A Humanidade progrediu tecnologicamente de maneira extraordinária  nas últimas seis décadas mas, embora tenha conquistado o espaço, aperfeiçoado a comunicação, descoberto a cura de doenças perniciosas e penetrado na estrutura do DNA, o homem avançou muito pouco no aspecto moral, chegando, inclusive, em alguns casos, a regredir.

Prova disso é a forma como alguns direitos fundamentais têm sido manipulados  por homens que detém o poder, ao sabor de interesses nem sempre confessáveis. O direito à vida, por exemplo, tem sido sistemática e vergonhosamente violado em vários pontos do nosso planeta. O sagrado direito das crianças à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à dignidade e à liberdade vêm sendo desrespeitado em quase todos os países, conforme relatório da ONU. Os direitos das mulheres também vêm sendo igualmente ignorados. E essas violações, apesar dos tratados e convenções,  de tão frequentes acabam se transformando em meras estatísticas.

Dentre os vários tipos de violações, o tráfico humano e a exploração sexual infantil ainda  acontecem, vergonhosamente,  em pleno século XXI. A ONU estima que existam cerca de 4 milhões de mulheres vítimas desse tipo de crime em todo o planeta.Comprar e vender mulheres, como escravas sexuais, tornou-se um negócio bastante lucrativo no  mundo inteiro.  E essas pessoas, depois de escravizadas,  não conseguem se manter vivas por mais de quatro anos, mortas por doenças sexualmente transmissíveis, inclusive a AIDS, por overdoses ou  por infringirem as regras impostas pelos traficantes. Lamentavelmente esse “negócio” criminoso surgiu como  trágica reação à transição econômica que ocorreu nestes últimos anos na Europa Oriental.

Os homens, porém, especialmente os que detém o poder, não podem continuar mantendo uma atitude de indiferença  diante de tão trágico panorama em todo o mundo. Os governos e a sociedade  precisam combater, de modo mais efetivo e sistemático, com todos os recursos possíveis, esse crime que enodoa a nossa civilização, concentrando esforços para acabar com essa chaga que corrói a Humanidade.

Urge encontrar-se mecanismos universais capazes de assegurar a fiel observância dos direitos contidos na Declaração Universal dos Direitos Humanos em todos os recantos do nosso Globo, garantindo o cumprimento de seus dispositivos em toda a sua plenitude.    Sem isso, o progresso tecnológico, destinado a oferecer maior conforto ao homem, em nada contribui para o seu desenvolvimento moral. E mesmo conseguindo a proeza de caminhar no solo da lua ou operar o coração de um feto no ventre da mãe, continuaremos moralmente tão primitivos quanto os nossos antepassados pré-históricos.