ARTETERAPIA NA INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA: RELEXÕES TERAPÊUTICAS NA AMENIZAÇÃO DOS PROBLEMAS DE APRENDIZAGEM Alessandra Sousa Brito Luciana Tinôco Santos Mônica Andréia Rego Sousa Cutrim Saray Miranda Soares Instituto de Ensino Superior Franciscano (IESF) RESUMO: Arteterapia na intervenção psicopedagógica traz uma análise, a partir do estudo dos referenciais teóricos, sobre a utilização da arte como instrumento terapêutico na amenização dos problemas de aprendizagem, destacando suas contribuições, atividades práticas e técnicas relevantes no tratamento de educandos em condição de não aprendente. Palavras – Chave: Arteterapia. Psicopedagogia. Dificuldades de aprendizagem. ABSTRACT: Art Therapy in pedagogical intervention offers an analysis from the study of theoretical, on the use of art as a therapeutic tool in alleviating the problems of learning, highlighting their contributions, activities, practices and techniques relevant for students in the treatment condition. Key-Words: Art Therapy. Psychopedagogy. Learning difficulties. 1. INTRODUÇÃO No contexto atual, percebeu-se que a Educação tem passado por grandes transformações, no que concerne aos aspectos da aprendizagem. Essa mudança se deve aos estudos e pesquisas realizadas nesse campo, devido às exigências e, sobretudo, desse olhar diferenciado na educação neste novo tempo, muito embora saibamos que estamos longe do desejável. Partindo desse pressuposto, considerando os aspectos da aprendizagem, sente-se que muito ainda precisa ser feito para atingir os parâmetros de uma aprendizagem significativa, tendo em vista os entraves vivenciados em sala de aula pelos alunos que apresentam dificuldades de alcançar o ideário da plenitude educativa que se configura no aprender com excelência o ensinado pelo professor. Quando se trata dessa questão, nos deparamos com uma realidade confusa, angustiante e por vezes temerosa; na qual precisamos atender as exigências e as necessidades apresentadas pelos alunos, que em sua grande parte retratam o caos da educação. No ambiente escolar comumente encontramos professores se queixando das dificuldades que alguns alunos enfrentam no processo ensino e aprendizagem. Inúmeras hipóteses são levantadas para buscar os porquês da não aprendizagem. Contudo, quando se trata de intervir pedagógica e educacionalmente na amenização dos problemas enfrentados pelo aprendente muito pouco é feito. Geralmente as crianças vão avançando nos anos escolares sem que haja de fato uma ação efetiva para assistir ao aluno, resgatando sua autoestima, identidade, equilíbrio emocional e psicossocial. Desse modo, a intervenção psicopedagógica em ambiente escolar precisa se debruçar na organização e proposição de ações interventivas que fomentem a escuta e o olhar mais detido sobre as reais necessidades do sujeito, no processo educacional, na condição de não aprendente. Diante do exposto, a Arteterapia trabalhada na intervenção psicopedagógica pode ser um caminho que viabilize a amenização dos problemas de aprendizagem, adentrando no mundo do educando e descortinando o não dito. Embora, essas duas abordagens estejam em campos de conhecimento distintos torna-se relevante a aproximação e transdisciplinaridade para a construção de uma proposta metodológica que subsidie o trabalho do psicopedagogo no diagnóstico e tratamento dos problemas de aprendizagem no ambiente escolar, tendo a Arte como um instrumento terapêutico na intervenção psicopedagógica. É de grande relevância o presente tema, dado aos problemas relacionados ao ensino aprendizagem. Assim, essa produção científica pretende dar suporte aos profissionais da Psicopedagogia. Para tanto, a escolha dessa linha de pesquisa Arteterapia como intervenção psicopedagógica se justifica pela necessidade de intervir no universo daqueles alunos que se encontram à margem, em virtude de suas dificuldades de aprendizagem, bem como promover uma fundamentação que beneficie esses dois campos de atuação “Arteterapia e Psicopedagogia” na amenização dos problemas que surgem durante o processo educacional. Como problema científico buscamos compreender como a Arteterapia pode auxiliar a intervenção psicopedagógica amenizando os problemas de aprendizagem? Nessa perspectiva, temos como objetivo fundamental analisar como a Arteterapia pode ser um recurso eficiente no auxílio de alunos com dificuldades de aprendizagem e quais os possíveis caminhos de atuação da Arteterapia dentro do contexto psicopedagógico no ambiente escolar. Conforme a Taxonomia apresentada por Vergara (2003), a pesquisa proposta se classifica como Explicativa e Bibliográfica. Explicativa em virtude de buscar compreender a realidade dos alunos que apresentam dificuldades de aprendizagem, isto é, as causas que promovem tais problemas, bem como os efeitos da Arteterapia como subsídio psicopedagógico no processo educativo. Bibliográfica por se tratar de uma pesquisa que necessita do compêndio literário, bibliográfico, artigos, hipertextos que facilitem o desenvolvimento teórico desse estudo. 