UNIVERSIDADE REGIONAL DO CARIRI-URCA

IRINEU CORREIA DE OLIVEIRA











Ensaio







As Bucólicas de Virgilio: relação ao passado e o presente




Crato, 2009





O interesse da presente pesquisa reside na necessidade de abordar o nosso conceito sobre a obra completa das "Bucólicas" de Virgilio, propondo uma análise pessoal, analisando, pois, a simplicidade da obra com alusões a fatos e do tempo do império romano e a importância da obra.
Este ensaio é, portanto, antes de tudo, um reencontro prazeroso com o passado que eu considero muito rico, tendo destaque de fazer um estudo pessoal sobre a importância das Bucólicas e sua contribuição aos longos dos tempos.
A estrutura deste trabalho consiste em introdução, desenvolvimento, apresentando argumento em favor da preposição a demonstrar, demonstrando se as premissas são verdadeiras e por fim, a guisa de conclusão.
Pablius Virgilius Maro nasceu no dia 15 de outubro do ano 70 antes de Cristo ou, seja, no ano 684 da fundação de Roma, em Andes (um vilarejo situado perto de Mântua), no consulado de Pompeu e Crasso. Sua filialidade é de pais camponeses, filho de Magia Póla e Virgilius, mas eles esforçaram bastante para darem estudo. Virgilius estudou com Pertêmio, o grande filósofo epicurista. Virgilio, no início da vida do poeta, escreveu nos muros do coliseu, deixando Augusto muito elogiado, e quis conhecer o autor, mas quem se apresentou foi um tal Batilo, este foi recompensado, deixando Virgilio irritado, então Virgílio escreveu debaixo dos verso para o tal Batilo completasse. Virgilio a comprovar que tinha sido ele que escreveu foi homenageado pelo imperador Augusto. Ele viajou pela Grécia e pela Ásia, aperfeiçoando os conhecimentos intelectuais, falecendo em Brindesi.
As Bucólicas são poemas pastoris, formadas de 10 églogas (cantos dialogados). Enquanto as Geórgicas são poemas didáticos feito ao pedido de Augusto. As Geórgicas trata da cultura dos campos no primeiro livro, da altura das árvores e vinhos no segundo; do amanho do gado, no terceiro, e por fim, da criação das abelhas, no quarto.
A Eneida é o poema épico em doze livros, ela é tida por alguns como poema máximo da literatura universal. A obra é imitação da Ilíada de Homero. A temática do livro prende-se à viagem de Enéias até chegar ao litoral de Lavínia, a fundação de Roma, a destruição de Tróia, as perseguições de Juno, aventuras e sofrimentos em lutas tanto em terra como no mar, descrições pormenorizadas das batalhas. A Eneida contém toda a mitologia greco-romana.
A partir dessa apresentação do autor proposto, a nossa análise se prendará na obra as "Bucólicas", que é a obra da mocidade de Virgílio, primeira obra, cheia de emoções incontidas, de paixões pastoris, de encantos da vida e entusiasmo compartilhados pela beleza da natureza envolvente, num cenário simples do campo. Mas é uma obra que Virgílio já mostra o seu grande talento, imitando Teócrito e constituindo suas Bucólicas.
Do nosso ponto de vista, as Bucólicas é uma obra que dar para estudar o passado histórico como os costumes da época, a vida dos poetas, relatando acontecimentos que ocorreu com Virgilio, a sua cidade natal "Mântua", do homem do campo e da hegemonia do império romano. Além disso, a comunicação dos personagens que ocorre de maneira oral, contribuindo para os estudos da língua latina, pois a poesia tem a virtude de perpetuar valores e registrar um povo e o momento lingüístico desse povo. Assim, por meio das bucólicas podemos tentar resgatar a cultura e a beleza do mundo romano, que através do latim como meio legítimo de comunicação. Tendo em vista que as heranças literárias dos autores antigos não pararam no passado, permanecendo no presente, com avidez de presente, como um legado legítimo para as sociedades atuais.
Os principais temas da poesia Bucólica são as atividades pastoris, as paisagens campestres e a forte influência que o amor e os entes mitológicos exercem sobre eles. Esse termo bucólico como a vida do campo local de tranqüilidade e sossego, influenciou os arcadistas, voltando à simplicidade dos modelos greco-romanos, identificando a arte com a natureza, resultando uma poesia bucólica, ingênua. Além dos arcadistas, essas paisagens campestres influenciaram até ao músico Beethoven.
As Bucólicas encontra-se três tipos de pastores, os mais humildes são os de cabras, os de ovelhas, um pouco mais dignificados e os bovinos são os mais considerados. Eles enquanto pastoravam os rebanhos costumavam promoverem disputas entre si, para ver quem era o melhor na arte de cantar e fazer versos. Isto é muito semelhante com os desafios repentistas do Nordeste.
Ao lado dessa tradição greco-latina de bucolismo, encontra-se uma outra de origem bíblica, o nascimento de Jesus Cristo num estábulo, e num ambiente rural, colocando naturalmente os pastores em cena, adorando o menino Jesus, representando a tradição da igreja. Assim, as Bucólicas é meramente elucidada com cenas pastoris, simples como o nascimento de Cristo, considerando que a natureza é capaz de criar um mundo de formas ideais que exprimam objetivamente o mundo das formas naturais.
Conforme os nossos preceitos sobre esta obra é que a distância histórica entre nós e a obra do passado não cria obstáculo ao verdadeiro entendimento, na realidade contribui para esse conhecimento, retirando da obra tudo o que assemelha com os conceitos dos dias atuais.
Muitos autores imitaram Virgilio, de modo que "imitar Vergilio é não apenas participar de certo modo na ordem de valores, criados por ele, mas também assegurar um instrumento literário já verificado no trabalho da criação" (Cândido, 1980, p. 45). Portanto, imitar Virgilio não é estudar só ele, mas os autores gregos como Teócrito, valorizando também a cultura greco-latina.
Na verdade, o campo reflete melhor sentimento de natureza, e esta é um complemento indispensável ao equilíbrio psíquico do homem de todos os tempos. Assim, o amor do campo de maneira ora idealizada ora realista, prossegue no rumo da literatura.
A primeira obra de Virgilio é uma obra simples, nem tem comparação com a Eneida, pois aborda termos simples em relação à obra máxima da literatura latina. Assim, muitos consideram uma obra pobre, humilde, mas nas Bucólicas encontra-se uma métrica perfeita, uma harmonia pura e suave. Alem disso, as Bucólicas encontra-se um vocabulário riquíssimo, porém trecho como "cuium pecus?" e "Sicilides" comprova-se que Virgílio utilizava também palavras arcaicas e de origem grega.
Fragmento do verso da Bucólica IV:


