AS ÁGUAS DO DILÚVIO E SEUS PROVÁVEIS EFEITOS.  

            Pairam algumas interrogações acerca do fim que levaram as águas do dilúvio. Tanto quanto às suas origens e as conseqüências do acúmulo do peso fenomenal do montante líquido sobre a terra, bem como de seu destino posterior ao cataclismo.

            De acordo com idéias baseadas em pareceres teológicos e científicos, as águas que derramaram sobre o planeta por 40 dias provieram, partes dos planetas – visto que pesquisas efetuadas através de engenhos espaciais atestaram indícios da existência de água em épocas remotas nesses corpos – e partes das entranhas da terra, segundo as escrituras. A palavra de Deus fala das águas que estavam sobre o firmamento e abaixo dele, as quais foram agregadas em locais estanques pelo Criador. Assim, elas foram canalizadas para os grandes reservatórios, que são hoje os imensos oceanos e rios.

            Mas, o que não estão bem definidas, são as conseqüências que esse gigantesco volume líquido deve ter causado na superfície da terra e em suas camadas mais externas. Como se sabe, a terra sofreu sérias modificações, as quais podem ser atestadas nas divisões dos continentes que hoje conhecemos. Segundo teorias, a terra antigamente não possuía a mesma configuração dos dias atuais. Na verdade, se unirmos hipoteticamente os flancos dos continentes, ver-se-á que eles praticamente se encaixam, tudo levando a crer que na antiguidade uma massa heterogenia fazia da terra uma esfera pouco acidentada, apenas com seus reservatórios líquidos e pequenas elevações.

            Recorrendo aos escritos sacros, pode-se perceber que a palavra divina lança algumas luzes sobre esse assunto. É no salmo 104 que as evidências da formação, conseqüências e configuração da terra após o dilúvio, se apresentam com um toque magistral. Após intróito, onde o salmista enaltece a magnificência de Deus, ele, através da inspiração divina, pinta poeticamente um fantástico quadro da ação das águas sobre o planeta. Num retrocesso à época da criação, o salmista prossegue sua prédica ressaltando o poder de Deus. Verso 5: - “Lançaste os fundamento da terra, para que não vacile em tempo nenhum”. No verso 6 são apresentadas as ações do Criador, quando Este recorre às entranhas da terra, derramando a fúria de parte das águas sob a terra  que, juntamente com as águas do espaço, a inundaram por completo:  - “Tomaste o abismo por vestuário e a cobriste; as águas ficaram acima das montanhas”. No verso 7, como que abrindo um parêntese visando expor o poder dominante do Criador, quando Ele fez baixar as águas, o inspirado poeta deixa transparecer a ordem divina nestes termos: “à tua repreensão fugiram, à voz  do teu trovão bateram em retirada”. Porém, é no verso 8 que o diapasão poético dá um tom altissonante ao relato. Aqui são visíveis as conseqüências das ações das águas sobre a face da terra: “Elevaram-se os montes, desceram os vales, até ao lugar que lhes havias preparado”. O relevo com suas depressões, suas enormes elevações, parecem ganhar nova configuração na forma que é atualmente conhecida.  O complemento, limites e caminhos das águas após o dilúvio, nos são fornecidos no verso 9: “Pusestes às águas divisas que não ultrapassarão”. Terminado este segmento, outro logo é iniciado com a descrição da ação divina, ressaltando o poder de Deus na Sua criação.

Como se pode perceber, a terra sofreu uma ação tão violenta que sua superfície tornara-se um testemunho do poder divino. Nota-se que os montes saíram das entranhas da terra, projetando-se para o alto. Enquanto isso os vales foram formados, como que ocupando o lugar de onde a massa saíra. O peso descomunal do montante líquido fez com que abrissem enormes fendas, ao mesmo tempo em que a crosta terrestre era expelida para cima, apontando para o zênite.   

Outro fato interessante diz respeito à grande quantidade de lama que provavelmente tenha sepultado a densa vegetação e a enorme quantidade de animas que povoavam a superfície terrestre. Pode-se arrolar nesse enorme contingente vivo os dinossauros, os vegetais e quaisquer organismos vivos que não puderam resistir o cataclismo. Provavelmente advêm dessa ação predatória líquida os combustíveis fósseis, que hoje movimentam a economia mundial. Contudo, esta referência não passa de conclusões, estando mais para concepções humanas que para a palavra divina.

           Em 1º Crônicas capítulo 1, versículo 19, parece haver um indelével toque sobre a repartição da terra. Nessa narrativa é dito – como fato marcante na genealogia dos filhos de Noé – que ao nascer Pelegue filho de Héber, um acontecimento marcou esse natalício. Não nos é dito mais nada nesse texto sobre esse episódio. Porém, dá-se para concluir que se tratava de um acontecimento que nada tinha a ver com a divisão de terras para o povo de Deus, que fora feita em Canaã muito tempo depois desta época. Com efeito, A partícula apassivadora “se” aponta um ato relacionado a um sujeito que sofre uma ação efetuada por ele mesmo: “...se repartiu a terra...”. Na verdade um estudo mais acurado dissipará quaisquer dúvidas.  

           Salmo 104: 1-5

          1- “Bendize, ó minha alma, ao Senhor!

   Senhor, Deus meu, como tu és magnificente!

          2- Sobrevestido de glória e majestade,

          3- coberto de luz como de um manto. Tu estendes o céu como uma cortina,

          4- põe nas águas o vigamento de tuas moradas, toma as nuvens por teu carro, e voa nas asas do vento.

          5- Fazes a teus anjos ventos, e a teus ministros labaredas de fogo.                                                                                                                                                                                                               

 Uma narrativa altissonante ao Eterno se desenrola neste salmo, onde há o contracenar dos fatos da criação, com o desabar do dilúvio e suas conseqüências, os quais nos remetem a um tempo, em que a palavra divina deixa clara a ação do Criador sobre nosso planeta.  Em tudo Ele é exaltado, com um libelo de grandiosidade enaltecendo Seus feitos, Sua soberania, Seu poder e Sua magnitude.

 Ao Eterno, toda honra, glória e poder pelos séculos do séculos.