2. ARTETERAPIA E OS PROBLEMAS DE APRENDIZAGEM Desde a pré-história através da pintura em cavernas o ser humano manifesta símbolos que representam uma forma de organizar seu pensamento ou de dar significado à realidade que lhe rodeia. O uso de danças, cantos, pinturas corporais eram utilizadas como forma de expressão religiosa e de cunho curativo também. As civilizações antigas já caracterizavam nessas manifestações artísticas uma abordagem terapêutica. Entretanto, apenas na metade do século XX a técnica da Arteterapia toma uma roupagem própria, de atuação específica em meio aos distúrbios gerados pela crise da modernidade. A arteterapia é uma técnica que surge a primeiro momento intitulada como “terapias expressivas”. Segundo Ana Cássia (2008) após a Segunda Guerra Mundial alguns estudiosos e terapeutas constataram que os traumas causados pela guerra poderiam ser amenizados através da aplicação de atividades que envolviam o uso de cores, sons, movimento corpóreo, criação de poesias e outras expressões artísticas. É bem verdade que diversos estudos relacionados às produções artísticas de pacientes em clínicas psiquiátricas como podemos ver através das pesquisas de Jung, Freud, Ambroise Tardieu e outros foram de fundamental importância para o interesse do uso da técnica Arteterapêutica como forma de possibilitar o autoconhecimento e aliviar os sofrimentos causados pela perda de autoconfiança e pelo medo de se conectar à realidade. Esse movimento começou em 1872, através da publicação de um livro sobre doença mental, cujo autor Ambroise Tardieu, relatava sua experiência ao estudar os diversos trabalhos artísticos produzidos pelos então tidos pela sociedade como insanos. O próprio Jung (1997) em suas pesquisas do desenvolvimento da personalidade faz referencia ao valor da expressão artística. Para Philippini (1995), Jung acreditava que pelo fato do ser humano ser orientado através de símbolos, a arterapia ajudaria na amenização dos conflitos afetivos de seus pacientes e possibilitaria o aprimorar da criatividade destes. No entanto, até esse momento esse recurso tem apenas vínculo psiquiátrico, apenas em 1950 com o trabalho de Margareth Naumburg, artista plástica e psicóloga americana, essa técnica passa a ter caráter psicopedagógico. Margareth passa a ser a principal representante da Arteterapia por ser a primeira a dar as bases e os fundamentos para o desenvolvimento dessa técnica, identificando os meios de atuação e sua importância na formação e estruturação cognitiva da criança. No Brasil essa nova abordagem só inicia na década de 80, através do trabalho da psicoterapeuta gestáltica Selma Ciomai. Selma criou cursos de Arteterapia em São Paulo, no Instituto Sedes Sapientiae. Um momento importante para A Arteterapia no Brasil foi a criação da AATESP (Associação de Arteterapia do Estado de São Paulo) e da UBAAT (União Brasileira das Associações de Arteterapia), as quais possibilitaram a construção de cursos e especializações nessa área específica. Dessa forma, a Arteterapia inicia no Brasil principalmente por intermédio de Especializações. A Arteterapia, como vimos, é um conceito recente dado à técnica do uso da arte na amenização dos distúrbios da aprendizagem. Entretanto, analisando essa técnica sob um contexto filosófico podemos constatar que a Arte na Grécia Antiga já tinha para o grego uma ação de cunho terapêutico, o qual visava não apenas o desenvolvimento intelectual do ser humano como, também, espiritual, emocional e cognitivo. Para Bosi (1991), Lacoste (1986) e Nunes (1966) é preciso ter em mente que na filosofia antiga, as reflexões que versavam sobre a Arte consideravam não só suas relações com a Beleza e a realidade natural, como também com a moral e a evolução espiritual. É o que afirma também o filósofo Schiller (2005) ao retratar que a liberdade, e a própria humanização do homem é decorrente do contato com a atividade lúdica. Segundo ele a arte é fruto da liberdade e deseja ser plenamente