Ascende (já será tempo) às grandes honras!
Olha o mundo que balança com sua massa convexa
E as terras e as extenções marinhas e o céu profundo;olha
Como todas as coisas se alegram com o século que está chegando.
Oh! que então a última parte de uma longa vida se prolongue
Para mim, e o alento me seja suficiente para dizer teus feitos!
Não me venceria com seus cantos nem o trácio Orfeu, nem
Lino, embora a mãe assista àquele e o pai
A este, Calíope a Orfheu, a Lino o formoso Apolo.
Até mesmo Pã, se me desafiasse, com a Arcádia por Juiz,
O próprio Pã se declararia vencido, sendo Juiz a Arcádia.


Ás Bucólicas reúne dez églogas, entretanto a égloga mais importante entre as dez é a quarta. Esta chamada de "Pólio" nome daquele a quem Virgilio dirige os versos. Essa égloga, a partir da idade média foi associada ao nascimento de Cristo por tratar de um novo tempo, uma nova idade trazida pelas mãos de um menino(comparando ao menino Jesus), tem, sim, função política, homenageando Oitávio Augusto. Com isto Virgilio foi chamado de feiticeiro, de santo canônico, o homem que profetizou o futuro.
Na construção das bucólicas, o autor utiliza arte nos recursos imaginativos auditivo, construindo apartir de onomatopéias sugeridas pelos os ruídos da natureza. De forma que as Bucólicas I e X não passam de variações sobre o mesmo tema. Do mesmo modo ocorre com as Bucólicas II e VIII, pois o motivo central de ambas é o amor.
Na construção das Bucólicas, sem dúvida, fixou-se nas idéias de Teócrito, produzindo sem dúvida a maior parte de suas bucólicas. Porém, encontra-se influências helenísticas de poetas como Bavio, Mévio, Varo, Cina, Polião e poesia contemporânea romana. Então Virgílio alimenta-se de várias fontes, unindo o conhecimento em um só corpus, formando as Bucólicas.
A beleza da poesia das Bucólicas reside, sobretudo, na forma, ou seja, ela possui características muito peculiares de ritmo, de vigor e de leveza, de graça e do equilíbrio, que dependem da obediência a numerosas regras.
Tentamos evidenciar, no decorrer deste trabalho, que as Bucólicas é uma obra para ser estudada e lida em qualquer época, destacando que a vida simples do campo como tentativa de fuga da cidade é um tema abordado desde a Grécia até os dias de hoje. A complexidade da Eneida não tem comparação com o tema abordado das Bucólicas, mas esta é uma obra simples com recursos construtivos perfeitos. Além disso, as bucólicas é um instrumento de um leque de informações da língua latina, trazendo muitos diálogos orais e todos os costumes romanos.
Assim, as Bucólicas afirma a potencialidade de uma cultura que permanece para as sociedades atuais. Logo, é oportuno afirmar que o poeta latino traça o perfil de seu universo campestre e o universo de criação como fundamento de uma sociedade e condição necessária para sua permanência.









Referências Bibliográficas

MENDES, João Pedro. Construção e arte das Bucólicas de Virgílio. Editora Universidade de Brasília, Brasília, 1985.

ALENCAR, Meton Arnaldo Soares de. O latim do clássico e do vestibular. Livraria Francisco Alves, Rj, 1955.
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THAMOS, M. Verso é pra cantar: e agora, Virgilio? In: Alfa: revista de lingüística (Unesp), São Paulo, 2005.
MENDES, Mauro. Virgilio e os cantadores. Htttp/ www: arquivos. Com/mmendes_Virgilio.pdf. Salvador-Ba, 2005.
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