A compreensão do processo histórico e politico da Itália na época de Maquiavel, faz-se necessário, para entender como o autor desenvolveu o seu pensamento de forma tão brilhante, especialmente, quanto a forma de poder estabelecido na sua obra principal “O Príncipe”. A política é uma ciência muito apaixonante e o homem um ser político pela própria natureza. Por isso vem formar atos e fatos também bastante atraente. Maquiavel vai tirar proveito disso, pois o homem é o único ser capaz de comunicar-se através das palavras, e ainda o único a ter noção do bem e do mal, da justiça e injustiça. Porém o homem, com todas essas características acima descrita precisa de regras, leis e regulamentos, em consequência do seu instinto, de torna-se o mais perverso entre todos os animais. Para isso faz-se necessário desse conjunto de instrumentos, forte, capaz de impor disciplina a esse ser, que de certa forma, é indisciplinado. Até porque, na politica vamos sempre encontrar pessoas dispostas a usarem de vários meios, afim de impor ao demais membros da sociedade os seus propósitos.

1 INTRODUÇÃO

Para iniciarmos o estudo da politica no pensamento de Nicolau Maquiavel, faz-se necessário compreender o sentido dado pelo o autor para a palavra "príncipe" na sua obra. E decididamente não tem o significado que usualmente lhe é atribuído em nossos dias, como sendo o filho de um monarca e destinado a ocupar ou não o trono. Mas "príncipe" na obra maquiaveliana, quer dizer o principal cidadão do Estado, e com o sentido restrito da palavra, em relação ao Estado, porque poderia ter o sentido bem mais amplo. Também não deixaremos de fazer observação, de como se encontrava a situação histórica da Itália, por volta do seculo XIV. No auge do Renascimento, a Itália estava dividida em principados de pequeno porte, enquanto na Espanha, Inglaterra e França já eram consideradas nações unificadas. A Itália fraca tanto militarmente como politicamente, mas em relação à cultura, dispunha de grandes nomes culturais de elevados destaques. Nicolau Maquiavel Filósofo e político, considerado bastante sagaz e até mesmo revolucionário, em matéria de politicas governamentais, visto que, tinha sua visão eminentemente de um governante administrador, motivo pelo qual escreveu sua obra baseando-se basicamente na experiência prática e fugindo totalmente dos padrões até então dominantes da sua época. Maquiavel vai encontrar terreno bastante fértil para desenvolver seu pensamento politico, em virtude que, na Itália reinava grande confusão, a falta de legitimidade no poder e esses fatos criavam situações de crises, de instabilidade permanente, onde somente o cálculo político, a astúcia e a ação rápida e fulminante contra os adversários eram capazes de manter os governantes no poder.
O grande mérito de Maquiavel foi perceber que, a política de governar faz-se necessário seguir certo principio, uma espécie de manual sobre a arte de governar no mundo politico. Porém isso ele fez com bastante precisão, até porque viveu isso na pratica, pois antes de escrever sua obra trabalhou na Segunda Chancelaria de Florença uma espécie de secretario exterior de primeiro escalão no governo de Florença, adquirindo assim na prática a experiencia de governar, comandar, liderar e até administrar. Na sua obra politica Maquiavel expõe um sistema político caracterizado pelo princípio amoralista de que os fins justificam os meios, embora no decorrer de sua obra ele não se utilize de forma direta a esta expressão, que o tornou conhecido por todo o mundo. Maquiavel, em seus ensinamentos políticos promoveu a separação da política da ética, ao contrário do que pregava Aristóteles que definia a política como sendo uma mera extensão da ética. Bem como, orientava a tradição até então, que ligava a política à ética. Maquiavel foi o primeiro pensador politico a discutir a política e os seus fenômenos sociais nos seus próprios termos sem o recurso da ética. Para Maquiavel, a política se resumia em uma única coisa: conquistar, manter o poder e a autoridade. Todo o restante como a religião, a moral, etc., que era associado à política nada tinha a ver com este aspecto fundamental, tirando os casos em que a moral e a religião ajudassem à conquista e à manutenção do poder. Até porque, no entendimento do autor, vai sempre existir o príncipe com mais ou menos força, e isso independe do território que venha ocupar. Considerando que o príncipe na visão da atualidade, ou seja, onde venha a ser um chefe de Estado, um chefe provincial, um chefe de um município, um grande executivo de um grande conglomerado e até mesmo um chefe de família. Este príncipe pode governar um país e ser fraco e dirigir um grande conglomerado e uma família e ser bastante forte. Portanto quando este príncipe é bastante forte é capaz de se manter por si mesmo e quando fraco vai necessitar de ajuda e auxílio de outros. Outras necessidades que, para um príncipe deve providencial para que seus súditos não temam as crises e tenham como sobreviver por um bom tempo, independentemente das circunstâncias desfavoráveis. Mesmo que a disputa venha causar prejuízos para os seus comandados, um príncipe poderoso e corajoso saberá superar essasdificuldades, dando sempre esperança de que, o mal não será longo e que essas dificuldades momentânea logo e logo desaparecerão e que serão garantidos o sossego desejados por todos.
Segundo Maquiavel algumas decisões ou escolhas precisaram ser tomadas, e que, no seu entender seriam de muitas utilidades e até desejável para os governantes poderem realizá-las, o quanto ante melhor. No seu entender até mesmo para que, esses líderes venham ganhar a confiança dos seus governados e desta forma se manter no poder. Mas como é difícil no processo de tomada de decisões, possamos agradá-los a todos, sem a necessidade de enquadrar-se no conceito de temido ou amado. Todavia não é fácil juntá-los esses conceitos, especialmente, quando não sabemos quais o mais seguro, se o temido ou o amado, e também quando haja de faltar um dos dois. O pensador politico justifica dizendo que, de uma maneira geral, os homens são ingratos, simuladores, covardes e ávidos pelo lucro. Em enquanto lhes fazem o bem, se oferecem, os bens, a vida e até os próprio filhos, porém quando o perigo se aproxima são o primeiros a se revoltar. Homem de um modo geral, até parece não ter compromisso com as coisas boas, porque em matéria de amor busca sempre estar unido através desse vínculo, porém a qualquer sinal das coisas maus, se afastam na primeira ocasião, sejam tangidos pelo interesse, temor que é sustentado pelo medo do castigo.