dirigida pela necessidade do espírito. Contrariando toda uma forma de pensar da antiguidade grega, a qual enfatizava no fazer artístico, no poeta grego em si como personificações vinculadas ao sentido dado ao mito ou de peculiar constituição fantasiosa, que não favoreciam o indivíduo ao pleno alcance do Bem e da Verdade, Schiller afirma que a natureza humana ou o “tornar-se humano” é possibilitado pela liberdade construída pela atividade lúdica. Além desse contexto de humanização a Arte como a Filosofia são manifestações que sempre estiveram relacionadas ao encontro do eu humano, ao enfrentamento de nossas angústias diante de uma complexa existência. O fazer artístico pode ser um recurso que viabiliza um processo de autoconhecimento, capaz de estabelecer uma forte ligação com a internalidade de cada indivíduo. É o que reflete Andrade (1993, 1995) ao afirmar que após vários estudos constatou na arteterapia uma possibilidade de autoconhecimento. A Arte permite a solução de problemas, a amenização de sofrimentos, o enfrentamento de perdas e também um profundo conhecimento de si. Nesse aspecto, é ainda através da atividade lúdica que a criança é capaz de decodificar os inúmeros símbolos que fazem parte do seu contexto de aprendizagem, de superar suas limitações dentro do processo educativo. Aprender é um processo dinâmico de desenvolvimento, aquisições de conhecimentos e competências relevantes para a vida e o mundo do trabalho. É uma jornada de constantes desafios e provocações que exige mudanças significativas e reelaborações do novo. Um processo de rupturas e buscas de adaptação e equilíbrio. Contudo, pode tornar-se um percurso muitas vezes angustiante quando observamos a condição da não aprendizagem e do insucesso escolar. Barbosa (2012) destaca que, aprender denota uma dor simbólica em virtude da mudança que opera no sujeito aprendente, ou seja, a cada situação de aprendizagem o educando deixa de ser o que era, precisando lidar com o sentimento de frustração. Conforme Piaget (apud TERRA 2012), a aprendizagem é um processo dialético de assimilação de novas informações, acomodação dos eventos assimilados em novas estruturas e esquemas de recepção e a busca pela equilibração no que tange a possibilidade de adaptação ao novo. Entretanto, a equilibração não é um processo estático, mas uma busca constante de mobilidade que exige a superação dos estados atuais de adaptação para novos desequilíbrios rumo a evolução da aprendizagem. Desse modo, quando o sujeito cognoscente tem no processo de aprendizagem um obstáculo a evolução do desenvolvimento cognitivo ele não consegue reequilibrar-se, ficando numa situação de extremo conflito que resultará em fracassos e desprazer pelo processo de aprendizagem. Porto (2007) ressalta que as dificuldades de aprendizagem podem ser entendidas como entraves de percurso que poderão definir o sucesso futuro do indivíduo, sendo um conjunto heterogêneo de condições e problemas, com diversificados sintomas, decorrentes de fatores relacionados a proposta pedagógica, a formação e preparo docente, problemas familiares e déficits cognitivos dentre outros aspectos. Neste entendimento, toda criança em algum momento da vida escolar pode apresentar dificuldades referentes a alguma situação conflitante ou mesmo problemas emocionais ou biopsicossociais, necessitando de atendimento especializado e suporte psicoeducacional dentro e fora do espaço escolar. Com relação às dificuldades de aprendizagem, Barbosa (2012) alerta que o aprendente necessita de ajuda para enfrentar a dor do fracasso escolar e perceber suas capacidades, uma vez que quando o desempenho do aprendente não corresponde ao esperado sua autoestima é abalada, o padrão comportamental vislumbrado é o de frustração e completa desmotivação em virtude dos insucessos recorrentes. Segundo Stevanato, Loureiro, Linhares e Marturano (2012), crianças com dificuldades de aprendizagem apresentam um autoconceito mais negativo do que seus pares com bom desempenho escolar, bem como sentimentos de baixa estima, inferioridade, ansiedade, insegurança e problemas comportamentais: raiva, agressividade, distanciamento e algumas vezes isolamento social. Um primeiro caminho que precisamos percorrer na ajuda e cuidado psicopedagógico ao aprendiz em conflito e sofrimento decorrentes da não aprendizagem é resgatar seu autoconceito. É preciso que a criança desenvolva uma visão positiva sobre si mesma e suas possibilidades. Nesse sentido, torna-se relevante ter um olhar e uma escuta psicopedagógica