribuições tornando assim muito difícil seu trabalho como mediador do conhecimento. Toledo afirma que esse fato é pouco lembrado nas pesquisas sobre educação e enfatiza ainda que o professor vive em uma corda bamba.

O professor das classes multisseriadas acabou por apresentar-se como um malabarista no sentido de desdobrar-se e equilibrar entre as variadas atribuições que lhe foram impingidas e é o professor que consegue mediar aprendizagem para até dezoito crianças simultaneamente. (TOLEDO, 2005: 06)

Percebe-se que, além de todas as dificuldades enfrentadas, ainda há um grande desafio enfrentado pelo professor, onde o mesmo tem que atuar no âmbito escolar como: professor, servente, vigia, psicólogo, médico e além de todos esses obstáculos falta parceria entre escola e família, em muitos casos falta apoio da equipe pedagógica, por esses motivos, o professor deixa muito a desejar no seu papel principal.

Vê-se, portanto que, a classe multisseriada passa por inúmeras dificuldades, porém, é uma realidade paraense, querendo ou não esse foi o meio encontrado para mediar esse aprendizado. Oportunizando assim os educando a serem alfabetizados, tornando assim sujeitos ativos.

Cabe ressaltar ainda que, esse modelo de educação esta voltado completamente à cultura do campo, onde o educando tende a valorizar seus hábitos e cultura, buscando recursos a que lhes venham favorecer através do cultivo e riquezas naturais oferecidas por sua região. Portanto, ainda há muito a ser feito para mudar essa concepção de educação do campo, e cabe às secretarias buscarem métodos que venham despertar o interesse desses educando a permanecer no campo.

Diante de tantos entraves que sofre os educando das classes multisseriadas paraense, ainda há uma grande falta de apoio dos responsáveis legais por esse setor educacional, essa realidade esta visível, não precisa pesquisar fazer levantamentos de dados e tabulação para que se comprove esse fato, estatisticamente falando, a um percentual muito grande de famílias que abandonam seus lares na zona rural em busca de melhores escolas para os filhos na cidade.

Através de dados levantados pelo Censo Escolar (INEP: apud CNEB 2002), pode observar que a educação do campo no estado paraense está presente em 141 dos 143 municípios do estado do Pará, veja:

[...] no Pará, os dados indicam que 11.936 classes são multisseriadas, o que representa mais de 50% do total da região Norte, que contempla 22.936 classes, é quase 10% do total do país que soma 124.990 classes. Convém ressaltar que 99% dessas classes estão situadas na zona rural e distribuem em 141 dos 143 municípios do estado. 

Então, por conta desse número de escolas rurais, acredita-se que muitas delas funcionam como classes multisseriadas, principalmente nas áreas ribeirinhas e localidades distantes da sede.

De acordo com os dados acima, 99% das escolas paraenses são rurais, no entanto, não significa que em todas elas funcionam classes multisseriadas, então essa é uma realidade de quase todas as cidades do Pará, ou seja, isso se da por conta da renda municipal dessas localidades serem baseada na agricultura, pecuária e extrativismo. Mas como pode se observar as classes multisseriadas no estado do Pará representa mais de 50% por cento em toda a Região Norte.

O quadro abaixo mostra que o estado do Pará é o que mais se concentra escolas rurais, ou seja, de todos os estados localizados na Região Norte, este é onde se encontra um número muito expressivo de escola do campo, comprovando assim os dados estatísticos do Projeto de Pesquisa GEPERUAZ. (Grupo de Estudo e Pesquisa em Educação do Campo na Amazônia).

Quadro 1: turmas multisseriadas na Região Norte no ano 1998- 2007

REGIÃO/

ESTADO

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

REG.NORT.

22.841

23.300

23.271

23.041

21.997

21.495

21.005

20.811

19.984

19.299

RO

31.140

2.908

2.666

2.492

2.216

2.012

1.703

1.637

1.227

712

AC

1.140

1.298

1.363

1.431

1.392

1.452

1.459

1.540

1.523

1.409

AM

3.914

3.916

4.182

4.399

4.301

4.367

4.410

4.535

4.749

5.136

RR

488

554

554

587

561

519

560

511

457

420

PA

11.504

10.803

12.022

11.843

11.375

11.231

10.983

10.803

10.324

10.026

Fonte: GEPERUAZ (2007)

Então, de acordo com esses dados é possível sim, falar com respaldo que as classes multisseriadas predominam em quase todas as cidades do estado Pará, isso significa que quase todas as localidades paraenses perpassam por inúmeras agonias referentes ao processo de ensino aprendizagem, assim também como as demais regiões brasileiras onde e encontra classes multisseriadas.

CONCLUSÃO

De acordo com esse estudo bibliográfico foi possível entender a cerca do contexto educacional em turmas multisseriadas, contribuiu de forma bastante positiva para formação pessoal e profissional, pois só é possível entender a grande responsabilidade de ministrar aula ou ser aluno em classe multisseriada quando de uma maneira ou outra você vivencia a realidade dessas pessoas que participam desse cenário que ainda se encontra a educação rural.

Mediante essa realidade é possível repensar meios que possibilitem os alunos do campo prioridade no ensino e que os mesmos possam gozar dos mesmo direitos dos alunos da área urbana, com escola padronizada, professores capacitados e que seja possível haver mais atenção dos responsáveis pela educação desse alunos que vivem na área rural.

Enfim, cabem aos responsáveis pela educação, pensar com carinho em projetos voltados para melhoria e qualidade do ensino em classes multisseriadas, capacitar profissionais que realmente farão a diferença nesse processo que tanto necessita de atenção, investir mais nas estruturas dos prédios, mandar para as escolas mais matérias pedagógicos, prestar de forma geral assistência ao professor e aluno, estas são simples providencias necessária e que fará a diferença para aqueles que necessitam dessas escolas funcionando adequadamente, ou seja, isso se faz necessário ao aprendizado do educando e é de total responsabilidade dos que estão à frente do setor educacional do município buscar meios que positivamente venha suprir efeito imediato a educação rural.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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GEPERUAZ. Grupo de Pesquisa em Educação Rural da Amazônia. Classes Multisseriadas: desafios da educação rural no estado do Pará/ Região Amazônia. Belém- PA, 2003.

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