Artigo: As ameaças norte-coreanas e o temor de uma nova guerra na península coreana

Roberto Ramalho é jornalista e estudiosos em assuntos militares

A Coreia do Norte recomendou que os estrangeiros que residem saiam da Coreia do Sul, em face dos dois países estarem muito perto de entrar em guerra.

"A situação na península coreana se aproxima de uma guerra termonuclear devido às cada vez mais evidentes ações hostis dos Estados Unidos e dos títeres belicistas sul-coreanos", afirmou em comunicado um órgão do governo.

Embora a Coreia do Norte tenha feito o alerta, não havia sinais de tensão nas ruas de Pyongyang, a capital norte-coreana, e tampouco de que o Exército do país esteja se preparando para um conflito iminente.

Mesmo assim o governo japonês instalou recentemente em várias regiões de Tóquio interceptores de mísseis PAC-3. No entanto, analistas acreditam que o regime norte-coreano possa realizar um teste com um míssil de longo alcance.

O Ministério da Defesa do Japão, por precaução, instalou baterias antimísseis no centro de Tóquio, com o objetivo de reagir a eventuais disparos da Coreia do Norte.

Países da região temem que o regime de Pyongyang teste mísseis até a próxima segunda-feira, dia em que será celebrado o aniversário de nascimento do fundador do país, Kim Il-sung.

No ano passado, a Coreia do Norte lançou um foguete no dia 13 de abril.

A agência de notícias sul-coreana Yonhap afirmou que Pyongyang concluiu os preparativos para o lançamento de um míssil de médio alcance de sua costa leste.

Na semana passada, o ministro da Defesa da Coreia do Sul, Kim Kwan-jin, disse que a Coreia do Norte transportou para a região dois mísseis de "alcance considerável". Os foguetes não teriam capacidade para atingir os EUA, mas poderiam chegar ao Japão.

Os EUA admitiram que veem como real a possibilidade de que a Coreia do Norte lance um míssil a qualquer momento e sem aviso prévio, sem esclarecer se o lançamento serviria a um teste ou a um ataque. A informação foi dada à emissora CNN por uma fonte das Forças Armadas americanas

Especialistas e militares ainda divergem sobre quais soa as reais intenções do ditador Kim Jong-un ao intensificar sua retórica contra a Coreia do Sul e os EUA.

Uns falam que o ditador da Coreia do Norte, no poder há pouco mais de um ano, quer reafirmar sua força diante de seus compatriotas; outros, que o regime quer criar uma situação de crise para convencer o Ocidente a negociar as sanções contra Pyongyang.

Em suma, tudo isso pode culminar não com uma guerra que seria suicida para o regime comunista, mas com testes de mísseis no próximo dia 15, o aniversário do fundador da Coreia do Norte, Kim Il-sung, avô de Kim Jong-un.

A inexperiência do atual líder, que tem apenas 30 anos, faz observadores da Península Coreana temerem por um erro de cálculo que pode levar a um conflito de proporções inimagináveis.

Segundo as principais Agências de Notícias Internacionais, Rússia, China, ONU e União Europeia novamente tentaram acalmar os ânimos dos envolvidos. O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon voltou a afirmar que a situação na Península Coreana pode ficar incontrolável e pediu que o regime de Kim Jong-un modere suas declarações; Pequim falou que não quer "o caos na Península Coreana"; o bloco europeu divulgou nota na qual critica a Coreia do Norte por declarar que há uma guerra próxima e convocou o regime a atender demandas internacionais para conter seu programa nuclear; e o porta-voz da Chancelaria russa, Alexander Lukashevich, pediu que os esforços diplomáticos não sejam abandonados. Resta saber se a turma do "deixa disso" chegará a convencer Pyongyang a abandonar os discursos belicistas.

Concluindo, observo e julgo que tudo se caminha para não haver um conflito. E caso haja, o único perdedor será a Coréia do Norte. O país já não tem mais o apoio da China, seu aliado na região, e a União Soviética já não mais e existe.

Além do mais, mesmo seu Exército Popular operando uma grande quantidade de equipamentos, incluindo 4 060 tanques de guerra, 17 900 peças de artilharia, incluindo morteiros, 11 000 armas aéreas de defesa da Força Terrestre; pelo menos 915 navios da Marinha e 1 748 aviões da Força Aérea, bem como cerca de 10 000 MANPADS e mísseis antitanques, sendo o equipamento uma mistura de veículos da Segunda Guerra Mundial e pequenas armas, altamente proliferadas da tecnologia da Guerra Fria, e as mais modernas armas soviéticas seu armamento convencional é tecnicamente ultrapassado, embora a Coreia do Norte tenha armas de destruição em massa estocadas, e bombas atômicas.