Dois de julho de dois mil e dois.
Despontando o luzente sol bragantino acordo atordoado, ando pelos corredores do hotel dirigi-me ao jardim e, sento-me no meu mais preferido banco azul, sob a sombra de uma frondosa mangueira, a fim de contemplar a novidade do meu primeiro dia de férias.
Em meio ao colorido "tornar do desmaio" do ambiente, deparo-me com um fenômeno simples e singular numa das colunas do velho coreto: o nascer de uma borboleta.
Observo atento, mergulhado na solidão do silêncio matutino, aprecio a novinha borboleta com esquisito corpo avermelhado, "pernas" finas e negras; mas realmente interessante é a contemplação de suas asas, asas escuras que exprimem a arte do criador.
Vislumbro em perfeitas e frágeis asas do dito inseto a estética de formas geométricas, azuladas, amareladas e alvas; pequenos, triângulos, retas, pontos e espirais; como uma arte tribal, comparável à arte marajoara.
Tal lepidóptero se move na coluna arcaico-embranquecida, segue os primeiros passos de sua dinâmica vital, integrando-se ativamente na biosfera. Movimenta-se o "artístico inseto", deixando para trás seu horrível casulo- que outrora fora seu invólucro, sua prisão-sepulcro da valha lagarta. A pequena borboleta se distancia mais de dois palmos do "casulo rasgado", estremece suas quatro asas matizadas e membranosas, arriscando com certo estremecimento o rumo do voo livre.