A Organização Mundial da Saúde (OMS) define: "saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doenças".
Esta definição trouxe uma nova perspectiva e quebrou velhos paradigmas sobre o que significa ter saúde. Ao mesmo tempo, coloca em evidência outras questões que dizem respeito ao acesso à saúde para ter uma vida saudável.

O que nos mostra diariamente os noticiários, são as dificuldades encontradas pela população mais carente para o acesso à saúde. E o pior é que o problema atinge todas as regiões do país. Mesmo nas capitais, onde, em geral, há maiores recursos, os problemas estão relacionados com a grande quantidade de pessoas frente à pouca disponibilidade dos serviços. Ir para as regiões mais afastadas a situação torna-se ainda pior, pois, além do grande contingente de pessoas, não tem todos os serviços que demandam a população. Vimos casos em que o doente, tem que viajar para outra cidade, quando não para outro estado, afim de buscar por um atendiemento, engrossando as filas de espera. Este é o quadro que diz respeito ao bem-estar físico da saúde. É lamentável!

Quanto ao lado mental, ou seja, o psicológico, trombamos com outra realidade ainda mais dura, pois, além da questão da disponibilidade do serviço, nos deparamos com as questões culturais e financeiras da população. Em 2008 tive a oportunidade de realizar uma pesquisa junto à algumas Unidades Básicas da Saúde ? SUS onde verificava, exatamente, como era a procura e o entendimento da população frente as suas questões de ordem pisíquicas e como as teorias psicológicas respondiam a estas necessidades e dúvidas. Foi muito gratificante, pois, além da oportunidade de presenciar o empenho das psicólogas daquelas unidades para atender todos tipos de demanda e, muitas vezes, com falta de materias de trabalho, vimos o quanto a população carente já procurava por este tipo de serviço, mesmo, é claro, sem muitas vezes ter o completo entendimento e a dimensão de seus problemas.

Com o propósito de retomar o assunto do uso da psicologia como parte do processo da saúde, coloquei neste blog uma pesquisa que questionava: "O que impede a pessoa de procurar ajuda psicológica", para o que, inclusive, quero agradecer a todas as pessoas que participaram dando a sua opinião, cujas respostas revelaram os seguintes resutados: 51% problema principal é o Custo; 22% não percebe seus problemas; 17% diz ser o preconceito e 10% não sabe quando deve procurar ajuda.
Trata-se apenas de uma pequena amostra, que com certeza, representa uma boa fatia da população, mas os resultados nos possibilita algumas constatações para este tipo de serviço, ou seja, é uma parte importante e essencial no conjunto da saúde, conforme preconiza a OMS, e evidencia o interesse e procura por parte da população, mesmo que ainda, esbarram nas questões culturais e financeiras.

Não vamos nos aprofundar em nenhum tópico, mas poderíamos observar que por se tratar de um tema que resvala ainda em alguns traços de preconceitos já não é o maior problema, visto o seu baixo percentual, 17%. Outra questão também reveladora é que, a soma de "percepção de seus problemas" com o "não saber quando procurar ajuda", totalizam 32% dos votos o que pode sugerir que as pessoas estão um pouco confusas e submetidas a novos fatores de adoecimento psíquico, consequência das novas configurações e pressões presentes no âmbito familiar, social e profissional, oriundas do advento da globalização. É a realidade global!

A questão de custos, nos remete aos problemas sociais que há muito já assolam a população mais carente. A questão é, primeiro, entendermos se é custo elevado para este serviço ou porque a renda salarial da grande maioria da população é baixa. Vivemos um período de estabilização da moeda, desde o plano real, no entanto, ele não mudou muito a questão do poder aquisitivo da maior parte das pessoas. Vimos a cada dia, várias notícias de pessoas saindo da linha abaixo da pobreza mas, não vemos falar de pessoas saindo da pobreza, com a mesma empolgação.

De qualquer forma, esse resultado mostra que tem pessoas que desejam o serviço psicológico, mas são barradas pelas questões financeiras e para isso, sugiro pesquisarem nas faculdades que tenham o curso de psicologia e disponibilizam em suas clínicas serviço gratuíto à população. Outra possibilidade é no próprio SUS, como mencionei, que também oferecem atendimento psicológico. Fazer uma pesquisa na internet a procura destes serviços e por último, ao buscar a ajuda psicólogica, conversar com o profissional sobre suas possibilidades e achar um denominador que atenda aos dois lados.

De todo modo, mesmo sendo difícl atingir esse tão almejado completo bem-estar, vimos que vivemos um novo paradigma, uma nova realidade em termos de visão de homem, de valores e em termos de sociedade. Estamos em uma fase de transição e como tal, é necessário um período de adaptação, principalmente em um país com tanta diversidade cultural.

Todas essas questões nos remete a uma questão central, que é a melhoria da qualidade de vida que, mesmo com tantos obstáculos, podemos achar o nosso jeito. O que importa é a tomada de consciência, pois, este é o grande passo para qualquer mudança.

Saúde também começa no mundo das idéias!