mais sensíveis e atentos para conseguir enxergar no comportamento da criança o que não é verbalizado, mas está subjacente. A utilização da arteterapia como modalidade terapêutica no atendimento psicopedagógico a aprendizes com problemas de aprendizagem possibilita, de acordo com Porto (2010), a materialização de conteúdos simbólicos. Essa materialização compreende a expressão e comunicação dos sentimentos e do próprio olhar sobre a vida e sobre si mesmo, bem como o resgate da autoestima, o confronto e a ressignificação de informações. Assim, através dos diversos e expressivos recursos arteterapêuticos os aprendentes não só conseguem externar os conteúdos internos, mas construir e reconstruir a própria subjetividade. Ciornai (2004 apud Porto, 2010), considera que a arteterapia cuida das pessoas em sua totalidade e essência, integrando os aspectos afetivos, emocionais, cognitivos e neurológicos, promovendo e aperfeiçoando a atenção, percepção, memória, pensamento, capacidade de previsão, execução e controle da ação. Dessa forma, as atividades arteterapêuticas possibilitam resgatar o conceito positivo do aprendente de modo que ele seja capaz de perceber suas aptidões. Esse caminho de resgate da subjetividade é essencial para o inicio do tratamento psicopedagógico, pois é acreditando nas próprias possibilidades e descobrindo as competências que o sujeito cognoscente consegue motivação necessária para enfrentar o problema da não aprendizagem, dando um novo sentido a situação e dor simbólica enfrentada, adquirindo autoconfiança para consecução de novas aprendizagens. Na arte podemos utilizar vários recursos expressivos na terapia psicopedagógica, visto que, ela é inerente à vida. É algo natural do ser humano que, ao ser estimulado, encontra meios de potencializar suas capacidades. A arte não é privilégio ou “sorte divina”, na qual o Criador aponta para a criatura e ela passa a adquirir uma genialidade sobrenatural. Conforme Porto (2010) “a arte faz parte da vida. Nasce espontaneamente e, quando estimulada livremente, mostra toda vivência do mundo.” Todo ser humano quando se relaciona com a arte, relativiza a ação, percebe o instante, compreende a estética, se sensibiliza com a composição e harmonia das cores, das formas, dos sons e dos movimentos, se insere na sociedade, constrói e reconstrói: vivencia. É de suma importância no trabalho com crianças e adolescentes, no que se refere ao saber, ao como pensar, sentir e atuar destes em suas várias etapas de vida, os seus interesses em cada faixa etária e o modo como se expressam, e como se dar seu desenvolvimento, por diversos modos de criações expressivas. Na arteterapia, temos um vasto leque de técnicas que favorecem o universo bidimensional e tridimensional. Com o trabalho tridimensional (volume), nos aproximamos do concreto, do palpável, da realidade em três dimensões: conseguimos dar estrutura, forma, organizar e modelar (modelagem, recorte, sucatas e colagem). Na bidimensional (chapado) nos possibilita reconhecer, expressar e representar. Nesses aspectos, abordaremos os diferentes meios de expressões artísticas e sua relevância para o aprendizado com crianças. O desenho é essencial à vida. Antes mesmo do surgimento da escrita, a criança rabisca, o que chamamos de garatujas, os primeiros movimentos cinestésicos, que fazem parte do desenvolvimento da motricidade. Desenhar consiste em um ato prazeroso e lúdico para criança, onde ela encontra toda liberdade, através de movimentos espontâneos. Além de ampliar seu contato com diversos materiais tais como: gravetos, pedras, gesso, carvão, espuma de sabão, lápis, caneta para deixar sua marca, através das infinidades de traços, pontos, linhas e movimentos gestuais que favorecem as expressões pessoais, carregadas de significados e simbologias. Assim de acordo com Porto (2010): (...) No início, as crianças representam o que conhecem ou somente coisas que tiveram um significado especial; depois, pensamento em algo que já vivenciaram, elas passam a reproduzir o objeto sem ser real e ficam estimuladas para criar outros. Iniciando assim uma função mais simbólica com o objetivo de representar o seu “eu”, o seu mundo por meio do jogo simbólico. Os materiais são infindáveis, o papel, por exemplo, é um dos grandes suportes para realização de trabalhos criativos. Alguns tipos de papeis mais comuns utilizados são: a cartolina, papel para aquarela, pardo, glacê, 40 kg, vegetal, seda, corrugado entre outros. Além do papel, temos outras possibilidades de suporte para a arte, que achamos necessários, como meio alternativo ou até mesmo criativo: o papelão, lonas, tecidos, madeira, eucatex, jornal, gesso entre outros. Outro instrumento importante é o lápis, geralmente os mais utilizados na escrita e produção artística da criança são os pretos. É usado para demonstrar o controle com relação ao elemento tom que corresponde ao claro escuro. Existem muitos tipos de lápis: os de cera que produzem efeitos aos desenhos, dando-lhe muita expressividade e os solúveis em água, que com o uso do pincel molhado proporciona desenvolvimento da técnica de aquarela. Um destaque importante é que o lápis de cera pode ser utilizado, também, para verificação do grau de agressividade. O recorte e a colagem são recursos expressivos utilizados para avaliar a motricidade fina. Como afirma Piloto (2005. Apud Porto, 2010) “(...) constitui uma das áreas para o desenvolvimento da estrutura psicomotora incluída na coordenação global, no qual são realizados movimentos específicos de apreensão adequados.” O tato é um dos sentidos mais explorado da criança. Ela desvenda o mundo utilizando as mãos para manipular os objetos ao seu redor. É relevante o exercício de suas habilidade manuais, pois estes resultam no seu progressão intelectual e emocional. A coordenação motora fina é entendida como habilidade de controlar os pequenos músculos em atividades que exigem perspicácia e concentração como nos exercícios de perfuração, amassar ou dobrar, encaixar e recortar, modelar, dentre outros. No que diz respeito a pintura há uma variedade de técnicas e recursos que possibilitam uma ampla liberdade de expressão, uma vez que as crianças tem satisfação em pintar. Essa experiência pode ser aproveitada na terapia, revelando as emoções, pois com o manuseio das tintas a criança expressa seus afetos, sentimentos, os quais são demonstrados sutilmente na escolha das cores. Os tons escuros, por exemplo, quando usados recorrentemente expressam tendências depressivas. No entanto, quando usados esporadicamente pode significar apenas uma escolha livre da criança. Conforme Porto (2010) “a cor em si não é determinante em nada, a pessoa é que define o seu sentido.” 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS Sabe-se que o ato de apreender se dá a partir da elaboração do conhecimento, como algo novo que se apresenta e na reelaboração e assimilação desse novo, podendo dessa forma surgir rupturas necessárias na busca por adaptação e por equilíbrio no trato com este novo, de tal modo que, se o ser aprendente não conseguir assimilar este novo, alimenta um sentimento de frustração e angústia frente ao suposto fracasso: a não aprendizagem. Partindo desse pressuposto, entende-se que estes entraves apontam para o insucesso do educando, que tem sua autoestima abalada. Nesse cenário as reflexões terapêuticas discutidas nesse artigo, a luz da Arteterapia, são de fundamental importância para o entendimento e aplicabilidade desse método, que é a união da arte à psicopedagogia, no processo de aprendizagem daqueles que apresentam dificuldades. Ao analisar a Arteterapia como modalidade agregada as intervenções psicopedagógicas, nota-se que este método aplicado à vida do sujeito viabiliza a manifestação de seus sentimentos mais profundos, na busca e resgate da sua autoimagem, considerando, portanto, passo preliminar na intervenção de quaisquer necessidades de aprendizagem, possibilitando o trato junto a tais mazelas, que possam se apresentar durante o processo de aprendizagem. Dessa forma, pode-se constatar que a Arteterapia é um método salutar na intervenção psicopedagógica, visto que promove o auto conhecimento, preparando o sujeito ao atendimento das suas necessidades de aprendizagem. REFERÊNCIAS: AATESP – Associação de Arteterapia do Estado de São Paulo. A formação em arteterapia no Brasil: Textos do III Fórum Paulista de Arteterapia. São Paulo: Associação de Arteterapia do Estado de São Paulo, 2010. 163p. ANDRADE, L. Q. Terapias Expressivas: Uma pesquisa de referenciais teórico-práticos. Tese de Doutorado – IP USP, São Paulo. 1993. ___________Linhas teóricas em arteterapia. Em A arte cura? Recursos Artísticos em Psicoterapia. São Paulo: Editorial Psy II. 1995. BARBOSA, L. M. S. A concepção da dificuldade de aprendizagem na atualidade. Disponível em: http://www.abpp.com.br/abpppnorte/pdf/a01Barbosa03.pdf. Acesso em: 08 mai. 2012 BOSI, A. Reflexões sobre arte. São Paulo: Ática, 1991. GREIG, Philippe. 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